Pular para o conteúdo principal

Cap 98 - Esperança

Os hóspedes do hotel os observam entrar, passar cambaleantes e subir para o quarto. É uma cena incomum para um lugar tão quieto, então é impossível não reparar nos dois bêbados se escorando para não cair.
Quando já estão lá em cima, a garota abre a porta e eles entram. Diego já vai caindo de costas na cama. A mão apertando os olhos. O ambiente escuro logo ganha uma luz dourada quando Patrícia acende o abajur sobre o criado. Ela observa Diego deitado em sua cama e sorri. Muitas vezes imaginou essa cena. Seria delicioso ter aquele cara lindo só para ela essa noite, principalmente para depois poder acabar com o que sobrava de Roberta. Para Patrícia, o que a garota merecia, era encontrar alguém que a colocasse em seu lugar.

Depois de tirar o sapato e o casaco, ela engatinha sobre a cama ao lado de Diego e não faz rodeios antes de beijar seu pescoço.
-O que... que está fazendo? –Diego abre os olhos assustado.
-Psiu... –Ela leva o dedo aos lábios dele. –Deixa que eu cuido de você.
Aproveitando que ele está com o olhar fixo em seu rosto, Patrícia se ergue e tira a blusa. Diego a encara. Ela não está usando sutiã. Um breve silêncio se faz até que ele sorri.
-Você é a babá mais bonita que eu já vi... mais bonita...
Ela se incha com o elogio.
-É, mas nem sou babá de verdade. –Ela se deita lentamente sobre o peito dele, sem parar as carícias.
-Leonel me disse... é... disse. –Diego mostra dificuldades em ajeitar o pensamento. –Disse mesmo O QUE você era, de verdade.
A garota se surpreende e levanta o rosto.
-Ele disse?
Diego tem os olhos caídos. Parece muito alto.
-É... Não quis te dizer antes... Aliás... Bridget começou a chorar... é... ele a despediu também...
-O quê? Ele despediu minha mãe?
Diego se cala e Patrícia começa a falar sozinha, cheia de rancor.
-Não ficou satisfeito em me enganar, dizendo que iria se casar comigo. Justo eu... que até aceitei viajar com ele para o Brasil dando uma de espiã daquela nojentinha da neta dele.
-Hã?... –Diego pergunta, confuso, como se viajasse enquanto ela fala.
-Nada. Nada não, querido... –Ela faz um carinho em seu queixo. –Eu bem fui culpada, já que persegui a Roberta naquele dia. –Ela começa, bem devagar, a puxar a camisa dele para cima. Também está bêbada. –Queria que ela sofresse um acidente! Assim me vingava do pai dela. Pena que Leonel não estava mais no país. Nem ficou sabendo.
Patrícia acaba de tirar a camisa de Diego e desliza as mãos de cima a baixo pelo peito dele, mordendo os lábios.
-Você deveria andar mais sem camisa, sabia?
-Você também.
Patrícia ri.
-Você fica tão mais agradável, bêbado... –Ela aproxima os lábios dos dele. –Se continuar assim eu vou acabar me arrependendo de ter mandado minha mãe colocar aquela pirralha num orfanato.
-Bridget... sua mãe... –Diego delira.
-Ai... –Patrícia começa a se preocupar com o que diz. –Esquece o que eu estou dizendo. Acho que bebi demais... Vamos aproveitar a noite, vamos?
-Vamos. –Ele começa a abrir os olhos levemente e acaricia o rosto dela. –Você é tão linda. Como não... não vi isso antes?
-Me faço a mesma pergunta...
-Eu seria capaz de casar com você... se trouxesse minha filha de volta...
-É uma promessa? –Ela passeia com o dedo indicador pelo rosto dele.
-Seria... se a Nina não estivesse  longe... longe... longe... longe... –Ele indica o teto com a mão e Patrícia se diverte. Diego deve estar muito mal mesmo.
-Não está longe, longe, longe meu bem.
-Está sim, está... –Ele franze o cenho, com expressão de dor. –Eu sinto que está muito, muito... muito longe de mim... E meus sentimentos não me enganam nunca, nunca, nunca, nunca...
-Vai ter que rever seus sentimentos... –Ela sussurra muito baixo enquanto beija o rosto dele. –Dom Bosco está tão perto... tão pertinho... Deve dar pra ver aquele orfanato asqueroso até daqui...
Tendo ouvido isso, Diego arregala os olhos e se levanta bruscamente, como se sua energia tivesse sido renovada.
-Diego? –Patrícia fica sem reação ao observá-lo. Ele não diz nada, apenas caminha, um pouco cambaleante para a janela, abrindo as cortinas. Como está muito escuro para ver, ele volta a fechá-las e segue para o banheiro. Lá, se enfia de roupa e tudo debaixo da água gelada. Quando volta, alguns segundos depois, como um trapo humano, seu olhar se cruza com o de Patrícia, que continua no mesmo lugar, ainda intrigada. Ele a encara, depois pega a blusa dela no chão e joga em cima da cama.
-Cubra-se.
-Diego, mas você não estava...?
-Bêbado? –Ele diz com voz menos molenga. –É, um pouco. Mas não tanto quanto você imaginava.
-O que?
Diego sorri de lado. Seu plano havia dado certo.
-Acho que já fiquei bêbado tantas vezes que não foi difícil simular. Aliás, aquelas bebidas de frutas são o que você chama de forte? Tive que beber quase o bar todo pra COMEÇAR a ficar grogue.
-Mas... –Patrícia está chocada.
-Tá esperando o que pra se vestir? –Diego a olha com desdém. –Pode tapar isso. Eu tenho nojo do seu corpo!
-Mas você me chamou...
-De linda? –Ele ri. –Você acreditou mesmo nisso?
Ela engole seco.
-Sabe o que eu senti? –Diego continua. –Senti náuseas com essa sua boca imunda na minha pele... Você é totalmente repugnante pra mim. E quer saber? Nem muito bêbado eu transaria com uma vadia, puta como você!
-Olha como fala comig...
-Eu falo como quiser!! Porque você não vale nada!! –Diego grita no rosto dela, com uma violência assustadora. A garota, que fazia vezes de se levantar, voltou a se encolher na cama imediatamente. Com sua autoestima apunhalada, ela não tem mais a mesma pose.
Diego, no entanto, vai se aproximando, mais seguro e raivoso do que nunca. Quando seus rostos estão muito próximos, ele segura o queixo dela com força, obrigando-a a olhar para ele. Patrícia teme apanhar, mas a única coisa que Diego usa para atingi-la, são duas palavras:
-Acabou, vadia.

***

No dia seguinte no Brasil...

Eva não para nem um segundo de ligar para Roberta pedindo que venha embora. Sabe que a filha não comeu nada desde que acordou e a mãe duvida que tenha se alimentado na rua. Mas Roberta não amolece. Se recusa firmemente a ir embora da delegacia até que alguém venha conversar com ela.
-Filha, por favor! –A voz da cantora é chorosa. –O Franco disse que se não voltar logo, vai te buscar!
-Que venha! Eu só saio daqui, se me matarem!
-Estamos todos muito preocupados com você, meu amor. A Alice não para de chorar e...
Roberta sente a cabeça girar. Não aguenta mais tanta gente chorando, tanta gente tentando consolá-la ou dizendo que tudo vai ficar bem. Isso não ajuda! O que ajuda é tirar a bunda do sofá, enxugar o rosto e se jogar no mundo!
-Manda a Alice deixar de ser inútil!
-Mas, filha...
-E não me liga mais! –Ela desliga o celular.
Que dia insuportável. Ela não aguenta mais tantas pessoas, tantas câmeras, repórteres, tanta gente inútil que ou quer se aproveitar da situação ou quer disparar frases de livros de autoajuda que ao final não fazem diferença alguma.
-Eu preciso falar com alguém! Roberta olha para um lado e outro, muito aflita. As notícias sobre o desaparecimento de Nina ainda estão repetitivas na tevê e nas redes sociais, mas ela sente que há algo diferente acontecendo e quer saber o que é. Precisa saber.
Mas quando ela entra em um corredor à procura de qualquer viva alma disponível, acaba por dar de cara com alguém que não queria encontrar tão cedo.
-Me desculpe. –A mulher se assusta. –Meu sobrinho tomou um remédio muito forte, não está muito bem.
Caíque, com olhos assustados, parecendo dopado, para à sua frente. Ao seu lado, segurando-o pelos ombros, a mulher, de cabelos escuros e curtos, aparentando uns quarenta anos, fica chocada quando reconhece Roberta.
-Perdão...
-Tudo bem. A garota tenta desviar, mas Caique agarra suas mãos.
-Eu não a peguei!
-Vamos, querido. Ela já sabe... –A tia tenta leva-lo, mas o rapaz se agita ainda mais.
-Eu só queria proteger o meu neném!
Roberta puxa o braço.
-A Nina não é sua!... Pare de dizer isso! –E dispara com rancor.
-Não? –Caíque fica confuso e começa a olhar para o chão. –Mas o Caio sempre disse que era minha... Que o neném era minha culpa... Que era minha responsabilidade, meu crime...
Roberta reúne forças para falar, mas seus lábios tremem sem conseguir formar palavras.
-Ela vai aparecer, querida, tenha fé. –A tia de Caíque sorri, solidária. –Foi um erro do meu sobrinho roubar o carro do meu marido para ficar vigiando vocês. Nunca deixaríamos se tivéssemos conhecimento. Mas ele já está medicado e não é mais um risco a ninguém. Ele apenas queria ver a menina naquelas vezes, queria saber se estava bem, se vocês a amavam, mesmo ela sendo, como ele dizia, um... um...
-Um erro... –Caíque completa com um sussurro.
Roberta engole o nó de sua garganta e balança a cabeça negando.
-Não... Ela jamais foi um erro...
Ela queria dizer mais. Queria dizer que sua vida nunca tinha sido tão bonita até ela chegar. Queria dizer que havia evoluído séculos com o dever de cuidar dela. Queria dizer que nunca se sentiu tão hipnotizada como se sentiu na primeira vez em que se viu refletida naqueles dois olhinhos infantis. Queria... Mas falar algo assim, sem chorar, seria completamente impossível. Cada milímetro de seu coração está totalmente machucado. Se existe alguma força em seu corpo, ela é fruto unicamente da esperança.

Alguém, saindo de uma sala um pouco a frente, vê os três no corredor, e vai até eles. É o investigador contratado por Leonardo. O homem parece muito aflito. Ele vê Roberta e seus olhos quase saltam das órbitas. Corre até ela com um sorriso no rosto e um grito na garganta.
-A encontramos! Encontramos!

Comentários

  1. OMG PERFEITOO ! ♥
    posta maaaaaaais por favor !

    ResponderExcluir
  2. Maaaaaaaaaaaais Alinee, não nos torture tanto assim pfvr !!!

    ResponderExcluir
  3. É ISSO AÍ ALINEEEEE!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
    ADOREI O FORA QUE O DIEGO DEU NA PATRÍCIA!!!!!!!!!!!!
    A-R-R-A-S-O-U!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

    ResponderExcluir
  4. Maaaaaaais, por favoooor..
    Nathália Oliveira

    ResponderExcluir
  5. Hurullllll finalmente encontraram a nina , a fic ja ta acabando neh ???:

    ResponderExcluir
  6. Ebaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!

    Eu vou morrer... Preciso urgentemente de mais!

    ResponderExcluir
  7. DIEGO SEU LINDO,EU TE AMO UHUUUU

    ResponderExcluir
  8. PERCISO URGENTEMENTE DE MAISSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS POSTA MAIS HOJE PFV

    ResponderExcluir
  9. Ahhhhhh posta mais pelo amor de Deus!! ****

    ResponderExcluir
  10. MDSSSSSSSSSSSSSSSS POSTA MAIS OMGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGG

    ResponderExcluir
  11. ISSO ALINEEEEEE. SÓ NÃO DIGO QUE TÁ PER-FEI-TO PORQUE NOSSA FAMILIA TA SEPARADA.. ALINE, A RECONCILIAÇÃO DOS DOIS VAI TER QUE SER DAQUELAS HEIN

    ResponderExcluir
  12. OMG' A-DO-REI o q o Diego falou pra bitch da Patricia hahaha'
    Capítulo mais q perfeito u.u
    Parabéns Aline ;)

    ResponderExcluir
  13. Maaaaaaais... Pelo amor de Deus.. rs
    Nathália Oliveira

    ResponderExcluir
  14. posta maissssssssssssss há e faz que o diego voltar logo com a roberta

    ResponderExcluir
  15. MAIS POR FAVOR, VOU MORRER :(

    ResponderExcluir
  16. cara onde vc tira inspiraçao...sua web e incrivel parabensss

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Despedida

Obrigada a todas e todos por terem estado comigo até agora. Me perdoem qualquer coisa e um beijo enorme no coração de cada um. Eu gostaria de poder ter feito melhor em todo esse tempo, mas juro que o fiz foi de coração e tive um enorme prazer em estar aqui. Era uma escritora bastante amadora, mas me diverti demais e me senti abençoada com a companhia de cada um. Quem quiser me seguir no Wattpad, estou escrevendo outras histórias por lá >>>  AlineStechitti

Cap 122 - R, D & N

Quando passa pelo corredor, Nina vê várias pessoas sorrindo e acenando para ela. "Você tem fãs, está vendo?" Diego cochicha e seu ouvido. "Estão todos felizes por você estar com seu papais de novo." "Verdade?" "Verdade." Nina olha por cima dos ombros do pai enquanto ele caminha e então acena para as pessoas no corredor, sorrindo como nunca.  Quando entra no quarto, ainda no colo do pai, Nina vasculha tudo com os olhos e acha o lugar muito estranho, como o quarto do Seu Ângelo. A mãe está deitada, tem vários machucadinhos pelo corpo e longos fios saem dela, ligados em máquinas estranhas. Diego ergue a filha até próximo ao rosto adormecido de Roberta e Nina dá um beijinho na testa dela. “Atchim!!” Ao despertar e abrir os olhos, Roberta vislumbra um borrão que acha encantador e não contém o riso. Olhinhos muito assustados a miram perdidos e curiosos. “Desculpa, mamãe!” Nina funga e esfrega o nariz. “Oi, meu amorzinho.” Ela sorri e estica os b

Cap 124 - Como se fosse a primeira vez

O entardecer estava fresco na praia. Roberta deitava a cabeça no colo de Diego enquanto ele olhava o horizonte. Nina estava brincando com a areia e nem os percebia. Era fácil para os três ficarem em transe quando estavam diante do oceano. "Você acredita que passou tanto tempo assim, Diego?" "É bem difícil de acreditar..." "Temos uma filha... E temos essas argolas nos dedos que dizem à sociedade que pertencemos um ao outro." Ela ri olhando a aliança. "Eu pertenço." Ele a olha de cima e Roberta se levanta. "Posso dar um beijo no meu marido?" Diego deixa aquele tipo de riso manso escapar quando ela encosta os lábios nos dele. O barulho do mar se mescla ao barulho das conchinhas que Nina recolhe e a todo momento deixa cair, despencando dos seus braços em uma cascata de cores marinhas. Os amigos os questionavam por terem levado a filha para a lua de mel, mas eles tinham sempre a mesma resposta: "Nós vivemos em lua de mel!&qu