O cabelo jogado, as roupas
espalhadas, o rosto amassado no travesseiro. Os pés e as mãos sentem o lugar,
seguram com energia os lençóis e soltam com leveza. O sono é tranquilo, a
respiração muito mansa, assim como a quietude do céu. Conforme a escuridão se
vai, as cores alaranjadas se dissolvem a partir dos raios do sol e se expandem.
Espetáculo diário, com quase nenhum espectador. Mas quem disse que a natureza
se importa?
***
Quando o dia amanhece,
Roberta não encontra Diego ao seu lado. Aperta os olhos para acordar de verdade
e se levanta, arrastando os pés até o banheiro. Imagina que Diego está com Nina
ou ainda que está fazendo o café, como é de costume, já que ela sempre demora mais
para se levantar.
Desce as escadas com a mesma
camiseta comprida, chinelos e olhos inchados. Tinha passado pelo corredor e viu
que o quarto da bebê estava vazio.
-Diego? –Olha para um lado e
outro e não encontra ninguém. –Tá na cozinha?
Ao olhar todo andar de baixo,
vai para o quintal. Quando olha para o portão de entrada, vê a silhueta de
Diego. Mas com quem ele está conversando?
Antes que possa se
aproximar, ele fecha o portão e vem ao seu encontro com Nina no colo. Está com
um jeito tenso.
-Bom dia... –Diego lhe dá um
beijo.
-Bom dia. Estava procurando
vocês. –Ela pega a filha no colo sorrindo e lhe dando vários beijos na bochecha.
–E você, minha gatinha?
Diego está pensativo.
-Quem era no portão? –Ela
pergunta finalmente.
-O senhor da casa ao lado. Disse
pra gente tomar cuidado por que tem...
Diego empaca e Roberta o
interroga com os olhos.
-Que tem...?
-Ele disse que tem um carro
que fica parado há várias madrugadas em frente à nossa casa. –E solta de vez,
muito espantado para preparar as palavras. –Eu acho que é o seu pai!
Roberta se assusta, mas
estranhamente se contém.
-Eu já tinha reparado nesse
carro uma vez. Deve ter mandado alguém nos espionar.
-E por que não me disse?
-Porque na hora achei que
pudesse ser coisa da minha cabeça!
-Ok... –Ela passa a mão no
cabelo, tentando se conter. –Acho que vai até ser melhor quando a Nina começar
a ficar na casa do meu pai, vou ficar mais tranquilo.
-Com a “Patrícia”
trabalhando lá, eu não tenho tanta certeza.
-Eu te garanti que pela
manhã ela não estará lá. Meu pai contratou outra babá que vai cuidar da Nina
pela manhã enquanto os meninos estão na escolinha. A Patrícia trabalha apenas à
tarde. Elas não vão nem se ver.
Roberta não está muito segura,
mas ao pensar que Sílvia estará com a menina, consegue pelo menos aceitar o
fato.
-Ok, tudo bem.
Assim, eles entram. Nina
fica fazendo bagunça na sala com alguns brinquedos que ganhou de aniversário
enquanto Roberta e Diego preparam o café. Eles conversam sobre tudo, desde os
últimos filmes e séries lançados até a conta que vai vencer semana que vem. São
bons falando e se organizando juntos, principalmente porque o que um esquece, o
outro lembra, o que um quebra, o outro conserta... Enfim, é como se jogassem
pingue-pongue!
-As aulas na faculdade
recomeçarão logo, assim como os shows. –Diego comenta passando margarina no
pão.
-Não vai ser fácil voltar à
rotina, mas tem outra opção?
-Estou aberto a sugestões.
-Abra uma barraquinha de
limonada.
-Nada mal. –Ele sorri e dá
de ombros. –Depois do café, quem sabe... Agora eu quero falar sobre ontem.
Roberta dá um sorriso
malicioso enquanto abre geladeira.
-Ontem?
-É. –Ele devolve o mesmo
sorriso.
-E o que quer falar?
Ela se abaixa para pegar uma
maçã na prateleira de baixo e Diego vai silenciosamente até ela. Quando Roberta
se levanta, ele a abraça por trás.
-Ei! –Ela ri.
-Eu quero repetir. –Sussurra.
–A noite de ontem.
-A gente sempre repete...
–Diz olhando para ele com jeito travesso.
-Ainda sinto uma sede imensa
de você... Foi diferente ontem. Parecia que nunca mais iria acontecer.
Roberta deita a cabeça em
seu ombro e acaricida o rosto dele. Também sentiu algo diferente, mas não
acredita tanto.
-Acho que ficamos mais bobos
quando nos reconciliamos. –Ela abre um sorriso.
-E me dá qual veredito,
então?
Ela se vira e lhe dá um
beijo.
-À noite eu prometo que te
dou muito mais que vereditos...
***
É como se nada mais soubesse
explicar a não ser o toque. A cada segundo surge a necessidade de se sentirem
juntos, perto o suficiente para ver que o outro é de verdade, que não é apenas
um sonho bom.
***
Precisando sempre estar de
olho na filha, eles voltam para a sala e ficam conversando enquanto brincam com
ela no tapete. O velho urso semi-decepado sendo socado em todos os cantos.
-Isso não é justo, sabia...
–Roberta reclama. –O nosso tempo com a Nina vai ser cada vez menor.
-Eu sei. –Diego sente a
realidade. –Por isso a gente tem que fazer esse tempo ser especial.
O telefone toca e os
interrompe. Diego se levanta do tapete e atende.
-Oi Sílvia, tudo bem?... –Ele
ouve algo que muda suas feições. –Mas como isso aconteceu?... Tudo bem... E não
tem mais ninguém com ele?
A ligação dura apenas alguns
minutos, mas é suficiente para deixar Roberta muito intrigada.
-O que foi? –Pergunta assim
que ele desliga.
-Meu pai. –Ele diz
assustado.
-O que houve com ele?
-Fez uma viagem a negócios ontem
à noite para Santa Catarina e parece que passou mal no hotel.
-Nossa, mas ele está bem?
-Parece que não foi nada
grave, mas a Sílvia quer que eu vá até lá e o traga de volta pra casa. Ele é
muito teimoso e não quer ouvir os médicos. Nem mesmo ela conseguiu convencê-lo
a voltar.
-E você vai?
-Ele é meu pai. –Diz com
cautela. –Mas não quero deixar vocês sozinhas. É perigoso.
-Não tem que se preocupar. Posso
chamar a Alice ou a Carla para me fazer companhia.
Diego segura as mãos dela.
-Eu me sentiria melhor se
você fosse com a Nina para a casa da Eva. Lá é mais seguro.
-Claro. Tudo bem.
E o que deveria ser uma
manhã tranquila, acabou se tornando turbulenta. Diego tentou ligar para o pai várias
vezes, mas este não atendeu suas ligações. Sendo assim, rapidamente tratou de
arrumar uma mala pequena e agendar um voo. Em algumas horas o táxi chegou para leva-lo
ao aeroporto. Ele deu um beijo na filha e outro em Roberta.
-Eu volto logo. –Disse
com pesar. –Devo estar de volta amanhã à tarde.
Roberta balançou a cabeça
positivamente e tentou parecer compreensiva. Sentiu as mãos dele em seu rosto
uma última vez, lhe deu mais um beijo e então esperou que entrasse no táxi. Constatou
que o olhar dele era sempre brilhante, mesmo em situações tristes e isso lhe
deu uma saudade repentina enquanto o automóvel sumia de vista. Não fazia
sentido já que ele havia acabado de sair, mas o peito ficou apertado mesmo
assim.
***
Assim que ele partiu, Roberta foi à casa de Sílvia
para ver como estava. Precisava entender
melhor o que estava acontecendo.
-Desculpe pedir isso ao
Diego, mas eu não sabia mais a quem recorrer!
-Imagina... -Diz se sentando no sofá. -Ninguém seria
mais indicado pra isso.
Sílvia olhou para o carrinho
de bebê onde Nina estava dormindo.
-Ela está tão bonita. Que
anjinho!
-É assim que o Diego a chama!
–Roberta lembra com alegria. –Mas é o anjinho mais espoleta que eu já vi!
Sílvia ri.
-Dá pra ver como ele é louco
por ela! Nunca o vi tão contente, tão responsável e maduro. Você fez muito bem ao
Diego desde que entrou na vida dele!
Antes que
Roberta consiga absorver com toda a felicidade o que ouve, Danilo desce as
escadas correndo e Bruno vem logo atrás.
“Eu te pego!” “Quero ver!”.
-Meninos! Não corram pela
casa! –Sílvia os corrige, mas eles atravessam para outro cômodo da sala, sem
ouvir uma palavra do que a mãe diz.
Roberta se lembra algo
importante e abre a bolsa rapidamente.
-Nossa, eu tenho que ligar
para minha mãe. -E olha o celular. –Droga, está sem bateria.
-Pode usar o telefone do
escritório do Leonardo. É mais íntimo para fazer ligações. Eu fico de olho nessa
mocinha.
-Obrigada, Sílvia!
Roberta sai e segue o
corredor até encontrar uma salinha e o telefone sobre a mesa. Já conhece o
lugar. Enquanto isso, os gêmeos continuam fazendo bagunça. Quando ouve os gritos, Sílvia se desespera.
-Mamãe! Socorro!
-Ah, meu Deus, o que foi
agora? –Ela se levanta e sai rapidamente para olhar da porta, mas não os vê. –Meninos! Parem com isso!
-Mamãe!!
Ela volta os olhos para o
carrinho onde está Nina e ao constatar que continua dormindo, vai atrás dos
gêmeos. Um minutinho apenas não teria perigo.
Ao se passar alguns
segundos, no entanto, o relógio bate uma da tarde, o horário em que Patrícia
começa a trabalhar. E como sempre é pontual, antes mesmo do ponteiro estar no
“12”, ela já abre a porta da sala. A primeira coisa que estranha é a visão
daquele carrinho perto da mesinha de centro, sem ninguém ao lado.
Ela junta as sobrancelhas, curiosa
e se aproxima. O salto alto da sandália faz barulho enquanto caminha e a calça justa
quase a impede de se abaixar para olhar.
-Hm... –Dá um sorriso enojado.
–A filha da selvagem.
Perfeito!
ResponderExcluirVc se supera a cada post Aline! Parabéns!
Posta +++++++++++++++++++++++
ResponderExcluirAmeeii *-*
Amandoo.. Soh eu q qro matar essa Patricia?! Mega ansiosa para o proximo cap. Parabens Aline
ResponderExcluirAline, eu poderia dizer q seu blog é perfeito ou espetacular, mas ñ há palavras para descrever!!!
ResponderExcluirPS: vai acontecer algo com o Diego ou com a Nina ???!!!!
divaa vc voltou aleluia!!
ResponderExcluirtava com saudades. Ñ some mais ñ PF <3
ResponderExcluirquero ++++++++++++++
Posta mais pleaseeee?a amandooooo!
ResponderExcluirPor favor não demora tanto pra postar.
ResponderExcluirSou viciada na sua web,e msm sem vc postar dou uma conferida qse todos os dias para ver se postou, já estava até sem esperanças de vc voltar! Obg e ñ demora mto pra postar sei q sua vida é corrida, mas ñ some ñ please! Bjssss e vc escreve mtoo bem!
ResponderExcluirEi galera, eu sei q demorei muito a postar nessas últimas vezes, não teve jeito mesmo, mas agora vou postar toda semana, sem falta, tá menos carregada a minha vida esses dias. Ah, muito, mas muuuito obrigada por me esperarem! Vocês são demais!! Beijos enormes!!
ResponderExcluirSe essa vaca encostar na Nina eu vou decepar a cabeça dela! [Como se eu pudesse rsrsrs]
ResponderExcluirAi Aline eu realmente AMO a sua web. A cada dia fica melhor <3
ResponderExcluirAh meu Deus,essa Patrícia! Tenho nojo dela! Urgh!
ResponderExcluirQue bom que você vai poder postar toda semana Aline! É muito bom muito entrar no blog e ver um capitulo a nos esperar! Estou muito feliz com a sua volta!!
Eu tô muito curiosa pra ver o que essa coisa nojenta vai fazer com a Nina!
Beeeeeijo <3
Mari.