Pular para o conteúdo principal

Cap 30 (Faculdade) - A invasão

Tantas coisas na cabeça durante o sono, tantas e tantas que chegam a cansar talvez mais do que um dia inteiro. São os medos e as dores se explicando nos pesadelos, são as duras imagens que vem sem a gente pedir e acabam com o descanso que esperávamos ter ao deitar.
 Carla apaga sobre o sofá e começa a falar coisas desconexas e incompreensíveis. Queria poder controlar seus pensamentos, mas acaba controlada por eles, tornando inevitável ficar ainda mais triste do que estava. A depressão começa a lhe atingir de maneira mais perigosa do que nunca.
 A alguns quilômetros dali, Tomás não consegue dormir, fica olhando para o teto, deitado na cama, com o pensamento na cena que havia ocorrido e com o que Caio havia dito.
-Eu já sei o que vou fazer.
 E tendo tomado sua decisão depois de algum tempo, ele se vira e joga com força a cabeça no travesseiro, se forçando a uma tranquilidade que seria necessária para o que pretende fazer.

“3:52”
 Diego olha no celular enquanto desce as escadas, já é muito tarde e Roberta não volta. Talvez estivesse na cozinha, sem sono, ou sabe lá se comendo alguma coisa, porque sempre estava com fome mesmo.
-Roberta? –Ele vai pela sala, passa perto da lareira e tudo está calado.
 Olha as janelas ao lado e fecha as cortinas. Por algum motivo olhar as folhas balançando com a chuva que ainda cai, o incomoda. É nesse instante que vê a garota deitada no sofá, o cabelo no rosto, o corpo largado ainda enrolado no cobertor.
 Ele sorri ao vê-la e vai até lá, sentando-se de frente a ela na beira do sofá.
-Ei... Apagou foi? –Ao passar a mão por seu rosto ele percebe que Roberta nem se move. –Que sono pesado, hein?
 Diego pega a mão dela e estranha, está pesada, solta.
-Roberta! –Ele a chama já se preocupando.
  Segura o rosto dela e chega mais perto sem saber o que fazer. Percebe que sua cabeça assim como todo seu corpo também está solta, imóvel. Estaria desmaiada?
-Roberta! O que você tem?
 Ele olha para um lado e outro. A chuva continua a cair parecendo ficar ainda mais pesada. Em um pensamento rápido se lembra de pegar álcool na cozinha para que ela cheire, talvez com isso desperte se estiver mesmo desmaiada.
 Quando retorna vê uma bolsa que ela havia esquecido na sala. Estava com algumas poucas roupas.
 Ele abre o vidro de álcool e com um algodão faz com que ela cheire, mas Roberta continua desacordada.
-Acorda, por favor... Eu vou ligar pra um médico... Não, médico a essa hora? Pra Eva então. Não, a Eva não vai atender...
 Diego fica tonto e roda de um lado e outro. Pega a mala com as roupas dela e abre, procurando algo que pudesse lhe vestir, já que só tinha o cobertor no corpo e se for chamar alguém a pessoa não poderia encontra-la daquele jeito. Acha uma camisola branca entre outras roupas e nem procura outro pijama, de tanta pressa que tem. Seria aquela roupa e pronto, só procura também roupas íntimas, já que ela estava mesmo sem nada. Com algum cuidado, ele a levanta, abraça seu corpo e consegue com ela sentada, lhe vestir. 
 Quando volta a lhe deitar e termina de cobrir seu corpo ele já está com o coração na garganta. Coloca o ouvido próximo de sua boca para captar os sonos de sua respiração e ter certeza de que existe. Com dois dedos em seu pulso sente a pulsação e até um mísero alívio lhe vem. Mesmo não sendo enfermeiro, nem médico, acredita que ela parece bem, apesar de não acordar por nada.
-Eu vou... Eu vou me vestir e te levar daqui.
 Como faria isso ele nem havia imaginado, porque não estão com carro. Talvez ligando para Caio tivesse a sorte da chave de um dos carros da garagem estar escondida em algum canto da casa e assim pudesse levá-la. Não demora muito e ele desce, vestindo a camisa, com o telefone no ouvido esperando ser atendido. Fica chamando incessantemente até que alguém atende. Ele vem falando muito rápido, mas quando chega na sala ele fica perplexo. Roberta já não está lá e ele larga o celular sobre o sofá ainda ligado.
-Roberta? -Ele corre o lugar e vai até a cozinha, vai acendendo todas as luzes e abrindo todas as portas ainda aos berros.
"Meu Deus, o que tá acontecendo? Isso tá muito estranho! Será que ela acordou?"
 Sua cabeça está a mil, parece que ainda está dormindo e tudo aquilo não passa de um sonho e dos mais estranhos que já teve em toda a vida. O pavor é companhia constante, a tensão aumenta conforme adentra nos cômodos da enorme casa e não encontra ninguém.
 De repente ele ergue a cabeça com um barulho.
 -"Tem alguém aqui dentro?" -Ele pensa já agarrando uma cadeira, que é a única coisa por perto. -"Eu devo estar ficando doido..."
 Nesse instante ele encontra um corredor escuro que dá no jardim dos fundos. Tenta acender as luzes mas não acha o interruptor.
-"Casa de louco! Eu preciso achar a Roberta!"
 Logo pisa em algo e tenta pegar no chão. Está um pouco escuro mas ele consegue ver.
-Não é possível.
 Algo cai mais a frente e Diego guarda o objeto no bolso e avança no corredor, passando a escuridão até chegar onde virava para a dispensa. Ele para e respira o mais devagar possível para não ser atacado (já que acredita ter alguém ali) e assim conseguir encontrar Roberta sem ser pego antes.
-"Vai ser agora." -O pensamento ajuda no impulso e ele joga o corpo para frente.
 Consegue perceber a porta sendo batida e alguém saiu por ela. Realmente é uma invasão. Alguém está na casa, mas Diego não consegue pensar em nada na hora, somente continua avançando e abre a porta que acaba de ser batida indo até o lado de fora, onde a chuva embaça sua visão.
 Ele olha o lado direito e o barulho da chuva caindo pela calha é como uma cachoeira miúda e inconveniente. Observa de relance, logo a frente, um vulto negro que o deixa assustado.
 O rapaz paralisa com a visão de alguém, que de costas, parece se preparar para pular na piscina.
 Logo o homem, ao menos parece um homem, se vira, dando para perceber que está com Roberta nos braços.
-Ei! -Diego grita já correndo até ele.
 O rosto coberto por uma máscara lembra uma velha cena. Em seguida, como se soltasse uma pedra, o homem larga Roberta, que cai dentro na água, ainda desacordada. 
 O corpo dela afunda rapidamente e o pavor toma conta de Diego que se esquecendo do homem, pula na água de uma só vez. Quem sabe fosse essa a ideia do invasor.

 O gelo da chuva se misturando com o terror da cena, com a densidade da água e com a cegueira do momento o faz permanecer com uma taquicardia mortal durante tempos, até que sobe com Roberta para a beira da piscina.

 Adrenalina à mil e ela ainda desacordada, mais branca do que nunca e completamente gelada. O homem já não está lá e a chuva cai sobre os dois com muita força. As árvores ao redor balançam e o céu escuro deixa uma insegurança que Diego não consegue contornar.
-Roberta, por favor, meu amor, respira.
 Ele aperta a boca contra a dela e sopra com vontade, levando o ar quente de seus pulmões a penetrarem no organismo dela, tentando fazer com que respirasse.
 Os pingos de água caem sobre as costas de Diego e sobre o rosto de Roberta. Estão ensopados e com as roupas coladas ao corpo.
 Ele vai pela segunda vez a assoprar com força e segurando seu rosto com as mãos. Sente a alma se desfazer em cada segundo em que ela não mostra reação.
 Cada milésimo desse segundo em que tenta de todas as maneiras fazer com que respire e não consegue se sente mais desesperado e fraco do que nunca esteve em toda existência. 
 De que vale a vida? Os objetos? As mordomias? De que vale estar no mais alto pódio se lá não tem ninguém com você? De que vale ter tudo e não ter ninguém? De que vale ter o amor de milhares de pessoas se a que você quer não te ama? De que vale? De que vale ser forte e poderoso, se não pode evitar a doença, a dor ou a morte?... O que nós valemos afinal?...

 Diego não suporta os pensamentos e sabe que tentaria de novo e de novo, quantas vezes conseguisse até que o mundo acabasse ou até que seu próprio coração parasse de bater. Sente os olhos cederem e a lágrima quente brotar deles, como um grito silencioso. 

 Quando segura o rosto dela abrindo sua boca e assoprando pela terceira vez, ela tosse, expulsando a água que trazia nos pulmões.
-Deus! Graças a Deus! -Ele a abraça sentindo que nunca esteve tão perto de ter um ataque cardíaco.
 Ela só abre os olhos um pouco e volta a fechar, deitando o rosto no ombro dele. Faz isso algumas vezes como se um sono pesado estivesse sendo mais forte que ela. Nem dá sinais de quem percebe o que está acontecendo.
 Diego a pega nos braços e a leva para dentro, molhando todo o corredor ainda na suspeita aterrorizante do homem misterioso estar ali dentro. Ao colocar Roberta sobre o sofá, ouve uma buzina alta e o telefone berrando caído no chão.
-O... Oi! -Ele mal consegue falar.
-Diego? -Caio fala apressado. -Cara o que foi? Você me deixou muito preocupado, como está a Roberta?
-Eu vou chamar a polícia, alguém invadiu a sua casa, eu acabei de tirar a Roberta da piscina, o homem de preto fugiu e agora tem um carro chegando aqui...
-Cara, fala devagar, não sei nada do você tá falando! 
 Diego se abaixa ficando perto de Roberta a olhar fixamente para ela como a colocar dentro do peito a certeza de que ela está bem.
-Me escuta. -Caio fala devagar no telefone. -Eu mandei um amigo meu que mora aí perto pra ver vocês, ele é enfermeiro, deve ser o carro que estacionou. Atende ele, tá, eu chamo a polícia. Fica calmo.

<<Cap 29 (faculdade)        Cap 31 (faculdade)>>

Comentários

  1. Perfeito como sempre! O que a Roberta tem? To preocupada com ela :S Posta++++

    ResponderExcluir
  2. Alineee....Vc vai me deixar louca desse jeito!!Como assim?Oq aconteceu?Qm invadiu a casa deles??Meu Deeeuuussss...kkkkkkk....Muito bom Aline!Vc consegue nos prender nessa historia de um jeito incrivel...Parabens,Vc escreve super,hiper,mega bem!!Beijos

    ResponderExcluir
  3. Aline a única coisa que posso dizer é "parabéns"! Você escreve perfeitamente, faz com q a cada hora a gente precise de mais e mais; o capítulo tá incrivel e a curiosidade só aumenta!!!! =D

    ResponderExcluir
  4. Incrível! Sem comentários meamo é mt perfeição pro coração

    ResponderExcluir
  5. Fiquei tensa com esse cap! Acho que vou chorar... mimimi Séria :(

    ResponderExcluir
  6. Ai q tensão !
    Posta ++++++++++++++++++++++++++

    ResponderExcluir
  7. Ai meu deus!fiquei muito tensa com esse capitulo,Aline é o mesmo homem que tava la no prédio da Roberta e do Diego?
    (bjs Julia)

    ResponderExcluir
  8. Vou te chamar de Aline Christie....rainha do suspense!!!!
    Ta perfeita sua web, não digo que se melhorar estraga pq seria mentira, pois vc supera nossas expectativas a cada capitulo.

    Darly

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Despedida

Obrigada a todas e todos por terem estado comigo até agora. Me perdoem qualquer coisa e um beijo enorme no coração de cada um. Eu gostaria de poder ter feito melhor em todo esse tempo, mas juro que o fiz foi de coração e tive um enorme prazer em estar aqui. Era uma escritora bastante amadora, mas me diverti demais e me senti abençoada com a companhia de cada um. Quem quiser me seguir no Wattpad, estou escrevendo outras histórias por lá >>>  AlineStechitti

Cap 25 (Faculdade) - Saudade

 As mãos apertam, o ritmo do beijo aumenta, a falta de ar se torna constante e o coração parece uma bomba prestes a explodir.  Diego a segura na parede parecendo que não iria esperar o elevador parar. A vontade era de apertar o botão de emergência e ficar ali mesmo. O problema era a maldita câmera de segurança para a qual já estavam dando um belo show. -Se não chegarmos logo eu não me responsabilizo...  –Ele fala entre beijos. -E nem eu...  A porta se abre e eles saem quase derrubando a planta do corredor. Atracados no beijo e na fúria das mãos, ambos chegam à porta.  Diego coloca Roberta contra a parede e vai beijando seu pescoço, mordendo seu ombro enquanto procura impaciente pela chave. Se não a encontra é bem capaz de colocar a porta abaixo com um murro.  Quando finalmente a porta se abre, ele a puxa pela cintura e em seu colo ela laça as pernas em torno de Diego que continua a lhe beijar. As roupas dela amassadas, o cabelo dele bagunçado e...

Aviso Importante:

Devem ter notado que na minha web os rebeldes estão no segundo semestre do último ano escolar, então... Surgiu um problema: Como continuar a história? Eu não vou ter como alongar isso p muito tempo, porque passa cap e mais cap e um dia eles terão que se formar e sair da escola! Com isso eu tive duas ideias: 1ª RECOMEÇO: Fazer uma nova história de Roberta e Diego lá do comecinho, tudo de novo. Os dois chegam no colégio, se odeiam, se apaixonam mas brigam todo o tempo mesmo se amando... Tipo quando começou a novela e no desenrolar eles logo começam a namorar. Os rebeldes começam a banda, os shows, as intrigas e tudo mais dentro do Elite Way. 2ª FACULDADE: Fazer uma continuação dessa mesma história que já conhecem e que escrevo há mais de 6 meses. Diego, Roberta e todos os rebeldes vão para a faculdade. Alguns fazem o curso q querem e outros, como Diego, faz o que o pai obriga. Lá eles estão mais livres, com mais responsabilidades, frequentam baladas, teatros, alguns trabalham, passam...