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Cap 24 (Faculdade) - O gosto da derrota

 Outra jogada dele, uma revanche. Um ou outro estava sempre revidando e deixando o atingido irado.
 Ela se irrita e sabe bem que não está fácil de aguentar tudo que está acontecendo ainda mais quando mesmo caído no chão, Diego é capaz de esboçar um sorriso vitorioso.
-Não acredito que você... Ur! –Roberta se levanta e toma o caminho até a porta.
Diego vai atrás dela, se levantando do chão ainda com traços do riso. A segura pelo braço antes que saia.

 -Ei, espera!
-To cansada disso!
-Eu também... –Ele já não ri. –Vamos terminar com essa aposta.
 Diego gosta do que ouve e brinca com seus próprios desejos quando a provoca. Aqueles olhos vivos diante dele, os lábios sozinhos... Vontade de habitar aquele corpo já que os dois estavam dispostos a desistir.
-E porque não termina?
-Te pergunto o mesmo.
-Sem chance. –Roberta ainda solta fogo pelos olhos.
-Também não vou ceder... Esse jogo é meu, linda. Agora vamos dormir que eu prometo me comportar até amanhecer...
-Sério? –Ela como sempre vai com um pé atrás.
-Só até o dia amanhecer...
 Quando o silêncio percorre todas as mentes e os sonhos mais secretos se instalam durante o sono, a vez é da inconsciência ditar os passos nos mais divertidos e perigosos caminhos da distorção.
 Eis que após algumas horas o céu fica outra vez sem estrelas e as pessoas voltam à ativa.

 Enquanto caminha pelo corredor da faculdade, Carla não entende o porquê de tanta bronca, mas Tomás continua.

-Você não pode estar fazendo isso, não sabe o que pode acontecer?
-Sei sim, eu vou emagrecer, é isso que importa! Não vê que eu estou gorda?
-Tá louca? Seus ossos tão aparecendo, se emagrecer mais a gente pode te usar no lugar do esqueleto do laboratório!
-Isso é você quem diz!
-Todos nós estamos vendo você magra e só você tá se vendo gorda! Será que todos estamos com problemas de visão e só você enxerga??
-Não, outras meninas também veem assim...
-Quem? As amigas da Mia? As mesmas “amigas” que te apresentaram a Ana?
-Você não entende.
-Carla, você não vê que é muito importante pra mim? –Tomás para segurando as mãos dela. – Eu te amo desse jeito, não quero que mude, não quero te perder! Entende que eu preciso de você com saúde do meu lado pra gente correr o mundo mais vezes, pra gente se apresentar com a banda, pra...
-Tomás...
-Nem vem! Ou toma jeito ou...
-Ou o que?
 Carla o encara, mas Tomás mesmo com a voz engasgada diz o que acha ser preciso.
-Ou eu termino com você. A escolha é sua.

 A inquietude e o sofrimento interior não se estampam no rosto se você não quiser. Não existe piedade para as dores que não são físicas, então todos voltam a suas vidas “normais” com um sorriso novo, tentando acreditar que é possível viver mesmo com um desfazer lento e suave da paz que um dia existiu.
 Como sempre, durante o intervalo, as três amigas se reúnem na cantina da faculdade. O lugar é imenso e para todos os lados os grupinhos se juntam quase igual faziam no colégio, a única diferença é que a maioria está mesmo preocupada em estudar, coisa que antes quase ninguém ligava. Agora é cada um por si e não tem como fugir das responsabilidades se quiser se formar.
Duas meninas, novas colegas de curso de Alice, aparecem e se sentam com elas. Com tanta mulher junta, o papo não poderia ser outro que não garotos.

-Ah, ele era um idiota, mas muito bom de cama!
-Tá reclamando de que? É isso mesmo que a gente quer! Idiotas bons de cama!
 As duas meninas incitam esse tipo de conversa e quando a temperatura começa a subir, Alice fica sem fala, enquanto que Roberta e Carla mantém certo sigilo sobre suas vidas, sem deixar de opinar.
-E você Alice? Tá quieta! Vou achar que você ainda é virgem!
-Que virgem! Ela já tá na faculdade e vai ser virgem ainda? –A outra menina responde por ela.
-Mas eu sou! –Alice responde relutante e as meninas começam a rir.
-Ah, não fala sério né? Isso existe ainda? Que ridículo, você vai para algum convento por acaso? Em que século você vive?
-Ela vive neste século! –Roberta se levanta. –Só não é como vocês, suas p...
-Roberta!
-Que foi Carla? É isso mesmo que elas são! Vem pressionar a Alice pra ser igual a elas!
 As duas meninas ficam assustadas com o jeito que Roberta fica, com um aspecto de fera selvagem ao defender Alice.
-Ei, a gente não quer brigar não, tá?
-É, somos amigas dela.
-Mas amigos não fazem pressão. –Carla por fim opina.
-Podem ir dando o fora, que amigas desse tipo ela não precisa! Ela já tem amigos de verdade!
 Roberta se impõe e as meninas acabam deixando a cantina completamente mudas e envergonhadas de terem todos os olhos voltados para elas.
 Alice, que não havia dito nada a respeito, parece em dúvida.
-Talvez elas tenham razão...
-Fala sério?
-Ah, Roberta, isso não é normal... –O ar de choro em Alice chega a ser irritante.
-Deixa de ser boba.
-Pensa só Carla, eu estou me sentindo a estranha aqui! Justo eu que sempre...
-Que sempre foi a patricinha popular, é isso? –Roberta a encara, chateada.
-É...

 A menina ainda não se conforma com o que é: Uma virgem. Coisa que há tempos atrás era um crime não ser, hoje em dia é um crime ser. As pessoas estão sempre vivendo de acordo com a pressão da época em que vivem e poucos aprendem a realmente fazer o que querem fazer e em vez disso aceitam o que a sociedade manda. Escravos que se acham muito populares e aclamados não passam de seres sem inteligência, submissos às ordens de outros.

  Na sexta-feira, um dos dias mais amados que existem, os amigos se juntam para um ensaio no 31º andar. O lugar estava pronto há tempos e não havia nenhum melhor para ensaiar. Assim que terminam, após algumas horas, Roberta começa.

-Diego, você errou a nota.
-Errei nada. –Ele se volta aos amigos. –Errei pessoal?
 Pedro e Tomás começam a arrumar os instrumentos, desviando da pergunta enquanto que as meninas se despedem.
-Já tá tarde, tenho que ajudar a Márcia a arrumar algumas coisas...
-Eu vou com você Alice.
 -Tá vendo? Ninguém tem coragem de dizer na sua cara, mas eu tenho!
-Você é que se acha demais! –Diego a encara.
 De fininho, Pedro chama o pessoal e deixam Roberta e Diego sozinhos, brigando.
-Eu me acho? Eu...
-“Me tenho certeza”! –Ele a imita. –Não sabe falar outra coisa não?
-Você só tá assim mordido porque achava que ia me vencer nessa aposta e não conseguiu!
-Nem você me venceu! Ah, não quero mais falar com você. -Diego sai e a deixa para trás.
 A garota o segue até o elevador, de braços cruzados e calada. Um ar bruto e uma birra instalada nos gestos.
-Anda logo...
-Tá falando comigo ou com o elevador?
-Com o elevador.
-Dá pra me dizer o que foi que eu fiz pra te deixar tão irritada?
-Errou a nota. –Ela cruza os braços.
-E isso é motivo pra ficar com raiva de mim?
-Ah, não enche.
-É essa maldita aposta, não é? Eu já to cansado dela, quer saber? –Ele vai até Roberta e segurando seus braços a prensa na parede do elevador.
-Ei!
-Ei nada!
-Que é isso! –A garota arregala os olhos com a força que ele impõe sobre ela.
-Sou eu... Não se lembra mais de como é meu corpo te desejando?
-Diego, essa jogada não vai colar.
-Não é jogada... To morrendo de saudade de te abraçar, de te beijar, de fazer amor com você e de ver o seu rosto na hora que sente prazer...
-Para... -Roberta foge dele, indo parar na outra parede, mas o rapaz vai atrás.
-Não paro. Eu cansei desse jogo de gato e rato. Eu sinto sua falta... –Ele segura o rosto dela nas mãos mirando sua boca. -Sinto falta da sua pele em contato com a minha, sinto falta de você...
-Diego...
-Eu amo tanto você que me dói por dentro, será que eu preciso fazer mais o que pra te mostrar que eu estou enlouquecendo?
 Ele está próximo de sua boca e Roberta já consegue ouvir os próprios batimentos saltando no peito. As pernas já estão bambas e estremece. De súbito, Roberta arranca forças de algum lugar.
-Escuta aqui! –Ela o vai cutucando com o dedo enquanto fala. –Você acha que vai me deixar derretida falando essas coisas?
-Não, eu...
-Acha que eu vou jogar a toalha para depois te realizar três desejos?
-Roberta... –Diego vai chegando para traz até encostar do outro lado.
-Só porque eu também já não aguento mais ficar longe de você? Só porque eu te amo, porque to morrendo de saudade e... –Ela nunca sentiu a respiração tão nervosa e na pausa que faz olhando nos olhos dele se decide. –Ah, que se dane!

 Adeus aposta, adeus desejos... Os lábios dela chocam-se com os dele quase se machucando com tamanha força que põe no beijo.
  Tê-la outra vez na boca, assim de repente, faz Diego desacreditar no que esteja acontecendo, mas envolve os braços nela e corresponde com tanto ou mais vontade. As línguas se sufocam, a respiração quente é sentida em cada levada que dão um no outro, tão forte como a forma que se tomam no abraço.
“Saudade" -Pensa Diego ao mergulhar no interior daquela boca úmida e calorosa.
 Tantas palavras lhe vêm à cabeça, algumas nem mesmo consegue traduzir, outras nunca diriam de tão marcadas pelo desejo. Tal desejo que vai ficando mais que visível a Roberta quando a espreme contra a parede do elevador fazendo-a se agarrar mais a ele.
-Hm! –O gemido dela sai preso no beijo, que não pararia por nada naquele momento.
 Diego conta os segundos para poder se jogar com ela na cama, no sofá ou até ali mesmo sem se importar de serem pegos. Parecia louco, selvagem assim como ela sempre é. A beija compulsivamente e lhe arrancava o equilíbrio pela boca.
 Roberta nunca havia imaginado em sua vida que o gosto da derrota seria tão bom...

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Comentários

  1. finalmente essa maldita aposta acabou tava arrancando os cabelos de tanta curiosidade grrrrr

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  2. Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh
    murriiiiiiiiiii



    Darly

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  3. Ebaaaaaaaaaaaaaaa
    O Diego venceu!!!! amei, amei, amei...
    Putz! agora vão colocar o predio a baixo.kkkkkkkkkkkkkkkkkk


    Darly

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  4. Ahhhhhh! posta mais por favor!!

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  5. ++++++++++++++++++++++++++++++++++++++ muito mais sinto cheiro de gratino kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

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  6. SENSASIONAL! Necessito do próximo capítulo! Meus parabéns, Aline. Você é ótima! Como eu queria que a novela tivesse esse seu toque. É bom demais ler o que escreve. Mil beijos!

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  7. muito lindo queroooo mais :) graças a deus agora quero saber os desejos dle kkkk

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  8. Ahh to sem palavras tá demais,ta´sensacional, ta lindo, ta otimo Aline posta logo o proximo capitulo se nao vai ser maldade!
    (bjs Julia)

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  9. aai eu preciso de um Diego igual esse aí pra mim, só pra mim!!

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  10. Aaaaaaaaaaaaah, acho que esse é o meu segundo capitulo favorito >.< owiiiiiiiiiiiin, fofooos *-* Meeu favorito é o que eles fazem amor só com a luz do ABAJUR ! >.< Poosttta maiis :)

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