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Cap 16 (Faculdade) -A menina sem nome

 É difícil saber para onde ir, mas os corredores tinham destino certo. Roberta entra na sala de aula como fizera todos aqueles dias quando o professor já falava.
 Horrível sensação de ter todos os olhos em você em um silêncio súbito ao abrir a porta. Por sorte ela não é o tipo de pessoa que se importa com essas coisas e a sensação não passa de mera onda instantânea e encaminha suas taxas e bota negra até a última carteira que resta na primeira fileira.
-Atrasada. -Uma nova conhecida, talvez amiga lhe entrega uma folha da matéria que já havia sido passada.
-Valeu.
 Roberta tenta copiar, mas ainda fica pensando no que possa ser que Diego esteja preparando.

Perfeito. Nada fora do lugar. É estranho como isso dá medo. Quando tudo está dando certo demais, quando nos tornamos mocinhos de novela mexicana, completamente corretos e felizes no último capítulo...Isso dá uma sensação... -Outra vez sensação- ...De que algo deve estar errado.
-Adolescentes vivendo juntos já há um mês. –Ele fala consigo mesma. –Hoje todo mundo vai se juntar naquele prédio.
-Senhorita Messi.
-Oi? –Ela acorda com a voz do professor.
-Leu o texto da aula anterior?
 Roberta leva a mão à testa se lembrando de que tinha se esquecido de pegar o texto no e-mail.
-Sabe o que é? Eu não to me sentindo muito bem... –Ela já vai se levantando. –Mas garanto que a Sara sabe.
 Roberta aponta logo para a garota mais inteligente da turma e o professor pouco se importando, como são os professores de faculdade, observa a resposta da colega que inicia o discurso enquanto ela sai pela tangente.
 Avança no corredor até a sala de Carla. Se lembra de que fica no primeiro piso, mas não de qual é o número, então vai de porta em porta torcendo para que a amiga, sendo sempre muito estudiosa, estivesse sentada na frente. Dito e feito.
 Ela começa a fazer sinais e ao notar Carla vem até a porta.
-Roberta? Que aconteceu?
-Mata aula comigo?
-Matar aula? Pra que?
-Não to com saco pra assistir aula hoje. Vamos chamar a chata da Alice e dar uma volta!
-Tá, tá bom...
 Carla volta para pegar os materiais e retorna indo junto com Roberta até a sala de Alice que também aceita, não de muito bom humor, o convite.

-Não acredito que me convenceram a isso!
 As pernas caminham juntas e vagarosas pela rua enquanto a menina que está no meio não para de falar em como seu modo cor de rosa, seu óculos de sol e seu liso penteado não combina com suor. Talvez não seja exatamente assim que fala, mas é como Roberta ouve.
-Tá, da próxima vez eu não chamo ninguém!
-Melhor! –Ela cruza os braços.
-Você também tá chateada, Carla?
-Na verdade, minha aula tava um porre...
-Viu? –Roberta faz língua para Alice que retribui do mesmo jeito infantil.
 Das três era a única que tinha carro e talvez por isso Roberta a tivesse chamado. Agora elas caminham até a praia com os calçados em mãos.
-Vamos? –Roberta e Carla se olham e retiram as blusas correndo para o mar.
 A patricinha continua com cara de poucos amigos e se senta na areia, recusando o convite. Não passa nem cinco minutos observando o azul do céu e já recebe companhia.
-Caio? –Ela sorri.
-Coisa de louco te encontrar aqui!
-Vim arrastada e você?
-Eu venho aqui todos os dias nesse horário, um pouco antes do almoço.
 A conversa flui e quando Carla e Roberta retornam, veem a cena dos dois que iam conversando muito animados. Ao chegar até eles, todos acabam se dividindo e não ficando nada mais que uns vinte minutos curtindo a praia.
-Tenho que voltar, não avisei o Tomás.
-E você Alice? -Roberta vira para ela. -Também volta?
-Eu chamei sua amiga para dar uma volta, tomar uma água de coco. –Caio responde por Alice que sorri, mostrando satisfação em aceitar.
-Ok, então eu vou ao clube falar com o Diego. Ele com certeza vai querer ajudar a irmã com a mudança.
 Talvez o namorado não se lembrasse, mas Márcia e Alice se ajeitariam finalmente em um apartamento no mesmo prédio que eles, três andares abaixo, o 17º.

 Roberta segue até o clube onde já havia ido algumas vezes, mas pela primeira vez iria ver Diego no trabalho, o novo trabalho do qual ele tanto se orgulha de ter conseguido.
 Dia corrido... Ela vai a um lugar e outro, sempre ficando tão pouco em cada canto, como se estivesse deslocada. Passa pela portaria e avista Diego pulando na piscina e segurando “a” menina sem nome trazendo-a até a margem.
 Não entende o que acontece e não pensa na hora, fica observando em segundos a situação e em sua mente sente tudo parar. Nada acontece em volta de seus olhos e até seus ouvidos ficam surdos. Vê apenas seu namorado erguendo a garota no colo colocando-a no chão agachando-se ao seu lado.
 Percebe nitidamente a agitação dele, está assustado e sabe bem que a aparência dela é de afogamento, mas assim que o salva-vidas, superior dele chega para examiná-la, a garota se levanta, dizendo estar muito bem, obrigada, dá um beijo no rosto de Diego e sorri como políticos em época de eleição.
 Assim que sai a surpresa:
-Superman agora?
-Roberta? –Diego se assusta com a namorada de braços cruzados em sua frente. –Que tá fazendo aqui?
-Vim presenciar seu heroísmo.
-Ela tava se afogando.
-Jura?
-Ficou com ciúmes? –Ele ri de lado.
-Eu não. –A marra persiste. –Só vim te perguntar se a gente vai ajudar a se mudar hoje.
-Você não devia estar na aula?
-Matei. Você vai ajudar ela ou não?
-Vou.
-Então tiau.
-Ei, ei, ei. –Diego segura seu braço e ela retorna o bico.
-Que?
-Tá quase na hora do meu almoço. Pode sentar um pouco e me esperar?
-Tá... –Ela finge estar sendo obrigada.
 Senta-se em um banquinho e pede uma água. Por sua mãe ser sócia do clube, a menina fica bem à vontade no lugar e é tratada como sua mãe seria, apesar do namorado ser um simples empregado.
 Fica a observar a garota que havia sido salva há alguns minutos e seus olhos parecem fumegar. Não crê que Diego não esteja notando a maneira dela de olhar e passar rebolando em sua frente.
-Como os homens são burros.
-São mesmo. –Alguém entra em seu papo mental.
-Te conheço?
-Não. Gabi e você?
-Hm... –Por algum motivo ela pensa antes de falar. -É Roberta.
-Me dá um suco, moço?
 A garota se vira, quase a lhe ignorar, mas volta a conversar quando a vê focada na menina sem nome.
-Ela tá secando o salva-vidas há horas, mas ele não deu bola pra ela.
-Nem vai dar.
-É seu namorado?
-Como sabe? –Roberta estranha a tirada rápida.
-Só namorada pra fuzilar com os olhos desse jeito. Mas olha só...
 Gabi para ao mostrar a Roberta como a menina passa normalmente até que ao chegar perto de Diego que estava de costas, finge uma torção para se escorar nele.
 Roberta fica uma fera e vai atrás, alguns passos apenas e já está puxando a garota pelo cabelo.
-Porque você não vai esfriar um pouco! –E dizendo isso a joga na água.
-Que você fez? –Diego leva um susto. –Eu vou ser despedido.
-Vai nada!
-Eu não sei nadar! –A sem nome grita batendo os braços na água.
 Diego se prepara para pular quando a namorada o segura.
-Que você vai fazer?
-Tenho que tirar ela!
-Ela sabe nadar! –Gabi se aproxima. –Ela tava nadando desde que cheguei.
 Diego pula mesmo assim, afinal era seu trabalho e não podia deixar que seus superiores escutassem os gritos de alguém pedindo socorro na piscina enquanto ele fica parado.
 Assim que retorna com a garota bufando agarrada em seu pescoço olha para Roberta com uma cara não muito boa.
-Ai... Não to me sentindo bem.
-O que você tem? –Diego é atencioso e isso deixa a namorada muito irritada.
-Ai, não sei.
-Mas eu sei!
-Roberta! –Ele a corrige e vai até ela. –Vai me fazer perder o emprego, sabia?
-Jura? –A garota aproveita o embalo e empurra Diego dentro da piscina.
-Tadinho! Sua doida!
 A menina que estava “muito mal” vem até ela bem disposta para briga, mas se depara com o pé de Gabi à sua frente e logo cai outra vez na piscina.
 Roberta ri e a olha em cumplicidade.
-Bate aqui! -As duas zoam. –Vou embora antes que eu não consiga me segurar e dê na cara dela.
-Seria merecido!
-É, mas não vou arriscar o emprego do meu namorado. Beijo Gabi.
-Beijo.
 Diego sai da piscina e espia o sorriso da nova cúmplice da namorada.
-Hm... Eu vi tá! –No fundo havia se divertido, mas reconsidera. –Achei que a Roberta tinha tomado jeito...
 E fica olhando ao longe ela ir embora. Na hora do almoço acaba não a vendo. Talvez nem tivesse passado em casa e ido direto para a gravadora e almoçado com a mãe. Só lhe restava preparar a noite, ainda arriscando piorar as coisas, mas o jogo não pararia por causa de algo como aquilo.
 O sol se vai...
 Prédios e carros, buzinas e luzes amarelas. O barulho intenso, toda a forma de vida pulsando e música nos fones de ouvido. Roberta deixa a cidade e adentra no elevador, louca para pousar em casa, mas quando se depara com o sofá, paralisa.

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Comentários

  1. AAAAA muito dáora esse capítulo!
    Gostei.. kkk :D

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  2. Jura Aline? Parar bem agora? Continuaaaaaaaaaaaaaa! Posta só mais um capítulo, não teve ontem. :(

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  3. Valeu povo! Eu fiz ele correeendo, tá até mto louco de entender..rs Vou editar ele agora (meia noite) e o próximo vou tentar adiantar nesta quarta, escrevi um pouco na aula já :)

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Despedida

Obrigada a todas e todos por terem estado comigo até agora. Me perdoem qualquer coisa e um beijo enorme no coração de cada um. Eu gostaria de poder ter feito melhor em todo esse tempo, mas juro que o fiz foi de coração e tive um enorme prazer em estar aqui. Era uma escritora bastante amadora, mas me diverti demais e me senti abençoada com a companhia de cada um. Quem quiser me seguir no Wattpad, estou escrevendo outras histórias por lá >>>  AlineStechitti

Aviso Importante:

Devem ter notado que na minha web os rebeldes estão no segundo semestre do último ano escolar, então... Surgiu um problema: Como continuar a história? Eu não vou ter como alongar isso p muito tempo, porque passa cap e mais cap e um dia eles terão que se formar e sair da escola! Com isso eu tive duas ideias: 1ª RECOMEÇO: Fazer uma nova história de Roberta e Diego lá do comecinho, tudo de novo. Os dois chegam no colégio, se odeiam, se apaixonam mas brigam todo o tempo mesmo se amando... Tipo quando começou a novela e no desenrolar eles logo começam a namorar. Os rebeldes começam a banda, os shows, as intrigas e tudo mais dentro do Elite Way. 2ª FACULDADE: Fazer uma continuação dessa mesma história que já conhecem e que escrevo há mais de 6 meses. Diego, Roberta e todos os rebeldes vão para a faculdade. Alguns fazem o curso q querem e outros, como Diego, faz o que o pai obriga. Lá eles estão mais livres, com mais responsabilidades, frequentam baladas, teatros, alguns trabalham, passam...

Comunicado:

 To muito feliz mas tb muito triste com alguns comentários que li.  Estou em um tempo muito difícil não só no trabalho mas tb na faculdade, talvez isso não pareça tão difícil p vcs, mas viajo 160km todos os dias p estudar, nunca me senti tão cansada nem com tanto sono na vida, fiquei dois dias sem almoçar e sem jantar por que realmente não tive tempo p isso.  Entre trabalhar e estudar me sobram somente 6 horas p dormir e 2 horas p comer, fazer o q tenho p fazer, estudar p as provas, resolver os problemas de casa e tudo mais q uma pessoa normal tem p resolver.  Estou dando toda essa explicação por que eu os compreendo, agradeço o carinho que tem pela Web e tb para que possam me entender ou não.  Agradeço a todos q leem, que conversam comigo pelo twitter, pelo msn, pelo face, que sempre tem algum comentário sobre o que escrevo e que sempre são gentis. De verdade, fiz muitos amigos dos quais gosto muito e mesmo sendo virtuais não esqueço por um segundo. Não vou...