Cap 10 (Faculdade) -Um domingo

 A respiração ficando cada vez mais rápida e alta. Intensos com a forma de se devorar no beijo que os consumia enquanto se encaminhavam para o topo da cama. De repente um riso alto é ouvido e eles param.

-Ah, não... –Roberta reclama.

-Calma... Se concentra em mim...

 Diego vem com todas as carícias que sabe e não sabe, tentando desviá-la dos risos de Tomás na sala.

-Ei, Diego! Tá passando aquela série cara!

 Roberta revira os olhos e Diego respira fundo.

-Eu vou bater nele!

-Ele vai parar...

 Eles voltam a se beijar quando...

-Diego, vem ver cara! (Gargalhada) Tá hilário o episódio de hoje!

-Não quero! –Ele grita e se devolve a Roberta.

-Por quê?

 A pergunta idiota deixa o casal estressado.

-Eu vou lá agora quebrar a tv na cabeça do Tomás!

-Não. –Diego a segura. –Você fica aqui. Eu vou lá falar com ele.

 O namorado vai até a sala onde Tomás está totalmente esparramado rindo frente à tv.

-Dá pra rir mais baixo?

-Cara você tá perdendo!

-Tô mesmo! –Diego coloca as mãos na cintura, irritado, mas o amigo nem entende a indireta.

-Senta aê cara, vem ver também!

-Será que dá pra você dormir?

-Fala sério?

-Sério. Ou fica quieto ou eu te jogo pela janela.

-Ok! –Tomás aperta o controle remoto e desliga.

-Hm!

-Ei... Tem algo pra comer?

-Procura na geladeira. –E dizendo isso, Diego volta para o quarto deixando Tomás à caminho da cozinha.

 Ao se sentar na cama ele vai até Roberta que está sentada na cabeceira e começa a beijar seu ombro.

-O que você fez?

-Mandei ele desligar a tv... –O namorado fala sem parar os toques. –Vamos ficar em paz agora...

-Hm... Vamos ver por quantos minutos por que...

 Diego ataca os lábios dela que se cala, hipnotizada por um beijar devorador. Com poucos segundos já está, outra vez se prendendo a ele e deixando-se induzir e induzindo a um namoro longo.

-Ei, galera. –Tomás bate na porta. –Não tem sorvete, não?

 O casal finge chorar de raiva enquanto se olham. Pelo jeito paz seria algo que nessa noite não irão ter tão fácil. No fim eles não matam o amigo, que ainda reclamou de não ter sorvete na geladeira, mas se contiveram o quanto foi possível.

O domingo amanhece bonito, mas no sofá da sala, quando Roberta se levanta a visão não é das melhores.

-Bom dia... –Diego chega e lhe dá um beijo na bochecha. –Que foi?

-Ali! Tá até babando.

-Ah, depois a gente põe fogo no sofá... Me dá um beijo... –Diz já puxando sua cintura.

 A menina sorri e o abraça, aceitando o beijo e provavelmente a proposta.

-E... Vocês começam cedo hein? –Uma cara amassada os olha por cima do encosto do sofá.

-Começou. –Roberta se chateia.

Tomás vem andando devagar, cabelo para o alto, roupa bagunçada no corpo e olhos inchados.

-Cara, que noite... –Tomás para frente a eles. –Tem alguma coisa pra comer?

-Na sua casa deve ter.

-Roberta! –Diego a repreende. –Eu vou fazer o café pra gente...

-Eu te ajudo... E você arruma a sala Tomás!

-Arrumar? –Ele coça a cabeça.

-E é bom ficar limpinha. -Roberta dá o aviso.

 O casal vai para a cozinha e deixa o amigo arrumando a sala, onde havia prato, cobertor, lençol e travesseiro jogados para todos os lados, além da mala que ele havia aberto no meio do caminho.

 Depois do café, Roberta vai para a sala, que já estava menos bagunçada para assistir um filme. Tomás se senta em um canto e ela em outro.

-Delícia... –Diego chega e a abraça de surpresa sentando-se no meio onde começam a se beijar.

-Ei, ei, ei...

 Eles param e olha para Tomás.

-Estamos na nossa casa, o intruso aqui é você!

-Que cordialidade hein, Roberta? Quer dizer que eu vou ter que ficar vendo essa beijação aí?

 No mesmo instante ela se agarra em Diego e começa a beijá-lo jogando as pernas em seu colo, deixando Tomás com uma cara de tédio ainda maior.

-Eu mereço...

 Roberta começa a se divertir com a situação e Diego gosta que ela tire proveito dele nisso. Os dois ficam namorando durante todo o filme e na hora do almoço se preparam para sair.

-É sério que a gente tem que ir? –Roberta reclama.

-Meu pai... Ele me fez prometer.

-Mas e eu? –Tomás chega no assunto.

-Vê lá se o Caio não chegou! Quem sabe...

-E se não tiver chegado, Diego?

-Ah, tem muito congelado aí... Você pode ir comer com a Carla, ou com sua mãe também...

-Hm... Não tem outro jeito né?

 O casal vai com o carro ganho por Leonardo até a mansão dos Maldonado. Lá Sílvia os espera com o marido, com Márcia e os gêmeos, que já estão bem grandinhos.

-Oi família. –Diego já vem logo abraçando a irmã e a madrasta.

 Roberta vem em seguida e só diminui o sorriso com Leonardo. O sogro ainda não ia muito com sua cara, o que era recíproco.

-Estou tão feliz em ver vocês! –Márcia está contente. –Como estão?

-Muito bem e felizes!

-Que bom Diego. –Sílvia tomba a cabeça com um olhar materno. –Tudo que nós queremos é ver vocês dois muito felizes.

-E bem sucedidos. –Leonardo acrescenta, turrão.

 Logo o almoço é servido e após, enquanto o filho vai com o pai até o escritório, coisa da qual já esperava, as mulheres conversam.

-Sílvia, o Diego não tá feliz. –Roberta desabafa. –Esse emprego e essa faculdade tão acabando com ele.

-Meu pai tem que ver que o meu irmão tem outros sonhos. –Márcia para assim que eles retornam.

-Vamos linda?... –Diego chega estendendo a mão para Roberta e Márcia os para.

-Ah, é, eu esqueci de contar... Nós vamos ser vizinhos.

-Sério?

-Sim Roberta. E não vou sozinha, a Alice também vai e mais duas garotas, que ainda não confirmaram, então eu não posso dizer quem é.

-Do colégio?

-É sim. Sei que alguns meninos vão morar lá por perto, ainda não sei onde.

 Depois da notícia, os dois se despedem muito contentes. Talvez não soubessem que bem ou que mal faria ter alguns dos amigos do Elite Way por perto novamente, mas mesmo assim, só de lembrar ter alguém conhecido em uma nova etapa da vida, muitas vezes é realmente bom.

 Ao retornar ao apartamento, após uma tarde de passeios agradáveis e outros nem tanto. Tomás já não está, pois Caio já havia voltado, o que indicava que ele já tinha ido se instalar lá.

 Diego não está com uma boa cara, coisa que acontece com muitos nas tardes de domingo. Só de lembrar que no outro dia é segunda-feira e que um emprego estressante o espera já faz o estômago revirar. 

Diego entra na sala às 8 :30 e Leonardo vai logo reclamando.

-Está atrasado. Não é porque você é meu filho que vou tolerar. –Ele pega a maleta sem olhar para Diego. –Vamos logo que temos reunião.

-Eu preciso falar com o senhor.

-Fale rápido. -O empresário continua arrumando os papéis.

-Eu vou largar a faculdade.

-Como? –O homem franze a testa e fala alto.

 Diego não sabe se continua firmando a voz ou se volta atrás no que acaba de dizer vendo os olhos de fogo do pai.

-Eu não sou um homem de negócios. Eu pensei bem e...

-E nada Diego! –Leonardo fica furioso. –Passei anos levantando essa empresa para você, para que no futuro tudo isso fosse seu!

-O senhor sabe quanto eu o admiro, mas eu não quero isso pra mim, é o seu sonho não o meu!

-Ah! E posso saber qual é o seu sonho? –Ele diz irônico. –Será que é ser um cantorzinho de bar?

-O senhor bem sabe que a banda faz muito sucesso e nós já gravamos um CD.

-E você pensa que isso é garantido para o resto da vida? É isso?

-Pode não ser, mas mesmo que eu não faça música, eu não quero fazer administração, vou fazer outro que tenha mais a ver comigo.

-Ah, é? E com que dinheiro vai pagar?

-Eu trabalho.

-Trabalha?! Você realmente acha que um funcionário meu, em um cargo superior ao seu ganha o mesmo ou mais que você? –O homem o humilha o máximo que pode. –Diego, você não é nada, você não tem nada. Sem mim, você não sobrevive!

 Diego começa a sentir queimar dentro peito, sente o orgulho e a honra serem esmagados mais uma vez por aquele que ele tanto admira. Ele olha Leonardo nos olhos, e mexe no bolso.

-Pois isso nós vamos ver! –Ele bate a chave do carro em cima da mesa. –De hoje em diante, você não vai mais controlar minha vida, nem minhas contas!

 O pai fica perplexo, talvez as pernas estivessem bambas quando o filho sai com os olhos firmes e a cabeça erguida, deixando crachá e tudo com a secretária.

 Diego manda um sms para Roberta, que estava na gravadora com a mãe e assim que chega lá a abraça cabisbaixo.
-Oi.

-Vocês podem ir pra aquela salinha. –Eva avisa. –Ninguém vai incomodar lá.

 Assim eles fazem e na pequena sala com tons amadeirados Roberta começa a conversa.

-Nossa você demorou, estava preocupada.

-Peguei o ônibus errado.

-Ônibus?! –Ela arregala os olhos.

-Eu devolvi o carro.

-Como?

-Eu devolvi o carro, vou sair da faculdade e do trabalho. Larguei tudo. Eu sei que tenho que te explicar que...
 O namorado também conta da briga e de tudo que houve no escritório.

-Diego eu sei que você não tava feliz. –Ela alisa o braço dele e lhe dá apoio mesmo sabendo o que isso custaria a ele. Além do mais, mesmo Leonardo sendo como era, Diego o amava, e essa briga o deixara arrasado.

-Eu to perdido...

-Ei! –Ela suspende o queixo dele, para olhá-lo nos olhos. -Você sabe que estamos juntos nessa!

-Mas vai ser barra Roberta! Eu vou entender se você quiser...

-Nem termina essa frase! -Ela é firme, porém doce. –Estaremos juntos, haja o que houver...

-Mas tudo que eu tinha veio do meu pai. Roberta eu não tenho mais nada!

-Hm... E eu não sou nada? -Ela faz dengo, e acaba por tirar um meio sorriso dele.

-Awn... Coisa linda, assim é covardia... –Ele faz um carinho na lateral do rosto dela.

-Você tem a mim e tudo vai dar certo, tá bom?

 Roberta lhe dá um beijo e o acolhe em um abraço apertado, que era um lugar tranquilo onde ele poderia descansar. 

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