Cap 86 -Desejo descontrolado

 Aos sustos somente o respeito, pois à emoção se deve nossas forças internas, que mantém nossos reflexos para nos defender do inesperado.

 Diego está vermelho e com um olhar jamais visto por Roberta. Um misto de raiva com determinação desenfreada e nociva, só não imagina ela, o porquê disso. A menina acaba de entrar, ainda está de biquíni e se depara com Diego que havia aberto a porta do seu quarto com violência.

-Ei! –Ela se zanga enquanto enrola uma toalha no corpo.

-Você ficou com algum dos caras da piscina?

-Que? –Ela nem imaginava a pergunta. –Tá louco?

-Você ficou se exibindo na piscina pra eles!

-Você tá delirando! –Ela se afasta irritada. –E eu não te devo satisfações!

 Ela fica firme nas palavras, querendo que ele saia. Haviam se agredido tantas vezes naqueles dias que ela já sabia o que dizer para que ele se afastasse logo, mas ao contrário das últimas vezes em que era grossa e ele ia embora, sente que Diego não tinha essa intenção. Percebe isso no jeito como a mira.

-Você nunca vai ficar com algum daqueles caras! Nem com nenhum outro!

 Roberta não acredita em tamanha prepotência.

-Sai daqui, Diego! –Ela aponta para a porta, mas em vez de sair, ele se aproxima mais.

-Você é minha! Minha, tá ouvindo!? –O garoto parece fora de si ao segurar os pulsos dela.

-Me solta!

-Eu fui o primeiro na sua vida...

 Roberta se incomoda com os olhos dele passeando nos seus, mas fica fixa neles, intimidadora e orgulhosa.

-Eu não tenho, nem nunca tive dono!

-E eu nunca briguei tanto nessa vida... –Ele fala como se desabafasse. –Eu nunca fiquei tão louco como hoje. Você dá bola pra eles na minha frente depois de tudo que tivemos...

-Eu dei bola? Perdeu a noção?

 Nesse momento Alice entra no quarto.

-Ops... –Ela para quando os vê. –Desculpa, mas eu preciso me trocar.

-Não tem problema... –Diego fala de lado. –A gente sai. -E o garoto levanta Roberta nos ombros.

-Ah! Me solta! –Roberta esperneia, mas Diego a leva atravessando com ela enrolada na toalha aos gritos e tapas pelo corredor.

Todos que presenciam a cena os olham perplexos, alguns rindo e alguns horrorizados.

 Ele chega à ala masculina e sabendo que os garotos não estavam, entra no quarto e coloca a rebelde no chão. O que não a deixa menos irritada.

-Abre essa porta!

-Não. –Ele a segura, evitando os tapas que ela lhe dá.

-Seu idiota! Eu te odeio!

-Odeia?

 Roberta fica buscando uma resposta, mas repetir o que acaba de dizer era quase impossível.

-Quero ver se é verdade! –Ele a puxa pela cintura, dando um beijo completamente eufórico em sua boca.

 Roberta tenta gritar, mas fica somente alguns barulhos abafados pelo beijo dele. Soando tão fracos que ninguém ouviria. Perde todas as forças das pernas quando ele lhe arranca a toalha de uma só vez. Para os pensamentos, perdida na aproximação de seus umbigos.

 Diego, ao ouvir passos no corredor, a leva para trás e tateando a porta, entra rapidamente no banheiro virando a chave.

-Que você tá fazendo? –Roberta recobra a perdida consciência do momento e fica extremamente assustada.

-O que eu devia ter feito naquele dia.

 O rosto de Diego ainda está sério e com uma doçura perigosa. Ele mal responde à pergunta e volta a lhe beijar com ansiedade, deixando-a presa ao azulejo como fizera dias atrás. Roberta treme de frio e de inconformidade com o fato de que não conseguia desviar dele. Tenta pará-lo várias vezes, mas Diego põe toda força para prendê-la. Abre sua boca e força a passagem à hesitação dela que se percebe sendo tragada pelas investidas do beijo profundo e quente como lava deslizando na base de sua língua.

 Logo, porém, Roberta perde a rigidez dos lábios e de todo o corpo, deixando Diego à vontade. Toda a força que tem não é páreo para o que sente, para todas as coisas que inevitavelmente são postas em nós em algum momento da vida e só saem quando querem.

 Ela não sabe o que fazer, o deseja com todo o corpo, com tudo que é, mas sua mente diz para sair dali, que se não as coisas irão chegar longe. Já Diego tem uma certeza momentânea do que quer e não faz questão nenhuma de pensar no que faz. Ele a deseja, a quer totalmente nas mãos, como queria à primeira vez que a viu e se sentiu louco de vontade de tê-la.

Antes que Roberta pudesse agir, ele a levanta e com o medo de cair, as pernas dela se encaixam em sua cintura involuntariamente.

O beijo termina somente quando até em volta das bocas o corado umedecido toma conta. Ele desce beijando e mordendo ferozmente seu corpo arrepiado até a parte de cima do biquíni, que ela sente um alívio racional de o ver desviar.

 Quando, porém ela está em puro êxtase com aquele namoro louco, sente as mãos dele baixarem demais a tentar abrir a parte de baixo de seu biquíni. De coração na boca, ela leva a mão para impedi-lo, mas ele agarra com força.

-Não. –Diego sussurra perto de sua boca.

 Roberta percebe o corpo queimar no mesmo instante e realmente se assusta. Nesse momento, Diego amolece a mão e em vez de lhe causar dor, entrelaça os dedos nos dela, parando alguns segundos para olhar dentro dos seus olhos outra vez.

 A menina parece ver algo lá dentro que a leva, hipnotiza. Mesmo ele estando tão estranho, ela sente algo de antes nele, um reencontro com o passado que estava até muito presente. Há um gesto carinhoso antes que ele a levante mais em um gesto bruto e puxe o laço de seu biquíni rapidamente, como se retira um curativo.

 -Hm... –Um gemido baixo escapa, um susto que ela não conseguiria prender para poder negar.

 Quando o sente vir junto, aperta os olhos sem acreditar no que está acontecendo. Diego, ao contrário de sempre, é menos delicado e visualmente ansioso por tê-la.

 Respiração descompassada e as mãos dele até brancas de tão grudadas nas coxas de Roberta, ora subindo, ora descendo, descontroladamente famintas como todo o corpo dele mostra estar.

 Roberta laça os braços em suas costas, crava as unhas, aperta seus ombros, tenta se firmar no desconforto e na paixão, enquanto sente inúmeros tremores, as pernas e os braços amolecendo e a visão entrecortada de névoa.

 Intensa quietude se instala após os sons dos dois se silenciarem de uma só vez e assim aparenta que todo o mundo para junto.

 O ar passando entre eles é tudo que é ouvido naquele ambiente tão apertado. Diego desce lentamente escorrendo até o chão ainda comprimido a ela.

 Quando as artérias se acalmam e a respiração vai tomando o compasso normal, Roberta recebe um beijo de Diego e sente que é diferente. Ele vem delicado, não a invade, parece no fundo uma declaração de amor em silêncio ou quem sabe um pedido de desculpas de alguém já consciente. Depende da interpretação dela, o que no momento está difícil de fazer. As mãos dele já não a buscam com voracidade, mas deslizam com suavidade por suas costas e cintura. Ficam alguns instantes assim, quietos, sentindo-se um só até que a magia se torne realidade.

 Quando se desprendem e Roberta sai do banheiro percebe o chuveiro sendo ligado e então fica alguns instantes sobre a cama. Tem algo doloroso chegando nela ao ter esperado ouvir algo que não ouviu. Enrola a toalha no corpo outra vez e abraçando os próprios braços, baixa a cabeça e pensa no que havia se passado.

-Ai... Meu Deus o que eu fiz? –Ela olha para a porta do banheiro. –E o que foi que ele fez?

 Há uma disputa nela, entre acreditar que o que haviam feito era amor, ou era sexo. E ela sabe que se o segundo vencer, haverá uma faca atravessando seu coração.

 Já no banho a última coisa que Diego faz é, de fato, tomar banho. Tem medo de como a tenha feito se sentir. Somente depois do prazer e sem o efeito do calor do momento, consegue pensar com clareza.

-Eu sou um canalha... –Diego debruça na parede com a água caindo em suas costas, segurando os cabelos com força e sentindo sair de seus olhos algo que não era água. –Eu tenho que falar com ela.

 Em alguns minutos ele abre a porta.

-Roberta...

 E a garota já não está.

 Diego se veste rápido e sai somente de calça, com a camisa em mãos vestindo-a pelo corredor.

-Você viu a Roberta? –Ele para um garoto saindo do quarto.

-Não, não vi não.

 Atinge a ala das meninas e no repente, entra no quarto de Roberta e Alice, mas só uma delas está.

-Que isso? Tá achando que é a casa da “mãe Joana”?

-Eu preciso falar com a Roberta, agora!

-Ela não tá, entrou, mal se vestiu e foi embora, não disse pra onde!

 Alice nem acaba de falar e Diego já está longe.


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