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Cap 109 - Uma noite quente

Na casa da madrinha, Nina encontra várias coisas em que mexer. Alice tem muitos enfeites nas estantes, muitos acessórios no quarto, sapatos que não acabam mais e maquiagens que dariam para encher um caminhão. Para um bebê, no entanto, tudo se resume em brinquedo.
-Não, princesinha, essa base é caríssima. -Diz ao ver Nina subir em sua penteadeira e agarrar. -Já sei. Você quer que eu te maquie, não é?

Porém, quando Alice tenta, Nina franze o nariz e balança a cabeça.
-Quero papá, dinda.
-Seu papai só vem amanhã.
-Nããão... -A menina fica emburrada e suspira fundo. -Papá!
-Nem papai, nem mamãe, Nina. Hoje é a Dinda.
A menina faz bico sentindo a barriga a roncar. Então resolve dar um jeito e sai do quarto de Alice à procura da cozinha, aproveitando que a madrinha está distraída escondendo a maquiagem. Desce as escadas devagar, pois as pernas mal alcançam os degraus e os braços mal alcançam o corrimão. Quando chega à sala, depois de se sentir o máximo por ter vencido a enorme escada, Nina encontra a bolsa da dindinha aberta e imagina que deve ter alguma coisa de comer ali. As pequenas e ágeis mãozinhas começam a vasculhar e jogar tudo pra fora até que encontra algo cor de rosa parecendo doce. Quando põe na boca sente um gostinho de morango e começa a morder, sem saber que está comendo o batom preferido de Alice.
Após dar umas mordidas, Nina coloca delicadamente o batom (ou o que sobrou dele) sobre o sofá bege, deixando uma bela mancha rosa. O rosto, os braços e as mãos também estão todos manchados. Quando a bebê percebe isso, limpa tudo no vestido novo que Alice lhe comprou e vestiu no caminho para casa.
-Nina! Cadê você? Ai meu Deus! -Quando Alice desce as escadas e vê a afilhada toda suja e o seu batom comido, quase tem um ataque do coração. É como se chegasse à cena de um crime bárbaro. -Como você fez isso, Nina? Era o meu batom! Você sabe quanto custou?
E menina pisca inocentemente e volta a reclamar.
-Dá papá, dinda! Doce uin... -Faz cara feia para o batom.
-Ah, entendi... -Em tom desanimado, Alice entende finalmente. -Desculpa, princesa. Não entendi o que o "papá" era comida. Não tem problema. Ain, meu batom... Vou conseguir um papá pra você.
Ela a pega no colo e leva para a cozinha, choramingando. Quando a solta, Nina a segue para todo o lado com passinhos miudinhos e ágeis, de modo que Alice quase cai em alguns momentos e em outros quase pisa na afilhada. Depois de não achar nada saudável, e com preguiça demais de esquentar a mamadeira, Alice abre a geladeira e tira refrigerante e um pedaço de bolo de chocolate confeitado. Depois se lembra que tem um saco de balas no armário e pega também.
-Não conte para os seus pais. -Ela pisca com cumplicidade e começa colocando um pedaço em um prato para a menina. -Não sei porque a Roberta e o Diego dizem para não te dar essas coisas. Que mal pode haver?
Nina arregala os olhos surpresa e sorri de orelha a orelha antes de se lambuzar toda de chocolate, beber refrigerante e comer doces e balas até dizer chega.
-Estava delicioso, não é amor? -Agora vamos trocar essa roupa suja e lavar esse rostinho lindo.
Depois de resolver tudo, Alice acredita ter pegado jeito e ter feito um bom trabalho, porém, em poucos minutos, percebe que pode não ter sido lá uma ideia tão boa. A menina fica incontrolável, anda, corre, pula, grita, sobe nos móveis, derruba as plantas. Mas o pior mesmo é quando se esconde e faz "Buh" nas costas de Alice, dando gostosas gargalhadas com o susto que ela leva. A madrinha não está nem um pouco a fim de brincar.
-Meu bem, não pode pegar isso! -Ela corre de um lado para o outro tentando salvar sua casa do furacão infantil, até que se senta no chão e desiste. -Socorro...
-Boa noite... -Dani esbugalha os olhos de susto quando entra na casa e a vê de pernas para o ar. -Mas o que aconteceu aqui, minha gente?

-Ni!! -Nina sai de debaixo da mesa de centro e vem correndo para ela.

-Oi, querida! -Dani a pega no colo, assustada.
-Ni, dindinha deu colate pra papá, fegelante, baua, doce, mamã num vem, só manhã, e o papá, eu vi o carto da dinda, rosa, mamã fala que é feio, e dinda tem batom, é uin... -E prosseguiu falando sem parar, cada vez menos compreensível.
-Alice do céu, como essa menina ficou tão elétrica?
-Essa criança! -Alice aponta para Nina... -Essa criança... Essa criança é um risco para a humanidade. Ela destruiu a minha casa e comeu minha maquiagem.
-Mas... Como? Você deu açúcar pra ela, não deu? -Dani, acostumada com crianças, reconheceu logo.
-Bom, um pouco... -E bufou, batendo os pés... -É que dá muito trabalho esquentar a mamadeira... E eu pensei que assim ela iria ficar feliz comigo e não fazer tanta bagunça.
Dani balança a cabeça em reprovação e segue com Nina para cima.
-Venha, querida, vamos tomar um banho e trocar essa roupa pra você dormir... Venha me ajudar, dona Alice, vai ser bom pra eu te explicar umas coisas.
A garota as segue até o banheiro e observa. Nina continua falando sem parar e Dani responde a tudo com curiosidade.
-É mesmo, meu bem? -Diz enquanto passa xampu no cabelo da menina, que conta todas as suas travessuras com entusiasmo. -E a dindinha não brincou com você?
-Dindinha não binca. Dindinha fica cholando puque comi o... o... o doce uin...
-Não era doce, era o meu batom! -Alice cruza os braços emburrada.
Dani tenta disfarçar a vontade de rir.
-Pode terminar aqui? Vou pegar o pijama dela.
Alice fica sozinha com Nina, que de repente fica quietinha com o dedo na boca, a espuma descendo por uma bochecha e um sorriso sapeca se formando.
-Nem pense nisso!
E então ela dá um gritinho e bate as mãos na água, molhando tudo ao seu redor, inclusive Alice, que só falta chorar. Depois desse banho divertido, em que pôde extravasar na banheira, a menina vem menos agitada. Dani brinca com ela bastante enquanto a troca e veste a calça e a blusa do pijama de estrelinhas. Quando descem de volta à sala, Alice passa por elas com a cara feia, se enxugando com uma toalha, pois estava toda molhada e manchada de sabão, talco e óleo de bebê.
-Segura ela enquanto eu esquento a mamadeira. -Dani a entrega à Alice, que pega a afilhada como se fosse uma bomba atômica e a coloca ao seu lado no sofá.
-Fica quietinha aí.
Nina encolhe as perninhas e fica olhando para Alice do canto do sofá.
-Dindinha? -Como Alice não responde, Nina vai até ela, põe a mão em seu braço e a olha com a carinha adorável de uma pestinha. -Dicupa... Num vô mais comê batom seu.
Alice desfaz a cara feia instantaneamente.
-Não tem problema, princesa. -Sorri, sincera. -A Dinda gosta mais de você que do batom. -E lhe dá um beijo na bochecha para provar que não está brava.
-Aqui, minha querida. -Dani chega da cozinha e entrega a mamadeira à Nina que pula para pegá-la e em seguida se ajeita no sofá sossegadamente com a cabeça no colo de Dani, que acaricia os cabelinhos finos com ternura. A bebida morna em poucos minutos vai aquecendo o corpinho da menina e pesando seus olhos, até que, em conjunto ao cafuné, acaba fazendo-a adormecer. Fato que, por sinal, deixa Alice pasma.
-Dani, você faz milagres!
A mulher faz uma cara repreensiva.
-Não... Mas você faz desastres!

***

Pedem uma luz, um sinal, qualquer coisa que dê esperança. Pedem alento, força, qualquer coisa que tire o coração do tormento. Pedem futuro, novos dias, qualquer realidade que nos espere. Pois o passado é flor que morreu, e o futuro apenas pétalas em um desenho torto infantil. A planta que vive e precisa de amor, é a que seguramos no presente.

***


Em um lugar bem distante dali, um casal tem seu momento íntimo para aquelas conversas a tanto tempo guardadas para ocasiões especiais como essa.
-Te quis como louca. –Ela lhe dá um selinho demorado após tão demorado beijo. –E você me ignorou. Depois daquele beijo na piscina, me levou embora e me ignorou.
-Eu sei. –Ele lamenta.
-Não me olhava nos corredores. Tentei falar com você e me olhava com desdém. Tinha dias em que dizia aos outros que eu era metida, que queria saber mais do que todos, que me achava. Disse que fiquei com vários garotos, que era fácil...
-Roberta...
-Não estou brava. Aconteceu faz muito tempo...
-Eu era um imbecil. –Diego desliza o dorso da mão no rosto dela. –Me desculpe.
-Não precisa. Eu também era. Aprontei várias com você.
-Um pouco, sim... –Ele admite.
-Até espalhei que você era gay. Inventei um cara e contei uma história maluca de que vocês estavam desesperados por que suas famílias não aceitavam...
-Um novo “Romeu e Julieta”, né?
-É, é, tipo isso... –Ela segura o riso.
-Mas eu me vinguei.
-Sempre! Nossa, foi um festival de vinganças.
-Até que a gente se cansou.
-Se cansou mesmo. Foi depois de uma briga feia, um festival de gritos. Meus olhos estavam vermelhos... estava pronta para chorar de raiva.
-E eu te puxei pela cintura e te lasquei um beijo. Foi maravilhoso, digo, sentir você de novo. Não pensei no que estava fazendo, só fiz, não sabia o motivo. Meu corpo te queria, e pareceu ficar em choque quando eu dei o que pedia. Quando terminou e você saiu correndo, eu fiquei vários minutos parado, não consegui andar.
-Eu só queria correr de você, Diego. Se eu ficasse, eu não iria me controlar, e sempre detestei perder o controle. Deixaria você me segurar de novo, me beijar de novo... Como acabei deixando várias outras vezes.
-Durante aqueles anos a gente se pegou bastante. -Ele ri. -Uma pena que brigávamos entre os intervalos. Demoramos tanto para perceber que precisávamos um do outro... Se não fosse por você eu não teria parado de beber, e ainda seria um idiota que saía por aí fazendo besteira, sem pensar nas consequências. Mas eu me tornei um homem ao seu lado.
-Você é um grande homem. -Roberta dá a ele um sorriso confortante e segura sua mão. -E eu também não sou mais a mesma. Não tenho mais medo de demonstrar o que sinto. E ainda que goste de manter uma porcentagem da minha "selvageria", isso não me deixa mais ser exageradamente orgulhosa. Apenas me ajuda a defender aqueles que amo. Tudo graças a você, que não desistiu de mim.
Diego beija sua mão.
-Nós não desistimos um do outro... Faz ideia de quanta coisa nós vivemos em tão pouco tempo de vida?
-Nossa... -Ela ergue as sobrancelhas. -Nem me fala!... Mas eu sei que serviu para que amadurecêssemos. Algumas coisas eu apagaria, mas outras não. Hoje eu sei que você é e sempre será o único homem da minha vida. O único que já me tocou e o único que quero me toque.
-Você também é a única mulher pra mim... Por isso eu preparei essa noite para nós. Para te mostrar que eu quero você por toda a vida.

O automóvel parou e a porta se abriu. Roberta observa o local e o reconhece. É um restaurante muito fino, decorado com luzes vermelhas e flores, acrescentando-se a isso a música suave e os pratos deliciosos, tem-se o ambiente perfeito de romantismo. Não sabia que ocasião era essa, mas não queria pensar, apenas viver o momento.
Diego olhou sua expressão. O sorriso grande irradiava enquanto seus olhos percorriam ao longe a visão da fachada. Estava tão linda naquele vestido longo, com os cabelos presos e a expressão madura. Não conseguia parar de olhar para ela.
-Venha, tem um lugar reservado para nós. -Despertou do transe e pegou em sua mão.
A mesa reservada para eles estava um pouco distante das demais. Ali era possível reviver as lembranças picantes e alegres do passado sem incomodar ou ser incomodado pelos demais clientes. Os risos de Roberta após o jantar ficaram mais espontâneos e, em combinação com o vinho, estavam deixando sua face rosada. Diego, por sua vez, sentia-se maravilhado com o momento, com aquela certeza de que as coisas estavam bem, finalmente. Não porque os problemas fossem parar de surgir, afinal, problemas nunca terminam e, de fato, são as tristezas que nos fazem sentir a felicidade. É a escuridão que faz surgir a necessidade da luz. Se tudo sempre fosse luz, ninguém se importaria ou temeria a escuridão. Mas Diego sabia que estavam juntos, prontos e eram capazes de enfrentar o que fosse. Não eram mais crianças, nem adolescentes. Haviam crescido, vivido a rebeldia, sofrido com ela e aprendido muita coisa.
-Lembra-se da nossa primeira vez? -Ele busca o assunto antigo. -Eu estava muito nervoso.
-Sério? -Ela estranha. -Parecia tão seguro... E foi tão gentil comigo. Apesar do meu jeito, sempre tive receios da primeira vez. Achava que ia ser de uma dor horrível. Mas você me acalmou, foi paciente e carinhoso o bastante para que eu relaxasse nos seus braços.
-Não imagina o quanto eu sonhava que fosse perfeito... Mas quando estava acontecendo, cada momento do colégio em que desejei ter você passou pela minha cabeça, pensei no quanto tinha te desejado quando a via andar de um lado para o outro no Elite Way, quando ia nadar, quando estava na sala distraída mexendo no cabelo, cruzando e descruzando as pernas, me olhando de modo feroz... E foi uma briga aqui dentro, entre querer te devorar e querer te amar.
Roberta sorri de lado.
-Posso dizer que você fez os dois naquele dia... E ainda faz. Na medida certa...
-Ah é? -O riso sem vergonha dele retorna. -E você acha que fica para trás?
-Não fico? -Ela finge não saber, firmando os olhos nos dele. Diego não responde. Apenas observa os sons por uns segundos.
-Quer dançar?
-Claro.
Eles se levantam elegantemente e seguem para a pista ao som suave de uma música lenta ao piano. Roberta põe as mãos em volta do pescoço dele sossegadamente e fecha os olhos encostando a bochecha em seu ouvido. Diego a segura pela cintura enquanto se movimento devagar e começa a cochichar.
-Não sabe como fico louco com a sua boca em mim, com suas mãos... Louco quando entro em você e te sinto me envolver, me apertar para você. -Ele vê que os braços dela se arrepiam e prossegue. -O jeito como se mexe em mim, como me olha com os olhos em brasa, e os sons da sua garganta, a força com que se agarra em mim... -Ele aperta-a contra seu corpo com força e ela se abandona sob seu poder. -Senti desde a primeira vez que não apenas o seu coração, mas também o seu corpo que desejava. E nenhum de nós nunca conseguiu impedir isso. A melhor mistura há em nós. Amor e desejo.
Roberta fica em silêncio, segurando-o mais apertado.
-Me leva para outro lugar... -Cochicha em seu ouvido.

Comentários

  1. Mds gente, que capítulo foi esse?! 😍
    Sempre imaginei eles relembrando as cenas assim na novela, e agora tenho oportunidade. Obrigada Aline 💖

    "Pedem uma luz, um sinal, qualquer coisa que dê esperança. Pedem alento, força, qualquer coisa que tire o coração do tormento. Pedem futuro, novos dias, qualquer realidade que nos espere. Pois o passado é flor que morreu, e o futuro apenas pétalas em um desenho torto infantil. A planta que vive e precisa de amor, é a que seguramos no presente." <- Essa parte me pegou :')
    Parabéns por mais um capítulo incrível. É muito bom entrar aqui e encontrar uma atualização ❤

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  2. Parabéns Alice cap lindo
    Tava com saudades!!!!

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  3. 😍😍❤👏 Aline e as suas perfeições!!! Graças a Deus que você existe.

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  4. Que surpresa deliciosa, vir aqui e encontrar uma atualização. Que capítulo mais cheio de significados. Espero pelas próximas atualizações.

    - Camila Tamires

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  5. Aline vc é foda! Podia escrever um livro sobre eles.Viajo nas suas palavras, imagino a cena direitinho. Sua história prende agt e mesmo depois de 5 anos q acabou a novela, vc consegue fazer com que fiquemos maravilhados com essa história... Não para de escrever nunca, vc é um prodígio. Sou sua maior fã, um grande beijo e obrigada por essa incrível aventura, Alanna Drummond

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  6. Ótimo capítulo Aline, já tava com saudades da fic. Ja anciosa para o próximo!!!

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  7. Esperando ansiosamente pelo próximo cap. To aqui ainda,mesmo depois de anos q o projeto Rebeldes acabou. Esperando a finalização dessa web linda.

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  8. Quando vai postar o próximo capítulo?

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  9. Oie Aline quando vc pretende continuar a web ? Essa web é uma das melhores
    Espero que veja esse comentário e continue essa web belíssima que é a sua .

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  10. Não sei pq,mas ainda entro aqui e espero q essa web novela seja finalizada. Ainda espero,pq é tao linda❤❤❤

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  11. Hoje fazem 7 meses e 6 dias desde a última atualização... Estou passando aqui para dizer que eu sempre estou aqui na esperança de uma nova att. Espero que esteja tudo bem Aline. Uma web perfeita Vale a pena ♡

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  12. Esperando ansiosamente pelo próximo capítulo. 💙

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