-Gostaria de imaginar que eu não houvesse
te odiado tanto naquele dia, Diego, mas você foi uma peste.
-Não tenho culpa se estava passando
inocentemente por perto naquela hora. –Ele sorri de lado tentando conter a
safadeza de seus pensamentos.
-Inocente, né? Você me viu pelada.
Ela lhe dá um tapa.
-Ai, é sério, eu não vi nada.
-Diz a verdade, vai. Como foi que isso
aconteceu?
Ele suspira...
-Ok... Deixa ver se me recordo. Faz alguns
anos... Bem... Acho que eu havia fugido do colégio com alguns
amigos. Bom, não eram bons amigos na verdade. Nós íamos beber e namorar nas
boates com identidades falsas. Os seguranças sabiam quem éramos, então era
fácil.
Roberta se
recorda daquela época. Como podiam todos ser tão tontos? A vida parecia uma
comédia de risco.
-Quando
voltei –ele prossegue – estava bêbado e me perdi. Os outros estavam piores que
eu e não sei como voltaram ao quarto. -Disse, rindo. -Só sei que passei por
muitas janelas e era tudo igual pra mim. As mesmas meninas chatas e caras idiotas
rindo ou brigando. Eu me sentia muito superior a tudo aquilo. Mas, mesmo
cambaleando, completamente grogue, ainda me lembro de quando ouvi você cantar.
Pode não acreditar em mim, mas não fui tão safado assim. A primeira coisa que
me prendeu os olhos naquela janela foi o desejo de saber a quem pertencia
aquela voz. Foi quando você apareceu.
-Disso eu
me lembro. Saí do chuveiro ainda cantando feito uma louca. A Alice não tava?
-Roberta pôs o dedo no queixo e tentou lembrar.
-Não. Ela
devia estar com as outras garotas. Não gostava nada de você.
-Nem eu
dela. Nem sei como não nos matamos naquela época. –Sorriu e girou a bebida na
taça. –Mas chegue logo a parte que você me espia. Ainda não me convenceu de
inocência alguma.
-Calma que
eu chego lá... Eu fiquei tentando olhar através das cortinas, mas você se
virava todo o tempo. Até que ficou de costas para a cômoda, só de toalha. Me
lembro de acompanhar uma gota d'Água deslizar de sua nuca quando você a deixou
cair. Caramba, eu não me esqueço dessa cena.
-Não to
falando! Olha isso!
-Não, não!
Mas antes que meus olhos pudessem deslizar mais, eu mesmo caí.
-Até parece
que eu vou acreditar nisso, né Diego! –Roberta aperta os olhos.
-Mas é a
verdade. Eu não vi nada mais... Eu...
-Fala!
-Meio que o
sangue do meu corpo todo se concentrou em uma só parte e eu me descontrolei.
Ela começa a rir.
-Não acredito em você!
-Sério. –Ele esfrega o rosto. –Nunca havia
ficado com tanto calor... Você não tem ideia de como é para os caras, a gente
não controla tudo no nosso corpo. Imagina a situação.
-Ah, Diego, você era bem pegador. Já devia
ter visto outras meninas.
-Já... –Diego encolhe os ombros. –Mas foi
diferente. Sempre foi diferente com você... Mais intenso, mais... Picante. –E a
olha tão profundamente que a desconcerta.
-Tá, mas, voltando àquele dia...
-Bem... –Diego recosta na poltrona e olha
rapidamente as luzes do lado de fora da janela do automóvel, mesmo sem reparar
em nada. –Quando voltei a olhar você já estava outra vez enrolada na toalha,
mas agora estava na janela e com os olhos furiosos pra mim. Não sei se fiz
muito barulho ou o que foi que me denunciou.
-Eu tinha te visto pelo espelho. –Roberta
se diverte ao lembrar. –Achei que estava lá há mais tempo. Me olhando pelada.
Eu gritei e perguntei isso e você não disse coisa com coisa. Notei que estava
bêbado e isso não ajudou, eu odiava ver gente bêbada.
-Ah, imagina, nem notei quando o seu
chinelo veio voando até a minha testa! –Ele esfrega se lembrando de como doeu. –Você
foi bem cruel.
-Ah, mas era a intenção. –Roberta sorri de
lado e toma um gole da bebida levemente adocicada.
-Mas eu não te odiei naquele dia. Ainda
fiquei sonhando com você... Cantando... –Ele escorrega a mão pelo couro do
estofado até encontrar a dela. –Sem nada te cobrindo, meu Deus.
Roberta puxa a mão.
-Eu sabia que você era um pervertidozinho
e que tinha me visto.
-Bom, você não pode duvidar que eu ficava
brigando com o sangue do meu corpo toda vez que te via, né! E que no chuveiro
ou na cama a coisa ficava bem pior!
Roberta sente seu rosto queimar e não sabe
se é pelo vinho ou pelo relato. Não consegue desviar as imagens que vem à sua
mente. A imaginação vai longe e ela não sabe se ri ou se muda de assunto. Mas
logo se decide.
-Quer saber? Pois eu não senti nada além
de raiva de você.
-Nada além disso? Nem naquele dia na
piscina? –Ele a encara com um sorriso petulante.
-Eu estava bem.
-Você ia se afogar, Roberta.
-Eu acordaria. Você não precisava ter
pulado e me agarrado lá dentro.
-Você se agarrou em mim com muita força.
Fiquei com as marcas dos seus dedos nos braços.
-Foi um dia muito estranho. Eu nem me
lembro direito.
-Lembra sim. Nem vem! –Diego se aproxima
dela e volta a segurar sua mão. Ela o olha por um segundo e desvia o olhar. Não
consegue ficar séria.
-Ok, eu confesso. Foi bom...
-Foi mais do que bom!
-Ééé! -Ela confessa a contragosto. –Foi
sim...
-O que mais?
-Ah, eu não sei o que me deu naquele dia. –Ela
morde a unha do dedão e tenta focar na janela, nos prédios passando rápido. –Diego...
Eu não suportava te ver nos corredores ou na sala de aula. Toda vez que seu
rosto aparecia meu estômago pegava fogo. Te expulsei do meu quarto a chineladas
e pra mim tinha sido pouco, tá. Então, quando te vi bebendo com aqueles caras,
quis te matar.
-Mas bebeu também!
-Não foi bem assim! Tudo começou por eu
tentar que você parasse. Estávamos em uma festa dentro da escola e você levou
álcool escondido. Podia se dar muito mal.
-E você se importou tanto que derrubou meu
copo, pegou minha bebida e saiu correndo. –Eles riem.
-Ainda não sei explicar isso. Já havia
alguma coisa, não é? Quer dizer, algo que eu sentia... Mas foi tenso, viu? O
diretor me encontrou antes que eu achasse um jeito de jogar fora aquela
garrafinha. Tive que beber antes que ele visse. Ainda bem que não tinha rótulo.
-Tive que disfarçar para não correr
riscos.
-Mas aquilo me deixou grogue rapidinho. –Ela
se lembra da dor de cabeça que sentiu no dia seguinte.
-Quando te encontrei, você estava muito
estranha.
-Só lembro que brigamos.
-Eu agarrei o seu braço, disse que não
tinha que se meter na minha vida. Disse que não iria deixar fazer isso outra
vez. Você me chamou de mauricinho filho da mãe, um assediador sem vergonha e
bebum...
-Nada mal para uma segunda briga. –Ela ergue
as sobrancelhas. Não se lembrava dessa.
-Concordo.
-Então quando eu caí na piscina?
-Quando estava indo embora, você tropeçou.
Eu estava indo para o outro lado, mas ouvi o barulho e voltei.
-Você me agarrou pela cintura. –Roberta se
lembra de voltar a respirar com extremo desespero quando ele a retirou do fundo
da água. –Eu segurei os seus ombros, senti seu corpo contra o meu. Cada parte,
posso dizer...
-Então sabe do que eu falo quando digo que
você mexia comigo.
-Ah, mas eu te achava um pervertido, não
foi nem um ponto a seu favor.
-Então como me beijou?
-Foi você quem me beijou. Eu apenas
retribuí.
-Deixa de ser mentirosa! –Diego a
pressiona. –Você não jogou seus braços ao meu redor?
-Foi para me apoiar. Estava bêbada. –Ela disfarça.
Diego põe a mão em seu pescoço e se
aproxima. Roberta vem ao seu encontro.
-E não foi você quem dobrou assim, como
quem espera ser beijada?
-Eu não me lembro. –Diz, se afastando e
saindo do clima. –Nem você. Então pare de inventar.
-Não estou inventando. Foi um dia muito
bom para que eu me esquecesse. –Ele põe a outra mão em seu pescoço e o aproxima
de seu rosto. –Você fechou os olhos e eu vi que queria o mesmo que eu.
-Eu não queria. –Ela cochicha, rindo e
voltando até ele.
-Queria sim.
-Pior que queria.
-E quer agora?
Roberta não responde. Ele sorri e encontra
os lábios dela em um beijo. O rosto dela se aquece quando coloca as mãos sobre
a camisa dele, por dentro do paletó, agarrando-o como fizera alguns anos atrás.
A limusine percorre as ruas iluminadas e
barulhentas, deixando um rastro invisível de alegria no asfalto. Mesmo não
sabendo o rumo em que está indo, Roberta se deixa levar, como sempre deixou.
Entregue aos mesmos braços em que confiou a vida quando pensou que se afogaria,
ela deixa que o sentimento guie seus passos. Ainda que não pensasse que Diego
iria matá-la de formas piores mais tarde, algo a impediu de fugir. Poderia se
machucar se o largasse naquele dia na piscina, mas segurar-se tão forte a ele
trouxe piores feridas.
Ufaa!!! Tava com saudades 👏👏😍
ResponderExcluirUfaa!!! Tava com saudades 👏👏😍
ResponderExcluirEu realmente achei q vc tivesse morrido ou desistido da web
ResponderExcluirAi mds. Você voltou, e voltou com tudo! ❤
ResponderExcluirQue saudade cara.
Uhuuuuul
Quase chorei quando vi um capítulo novo 🙈
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirNossa fiquei tão feliz qdo entrei aqui e vi q tinha um cap. Q no q vc voltou tava com sdd da sua web
ResponderExcluirOh My God! Não creio que vc atualizou. Parece até mentira. Espero muito, de coração, que você consiga finalizar essa história.
ResponderExcluir- Camila
Oi Line!!
ResponderExcluirQue benção entrar aqui no blog como quem não quer nada e ver que tem capítulo novo! A saudade tava grande, viu?! Decida finalizar a história ou dar continuidade a ela, espero apenas que esteja mais presente pois adoro sua maneira de contar a vida de Diego e Roberta.
Beijos da Gabi
Quase pulei da cadeira quando entrei aqui e vi a atualização , continua por favor eu toda semana entro pra ver se você atualiza antes era diretoooo morro de amores por essa fanfic ahah acompanho ela desde 2014/2014 quando você recém tava postando a primeira fase
ResponderExcluir2013/2014*
Excluir2013/2014*
ExcluirQuase pulei da cadeira quando entrei aqui e vi a atualização , continua por favor eu toda semana entro pra ver se você atualiza antes era diretoooo morro de amores por essa fanfic ahah acompanho ela desde 2014/2014 quando você recém tava postando a primeira fase
ResponderExcluirInacreditável Entrei como sempre só pra olhar mesmo e ver que tem capitulo novo 😍😍😍😍😍
ResponderExcluirPense Numa Pessoal Feliz kkk
😍💘
Quando vc vai postar um novo capítulo?
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