Pular para o conteúdo principal

Cap 99 - Único amor

Algumas horas antes, na Itália...

Quando Diego chegou aos portões do orfanato Dom Bosco naquela manhã, o sol nem mesmo havia nascido. Ele não dormiu sequer um minuto desde a conversa com Patrícia. Seus pensamentos eram contraditórios e não o deixavam sossegado.
Assim que a primeira janela do velho prédio encardido se abriu, ele se pôs a chamar. A diretora demorou um pouco a traduzir seu italiano precário, mas Diego mostrou a ela os jornais com a foto de Nina, onde dizia que a menina havia sido sequestrada depois de um acidente de carro, e ela compreendeu o que estava acontecendo.
Mas antes de deixar que adentrasse nos berçários, ela lhe fez muitas perguntas a ele, deu vários telefonemas e buscou tantas informações na internet que Diego quase enfartou de ansiedade. Quando, por fim, permitiu que uma das cuidadoras o guiasse até os quartos, ele praticamente pulou da cadeira.
-Obrigada! Muito obrigada!  –E saiu às pressas.
No entanto, conforme andava pelo lugar, que era velho e tinha paredes cheias de bolor, Diego sentia seu peito se comprimir. Já estava olhando no último quarto e nenhum dos rostinhos adormecidos nos berços era o de Nina. Quem sabe se Patrícia não tinha mentido. Quem sabe se não tinha se iludido à toa.
Mas quando o desespero já estava a ponto de consumir sua sanidade, uma imagem se destacou aos seus olhos, como uma estrela escolhida no céu. Há poucos metros, deitada no último berço, sob um manto amarelo, bordado de corações coloridos, estava uma linda bebezinha de cabelos claros, dormindo um sono profundo com as mãozinhas fechadas e a boca um pouco aberta. Respirava tranquila, alheia aos problemas do mundo.
-Filha?
Era ela, a mistura mais perfeita dele e de Roberta, moldada pelo sentimento mais puro e verdadeiro que já conheceu. E Diego correu, mal controlando as pernas. E sentiu como se a vida estivesse se restaurando, com a felicidade mais estrondosa, quando se debruçou no berço.
-Nina... –Ele estendeu as mãos para tocá-la. –Meu anjinho... É você...
E sem pensar duas vezes, ele a retirou do berço, abraçando-a apertado. Beijou sua cabeça e seu rosto freneticamente, enquanto acariciava os ralos cabelos – já bem mais compridos do que estavam na última vez que a viu.
Nina acordou não entendendo nada e começou a resmungar e esfregar os olhos em protesto.
-Tá tudo bem, filha... É o papai... –Disse, com voz embargada e os olhos vermelhos. –É o papai!
E ao ouvir a voz de Diego, Nina ficou paralisa. Deixou de esfregar os olhinhos para examinar o rosto dele. Como poderia ser o papai? Se havia tanto tempo que não ouvia sua voz, tanto tempo que não sentia seus braços, nem ganhava seus beijos... Achava até que papai e mamãe nem gostavam mais dela. Já que nunca mais voltaram...
Mas, esperançosa, ela levou a mãozinha ao rosto dele, fazendo um bico manhoso.
-Pa...?
-É... –Diego sorriu, sentindo uma dor repentina no peito. –É o papai sim, meu amor... É o papai! Eu vim te levar pra casa!

***

Naquela noite, no Brasil...

Leonardo não consegue conter a raiva que surgiu juntamente com a alegria de ter descoberto que Nina foi encontrada.
-É um absurdo! –Ele desliga o telefone com força e Sílvia chega assustada.
-O que houve?
-O advogado acaba de me ligar. –Leonardo desaba no sofá. –A Patrícia está jogando toda a culpa nas costas do Diego!
-Que culpa? –Sílvia não entende.
-Deixa... É uma história longa e confusa...
Sílvia se senta, decidida.
-Não acha que já passou da hora de você me contar o que andou aprontando?
-Mas, Sílvia...
-E é melhor que seja desde o começo!
-Ok... Você tem razão. –Ele suspira. –Só espero que você possa me perdoar.
Sílvia se prepara para o pior e o marido começa:
-Bem... Como deve saber, Leonel e eu não estávamos gostando muito de ver a vida que nossos filhos estavam levando. Acreditávamos que a criança, principalmente, era o principal empecilho para que eles se tornassem alguém na vida... O plano, era que Leonel levasse a Nina embora. Ela ficaria em um ótimo colégio interno na Itália enquanto Diego e Roberta se formavam. Quando estivessem com a vida feita e mais velhos, a menina poderia voltar.
-Ideia egoísta e cruel! Mas e como a Patrícia entra nessa história?
-É que o Leonel veio para cá em um avião particular, trazendo vários empregados de confiança. Entre eles estava Patrícia e a mãe dela, Bridget. A mulher é italiana, viúva de um brasileiro. Leonel pagou a garota para que se fingisse de babá aqui em casa e de estudante na faculdade, para vigiar a Roberta...
-E você sabia de tudo isso?
-Sabia. –Leonardo confirma, envergonhado.
-E essa Patrícia?
-Ela era uma das amantes do Leonel.
-Uma das? Ele tem quantas?
-Muitas. Mas ele dispensou a Patrícia depois que descobriu o que ela fazia com a Nina. A garota ficou louca da vida e quis se vingar dele através da Roberta. Começou a vigiá-la e a perseguiu naquele dia.
-Meus Deus! –Sílvia leva a mão à boca.
-Sim, foi ela. Fez de tudo para causar um acidente fatal. Mas quando o carro saiu da pista e ela viu que as duas estavam vivas, resolveu pegar a Nina no banco de trás... Aproveitou que Leonel iria ficar mais alguns dias no Brasil, enquanto seus empregados voltavam para a Itália no avião particular, e pediu a mãe para levar a Nina com ela, fingindo que Leonel havia pedido. A ideia do orfanato veio depois.
-E porque ela fez isso?
-Pelo que parece, ela tinha esperanças de que Nina adoecesse, já que sabia que a menina tinha problemas respiratórios. Assim, quando Diego a encontrasse, ficaria furioso, acusaria Leonel de sequestro e abandono de incapaz. Com sorte Leonel ficaria preso, a menina não sobreviveria e Diego e Roberta se separariam definitivamente.
-Isso é... desumano, Leo! –Sílvia está perplexa.
-Eu sei... Mas não é só desumano, é uma história muito maluca. Os policiais não estão acreditando em Diego. Acham que a versão de Patrícia é mais convincente. “A velha história do pai que foge com a babá e sequestra a criança”. Imagina...
-Não quero nem ver quando a Roberta ouvir isso...
-Mas ela vai ter que ouvir... E também vai ter que tomar partido. Só espero que ela acredite em Diego.


***

“A encontramos”
Estas palavras ainda ecoam na cabeça de Roberta como a mais bonita canção enquanto volta para casa. Seu corpo ganhou vida novamente com uma corrente de adrenalina.
Vai se lembrando nitidamente das palavras do investigador a cada segundo (o pobre que ela quase enlouqueceu agarrando pela camisa e enchendo de perguntas). “Nina está bem, não se preocupe! Você vai vê-la em dois ou três dias, assim que a polícia despachar os envolvidos no caso para o Brasil”.
-Dois ou três dias... –Roberta suspira ao olhar pela janela do taxi. Pela primeira vez em dias, consegue fechar os olhos e sentir-se em paz. Até o trânsito caótico daquela tarde quente consegue parecer o espetáculo mais lindo do universo. Agora é aguentar só mais um pouco. O tempo de sofrer está acabando...

***

Brasil, Aeroporto RJ, Dois dias depois...

A polícia aconselhou que Roberta não fosse ao aeroporto no dia do desembarque, pois sabia que mídia baixaria no local em peso, junto de centenas de fãs enlouquecidos. Mas ela não deu ouvidos à polícia, principalmente porque toda sua família e todos os seus amigos se dispuseram a ir com ela.
-Atrasados! –Tomás olha o relógio. –São 09h13min já.
-Ai gente,... –Alice reclama. –... e se eles não vierem?
-Eles vão vir! –Carla se apressa a dizer.
-Claro que vão! Está todo mundo aqui esperando! –Aponta Pedro. –Policiais, repórteres, fãs...
Mas Roberta nem presta atenção nos amigos. Está apertando os dedos e mordendo os lábios, muito ansiosa, enquanto olha em volta.
Do seu lado esquerdo, está a família Maldonado – Márcia está ao lado dos pais e dos gêmeos, que estão incrivelmente quietos hoje. Do lado direito está Eva, saltitando nervosa ao lado de Franco. Depois vem Alice, agarrada ao braço de Pedro e, por fim, Carla e Tomás, conversando agitados sobre o atraso do voo. Um bolo de gente que, juntos, não conseguem sentir 1% de sua ansiedade.
Em pouco tempo, algumas pessoas começam a desembarcar. Rostos de adultos, jovens e crianças; negros, brancos e pardos; gordos e magros... Ela espicha o pescoço a fitar todos que trazem crianças de colo. Em alguns minutos, Pedro dá um grito:
-Estou vendo o Diego!
Ela olha desesperada para onde ele aponta. O coração disparado. Por um minuto, procura entre o mar de rostos e não o vê, mas então ele surge e Roberta para de respirar... Destacando-se diante de seus olhos, usando óculos escuros e camisa azul, Diego vem caminhando ao lado de um policial carrancudo. É como uma cena em câmera lenta. Ele não a vê, mas para Roberta ninguém mais existe, já que nos braços dele, de cabelinho loiro e usando um vestido branco, está ela...
-Nina! –Roberta grita, saindo de onde está e correndo até eles. Vai passando e trombando em pessoas e malas. O peito parecendo que vai se arrebentar. –Ninaaaa!!!
 Diego para assim que a ouve e a bebê vira olhos espantados para a mãe. As pessoas se afastam para que Roberta passe. A família, os amigos e os fãs, vibram e choram. A polícia em volta até tenta controlar o fuzuê, mas não consegue. E Roberta vai sentindo as pernas ficando mais fracas ao se aproximar. É como um sonho, uma miragem, um delírio. Tanta procura e tanto medo... Um medo absurdo que quase a matou.
Mas quando ela chega, de braços estendidos, e Diego lhe entrega à filha, Roberta sente o corpo estremecer com uma felicidade infinita. O mundo de repente fica silencioso e o tempo para de passar... Ela fecha os olhos e experimenta os milhares de sentimentos que tomam conta do seu ser...
Há dois bracinhos macios em volta de seu pescoço. Cabelinhos finos e loirinhos roçando em seu rosto. Um corpinho pequeno e gordinho preenchendo seus braços. Ela reconhece o cheiro, reconhece o abraço, até mesmo a respiração dela. É sua... É a obra concreta do único amor que conheceu com um homem.
-Meu bebê... Meu amorzinho... –Roberta distribui beijos sobre os olhos da menina, bochechas, boca, testa, nariz. A saudade solta um suspiro longo em meio ás lágrimas.

Diego é absorvido pela cena e sorri com ternura, mal percebendo que o policial ao lado o está chamando, irritado.

***

PS: Aguardem capítulos especiais depois do 100 ;)

Comentários

  1. Meeeeeu deus,aiii posta mais?? Quando sai o próximo??

    ResponderExcluir
  2. Alineeeeeeeeee ta perfeito, ta sem palavras! como consegue? agora queremos o nosso casal de voltaaaaa, e daquele jeito a volta hein

    ResponderExcluir
  3. Alineeeeee nao demora pra postar pelo amor de Deus!!!

    ResponderExcluir
  4. aline, vão ter que acreditar no diego!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
    PELO AMOR DE DEUS, ESSA PATRICIA TEM QUE PAGAR!!!!!!

    ResponderExcluir
  5. Capitulo lindo, maravilhoso, perfeito!!!! Sem palavras pra essa web que desde o começo nos encanta!!!!! Preciso do proximo capitulo urgentemente!

    ResponderExcluir
  6. posta mais quero o casal diro de volta

    ResponderExcluir
  7. Capítulo mais que perfeito não demora muito pelo amor de Deus to muito ansiosa

    ResponderExcluir
  8. Ah eu amo amo amo essa web .. Aline vc me deixa sem palavras ... :D
    Maxwelly

    ResponderExcluir
  9. Perfeito, cara! Ai menina, vc é muito talentosa!!! ='D

    ResponderExcluir
  10. Aline a unica palavra pra descrever a sua web é Perfeiçâo!!!!
    Vai fazer mais alguma pra alegrar a gente? Diz que SIIIIM!!!

    ResponderExcluir
  11. Deus, Aline vc quer matar nois do coraçao menina! Capitulo mais q perfeito!

    Paula.

    ResponderExcluir
  12. pelo amor de deus posta mais um cap. hoje que seja um só eu to quase surtando olhando de hora em hora pra ver se vc ja postou o 100.

    ResponderExcluir
  13. Alineeeeeeeeee...pelo amor de Deus..pista o 100 logoo...por favor.!
    parabens...ts td linfo e emocionante.,, vc ta cada vez melhor.!

    ResponderExcluir
  14. Cadê o 100 Alineeeeeeeee? entro de hora em hora pra ver..

    ResponderExcluir
  15. Gente, eu to com um problemão, mas problemão mesmo no meu trabalho. Assim que minha cabeça parar de me torturar e eu conseguir dormir mais de 3 horas por noite, eu termino de escrever o 100 e posto p vcs. Só um pouquinho de paciência q o negócio tá tenso =(

    ResponderExcluir
  16. Okay Line a gente espera rsrs =) O capitulo ta maravilhoso eu ameiiiii rsrs :D Coloca meu nome quando der por favor bjinhos =D
    PS: Voce escreve muito bem :)

    ResponderExcluir
  17. Alineeeeeeeeeeeee, cade vc?? to quase morrendo, entro de hora em hora..

    ResponderExcluir
  18. aline se vc não posta o capitulo 100 essa semana eu vou ter um ataque do cardiaco kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
    posta o capitulo 100 pfv

    ResponderExcluir
  19. Eeei xara!! Hiper mega ansiosa pro cap. 100!! #AmoSuaweb ja virei sua fa!!

    ResponderExcluir
  20. Tô apaixonada pela Nina *-.-*

    ResponderExcluir
  21. Alineeeeee!! Aparece mulher, eu vou ter um treco se eu não ler o cap. 100 !!!!

    ResponderExcluir
  22. Estou tão ansiosa que pra me controlar voltei a ler a web do início..rs
    Posta logo Aline, vou ter um troço aqui.. rs

    ResponderExcluir
  23. cade o 100 eu to mega ansiosa pra ler adoro sua web

    ResponderExcluir
  24. Ja to lendo a web desde o começo pela terceira vez kkkkk Cade tu Alineee? sou leitora fiel e assidua da web..

    ResponderExcluir
  25. cade mlr posta o cap 100 daqui a pouco vou desistir de ler se nao postar mais '-' nam . poooooooooosta logo

    ResponderExcluir
  26. Krl cadê o capítulo 100 meuu .. Q demora pra posta

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Despedida

Obrigada a todas e todos por terem estado comigo até agora. Me perdoem qualquer coisa e um beijo enorme no coração de cada um. Eu gostaria de poder ter feito melhor em todo esse tempo, mas juro que o fiz foi de coração e tive um enorme prazer em estar aqui. Era uma escritora bastante amadora, mas me diverti demais e me senti abençoada com a companhia de cada um. Quem quiser me seguir no Wattpad, estou escrevendo outras histórias por lá >>>  AlineStechitti

Cap 122 - R, D & N

Quando passa pelo corredor, Nina vê várias pessoas sorrindo e acenando para ela. "Você tem fãs, está vendo?" Diego cochicha e seu ouvido. "Estão todos felizes por você estar com seu papais de novo." "Verdade?" "Verdade." Nina olha por cima dos ombros do pai enquanto ele caminha e então acena para as pessoas no corredor, sorrindo como nunca.  Quando entra no quarto, ainda no colo do pai, Nina vasculha tudo com os olhos e acha o lugar muito estranho, como o quarto do Seu Ângelo. A mãe está deitada, tem vários machucadinhos pelo corpo e longos fios saem dela, ligados em máquinas estranhas. Diego ergue a filha até próximo ao rosto adormecido de Roberta e Nina dá um beijinho na testa dela. “Atchim!!” Ao despertar e abrir os olhos, Roberta vislumbra um borrão que acha encantador e não contém o riso. Olhinhos muito assustados a miram perdidos e curiosos. “Desculpa, mamãe!” Nina funga e esfrega o nariz. “Oi, meu amorzinho.” Ela sorri e estica os b

Cap 124 - Como se fosse a primeira vez

O entardecer estava fresco na praia. Roberta deitava a cabeça no colo de Diego enquanto ele olhava o horizonte. Nina estava brincando com a areia e nem os percebia. Era fácil para os três ficarem em transe quando estavam diante do oceano. "Você acredita que passou tanto tempo assim, Diego?" "É bem difícil de acreditar..." "Temos uma filha... E temos essas argolas nos dedos que dizem à sociedade que pertencemos um ao outro." Ela ri olhando a aliança. "Eu pertenço." Ele a olha de cima e Roberta se levanta. "Posso dar um beijo no meu marido?" Diego deixa aquele tipo de riso manso escapar quando ela encosta os lábios nos dele. O barulho do mar se mescla ao barulho das conchinhas que Nina recolhe e a todo momento deixa cair, despencando dos seus braços em uma cascata de cores marinhas. Os amigos os questionavam por terem levado a filha para a lua de mel, mas eles tinham sempre a mesma resposta: "Nós vivemos em lua de mel!&qu