Pular para o conteúdo principal

Cap 95 - Uma pista para Diego

Roberta é levada para a casa da mãe naquela tarde. Todos acreditam que ficará melhor lá do que em qualquer outro lugar. Sílvia manda o motorista levar as coisas dela e de Nina para a casa de Eva e pede também que lhes mantenham informados.
 Quando Eva ajuda a filha a se deitar na cama, precisa se segurar parar não entrar em desespero. Nunca a viu daquele jeito. Seu olhar está como de alguém mentalmente perturbado que encara o nada e não responde a nenhum estímulo.

-Filha... –Eva tenta chama-la. –Trouxeram suas coisas... –Ela aponta para o canto do quarto. –E as coisas da... da bebê... –Ela diz com receio. –Por favor, filha, fala comigo. Chora, grita, faz alguma coisa.
Mas Roberta está imóvel, deitada sobre os lençóis. A camisa branca comprida esconde um corpo perdido. A legging preta desponta nos pés descalços, e o cabelo em anéis de ouro se espalha desordenado pelo travesseiro. Só a respiração é um sinal de que está viva.
-Tudo bem, vou deixar que descanse. –Eva dá um beijo em sua testa e deixa o quarto.
Assim que atravessa a porta, os olhos de Roberta miram as coisas que estão do outro lado. Três malas no total se empilham no canto da parede. Mas... O que é aquilo? Com uma orelha caída, um braço despencando e os pelos desbotados, o ursinho a encara e a julga.“Você a perdeu” é o que parece dizer.

Ao anoitecer alguém chega para vê-la.
-Reage Roberta... Roberta, por favor.
Ela sente que há duas mãos em seu rosto e uma voz familiar a chama das profundezas de um poço negro e fétido onde está mergulhada. Logo aquela voz a faz ser puxada dolorosamente para a realidade e quando desperta, ele está ao seu lado.
-Diego? –É difícil de acreditar.
Ele beija suas mãos e seus lábios. Seu rosto está triste.
-Que bom que acordou. Que bom...
-A Nina...
-Eu sei. Vamos encontra-la. –Ele se inclina sobre ela na cama e acaricia seu rosto. –Já estão interrogando algumas pessoas.
Roberta retira a mão das dele e se afasta.
-Não... A culpa é minha.
-Claro que não!
Diego tenta se manter são, mas realmente teve vontade de culpá-la até saber seu estado. Porque afinal havia fugido?
-É minha sim. -Ela o olha e de repente começa a pensar em algo que até aquele momento não havia pensando. –Mas não é mais culpa minha que sua...
Ele fica sem reação.
-Se estivesse com a gente isso não teria acontecido!
-Roberta...
-Sai daqui! Eu não quero te ver! -Ela grita.
-Vamos conversar, se acalma.
-Eu não quero conversar! Eu estou me detestando nesse momento e detestando você também! Vai embora daqui!
Ela começa a chorar enquanto o empurra para que ele saia. Diego, porém, não obedece. Ele a agarra e abraça muito forte, deixando que se debata em seus braços até ficar cansada. E então, quando finalmente o aceita, entre soluços bravos, suas mãos o agarram forte. As lágrimas descem pesadas pelo seu rosto e aquecem e molham a camisa de Diego. 
-Eu quero o meu bebê de volta. –Ela afunda o rosto em seu peito.
-Eu vou encontra-la, eu prometo. –Diego beija sua cabeça, embaraça os dedos em seus cabelos e a aperta nos braços. Seus olhos também estão rasos d'água e o peito parece destroçado. –Eu juro que vou encontra-la.

Mais tarde, quando desce, os olhos ainda estão vermelhos. Não para de imaginar como e em que condições sua filha está. Se culpa todo o tempo por não ter voltado antes, por não ter ouvido Roberta. Ela estava certa, era perigoso ficarem longe. Algo estava para acontecer. Talvez fosse um pressentimento. E várias ideias lhe vem à cabeça. Se Nina está com Caíque, como a polícia suspeita, a esperança é de que seja encontrada rapidamente, mas se está com Leonel, ela já pode estar longe do Brasil. Agora, se não foi nenhum dos dois, o que terá sido dela? Pode estar com um mendigo na rua, com um louco ou com qualquer pessoa muito mais difícil de ser identificada.

-Diego! –Alice o grita quando o vê descer as escadas, mas ele não responde.
Franco corre até ele e o detém antes que saia de casa.
-O que aconteceu lá dentro? Ela falou com você?
-Sim.
-Graças a Deus! -Eva põe a mão no peito.
Diego dá a volta em Franco e segue até a porta, sem dizer nada a ninguém.
-Aonde você vai? –Alice grita quando ele está com a mão na maçaneta.
-Vou procurar a minha filha.
-Mas, Diego!
Ele bate a porta e vai embora.

Diego pega as chaves do carro com as mãos trêmulas e enquanto liga o motor, faz uma promessa a si mesmo: Vai encontrar Nina de qualquer jeito. Ele avança pelas ruas com a alma perdida e em absoluto desespero. Seu telefone toca no banco do carona. Ele atende. É seu pai. Ele o avisa que encontraram Caíque e o irmão, mas ambos negam estar com a menina.
-Eles dizem ter um álibi. –Leonardo explica. –Disseram que estavam na casa de campo de um amigo. Mas não estão conseguindo provar isso.
-Eu não acredito neles! Já nos causaram muitos problemas!
-Mas não é só isso. Não estão encontrando o pai da Roberta em nenhum lugar.
-O que? -Diego fica pasmo. 
-Não está no hotel e ninguém informa seu paradeiro. -Leonardo faz uma pausa. -Pode ter sido ele. Mas por que a sequestraria se já estava com os documentos do juiz e poderia levá-la legalmente?
Diego passa a mão pela testa. O suor lhe desce, dando a prova da ansiedade.
-Eu não sei o que pensar, pai.
-Tenho que desligar, mas te aviso se o detetive apresentar novidades e não deixe de me ligar também.
-Claro. Obrigada. –Diego desliga e fica ainda mais tenso com as informações. 
 Ele roda a cidade e para em alguns locais. Retira uma foto de Nina de sua carteira e mostra para todo mundo. 




-Ela tem um ano. É loirinha, tem pouco cabelo, no dia em que sumiu usava um casaco azul e branco com uma calça colorida, botinhas... Não? Não viu? Tente se lembrar, por favor!
Diego repete o mesmo a todos que passam, mas não tem resultados. Tira algumas cópias da foto da filha em uma papelaria e entrega para as pessoas que passam. 
Ao voltar para o carro, debruça sobre o volante, exausto. Não sabe mais aonde ir, mas tem certeza de que não vai parar. As imagens da filha vem à sua cabeça o tempo todo. Sente que todo segundo perdido pode ser fatal. Liga o motor em um impulso e parte outra vez à sua procura sem ter hora para voltar.

***

Todos estão na sala quando Roberta desce, vestida e com uma bolsa ao lado. Parece normal e muito bem disposta. Antes que atravesse a porta, Franco a vê.
-Não saia! Vamos conversar! Roberta!
Mas ela não responde. Atravessa a porta assim como Diego fez mais cedo e pega o carro da mãe. Sempre sabe onde estão as chaves dela, e se nunca teve preocupações em roubá-las antes, agora tem menos ainda. Não vai esperar por policiais, por investigadores, nem mesmo por Diego. Vai rodar a cidade e por o mundo de pernas para o ar até achar sua filha.

***

Em pouco tempo toda a mídia já está anunciando o sumiço da menina. A neta da cantora Eva Messi, a filha da integrante de uma das bandas mais queridas do momento está desaparecida. Comoção geral dos fãs. Cancelamento dos shows. Todo mundo começa a espalhar a notícia de que a menina sumiu. As redes sociais vibram de fotos dela. Twitter, facebook, instagram, tumblr... O país inteiro pressiona as buscas.

***

Depois de frequentar a delegacia por três dias, rodar a cidade e ganhar olheiras do tamanho de um punho fechado, Diego e Roberta conseguem, contra a vontade, adormecer no sofá da casa de Eva e dormir por longas horas. Ele é o primeiro a acordar quando o sol já está quase se pondo. Roberta dorme sobre o seu braço, mas o sono não é tranquilo. Ele pode notar pelo movimento das sobrancelhas e a compressão dos olhos que ela está tendo pesadelos.
-Psiu... –Ele acaricia o rosto dela. –Fica tranquila... Pode dormir... 
Diego sai com cuidado para não acordá-la. Está por volta das quatro da tarde. Há muito tempo para procurar ainda. Ele volta às ruas com o carro e fica até as seis procurando. Estaciona e sai para falar com algumas pessoas e retorna ao veículo em poucos minutos. Como sempre, ninguém viu Nina.
Ao fechar a porta do carro e olhar o celular ao lado, no mesmo lugar, vê que há uma ligação perdida. O número é desconhecido. Ele decide ligar de volta, na esperança de ser alguma informação sobre as buscas.
-Alô? Quem é? –Ele pergunta.
-Sou eu Diego... -A voz é familiar.
-Patrícia?
-É. Eu sei onde a menina está.
Seu coração disparou feito um tiro no peito e a vida deu sinais de retorno com essa simples frase.
-Sabe? Onde ela está? Me fala!
-Calma, venha se encontrar comigo, que te explico melhor.
Ela lhe dá o endereço do encontro. É uma cafeteria muito charmosa que fica à uma hora de onde ele está. Diego dirige como um louco e em metade do tempo estipulado, chega até ao local.

Ao entrar no estabelecimento, ele vê Patrícia em uma mesinha redonda tomando uma xícara de café tranquilamente. Quando o vê, a garota joga o cabelo liso para trás dos ombros e sorri, fazendo um sinal para que se sente com ela.
Diego se aproxima como um furacão, quase trombando com um casal que saía para de frente a ela.
-Me fala onde a Nina está! –Ele põe as duas mãos na mesa, muito aflito, mas Patrícia não parece ter pressa. Está muito tranquila e mexe seu café com uma colherzinha primeiro antes de lhe dar alguma atenção. Ela o olha fixamente quando diz:
-Sente-se.
-Você disse que sabe onde a Nina está e...
-Sei.
Ele paralisa.
-Então me diz!
-Sente-se.
Diego obedece e Patrícia coloca a xícara no pírex, limpa os lábios no guardanapo e abre a bolsa que tem no colo. Remexe sem pressa dentro dela, deixando Diego a ponto de ter um surto. Logo, ela retira e entrega a ele um lenço branco dobrado. Quando Diego o segura e abre, encontra dentro a chupeta de Nina, a mesma que Patrícia roubou dela no dia em que a viu no carrinho na casa de Leonardo. Mas desse detalhe Diego não sabe. Ao analisar o objeto transparente nas mãos, observando os detalhes que formam o nome de sua filha ao centro, sente que tem uma bomba prestes a explodir dentro de si. É como se pudesse vê-la, como se um pedaço dela estivesse em suas mãos.


Comentários

  1. Aviso: Se não der pra concluir no 100 eu faço alguns capítulos extras.
    Bjos e obrigada por terem chegado até aqui comigo ;)

    ResponderExcluir
  2. MEU DEUSSSSSS TINHA QUER SER ESSA VADIA AFFZZZZ.

    ResponderExcluir
  3. Mais uma vez meus parabens!!!! Não ha ninguem que escreva web com tanta perfeiçao como vc!!!!!

    ResponderExcluir
  4. Meuuuu deus,to pasmem :O
    poooosta mais!!

    ResponderExcluir
  5. caracaaa eu vou ter um treco muitoo bom

    ResponderExcluir
  6. Meu Deus ! To chocada !!
    Posta +++++++++++++++++++
    Ameeii *-*

    ResponderExcluir
  7. Tadinha da Roberta! Espero que a vaca da Patrícia entregue logo a Nina e a Roberta dê outra surra nela.

    ResponderExcluir
  8. Nossa... parabéns, a cada capitulo me emociono mais!!! Perfeito ..

    ResponderExcluir
  9. Fiquei com dó da Roberta =/ ...
    A gente disse q ia te acompanhar sempre ;) Aline

    ResponderExcluir
  10. essa patricia...
    QUE VADIAAAAAAAAAAAAAA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

    ResponderExcluir
  11. Nossa Aline ta demais!!!!
    Essa Patricia é muito vadiaaaaaaaaa!!!!!!!!!!
    Line por favor responde se vc vai colocar os nomes das fãs que te pediram ha um tempo bjo

    ResponderExcluir
  12. ALINEEEEEEE CHOREI :'( 'quero meu bebezinho de volta'. Voce escrve tao bem que a gente imagina a cena com os dois.. chocada com o seu dom

    ResponderExcluir
  13. Alineee, não nos mate de ansiedade..
    Seis dias sem postar é muita coisa.. kk
    Poste mais.. Tô esperando..
    PS: Quando terminar essa vai iniciar outra história, né??
    Nathália Oliveira

    ResponderExcluir
  14. Poste maaaais bem depressaaa, por favor.. Louca de ansiedade..
    Nathália Oliveira

    ResponderExcluir
  15. Posta +++++ pfv eu estou cause morrendo de pura curiosidade

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Despedida

Obrigada a todas e todos por terem estado comigo até agora. Me perdoem qualquer coisa e um beijo enorme no coração de cada um. Eu gostaria de poder ter feito melhor em todo esse tempo, mas juro que o fiz foi de coração e tive um enorme prazer em estar aqui. Era uma escritora bastante amadora, mas me diverti demais e me senti abençoada com a companhia de cada um. Quem quiser me seguir no Wattpad, estou escrevendo outras histórias por lá >>>  AlineStechitti

Cap 122 - R, D & N

Quando passa pelo corredor, Nina vê várias pessoas sorrindo e acenando para ela. "Você tem fãs, está vendo?" Diego cochicha e seu ouvido. "Estão todos felizes por você estar com seu papais de novo." "Verdade?" "Verdade." Nina olha por cima dos ombros do pai enquanto ele caminha e então acena para as pessoas no corredor, sorrindo como nunca.  Quando entra no quarto, ainda no colo do pai, Nina vasculha tudo com os olhos e acha o lugar muito estranho, como o quarto do Seu Ângelo. A mãe está deitada, tem vários machucadinhos pelo corpo e longos fios saem dela, ligados em máquinas estranhas. Diego ergue a filha até próximo ao rosto adormecido de Roberta e Nina dá um beijinho na testa dela. “Atchim!!” Ao despertar e abrir os olhos, Roberta vislumbra um borrão que acha encantador e não contém o riso. Olhinhos muito assustados a miram perdidos e curiosos. “Desculpa, mamãe!” Nina funga e esfrega o nariz. “Oi, meu amorzinho.” Ela sorri e estica os b

Cap 124 - Como se fosse a primeira vez

O entardecer estava fresco na praia. Roberta deitava a cabeça no colo de Diego enquanto ele olhava o horizonte. Nina estava brincando com a areia e nem os percebia. Era fácil para os três ficarem em transe quando estavam diante do oceano. "Você acredita que passou tanto tempo assim, Diego?" "É bem difícil de acreditar..." "Temos uma filha... E temos essas argolas nos dedos que dizem à sociedade que pertencemos um ao outro." Ela ri olhando a aliança. "Eu pertenço." Ele a olha de cima e Roberta se levanta. "Posso dar um beijo no meu marido?" Diego deixa aquele tipo de riso manso escapar quando ela encosta os lábios nos dele. O barulho do mar se mescla ao barulho das conchinhas que Nina recolhe e a todo momento deixa cair, despencando dos seus braços em uma cascata de cores marinhas. Os amigos os questionavam por terem levado a filha para a lua de mel, mas eles tinham sempre a mesma resposta: "Nós vivemos em lua de mel!&qu