Pular para o conteúdo principal

Cap 94 - Roberta foge

Roberta entra em casa com os nervos a flor da pele. Tem alguns arranhões no braço e o cabelo também está bagunçado.
-Se você não chegasse, eu a mataria! –Revela.
-Acalme-se. –Sílvia é paciente. –Aquela mulher não vai mais chegar perto de nós.

-Como ela pode ter feito uma coisa assim? Se tivesse feito alguma coisa comigo! Se tivesse tentado me matar, tivesse me machucado! –Roberta grita as palavras enquanto as lágrimas escorrem pelo seu rosto. –Mas não! Ela ficou torturando uma criancinha, a minha! –E aponta para o peito. –Ela a maltratou, a deixou doente... –Roberta coloca as mãos na cabeça, mal acreditando no que Patrícia estava fazendo. –O pior é que a Nina nem mesmo poderia me contar o que estava acontecendo, porque não tem ideia da maldade que sofreu... E se eu não descobrisse a tempo?
-Tudo bem, mas você descobriu e isso nunca mais vai acontecer.
-Aquela mulher é uma vadia sem alma! Tem o coração podre!
-Ela é má, sim, Roberta. Há muita gente assim no mundo. Esse tipo de gente sabe que nada dói mais do que atingir quem a gente ama. É o pior tipo de ser humano que existe. Ataca quem não pode se defender. Mas ela vai ter o que merece. A vida vai dar a ela o troco, você vai ver.
-Eu espero que sim, porque se “a vida” não fizer nada, eu vou fazer! –E dizendo isso, ela se vira e sobe as escadas.

***

Pelos dias seguintes, ninguém tem notícias de Patrícia e por falta de provas concretas, os advogados não aconselham um processo contra ela, já que ela pode alegar ter sido agredida no ambiente de trabalho sem causa alguma, pois é apenas a palavra de duas crianças contra a dela.
Nina está bem, não tem mais um gatinho miando no peito e já está mais contente. Roberta dá todos os cuidados possíveis e ela e quando está segura de que está realmente fora de perigo, toma uma decisão que assusta a todos, inclusive Leonardo.
-Você vai para Santa Catarina? Mas o Diego volta em duas semanas.
-Não posso esperar mais. Eu preciso dele. A minha filha precisa dele.
-Devia ter contado ao Diego o que aconteceu com a Patrícia. –Diz Leonardo.
-Quero contar pessoalmente.
-Entendo. Mas já sabe que dia você vai?
-Ainda não sei. –Ela mente. –Talvez no fim de semana.
-Tudo bem, ao menos dá tempo de pensar melhor.
Apesar de parecer concordar com Leonardo, ela não quer saber de pensar melhor. Já está com as passagens compradas e as malas prontas e dentro do carro. Antes de todos acordarem, ela vai embora. Não há nenhuma chance de esperar mais desastres acontecerem para ir de encontro com Diego.

***

O dia está nublado quando acorda naquela manhã. A casa está silenciosa e escura. Ela se levanta, se veste em um piscar de olhos. Pega Nina ainda sonolenta, coloca nela botas quentinhas, um casaco azul, de capuz por causa da chuvinha fina que está caindo e desce as escadas. Vem devagar e olhando os cantos. Não quer que qualquer um tente impedi-la de ir embora. Se seu pai fica sabendo, tudo vai pelos ares.

Ao sair, vê que o carro está preparado para elas, como se fossem apenas dar um passeio. Os seguranças abrem o portão quando ela passa e agem normalmente. Roberta sente um alívio momentâneo e segue rumo a Vila Lene onde pensa deixar o carro com Pedro, para que ele o devolva enquanto ela pega um táxi até o aeroporto.
Enquanto dirige, com esses planos em mente, ela demora a perceber que há algo anormal no trânsito. Há três carros atrás do seu que não a ultrapassam, nem seguem para outro lugar. São todos pretos. Essa cena tem muito da outra que viveu no dia em que Diego foi embora. Mas talvez seja impressão sua, outra vez a paranoia advinda do trauma. Toda vez que está dirigindo é a mesma coisa.
Ela diminui a velocidade para que eles ultrapassem. Um deles ultrapassa mesmo, mas os outros dois continuam em sua cola. O que foi para frente começa a diminuir a velocidade e fica muito próximo dela. Roberta tem a sensação de que está sendo cercada, pois quando tenta ultrapassar o carro da frente, ele vai para o centro da pista para dificultar para ela, que fica apavorada com os próprios pensamentos.
Três nomes vêm em sua mente:
1º Caíque
2º Leonel
3º Patrícia
-Não, isso é loucura. –Ela espalha o pensamento. –Estou ficando louca?
Logo o carro da frente entra em uma esquina e o de trás a ultrapassa e vai se afastando. Roberta se sente uma idiota, se deixando levar por coisas tão bobas. É quando percebe que um dos carros ainda continua em sua cola. O que está atrás. O motorista não se mostra hostil, mas parece segui-la. Ela anda por um longo tempo e ele continua pelo mesmo caminho. Ao entrarem em um ponto menos movimentado, ele se aproxima, arranhando na traseira do carro dela.
-O que? –Roberta se espanta e acelera, preocupada com a possibilidade de ser um motorista bêbado.
 O asfalto está escorregadio e a neblina densa atrapalha a visão. Sabe que é perigoso acelerar, mas não é menos deixar alguém bater na traseira do seu carro. Só que em menos de cinco minutos ele volta bater na, porém mais forte. Ela percebe que não é acidental. Alguma coisa está mesmo muito errada. Está vivendo tudo de novo.
Ela acelera outra vez e o carro vem atrás, também acelerando. Eles passam muito rápido por outros carros e a neblina parece aumentar. Ela olha pelo retrovisor. Nina acordou e apesar de não chorar, está visivelmente assustada com as manobras bruscas.
Sentindo a respiração descompassada e o pulso acelerado, Roberta apenas sussurra para ela:
-Eu te amo, filha.
E é nesse momento que ela perde o controle do carro e rodopia três vezes antes de sair da pista. Ele vai parar em um barranco pequeno onde bate de frente em uma árvore.

Roberta desmaia e o socorro chega somente depois de uma hora.

***

O que acontece quando dormimos é um mistério, e contra um mistério nada se pode fazer, mas ainda pior é a realidade que acontece diante dos nossos olhos. Ela pode ser mudada e nem sempre mudamos. Cada enigma exibe sua verdade claramente, mas são poucos capacitados a ler.

***

Ao acordar na maca de um hospital, Roberta acredita ver uma lâmpada girando sobre sua cabeça. Quando capta claramente as imagens, no entanto, percebe que não havia lâmpada alguma, apenas uma dor de cabeça muito forte.
-Ela acordou! –Carla grita e os amigos chegam até ela. Pedro, Alice, Tomás, Márcia, Sílvia... Todos se aproximam com uma expressão pesada.
-O que houve? –Roberta pergunta com a voz cansada. Ao sentir a testa, percebe que há um curativo.
-Você sofreu um acidente de carro. –Sílvia segura sua mão. Está com os olhos vermelhos. –Você não quebrou nada, teve apenas alguns ferimentos leves.
Ela arregala os olhos.
-E cadê a minha filha? Cadê a Nina?
Todos se olham, sem responder.
-Ela se machucou? –Ela tenta se sentar na cama.
-Você não pode se levantar. –Carla tenta fazê-la se deitar, mas isso só a deixa mais agitada.
-Onde ela está? O que está acontecendo? Alguém me diz alguma coisa!
Roberta percebe como os garotos estão nervosos, passando a mão pelo rosto e andando de um lado para o outro, vê as olheiras de Carla e Alice, e quando olha para Sílvia entende perfeitamente que ela esteve chorando por várias horas.
-Me digam... –Ela fica desorientada. –Onde ela está?
-Ninguém sabe. –Tomás finalmente explica, com a voz embargada. –Disseram que ela não estava no carro quando te encontraram. Também não encontram sinais de que tivesse caído dele na hora do acidente.
-Ela foi levada. –Sílvia completa, chorando.
-O Diego está vindo pra cá. –Alice chega mais perto e segura sua mão. –A polícia já está procurando por ela.
-Todos estão procurando. –Pedro se junta também. –Nós vamos encontra-la, não se preocupe. Vai ficar tudo bem.

É como um eco... "Vai tudo ficar bem". Tudo o que? Que verdade ela ouviu? Não é possível nem mesmo chorar. Roberta não entende as palavras. As vozes estão distantes. Traduzir esse tipo de dor que seu corpo experimenta para lágrimas é impossível. Seus olhos enxergam uma grande nuvem negra sob o teto. Em segundos essa massa de horror desce, cobrindo e sugando sua consciência do mundo real. E para onde é levada, tudo parece mentira.“Eu estou dormindo” ela pensa. Mas não está dormindo. Sente a textura engomada dos lençóis e respira para ter certeza do ar que entra nos pulmões. “Estou dormindo”. Sua cabeça dói, pulsa, incomoda. “Como posso estar dormindo?”. Uma voz a chama, sua filha está desaparecida. “Não, não estou dormindo...”



Comentários

  1. Meu Deussssssssssssss,aline eu quase morri de chorar aqui achando que a nina tinha morrido :'( parabéns pelo capítulo,mas eu tô muito preocupada mesmo!!!!

    ResponderExcluir
  2. hhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhha posta maissssssssssss pelo amor de deus se não eu vou ter um piri paque aqui
    kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
    pfv pfv

    ResponderExcluir
  3. ha faz ela achar a nina né
    por que se ela achar a nina depois de anos a web vai perde a graça
    pfv pfv pfv pfv pfv faz ela achar a nina

    ResponderExcluir
  4. Aaah, ela tem que achar a nina e ter uma ultima briguinha com o diego pq ele deixou elas sozinhas. Ta mto massa, perfeito parabéns aline!!!
    ah estamos adorando q os cap estao sendo postados com mais frequencia.
    bjo :* sou sua fã!!!!!!!

    ResponderExcluir
  5. Poosta ++++++++++++++++++++++++!!!

    ResponderExcluir
  6. Aiiii Meuuu Deeeeus !
    A Nina tem que aparecer logo !
    Posta +++++++++++++++++++
    Ameeii *-*

    ResponderExcluir
  7. Cade a Nina?! OMG Eu já era fanatica pela sua web, agora então...

    ResponderExcluir
  8. aaa me diz q foi o Leonel filha da mae q pegou e não o Caique ou a Patricia! aaaa
    MDsss scrr :'((
    mas ta muuuito bom! porsta mais!!

    ResponderExcluir
  9. Meu Deus Line to quase morrendo de tanta curiosidade foi o Leonel que pegou a Nina? ://
    Posta mais e pff continua a web! Ta demais!!

    ResponderExcluir
  10. Concordo e não concordo com a anonima que disse que eles tem que brigar se for pra eles brigarem que tenham uma reconciliação daquelas depois!rsrs e concordo que eles tem que achar a Nina logo por que se for pra achar ela depois de anos vai ficar triste e chato :(
    Line me tira uma duvida?Vc ainda vai colocar o nome daquelas fãs que pediram a um tempinho atras,por que se vc for colocar to na fila em!rsrsrs ;)
    Bjinhos sou sua fã vc escreve muitoo bem :))

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Despedida

Obrigada a todas e todos por terem estado comigo até agora. Me perdoem qualquer coisa e um beijo enorme no coração de cada um. Eu gostaria de poder ter feito melhor em todo esse tempo, mas juro que o fiz foi de coração e tive um enorme prazer em estar aqui. Era uma escritora bastante amadora, mas me diverti demais e me senti abençoada com a companhia de cada um. Quem quiser me seguir no Wattpad, estou escrevendo outras histórias por lá >>>  AlineStechitti

Cap 122 - R, D & N

Quando passa pelo corredor, Nina vê várias pessoas sorrindo e acenando para ela. "Você tem fãs, está vendo?" Diego cochicha e seu ouvido. "Estão todos felizes por você estar com seu papais de novo." "Verdade?" "Verdade." Nina olha por cima dos ombros do pai enquanto ele caminha e então acena para as pessoas no corredor, sorrindo como nunca.  Quando entra no quarto, ainda no colo do pai, Nina vasculha tudo com os olhos e acha o lugar muito estranho, como o quarto do Seu Ângelo. A mãe está deitada, tem vários machucadinhos pelo corpo e longos fios saem dela, ligados em máquinas estranhas. Diego ergue a filha até próximo ao rosto adormecido de Roberta e Nina dá um beijinho na testa dela. “Atchim!!” Ao despertar e abrir os olhos, Roberta vislumbra um borrão que acha encantador e não contém o riso. Olhinhos muito assustados a miram perdidos e curiosos. “Desculpa, mamãe!” Nina funga e esfrega o nariz. “Oi, meu amorzinho.” Ela sorri e estica os b

Cap 124 - Como se fosse a primeira vez

O entardecer estava fresco na praia. Roberta deitava a cabeça no colo de Diego enquanto ele olhava o horizonte. Nina estava brincando com a areia e nem os percebia. Era fácil para os três ficarem em transe quando estavam diante do oceano. "Você acredita que passou tanto tempo assim, Diego?" "É bem difícil de acreditar..." "Temos uma filha... E temos essas argolas nos dedos que dizem à sociedade que pertencemos um ao outro." Ela ri olhando a aliança. "Eu pertenço." Ele a olha de cima e Roberta se levanta. "Posso dar um beijo no meu marido?" Diego deixa aquele tipo de riso manso escapar quando ela encosta os lábios nos dele. O barulho do mar se mescla ao barulho das conchinhas que Nina recolhe e a todo momento deixa cair, despencando dos seus braços em uma cascata de cores marinhas. Os amigos os questionavam por terem levado a filha para a lua de mel, mas eles tinham sempre a mesma resposta: "Nós vivemos em lua de mel!&qu