Pular para o conteúdo principal

Cap 90 - Paranoia

-Roberta! Me-me-me desculpa, eu não queria...
-Quem tá falando?
-Eu juro que não queria assustar o neném!
-Caíque? –Ela se dá conta e não consegue responder. Fica paralisada por um instante e depois de encarar o celular por um momento, o desliga e joga no chão. Ao olhar para a porta, o primeiro nome que lhe vem à cabeça a apavora.

-Nina... –E não pensa duas vezes antes de sair apressada. Parece uma eternidade o tempo em que seus pés percorrem o corredor, como se estivesse no tipo de pesadelo em que tudo fica em câmera lenta e você não consegue correr.
Dani, que estava vindo do corredor ao lado, quase se choca com ela.
-Roberta, o que foi? O que você tem?
-Cadê minha filha?
-Está no quarto que o seu Franco montou pra ela.
-E onde é? Me leva lá!
-Mas eu a deixei dormindo há alguns minutos... –Dani coloca a mão no ombro de Roberta e tenta persuadi-la. –Está tudo bem com ela. Porque não descansa?
-Não quero descansar! –Roberta a agarra pelo braço. –Me leva até ela agora!
Assustada, a empregada a leva até o quartinho, um pouco afastado do restante.
-É ali. –E aponta.
Roberta passa a frente e assim que se aproxima, vê que a porta está um pouco aberta, apesar das luzes estarem apagadas. O desespero, sem lógica, a faz imaginar mil coisas horríveis antes de entrar, mas quando entra, sente um imenso alívio com a imagem que vê.
-Mãaa!
Nina fica de pé na grade a lhe estende os braços para pedir colo. Está com um enorme bico manhoso, como se a esperasse a muito tempo. Roberta vai rapidamente até ela e a retira do berço, abraçando-a apertado. O pedido, de tão frágil, chega a doer.
-Graças a Deus... –Ela a beija muitas vezes. –Eu to aqui, não vai te acontecer nada... Nada, eu prometo.
E olhando para um lado e outro, ela vê o quarto como em um filme de terror. É como se as janelas escondessem rostos e os cantos escuros fossem esconderijos de algum fantasma. É tão apavorante que ela segue para fora sem nem perceber e quando analisa a situação em segundos, não hesita em correr com a filha para seu quarto.
Ao chegar, tranca a porta e observa o quintal pela janela. Sabe que parece maluca, mas não consegue evitar.
-Tá tudo bem... Hoje você dorme comigo. –Diz colocando Nina na cama. –Não vou te deixar sozinha, tá?
Roberta mal tem tempo para respirar e o telefone volta a tocar. Ela não tem dúvidas de que seja Caíque e não consegue pegar o celular de imediato. Reluta muitas vezes antes de pegá-lo, mas quando cria coragem, atende com um rosnado.
-Para de me ligar! Nos deixe em paz seu maluco!
-Roberta, o que foi? Sou eu, Diego!
Ela sente como se estivesse caindo de um precipício e se apoia na cama, sentando-se para não cair de verdade.
-Diego?... –A voz mal sai no começo, mas logo fica brava. –Diego porque não me atendeu antes? Por que não retornou minhas ligações?
Nina se assusta e encara a mãe, um tanto chorosa.
-Aconteceu alguma coisa? O que foi? –Ele se aflige. –Eu não te respondi por que estava no hospital, deixei o celular aqui no hotel. O meu pai está internado. Teve uma ameaça de enfarte.
-O que? –Ela desperta.
-Meu pai!
-Acabei de avisar a Sílvia. Os advogados não param de me procurar por causa da reunião que iria ter hoje. Está uma confusão enorme aqui! Mas me fala por que está assim! Aconteceu alguma coisa?
Ela engasga.
-Roberta?
-Seu pai... Está bem? –Ela tenta se acalmar para organizar a cabeça.
-Está. Os médicos dizem que ele está trabalhando demais, está muito estressado. Precisa descansar. Te liguei pra dizer que não sei quando vou voltar, mas... Me fala o que está acontecendo!
-Diego... –Ela não sabe se conta ou não. Percebe que ele já está muito aflito e não tem certeza do que seria melhor lhe dizer nesse momento.
-O que foi? Está me deixando louco!
-Era o Caíque! –A respiração dela é descompassada, mas resolve falar tudo antes que a garganta trave. –Era ele no carro preto. Ele estava nos vigiando por causa da Nina. Não era meu pai.
-Como é que é? –Diego não absorve a informação de imediato. É muita coisa acontecendo de uma só vez.
-Alguns minutos atrás ele me ligou, por isso eu te atendi daquela forma, achei que era ele de novo.
Roberta, mesmo sabendo dos problemas com Leonardo, decide ser verdadeira e lhe conta tudo.
-Então ele me perseguiu até o prédio. Foi horrível! Horrível!
-Meu Deus! Onde vocês estão? E a Nina? Está tudo bem?
-Está, não se preocupe. Estamos na casa do Franco. Estamos seguras.
Ao pensar em Caíque, Diego cerra os dentes e dá um soco na parede.
-Desgraçado, eu mato aquele filho da mãe! O que ele pensa?
-Em nada... Ele é... É um louco...
Diego percebe, mesmo por telefone, o quanto a voz dela está trêmula.
-Minha linda... Eu vou fazer de tudo pra estar aí com vocês o quanto antes.
-Tudo bem. Só de ouvir sua voz já me sinto melhor...
Ele consegue sentir como ela está com medo, mas não diz. Sabe que Roberta não gosta de admitir, nem quer que ela se sinta fraca. Mas a incapacidade de proteger a ela e a sua filha nessa hora, o irrita, o incomoda. Se não fosse seu pai, sairia na mesma hora e pegaria um voo para o Rio. É como se fosse um inútil, de pés e mãos atados.


Depois de se despedir e desligar o celular, Roberta segura os joelhos e fica olhando para o nada. Queria que Diego estivesse apenas atrás da porta e não há tantos quilômetros de distância. Se pudesse ter seus braços em volta do corpo, suas mãos, seu sorriso, seus olhos. Mesmo o maior dos medos não conseguiria lhe abater. Mas assim, tão distante, era como enfrentar um mar de bombas equilibrando uma bolha de sabão entre os dedos.
Um pouco tristonha, mas tentando manter a pose de durona, ela se vira para Nina, que está deitada no travesseiro com o velho urso apertado nos braços e os olhos arregalados a observá-la durante todo o tempo.
-Own... Por que está assim, meu amor? Hein? –Diz se ajeitando ao seu lado e passando a mão pela cabecinha loura. –Não precisa ter medo, tá? Eu vou cuidar de você... –E vai acariciando as bochechas rosadas, tão mordíveis. E ao lhe dar um beijo, sente uma grande angústia. A vontade é de apertá-la nos braços e nunca mais soltar. Mas sabe que precisa se conter e parar de pensar bobagens.
-Nada vai acontecer. –Ela sussurra para si mesma. –Nada...

***

Na sala, Franco conversa com os seguranças e lhes dá instruções sobre a vigilância da casa. Não quer que ninguém se aproxime sem permissão, muito menos do quarto de sua “neta” e qualquer um deve ser identificado.
-Não é um pouco de exagero isso não, bebê? –Eva se intromete.
-É precaução, ou você não se preocupa com a sua...?
-Me preocupo! –Eva o corta, só para não ouvir a palavra “neta”. –Chame quantos seguranças quiser! –Diz enquanto desaba no sofá. –Mas eu acho que a Roberta não tá legal... Digo, da cabeça. Devíamos ver isso primeiro.
-Foi um susto, Eva! Você também ficaria assim se tivesse sido perseguida por um maluco que...
-Eu sei, eu sei... Só quero dizer, bebê, que talvez devêssemos chamar alguém para ajuda-la com a Nina.
-Você acha?
-Eu conheço minha filha... –Eva pensa. –Nunca a vi tão paranoica!
De repente um dos seguranças aparece. Está vestido de preto e tem porte de soldado.
-Desculpe incomodar. –Se dirige a Eva. –Tem um homem lá fora que deseja lhe falar.
-Mas quem pode ser? –Ela olha para Franco.
-Diz que se chama Leonel.
E de repente toda a tranquilidade se vai e Eva começa a acreditar que ainda pode ficar pior.
-Fica tranquila e deixe ele entrar. –O marido aconselha. –Vamos ver o que quer.
Quando o pai de Roberta entra, com um sorriso cretino no rosto, já desperta em Eva a antipatia que sentia dele desde o dia em que se separaram.
-O que você quer aqui? –Ela pergunta.
-Quero ver minha filha e minha neta.
-A essa hora? –Franco coloca as mãos na cintura, irritado.
-Eu já sei o que aconteceu e quero oferecer minha proteção. Aliás, proteção que é bem melhor que a que vocês podem oferecer.
-Na-na-não! –Eva balança o dedo. –Elas não precisam de você! Já perturbou muito a minha filha! Pode ir embora! Xô! Rua!
-Pois bem. –Ele retira um papel do bolso do casaco e entrega a Franco.
-O que é isso? –Ele olha confuso.
-É uma ordem do juiz. Ou a Roberta vem falar comigo, ou eu subo e pego a minha neta agora mesmo.


Comentários

  1. =OOOOOO ahhh me arrependi de ter lido agora!!! ansiosa demais pro próximo! hahaha

    ResponderExcluir
  2. Ah, me Pai! Agora fiquei nervosaaaaaaaaaaaaaaaaa!

    Quero mais URGENTEMENTE!!!!

    Amanda

    ResponderExcluir
  3. Não demore tanto a postar o próximo novamente Alinee, já estou ansiosa.. Poste maiis..
    Nathália Oliveira

    ResponderExcluir
  4. ALINEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE NAO FAZ ISSO.. TO CHORANDO AQUI, NAO DEIXA ELE LEVAR A NINA E TRAZ O DIEGO LOGO DE VOLTA..

    ResponderExcluir
  5. OMG! E agora?! Por favor, posta o proximo logo... E mais uma vez, Parabens pelo cap.

    ResponderExcluir
  6. velho, esse cara é um idiota! Tadinha da Rob!

    ResponderExcluir
  7. Posta ++++++++++++++++++++++
    Ameeii *-*
    Não faz ele levar a Nina e faz o Diego voltar logo !!! :)

    ResponderExcluir
  8. Acima de tudo: PARABÉNS! Você se supera casa vez mais Aline! Continue assim! Depois: Gostaria que você não me matasse do coração de tanta ansiedade que eu fico por mais capítulos.. Poste maaaaais! O mais rápido possível! Bjs

    ResponderExcluir
  9. Ahhhhhhhhhhhhh
    To pirandooooooooo
    Capítulo perfeito! Continue assim querida, cada capítulo vale a pena.
    Bjs da fã nº1
    Darly

    ResponderExcluir
  10. Aline estamos suuper anciosos posta logo pfv, amo dmais essa web !!!!!!!!

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Despedida

Obrigada a todas e todos por terem estado comigo até agora. Me perdoem qualquer coisa e um beijo enorme no coração de cada um. Eu gostaria de poder ter feito melhor em todo esse tempo, mas juro que o fiz foi de coração e tive um enorme prazer em estar aqui. Era uma escritora bastante amadora, mas me diverti demais e me senti abençoada com a companhia de cada um. Quem quiser me seguir no Wattpad, estou escrevendo outras histórias por lá >>>  AlineStechitti

Cap 25 (Faculdade) - Saudade

 As mãos apertam, o ritmo do beijo aumenta, a falta de ar se torna constante e o coração parece uma bomba prestes a explodir.  Diego a segura na parede parecendo que não iria esperar o elevador parar. A vontade era de apertar o botão de emergência e ficar ali mesmo. O problema era a maldita câmera de segurança para a qual já estavam dando um belo show. -Se não chegarmos logo eu não me responsabilizo...  –Ele fala entre beijos. -E nem eu...  A porta se abre e eles saem quase derrubando a planta do corredor. Atracados no beijo e na fúria das mãos, ambos chegam à porta.  Diego coloca Roberta contra a parede e vai beijando seu pescoço, mordendo seu ombro enquanto procura impaciente pela chave. Se não a encontra é bem capaz de colocar a porta abaixo com um murro.  Quando finalmente a porta se abre, ele a puxa pela cintura e em seu colo ela laça as pernas em torno de Diego que continua a lhe beijar. As roupas dela amassadas, o cabelo dele bagunçado e...

Aviso Importante:

Devem ter notado que na minha web os rebeldes estão no segundo semestre do último ano escolar, então... Surgiu um problema: Como continuar a história? Eu não vou ter como alongar isso p muito tempo, porque passa cap e mais cap e um dia eles terão que se formar e sair da escola! Com isso eu tive duas ideias: 1ª RECOMEÇO: Fazer uma nova história de Roberta e Diego lá do comecinho, tudo de novo. Os dois chegam no colégio, se odeiam, se apaixonam mas brigam todo o tempo mesmo se amando... Tipo quando começou a novela e no desenrolar eles logo começam a namorar. Os rebeldes começam a banda, os shows, as intrigas e tudo mais dentro do Elite Way. 2ª FACULDADE: Fazer uma continuação dessa mesma história que já conhecem e que escrevo há mais de 6 meses. Diego, Roberta e todos os rebeldes vão para a faculdade. Alguns fazem o curso q querem e outros, como Diego, faz o que o pai obriga. Lá eles estão mais livres, com mais responsabilidades, frequentam baladas, teatros, alguns trabalham, passam...