Pular para o conteúdo principal

Cap 83 - A escolha de Nina

Tremendo. Os olhos esbugalhados. É assim que Roberta deixa Patrícia. A garota esperava qualquer coisa, menos que ela fosse desconfiar tão rápido. Parecia que havia lido seus pensamentos. De onde aquela criatura havia saído? Como a olhava feroz, parecia que ia morder!
Então Roberta se levanta, olhando-a com o mesmo desdém que havia visto em seus olhos minutos antes. Olhos que agora são de animal acuado. E dando às costas a Patrícia, Roberta deixa a cozinha, andando com a coluna reta e os passos firmes, como um general que acaba de colocar ordem no quartel. Agora a garota sabia e muito bem, que estava lidando com alguém muito mais difícil do que pensava.

-Patrícia? O que houve? –Alice entra correndo na cozinha seguida por Vitória e a ajuda a se levantar.
-A sua amiga.
-Roberta? O que ela fez?
-Me jogou no chão. Me ameaçou! É uma louca! Acha que eu fiz alguma coisa com a filha dela!
-E você não fez? –Vitória é direta.
-Claro que não! –Ela se defende. –Quem machucaria uma bebezinha tão linda?
Vitória cruza os braços e fica olhando a garota ajeitar as roupas no corpo. É como se reconhecesse nela alguém que já foi no passado... Ou que ainda é. E isso não a deixa acreditar nas palavras dela.
-Eu vou falar com a Roberta e é agora! –Alice esbraveja e sai correndo da cozinha.
-Isso não vai prestar. –Vitória olha para a porta sendo aberta. –Essa festa vai para o brejo se a Alice conseguir falar alguma coisa pra Roberta.
-Tomara! Se eu pudesse punha fogo na festa daquela pirralha!
Vitória arregala os olhos e isso deixa Patrícia assustada. Ela logo tenta consertar as coisas.
-Eu... Eu não quis dizer isso. –E leva a mão à cabeça. –Só fiquei nervosa e falei sem pensar. Foi isso.
-Sei... –E Vitória sai da cozinha, olhando-a pelo canto do olho, em uma desconfiança nítida.

***

Roberta chega à festa com um largo sorriso. Vai logo para onde está Diego e abraça sua cintura deitando a cabeça em seu ombro. Ele a abraça de volta, bem apertado.
-Tá tão linda, né? –Ela diz, observando Nina brincar com os gêmeos.
-Tão linda quanto você. –Diego a encara, debaixo de seu rosto. Ele segura seu queixo e começa um beijo no exato momento em que Alice chega.
Com as mãos na cintura, ela lança um olhar reprovador.
-Que foi? É um beijo inocente.
-Não estou assim por isso, Diego! –Alice fala entredentes para que os convidados não ouçam. –Estou assim porque encontrei a Patrícia na cozinha, toda abatida porque a Roberta atacou ela!
Diego olha a namorada, assustado, mas ela se mantém firme e despreocupada.
-A gente só teve uma conversinha.
-Conversinha? Você a jogou no chão! A ameaçou! Isso depois de ela ter me ajudado com a Nina.
-Como é? –Roberta fica incrédula. –Como você pode ser tão... Tão imbecil?
-E ainda me xinga? –Ela se exalta e os convidados começam a olhar. –Depois de todo trabalho que essa festa me deu você tem coragem?
-Eu não te pedi nada!
-Roberta, se controla... –Diego fala baixo.
-Nada! Muito menos uma festa cor de rosa! Você ainda deve ficar feliz porque não fiz um escândalo e levei a Nina embora!
-Escuta aqui, Roberta...!
-Alice! –Vitória agarra a patricinha pelo braço e a retira de perto do casal. –Deixa de ser idiota!
-O que você tem com isso, Vitória?
-É sério que você vai brigar com uma amiga em quem você confia por causa de uma garota que acaba de conhecer?
-Mas ela foi uma grossa com ela e...
-Ela deve ter tido seus motivos, mas mesmo se não tivesse não é justo ficar contra a Roberta desse jeito! Ela é sua amiga faz anos e essa Patrícia?
-Mas ela foi tão legal e não merecia que...
-E quem é você? É a defensora dos fracos e oprimidos agora? –Vitória põe as mãos na cintura, em uma pose irreverente. –Vê se acorda, Alice! Aquela garota não é flor que se cheire!
-E como você sabe?
-Porque eu não sou! –Vitória confessa. –Estou lutando pra mudar, então vê se me ouve antes de perder a amizade da Roberta! Ela é de verdade, mas essa lambisgoia NÃO!
Vitória sai e deixa Alice no canto, de braços cruzados olhando a festa acontecer. Todos comem, bebem, conversam e brincam. Aos poucos, conforme os minutos se passam, tudo vai se apagando.
Nina está feliz, bate palmas, brinca, sorri... Mas quando as crianças correm pela casa e a deixam, ela agarra a canela de Diego e fica de bico. Ainda não dá para fazer todas as artes que tem vontade.
-Eu corro com você, mascotinha! –Tomás a agarra e levanta, fazendo da menina uma peteca pela casa. As gargalhadas dela soam alto. Alguns, como Leonardo, olham com reprovação para os amigos que brincam, mas a maioria acha tudo muito divertido, como deve ser.
A descontração vai tomando conta e logo todos ficam felizes. Todos, exceto Alice e Patrícia. Uma por estar com remorso e dúvida, outra por estar mordida e com raiva.
-Já está mais calma? –Diego pergunta a Roberta enquanto a abraça por trás, deitando o queixo em seu ombro.
-Estou ótima. Hoje nada vai me tirar a alegria.
-Bom... Então se é assim. –Ele dá um beijo em seu rosto. –Acho que está na hora. –E Diego sai de perto dela, indo para o pé da escada, onde fica mais alto e visível no meio das pessoas.
Ela não entende nada, mas o olha admirada, esperando coisa boa.
-Gente, atenção. Já vamos cantar os parabéns, mas antes eu queria dizer uma coisa.
As pessoas se calam e o olham. Roberta pega Nina no colo e vai mais para frente, de modo que não bloqueiem sua visão. Diego as encara, sorri e respira fundo, exalando felicidade. É chegada a hora de dizer tudo que estava pensando desde o dia em que pediu ajuda aos amigos para organizar aquela festa...
-Dois quilos e trezentos e cinquenta gramas. –Ele começa. –Nasceu às 5 horas e 57 minutos da madrugada do dia 12 de janeiro de 2013.
Roberta sente um aperto no coração.
-Minha filha nasceu da mulher mais linda que eu já vi. A única que já amei na vida... Nós estamos juntos há 4 anos e até agora o que eu sinto por ela só tem aumentado.
Neste instante Patrícia sente o estômago queimar e sai do ambiente.
Já Roberta, está alheia a tudo mais ao seu redor. Ela sente os bracinhos de Nina em volta do pescoço e a segura mais apertado contra o corpo. Vai tentando não transparecer tudo que está sentindo enquanto Diego fala.
-Hoje a nossa menina está completando 1 aninho e eu não sei explicar esse amor todo que sinto quando a vejo, o quanto fico embevecido com o sorrisinho dela e tudo de novo que ela vai aprendendo. Ela nasceu prematura, pequenina e frágil... Foi um dia “daqueles” pra gente porque ela estava muito fraca, não estava bem. Isso mexeu muito com nosso emocional. E quando nos deram a notícia de que o coraçãozinho dela poderia parar e que... –Ele não consegue terminar.
Roberta prende os lábios. Os olhos vão ficando úmidos.
 -E muitos ainda nos disseram que aceitássemos. Que talvez ela não fosse para ser nossa. Que nós éramos jovens, imaturos, rebeldes e que talvez fosse o destino nos dando uma chance de não viver um “erro”. –Ele para e se acalma para continuar. –Eu não conseguia responder a isso... Mas posso tentar adivinhar o que você diria Roberta? Seria algo como “um dicionário de clichês dramáticos inúteis”?
Ela faz que sim com a cabeça. Não consegue falar. O peito dói.
-Mas a Nina é como você, sabia? –Ele sorri. –Ela mostrou que também não gosta de clichês. Não quis saber de nada das idiotices que diziam e aceitou o meu pedido...
Nesse instante Roberta franze o cenho e o encara confusa.
-Você não lembra? Eu não desisti do terceiro desejo como você pensa. Eu usei para pedir a nossa Nina que ficasse com a gente... E pra sempre!
Roberta solta o ar dos pulmões de uma só vez. Uma lágrima desce sem que ela possa conter. As pessoas não dizem nada. Algumas sentem um nó na garganta, mas outras também deixam uma ou outra lágrima fugir e disfarçadamente a recolhem. Aqueles, como Leonardo e Franco, porém, experimentam mesmo é o amargor do remorso.
-Mas nem todos os momentos difíceis substituíam a alegria que surgiu ao saber que a minha garota veio a este mundo. Ela ficou debilitada pela falta de peso, mas vingou e aí está. É meu grande orgulho, meu pequeno grande amor...
E quando ele termina, Roberta vai rapidamente com Nina ao seu encontro. Não se sabe quem puxou o “parabéns” nesse momento, mas todos se levantam e começam a aplaudir e cantar, fazendo-o soar suave e uniforme pela casa enquanto as luzes são baixadas e um bolo redondo, colorido e com velas de faíscas se aproxima nas mãos de Dani. Diego segura a filha nos braços e lhe enche de carinhos. Em seguida se vira para a Roberta procurando sua boca para selar vários beijos. Recebe as mãos carinhosas dela em seu rosto, assim como o olhar que procura o seu para dizer, sem pronunciar nenhuma palavra, o quanto o ama. É uma conversa silenciosa que eles têm debaixo das vozes das pessoas. Ninguém jamais poderia decifrar isso. Apenas eles sabem tudo o que viveram juntos e conseguem ler por completo no rosto um do outro. Somente eles sabem tudo que ainda tem para viver. A alegria, a tristeza, as fases difíceis. Tudo que faz parte da evolução de cada pessoa, tudo que parece não caber em uma só vida, eles viram acontecer. Não se arrependem de nada de errado que fizeram, não se arrependem de ser o que são, nem de se tornarem mais loucos ou mais santos a cada dia. Amadureceram e ficaram fortes através disso. Sabem que há uma estrada a se percorrer e não é possível vestir sempre a mesma manhã. Às vezes é inverno, às vezes verão...
Hoje, no entanto, é a primavera da vida. E colhem flores...


Comentários

  1. Aline,cada dia vc se supera! muito mega super ultra lindo!
    haaaaaa Patrícia...toma!

    ResponderExcluir
  2. Aline... Caramba , eu chorei, eu sorri, eu fiquei com raiva todas as emoções dos seus capitulos vc conseguiu colocar neste!! Ele tá simplismente perfeito!! Parabéns 👍 By: Julia

    ResponderExcluir
  3. Essa web vai deixar saudades!! Valeu, Aline!

    ResponderExcluir
  4. Aline o capitulo esta lindo, a cada capitulo que você escreve eu fico com a certeza que você é uma excelente escritora. você esta de parabéns! sou sua grande fã!

    ResponderExcluir
  5. Awin cara, chorei Line :,)
    Parabéns... ta ficando lindo *-*

    ResponderExcluir
  6. Line de verdade voce me fez chorar com esse capitulo acho que esse foi um dos mais lindos e emocionantes que vc ja escreveu eu nem sei descrever direito estava perfeito de verdasde *--*
    Bjuss Julia

    ResponderExcluir
  7. POSTA ++++++++++++++++++++++++++++++= TA LINDO

    ResponderExcluir
  8. Q perfeitoo ^.^
    Louca pelo próximo cap (:

    ResponderExcluir
  9. Lindo.... Amei ... Parabens .....valeria

    ResponderExcluir
  10. lindo, lindo
    quero +++++++++++++++++++++++++++++++++

    ResponderExcluir
  11. junto com os convidados e Roberta EU tambem chorei...q cap. Lindo
    Talita

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Despedida

Obrigada a todas e todos por terem estado comigo até agora. Me perdoem qualquer coisa e um beijo enorme no coração de cada um. Eu gostaria de poder ter feito melhor em todo esse tempo, mas juro que o fiz foi de coração e tive um enorme prazer em estar aqui. Era uma escritora bastante amadora, mas me diverti demais e me senti abençoada com a companhia de cada um. Quem quiser me seguir no Wattpad, estou escrevendo outras histórias por lá >>>  AlineStechitti

Cap 25 (Faculdade) - Saudade

 As mãos apertam, o ritmo do beijo aumenta, a falta de ar se torna constante e o coração parece uma bomba prestes a explodir.  Diego a segura na parede parecendo que não iria esperar o elevador parar. A vontade era de apertar o botão de emergência e ficar ali mesmo. O problema era a maldita câmera de segurança para a qual já estavam dando um belo show. -Se não chegarmos logo eu não me responsabilizo...  –Ele fala entre beijos. -E nem eu...  A porta se abre e eles saem quase derrubando a planta do corredor. Atracados no beijo e na fúria das mãos, ambos chegam à porta.  Diego coloca Roberta contra a parede e vai beijando seu pescoço, mordendo seu ombro enquanto procura impaciente pela chave. Se não a encontra é bem capaz de colocar a porta abaixo com um murro.  Quando finalmente a porta se abre, ele a puxa pela cintura e em seu colo ela laça as pernas em torno de Diego que continua a lhe beijar. As roupas dela amassadas, o cabelo dele bagunçado e...

Aviso Importante:

Devem ter notado que na minha web os rebeldes estão no segundo semestre do último ano escolar, então... Surgiu um problema: Como continuar a história? Eu não vou ter como alongar isso p muito tempo, porque passa cap e mais cap e um dia eles terão que se formar e sair da escola! Com isso eu tive duas ideias: 1ª RECOMEÇO: Fazer uma nova história de Roberta e Diego lá do comecinho, tudo de novo. Os dois chegam no colégio, se odeiam, se apaixonam mas brigam todo o tempo mesmo se amando... Tipo quando começou a novela e no desenrolar eles logo começam a namorar. Os rebeldes começam a banda, os shows, as intrigas e tudo mais dentro do Elite Way. 2ª FACULDADE: Fazer uma continuação dessa mesma história que já conhecem e que escrevo há mais de 6 meses. Diego, Roberta e todos os rebeldes vão para a faculdade. Alguns fazem o curso q querem e outros, como Diego, faz o que o pai obriga. Lá eles estão mais livres, com mais responsabilidades, frequentam baladas, teatros, alguns trabalham, passam...