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Cap 82 - Eternamente selvagem

Todos os dias, o sol com seus cabelos de fogo, lança vida e morte na terra, com carinho e responsabilidade sobre seu trabalho, com um jeito peculiar de enfeitiçar os olhos e derreter as geleiras. Cada qual, sozinho ou não, tem que fazer o que é preciso, assim como ele, para que o equilíbrio se mantenha. Porém, não pode evitar, que outros fatores já desequilibrados o tornem nocivo.

***


Diego quer tentar mais uma vez. Esse é o jeito certo, o melhor momento.
-Quer vir com papai? –Ele estende a mão e pega a filha. Caminha até a cama e se senta com ela. -O que você estava cantando, Roberta?
-Uma canção... Eu fiz pra Nina.
Ele se surpreende.
-Que foi? –Ela ergue as sobrancelhas. –Não posso fazer uma música pra minha filha?

-Não, é que... É que eu... –Ele não consegue traduzir. –Achei muito bonita.
-E por isso não poderia partir de mim? –Ela interpreta mal.
-Eu não disse isso!
-Mas foi o que pareceu.
Ele respira fundo, deixando Nina engatinhar sobre a cama até o pobre ursinho do braço semi-decepado.
-Será que a gente pode conversar como um casal normal?
-Não tem nada de normal na gente. –Ela põe as mãos na cintura. –Se ainda não reparou, nós não somos perfeitos.
Ele sorri, olha para Nina e em seguida para Roberta.
-Mas mesmo com nossas imperfeições, olha só para o que sabemos fazer... Duvido você olhar pra ela e negar que fomos perfeitos ao menos nisso.
Roberta também sorri, revirando os olhos. 
-Olha, Roberta, eu sei que você está nervosa, mas eu não quero brigar, muito menos hoje.
-Eu também não... –Ela se rende e vai até ele, se senta ao seu lado na cama e o olha nos olhos. –É que as coisas não tem ajudado. Mas vamos fazer assim, eu te conto sobre a música se me prometer que não vai rir.
-Eu prometo.
Ela respira fundo.
-É que ultimamente eu tenho me lembrado de que nos livros, filmes e tudo mais, os pais sempre deixam alguma lembrança pra um filho. Seja um colar, uma foto... –Ela olha para Nina brincando. –Eu sei que é muito bobo, mas eu queria deixar alguma coisa pra ela também. Mas algo que não fosse se deteriorar com o tempo, algo que ela não pudesse perder, nem que ninguém pudesse tirar dela.
-E pensou em uma música...
-É.
-Mas é perfeito. Além do mais vai fazer com que ela sempre se lembre de que você a ama.
-Mesmo se um dia eu não estiver por perto. -Roberta se entristece e Diego segura sua mão.
-Isso não vai acontecer. –Ele é bastante seguro do que diz, mas ela não parece igual.
-Já ouviu dizer que a vida separa as pessoas?
Diego estranha a fala.
-Do que você está falando, Roberta? Por acaso quer se separar de mim?
-Claro que não!
-Não? –Ele a encara, com um sorriso torto.
-Duvida? Se quiser eu vou às rádios, à tevê e até mando pintar em um outdoor!
-E o que diria?
-Que eu preciso de você né, Diego! Que eu te amo! O que mais seria? –Ela desabafa. – Preciso de você sempre. Preciso nem que seja pra brigar!
E ele chega acariciando o rosto dela, trazendo o olhar ao seu. Com os dedos ele faz movimentos circulares e vai desenhando os contornos da face corada e sempre marrenta que ela apresenta. Está tão feliz que o peito chega a ficar pequeno para os batimentos do coração. Era bom saber que mesmo com raiva ela ainda sabia dos seus sentimentos e não os negava.
-Sabe o que eu gosto nas nossas brigas? –Ele se aproxima mais.
-O que?
-Reconciliações...
E ele não guarda os sorrisos ao chegar o rosto no dela, olhando para sua boca fixamente. Roberta retribui e se deixa levar. O hálito tão perto, o aroma de saudade. Logo as pálpebras se encontram para cobrir a visão e os lábios dos dois se afastam para concretizar o beijo. Eles sentem tudo ao mesmo tempo quando as bocas se tocam, como um choque, uma energia que estremece. E então Diego vem com sua língua quente, lenta e doce ao encontro da dela. Ele vem se movimentando e se aprofundando, fazendo o estômago se contrair e suspiros se anunciarem.
O instante gostoso dura alguns segundos apenas, pois a porta se abre de repente, quebrando o encanto.
-Me desculpa. –É Alice, que estaca na porta, agarrada á maçaneta.
O casal abaixa a cabeça, passando os dedos nos cantos da boca disfarçadamente.
-É que eu queria saber se a Nina tá pronta para os parabéns...
-A gente já vai descer. –Diego responde.
-Ok. Desculpa de novo! –E Alice sai, bastante sem graça.
Diego ergue os olhos para Roberta e esta lança a ele um olhar travesso acompanhado de um belo sorriso.
-Meu amor... –Ele não resiste e segura seu queixo. –Que saudade desses beijos. –E volta a beijá-la.
-Hum!! Eu também, mas a gente tem que descer! –Roberta tenta se desvencilhar dele.
-Eu sei, eu sei... –Ele lhe dá mais um beijo e se levanta. –Deixa que eu levo essa gatinha!

***

Eles avançam então pelo corredor, felizes por estarem bem exatamente quando mais precisavam estar. Ao chegar ao topo da escada, todos os convidados começam a bater palmas. Nisso Roberta olha para baixo e vê Patrícia quase comendo Diego com os olhos. A princípio parece não acreditar no que está vendo, mas como não aguenta ficar sem provocar, se inclina, dando um beijo na filha e em seguida um em Diego. Pede o braço a ele e fica bem juntinho, sorrindo para o fotógrafo que Eva havia contratado. A garota não suporta e desvia o olhar, deixando Roberta muito contente ao perceber.
Quando os três descem, logo vão conversar com os amigos e conhecidos que se juntam para ver a pequena aniversariante.
-Oi... –Pilar se aproxima com Jonas e Binho. –Viemos para dar os parabéns e conhecer essa mocinha. Quanto tempo não nos vemos!
-Tempo feliz.
-Roberta! –Diego a corrige.
-Não, ela está certa. –Binho explica. –Nós não deixamos boas lembranças pra vocês.
-Mas o tempo ensina muita coisa. –Pilar acrescenta. –A gente aprende caindo e lidando com as responsabilidades.
Nisso chegam mais ex-alunos e alguns professores para cumprimenta-los.
-Oooooi gente!! –Juju é uma que vem correndo e pula entre eles. –Parabéns bonequinha! –E brinca com Nina. –Será que ela deixa eu pegar?
-Espero que não. –Roberta comenta e Diego olha para ela outra vez repreensivo, mas esta apenas ri, debochada. No fundo ele também acha engraçado, mas não tem a mesma cara de pau.
-Ela vai sim. –E entrega a menina a Juju, que logo vai com ela até onde está Vitória e algumas outras meninas que também eram colegas do colégio. Todas começam a fazer cara de idiota e falar estranho com Nina.
Roberta fica de olho, achando que elas estão mais malucas do que eram, mas de repente vê Patrícia passando, entrando com Danilo pela porta da cozinha e fica inquieta.
-Vocês me dão licença? –Ela desvia das pessoas. –E... Diego! –Ela o segura pelo braço.
-Hm?
-Fica de olho na Nina um minutinho? Eu quero ir à cozinha ver a Dani. Tenho que falar uma coisa com ela.
-Ok. Não se preocupe, eu fico de olho.
E Roberta se encaminha para a cozinha, pisando firme com a postura de uma onça que vai à caça. Ao chegar lá, a cozinha está quieta. No entanto, ela em um instante vê Danilo tomando um copo de água ao lado de Patrícia e vai até ele.
-Oi Roberta!
-Oi lindo! Tudo bem? –Ela se abaixa para falar com o menino.
-Tudo.
-O seu irmãozinho tá te chamando lá na sala pra comer bolo.
-Sério?
-Sério, vai lá!
E assim que o menino sai correndo, enganado e saltitante, Roberta desfaz o sorriso e se levanta, encarando a garota que está parada ao lado do balcão, com um jeito hostil e abusado, exalando desdém.
-Qual o seu nome?
-Pra que quer saber? –Ela debate.
-Você está na casa da minha mãe. Na festa da minha filha. Isso é um bom motivo para eu querer saber quem é você.
-Patrícia.

-Hum... –Roberta a olha, meticulosa. –Então “Patrícia”, eu tenho uma coisa pra te dizer.
-Então diga.
E depois dessa palavra, Roberta avança nela, lhe dando um empurrão que a derruba no chão de uma só vez. O vestido apertado e o salto agulha ajudou para que não pudesse se equilibrar.
-Socorro! –Ela tenta gritar enquanto Roberta senta sobre seu tórax e segura seus braços, a deixando imobilizada.
-Não adianta gritar. Com essa barulheira você acha que alguém vai te ouvir?
-Me solta, sua selvagem!
-Nossa, há quanto tempo não ouço isso... Estava com saudade... –Roberta brinca.
-Anda, me solta! Eu não fiz nada.
-Não fez, né? Qual é? Você não me engana. Eu conheço muito bem garotas como você. Convivi com elas a minha vida toda e seria capaz de reconhecer uma a milhas... Mas eu só quero te dar um aviso.
Patrícia arregala os olhos, prensando a mandíbula enquanto encara Roberta.
-Que aviso?

-Não chegue perto do Diego. Ele é meu. Me ouviu bem? -O tom é ameaçador. -Mas o mais importante que você não deve esquecer é: Não chegue perto da minha filha outra vez. Porque se chegar e eu ver um fio de cabelo dela fora do lugar, eu mato você!

Comentários

  1. aaaaaaaa que tudo! A selvagem ataca novamente :)

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  2. aiii que massa a selvagem que eu amo ataca novamente .. adorei já to ansiosa para o próximo cap .

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  3. É ISSO AÍ, ROBERTA!!!!!!
    ÓÓÓÓTIMO, ALINE!!
    VC TÁ SEMPRE ARRASANDO!

    PS: Li aquela parte do seu livro q vc postou.E SIMPLESMENTE AMEI!! A personagem principal até me lembrou a roberta!!! ;)

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  4. é por isso q eu amo a roberta! ela é tudo e mais um pouco!

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  5. Eu me pergunto de onde sai tantas ideias maravilhosas rsrs... Parabéns Aline

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  6. já tava com saudades da Roberta selvagem : )

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  7. Aaah eu adoro eu me amarro kkk Amei o q a Roberta fez ;) Bem feito... Parabéns pelo cap. Posta maaiiss ^.^

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  8. Aii Line ameiii.Essa "Patricia" tinha que ver com quem ela tava se metendo ><
    PS:Line tbm amei seu livro ^.^

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  9. ameeeeeeeeeeeeei demais, super Roberta, gosto deste lado selvagem dela, a Patricia merece ouvir umas verdades.
    Amo o Diego e a Roberta juntos e fofos de novo

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  10. huuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu sabe qual é a melhor parte disso tudo????????? é que agora vc tá postando direto hehehhe #quetudo amooo muitoooo

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  11. aiiiiii chegou a roberta pra manda a real pra essa garota

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  12. haha que isso #AMEIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII

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  13. #SELVAGEM\o/\o/... haha'
    menina sem noção essa Patricia né não?!
    ... otimo capitulo Aline, como sempre, parabéns!!
    bjusss
    'Mariin Aguiar

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  14. Gente ela tah na cozinha deve ter facas... Mata roberta, mata...kk

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  15. kkk tb tava com sdd da minha Roh selvagem!
    muuuito bom,Line!

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  16. Alineeee!! Amei o capítulo!! Vc ta a cada dia melhor, tava com saudade da minha selvagem!!! A reconcialiacao foi lindaa!! Ben feita pra Patrícia By: Julia

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  17. aaaaaaahhh q saudade q eu tava da Roberta 'A SELVAGEM'RSRS ameeei
    Talita

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Despedida

Obrigada a todas e todos por terem estado comigo até agora. Me perdoem qualquer coisa e um beijo enorme no coração de cada um. Eu gostaria de poder ter feito melhor em todo esse tempo, mas juro que o fiz foi de coração e tive um enorme prazer em estar aqui. Era uma escritora bastante amadora, mas me diverti demais e me senti abençoada com a companhia de cada um. Quem quiser me seguir no Wattpad, estou escrevendo outras histórias por lá >>>  AlineStechitti

Aviso Importante:

Devem ter notado que na minha web os rebeldes estão no segundo semestre do último ano escolar, então... Surgiu um problema: Como continuar a história? Eu não vou ter como alongar isso p muito tempo, porque passa cap e mais cap e um dia eles terão que se formar e sair da escola! Com isso eu tive duas ideias: 1ª RECOMEÇO: Fazer uma nova história de Roberta e Diego lá do comecinho, tudo de novo. Os dois chegam no colégio, se odeiam, se apaixonam mas brigam todo o tempo mesmo se amando... Tipo quando começou a novela e no desenrolar eles logo começam a namorar. Os rebeldes começam a banda, os shows, as intrigas e tudo mais dentro do Elite Way. 2ª FACULDADE: Fazer uma continuação dessa mesma história que já conhecem e que escrevo há mais de 6 meses. Diego, Roberta e todos os rebeldes vão para a faculdade. Alguns fazem o curso q querem e outros, como Diego, faz o que o pai obriga. Lá eles estão mais livres, com mais responsabilidades, frequentam baladas, teatros, alguns trabalham, passam...

Comunicado:

 To muito feliz mas tb muito triste com alguns comentários que li.  Estou em um tempo muito difícil não só no trabalho mas tb na faculdade, talvez isso não pareça tão difícil p vcs, mas viajo 160km todos os dias p estudar, nunca me senti tão cansada nem com tanto sono na vida, fiquei dois dias sem almoçar e sem jantar por que realmente não tive tempo p isso.  Entre trabalhar e estudar me sobram somente 6 horas p dormir e 2 horas p comer, fazer o q tenho p fazer, estudar p as provas, resolver os problemas de casa e tudo mais q uma pessoa normal tem p resolver.  Estou dando toda essa explicação por que eu os compreendo, agradeço o carinho que tem pela Web e tb para que possam me entender ou não.  Agradeço a todos q leem, que conversam comigo pelo twitter, pelo msn, pelo face, que sempre tem algum comentário sobre o que escrevo e que sempre são gentis. De verdade, fiz muitos amigos dos quais gosto muito e mesmo sendo virtuais não esqueço por um segundo. Não vou...