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Cap 77 - Um dia de sol morno

Roberta acorda desorientada, sente o cobertor sobre seu corpo, mas percebe que não está na cama. O sofá onde havia dormido, no entanto, está vazio. Lembrou-se aos poucos do ocorrido no dia anterior e se levantou em um salto ao se dar conta de tudo.
-Diego! Diego!
Ele saiu correndo do banheiro assim que ouviu.
-O que foi?
-Ai... Me assustei! –Ele relaxou os ombros. –Achei que tinha saído. Com tudo isso...
-Mas ainda vou sair!
Ela olhou o relógio, faltava pouco para as cinco da manhã e ainda estava escuro lá fora.
-E posso saber aonde vai? 
-Falar com meu pai. Nós não podemos enfrentar o Leonel sozinhos, não sabemos nada de leis.
-Mas não acha que é meio cedo para ir falar com seu pai?
-Eu não consigo dormir. Tive pesadelos com Leonel e a gente no tribunal, onde o juiz dizia que a guarda da Nina era dele. No sonho eu tive um acesso de raiva e voei pra cima daquele homem e soquei a cara dele até sangrar, na frente de todo mundo. Nisso me prenderam e você ficou sozinha, sem poder fazer nada.
Roberta engoliu a seco. O pesadelo de Diego poderia mesmo se tornar real e era isso que não lhe permitia dizer “calma, foi só um sonho ruim”, por que definitivamente poderia não ser.
-Vamos fazer assim: –Ela segurou o braço dele. –Você vai pra cama. Eu faço um leite quente pra você e daqui a pouco a gente se levanta, se arruma, busca a Nina e depois, com calma, você vai falar com seu pai. Pode ser?
Diego mordeu o lábio, nervoso, encheu os pulmões de ar a sorriu com esforço.
-Claro. –E segurando o rosto dela, lhe deu um beijinho calmo. –Acho que é você que me impede de cometer bobagens, sabia?
-Você acha? –Ela brinca.
-Hm! –Agora ri de verdade. –Meio contraditório, mas é sim.
-Porque contraditório?
-Porque você sempre foi mais impulsiva e se guiava pelos sentimentos quando tomava uma atitude do tipo... –Ele olhou para cima, pensativo. –Ah, do tipo, bater em alguém!!!
Roberta riu.
-Acho que às vezes é mais inteligente usar a prudência. Não dá pra ser uma selvagem sempre.
-É? –Diego fingiu decepção.
-Eu disse que não dá pra ser sempre. De vez em quando ainda sei usar as garras. –Um sorriso cúmplice surgiu no rosto dela antes de ir para a cozinha.
Diego sorriu de volta e então caminhou, já bem mais leve, para o quarto.


***

Cerca de quatro horas depois...

O sol está morno, agradável e o céu de um azul intenso enquanto Diego dirige pelo caminho até a casa de Eva com Roberta ao seu lado, no banco do carona. Seus óculos escuros cobrindo o mistério dos olhos fixos na paisagem do lado de fora. Nenhum dos dois tem vontade de conversar. A companhia um do outro, a tranquilidade do momento e o frescor da manhã são o bastante.
Ao chegar à mansão, eles são recebidos na porta por Dani.
-Bom dia! Entrem! Acabei de por a mesa do café!
-E a minha filhotinha? –Diego se adianta. –Está dormindo?
-Que nada! –Dani encosta a porta. –Está brincando lá fora, no antigo balanço que pertencia a Alice.
-Com quem? –Roberta fica curiosa. –Minha mãe não pode estar acordada essa hora.
-Claro que não. Ainda está dormindo. A menina está com Seu Franco.
O casal fica de olhos arregalados e se vira um para o outro. Não parecia verdade. Então, sem acreditar que ouviram direito, decidem ver com os próprios olhos.
Ao chegar ao quintal, a cena que presenciam, se não estivesse diante deles, seria no mínimo, inimaginável. Franco de cócoras fala com voz infantil e sorri de um jeito tão espontâneo que nem parece o mesmo homem carrancudo com o qual todos estão acostumados.

Ele nem os tinha visto chegar até Nina denunciar esticando os bracinhos.
-Mamãã!!
-Oi amor! –Roberta vai até lá e a retira do balanço lhe dando um beijo na bochecha enquanto Franco se recompõe.
-E a lindinha do papai? –Diego começa a conversar com a filha. –Se divertiu muito, foi?
-Papá! –E Nina apontou para Franco.
-Que foi?
-O vô!
De repente um silêncio constrangedor. Roberta olha para a filha.
-É... Nina, ele não é seu vovô...
-Claro que sou! –Franco sorriu. –Sou casado com a Eva, a Eva é sua mãe, nada mais justo que eu seja avô dela!
-É sério isso? –Diego ficou feliz e receoso ao mesmo tempo.
-A não ser que vocês se importem.
-Claro que não. –Roberta fica feliz. –Você vai ser o avô materno que pensei que ela não iria ter.
-Por quê? –Franco se intriga. –Algum problema com seu pai?
-Depois a gente fala sobre isso.
-Vamos pra dentro para vocês tomarem o café da manhã e a gente conversa!
E assim fizeram. E na mesa do café continuaram a conversa.
-Você conseguiu mesmo acalmar ela? –Roberta não acreditou.
-Claro! Quem você acha que acalmava a Alice quando ela ficava de pirraça?
-Nem imagino como você conseguia!
-Então minha pirralhinha estava de pirraça? –Diego brinca com Nina.
-Eu não sei se foi isso. Na verdade achei ela meio enjoadinha. –Franco fica sério e pensativo. –Mas deve ser o calor ou talvez apenas um resfriado chegando. De qualquer forma, deem bastante líquido a ela.
-Pode deixar.
-Mas sobre Leonel, não se preocupem, ele não vai fazer nada, eu não vou deixar. –Franco garante.
-Obrigada. De verdade.
-Não por isso, Diego. Somos uma família e devemos cuidar uns dos outros.
O casal finalmente percebeu que não estavam tão sozinhos quanto acreditavam e que não teriam de enfrentar os problemas completamente desamparados.
-Agora eu acho que temos que ir, não é Roberta?
-Sim, vamos!
Os três se levantam e se despedem de Franco que os leva até a saída.
Assim que a porta é fechada, Alice desce correndo as escadas com várias sacolas nas mãos, assuntando o pai.
-Filha? Eu nem sabia que você tinha dormido aqui!
-Eu não dormi, entrei escondido! –Ele cochicha.
-Por quê?
-Porque eu e os outros estamos preparando tudo para a festa de aniversário da Nina. Está em cima da hora, temos que correr!
-Diego e Roberta não sabem?
-Não, vai ser surpresa dos “dindos”.
-De quem?
-Alô! –Ela bate os pés. –Dos padrinhos, pai!
-Ah, sim... Mas olha lá o que vai fazer viu?
-Vai ficar maravilhosa a festa, você vai ver!
Alice saiu saltitando para a sala com o celular em mãos, ligando para os outros. Logo Tomás, Carla e Pedro estavam lá com os ouvidos em pé, diante de toda empolgação de Alice.
-Tem certeza? –Tomás achou estranho. –A Roberta não vai gostar disso não.
-Também acho.
-Até você, Pedro?
-Amor... –Ele tenta ser delicado. –Vamos fazer algo mais simples.
-Não mesmo! A Nina é uma princesa e merece uma festa de princesa.
-Tô até vendo. –Carla cochichou com Tomás.
-Estou aqui com o catálogo e preciso que comprem para mim algumas coisas. Cada um vai ficar com uma tarefa.
-E qual será a sua? –Carla pergunta.
-Decorar e organizar, além de comprar a roupa da aniversariante!
-“Aê cabô”... –Tomás desaba. –Vai ficar parecendo a filha da Barbie.
-Ela vai ficar linda! Agora andem que temos pouco tempo!
Os quatro se mexem para preparar tudo, rodam de um lado e outro, fazem ligações e pedem segredos a todos os convidados. Alice leva seu salto agulha para cada canto da casa e do quintal, avaliando onde ficariam as mesas, o bolo e os brinquedos. Tudo deveria ser perfeito e todos os detalhes teriam um toque cintilante.


***

Distante dali, porém, os dedos de Roberta passeiam nos de Diego sem nenhuma pressa. Sentados na grama, o casal conversa enquanto Nina brinca a frente deles. O parque está calmo, o vento fresco e a manhã ainda agradável.
-Não vai não... Fica mais um pouco com a gente...
-Eu preciso falar com meu pai. Você sabe!
-Mas não precisa ser agora. Por favor, Diego.
Ele respira fundo, tenso e chateado.
-Oi! –Roberta o sacode. –Me ouve! Vamos ficar com a Nina um pouquinho... Ela sente a nossa falta! Vamos ficar nós três só o restante da manhã! Deixa de ser chato, vai!
-Roberta! Você só pensa no agora?
-Claro! –Ela dá de ombros.
-Mas eu não. Eu estou pensando no futuro quando não ficaremos com ela em momento algum se eu não tomar uma providência.
-E pelo futuro vai estragar o agora?
-Eu não quero estragar nada!
-Mas não parece! –Roberta fica brava e desvia o olhar.
Com a mandíbula cerrada, fica apenas olhando para as plantas ao redor, para as crianças comprando pipoca em carrinhos vermelhos e homens, que geralmente deviam usar calças toda a semana, com suas canelas brancas à mostra naquele dia de folga. Todos parecem tão felizes que ela sente náuseas por Diego impedi-la de sentir o mesmo.
-Roberta!
-Não foi ainda não?
-Ei! –Ele sente a hostilidade, mas ela não lhe dá atenção e se volta para Nina, se levantando e recolhendo-a do chão.
-Vem meu amor. Vamos pra casa. –Diz antes de deixar Diego para trás.
-Roberta! Aonde você vai?
-Embora! Mas pode ir pra onde quiser, nós voltamos de táxi! –E se virou novamente para o caminho.
-Não! Espera! –Ele vai atrás dela, que acelera o passo em meio às pessoas.

Algumas mexas de seu cabelo voam com o vento, outras são presas pelo bracinho de Nina que está agarrada ao pescoço da mãe a mirar com olhos esbugalhados o pai correr atrás delas.


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Despedida

Obrigada a todas e todos por terem estado comigo até agora. Me perdoem qualquer coisa e um beijo enorme no coração de cada um. Eu gostaria de poder ter feito melhor em todo esse tempo, mas juro que o fiz foi de coração e tive um enorme prazer em estar aqui. Era uma escritora bastante amadora, mas me diverti demais e me senti abençoada com a companhia de cada um. Quem quiser me seguir no Wattpad, estou escrevendo outras histórias por lá >>>  AlineStechitti

Aviso Importante:

Devem ter notado que na minha web os rebeldes estão no segundo semestre do último ano escolar, então... Surgiu um problema: Como continuar a história? Eu não vou ter como alongar isso p muito tempo, porque passa cap e mais cap e um dia eles terão que se formar e sair da escola! Com isso eu tive duas ideias: 1ª RECOMEÇO: Fazer uma nova história de Roberta e Diego lá do comecinho, tudo de novo. Os dois chegam no colégio, se odeiam, se apaixonam mas brigam todo o tempo mesmo se amando... Tipo quando começou a novela e no desenrolar eles logo começam a namorar. Os rebeldes começam a banda, os shows, as intrigas e tudo mais dentro do Elite Way. 2ª FACULDADE: Fazer uma continuação dessa mesma história que já conhecem e que escrevo há mais de 6 meses. Diego, Roberta e todos os rebeldes vão para a faculdade. Alguns fazem o curso q querem e outros, como Diego, faz o que o pai obriga. Lá eles estão mais livres, com mais responsabilidades, frequentam baladas, teatros, alguns trabalham, passam...

Comunicado:

 To muito feliz mas tb muito triste com alguns comentários que li.  Estou em um tempo muito difícil não só no trabalho mas tb na faculdade, talvez isso não pareça tão difícil p vcs, mas viajo 160km todos os dias p estudar, nunca me senti tão cansada nem com tanto sono na vida, fiquei dois dias sem almoçar e sem jantar por que realmente não tive tempo p isso.  Entre trabalhar e estudar me sobram somente 6 horas p dormir e 2 horas p comer, fazer o q tenho p fazer, estudar p as provas, resolver os problemas de casa e tudo mais q uma pessoa normal tem p resolver.  Estou dando toda essa explicação por que eu os compreendo, agradeço o carinho que tem pela Web e tb para que possam me entender ou não.  Agradeço a todos q leem, que conversam comigo pelo twitter, pelo msn, pelo face, que sempre tem algum comentário sobre o que escrevo e que sempre são gentis. De verdade, fiz muitos amigos dos quais gosto muito e mesmo sendo virtuais não esqueço por um segundo. Não vou...