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Cap 67 (faculdade) - Adorável pestinha

 Um destroço que torna tudo mais bonito. Qualquer conto pode ter a magia dos sonhos impossíveis, mas é a realidade imperfeita e infiel que torna a vida incomparável, única e bela em milhões de sentidos.

 Em um susto, Roberta não pensa duas vezes e sai tropeçando em tudo até chegar à cozinha. Quando chega, vê a menina sentada em cima da mesa e a jarra de suco no chão, quer dizer, vê vários cacos em meio a um rio de suco de laranja que se esparramou completamente na cerâmica branca.


-Mas...! Como você...? –Diz retirando-a da mesa e admirando a bagunça. –Nina, você não pode subir aqui.
 A bebê apenas pisca olhando seriamente para a mãe, como se esta não tivesse dito nada. No fundo não fazia ideia mesmo.
 O telefone toca e Roberta corre instantaneamente.
-Ai, tomara que seja o Diego.
 E chegando até a sala outra vez, ela se senta com Nina no sofá e atende.
-Alô?
-Tudo bem?
-Tudo. Quem é?
-A menina está bem?
Roberta estranha. –Como? Quem fala?
-Como anda de saúde?
-De quem você está falando?
É lógico que Roberta sabe de quem o homem do outro lado da linha está falando, mas fica impossível manter um diálogo com tanto mistério.
-Ainda a leva no pediatra todo mês não é?
 Roberta não consegue responder de imediato, ninguém, nem seus amigos sabiam desse fato. Então, quem era?
-O que você tá querendo? –Ela não obtêm resposta. –Alô?
 O homem desliga.
 Roberta fica confusa e começa a enrolar vários pensamentos juntos. Em um momento pensa que talvez seu pai esteja fazendo isso, mas não era algo que combinava muito com Leonel. Ele sempre havia sido o tipo do pai que chegava, fazia o que tinha de fazer e pronto! Jamais fazia rodeios, dizia ter o tempo muito caro.
 Quase crendo ser um trote de alguma criança da vizinhança, Roberta se distrai do telefonema e vai até a cozinha e abre a geladeira.
-Vamos fazer outro suco... –E sorri para Nina, colocando-a de pé ao seu lado enquanto pega uma jarra em uma mão e um pote de manteiga em outra.
 A porta da geladeira vai fechando sozinha lentamente enquanto Roberta vai até a mesa para colocar as coisas. Ao virar de costas, cadê?
-De novo? Ah não, eu não quero brincar agora!
 Ela olha para os lados e não a vê. Em um segundo tem um pensamento maluco que faz seus olhos arregalarem.
-Não... -Não é possível... –E abre a geladeira. –Nina!
 Deitada na última prateleira como um frango congelado estava um projeto de menina. Seu bico vai ficando enorme ao ver Roberta e começa a chorar. Três segundos naquele lugar frio, apertado e escuro haviam sido o suficiente para deixá-la muito assustada, mas não mais do que Roberta. Ela a retira rapidamente e a abraça contra o peito, sentando no chão, quase chorando também.
-Ai meu amor...
 Pode até não ter culpa, mas mesmo assim a sente, e muito pesada. Vê várias coisas horríveis passarem por sua mente se caso não tivesse aberto a geladeira. Seu coração bate tão forte que percebe o tremor de cada artéria do corpo. Nina vai ficando quietinha enquanto sua testa é beijada.
-Não faz mais isso! Você corre o risco de ficar órfã! Eu quase tive um enfarte agora!
 E ainda com o ar passando com dificuldade pelos pulmões ,Roberta se levanta e coloca Nina no carrinho, se certificando de que está bem segura e que não pode sair. Em seguida pega um pano e começa a limpar o chão.
-Ai! –Ela corta o dedo com um caco de vidro. –Mas hoje não é o meu dia mesmo!
 E muita coisa vai dando errado durante a manhã. Até as onze tinha tudo para ser uma manhã tranquila, mas não, por algum motivo foi um verdadeiro caos. As travessuras não pararam e Roberta chegou a um estágio em que só pensou em uma pessoa.

-Mãe me ajuda! –Ela liga para Eva.
 A cantora tem ataques de riso pelo telefone, coisa que deixa a filha furiosa, além de mais desesperada.
-Eu aqui feito maluca e você rindo, Eva Messi?
-Claro! As histórias são hilárias! –A cantora ri ainda mais. –Agora você tá vendo o que eu passava com você!
 Não tem graça, com certeza não tem. Roberta vai ficando uma fera.
-Filha! Para um pouco! É sério que você não imagina o que ela quer?
-Não! –Ela grita. –E quer saber? Tchau! Eu me viro!

 E batendo o telefone ela retorna a cozinha para almoçar. Diego não voltaria tão cedo e não podia sair com tanta coisa para resolver. Ao se sentar com um livro da faculdade de um lado e o prato de outro, ela folheia até chegar à página que precisa. É quando vê, ou melhor, não vê a página. Está arrancada, junto com mais três seguintes.
-Como assim?
 Nisso ela fecha os olhos e reza para não ser o que imagina, mas ao se virar para Nina, a vê brincar com elas no chão, amassando e esfregando-as para todos os lados.
-"Oh ati"! Mamã! Oh!"–Ela ergue as mãozinhas mostrando sua obra.
 Roberta escora o cotovelo na mesa e fica com a mão na cabeça olhando. Não sabe se chora, se ri, se joga tudo para o alto ou chama a Super Nanny.

 Foram algumas horas ainda bem agitadas até que ela finalmente conseguiu terminar tudo que precisava. Graças a Deus Nina dorme no tapetinho do chão aonde está forrado um manto e com isso pode respirar aliviada.
 Caminha em silêncio pela sala com os braços e pernas pedindo parada. Completamente exausta, Roberta se joga no sofá de barriga para cima colocando uma almofada sobre o rosto. Abafa um ou outro choramingo, daqueles do tipo que a gente aprende a fazer quando pensa estar a ponto de saltar do último andar de um prédio.
-Eu não vou aguentar...

 E é falando sozinha que ela acaba dormindo. Não percebe o tempo passar, não percebe nada, some completamente do universo. Uma pedra qualquer estaria mais acordada que ela.
 Em menos de dez minutos após Roberta dormir, Nina acorda. Primeiro começa a esfregar os olhos e depois vai focando todos os cantos de um jeito sonolento. Agarra o manto e vai firmando as mãozinhas até se levantar escorando no sofá que tem ao seu lado. Vai de passinho em passinho, a pés descalços, até onde Roberta está. O rosto agora descoberto aparece e a menina fica contente ao ver.

 Com alguma dificuldade, Nina consegue subir no sofá e começa a engatinhar ao seu lado, arrastando os joelhos roliços entre o encosto e as pernas dela. Ao chegar bem perto, não a chama, apenas sobe devagarzinho em seu tronco e vai deitando a cabeça sobre o coração dela. O corpinho se estende, os bracinhos se juntam perto das bochechas, os olhinhos lentamente vão se fechando e ela volta a dormir.

 Linda canção de ninar os batimentos da mãe vão lhe proporcionando. A cada batida, seus ouvidos recebem um novo sonho bonito, daqueles que só uma criança pode ter.
 E Roberta dorme, dorme um tempo incontável. O abrir de seus olhos quando o sono acaba é lento, mas um peso sobre seu corpo causa estranhamento, o que a faz acelerar esse processo. Quando, no entanto, o embaçado da visão se desfaz e ela vê abaixo de seu queixo uma cabecinha loira, sorri espontaneamente. Leva uma mão sobre as costas da menina e com a outra começa a alisar o cabelinho dourado que é tão parecido com o seu.

 Todos os momentos estressantes do dia se apagam de seu pensamento e só este aparece, o mais brilhante de todos. Está sentindo os dedinhos agarrados em sua blusa, uma respiração aquecendo seu peito e uma bochecha gordinha prensada entre seus seios.
-Como você é adorável, minha pestinha. –Cochicha continuando o carinho. -Devia ter vindo com um manual sabia?
 E enquanto a olha vai pensando na ligação, na pergunta do homem sobre a saúde de Nina. Quem mais além dela e Diego sabiam do que acontecia? Ninguém. Ao menos acreditava que ninguém. Logo volta-se para Nina com os olhos ternos e as mãos suaves. Entende de vez o que Eva havia tentado lhe dizer. O que ela queria? Ora, ela "ME" queria...
-Você ainda vai me amar se eu fizer tudo errado?

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Despedida

Obrigada a todas e todos por terem estado comigo até agora. Me perdoem qualquer coisa e um beijo enorme no coração de cada um. Eu gostaria de poder ter feito melhor em todo esse tempo, mas juro que o fiz foi de coração e tive um enorme prazer em estar aqui. Era uma escritora bastante amadora, mas me diverti demais e me senti abençoada com a companhia de cada um. Quem quiser me seguir no Wattpad, estou escrevendo outras histórias por lá >>>  AlineStechitti

Aviso Importante:

Devem ter notado que na minha web os rebeldes estão no segundo semestre do último ano escolar, então... Surgiu um problema: Como continuar a história? Eu não vou ter como alongar isso p muito tempo, porque passa cap e mais cap e um dia eles terão que se formar e sair da escola! Com isso eu tive duas ideias: 1ª RECOMEÇO: Fazer uma nova história de Roberta e Diego lá do comecinho, tudo de novo. Os dois chegam no colégio, se odeiam, se apaixonam mas brigam todo o tempo mesmo se amando... Tipo quando começou a novela e no desenrolar eles logo começam a namorar. Os rebeldes começam a banda, os shows, as intrigas e tudo mais dentro do Elite Way. 2ª FACULDADE: Fazer uma continuação dessa mesma história que já conhecem e que escrevo há mais de 6 meses. Diego, Roberta e todos os rebeldes vão para a faculdade. Alguns fazem o curso q querem e outros, como Diego, faz o que o pai obriga. Lá eles estão mais livres, com mais responsabilidades, frequentam baladas, teatros, alguns trabalham, passam...

Comunicado:

 To muito feliz mas tb muito triste com alguns comentários que li.  Estou em um tempo muito difícil não só no trabalho mas tb na faculdade, talvez isso não pareça tão difícil p vcs, mas viajo 160km todos os dias p estudar, nunca me senti tão cansada nem com tanto sono na vida, fiquei dois dias sem almoçar e sem jantar por que realmente não tive tempo p isso.  Entre trabalhar e estudar me sobram somente 6 horas p dormir e 2 horas p comer, fazer o q tenho p fazer, estudar p as provas, resolver os problemas de casa e tudo mais q uma pessoa normal tem p resolver.  Estou dando toda essa explicação por que eu os compreendo, agradeço o carinho que tem pela Web e tb para que possam me entender ou não.  Agradeço a todos q leem, que conversam comigo pelo twitter, pelo msn, pelo face, que sempre tem algum comentário sobre o que escrevo e que sempre são gentis. De verdade, fiz muitos amigos dos quais gosto muito e mesmo sendo virtuais não esqueço por um segundo. Não vou...