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Cap 65 (faculdade) - Melodia morna


  Foi um beijo, dois ou até três acompanhados de um carinho no rosto e um sorriso antes de sair. Quando a chuva parou, Diego precisou sair para empurrar o carro. Vestiu as mesmas roupas molhadas e foi até lá, já que Roberta não fez mais objeção com relação a isso.
 Incrivelmente o carro andou logo, dando a impressão de que tudo havia conspirado para que parassem ali, pois foi somente quando toda a briga terminou que conseguiram sair daquela situação.


 Durante todo o caminho eles foram em silêncio, mas não um silêncio pesado, foi realmente uma paz em que pousaram e permaneceram. Leves e cúmplices eternos. Ficam conversando com os olhos já que nada precisava mesmo ser dito, porque tudo era compreendido com um simples gesto.
 Diego estava no volante, mas ainda a sentia no corpo, sentia os dedos dela em suas costas, sentia seu cheiro em toda a pele. Estava impregnado com a essência dela, com o brilho dos seus olhos, com o som de sua voz. Aquele momento, delicioso momento, era uma das coisas que ele gostaria de se lembrar futuramente, quando talvez tudo fosse apenas um segredo bom que lhe deixava com um sorriso safado no canto da boca e um suspiro bobo no peito.
 Enquanto dirige, ele a observa pelo canto do olho, sempre com ar alegre. Roberta também tem algo parecido na maneira de manter um sorriso no canto da boca. Mais apaixonados e loucos impossível.
-Finalmente. –É a primeira palavra que Diego diz ao chegarem aos portões da mansão de Eva e Franco.
Assim que para e sai, percebe que Roberta ainda continua lá dentro.
-O que está fazendo? –Ele olha pela janela e a vê ajeitando o cabelo e a roupa.
-Não quero parecer suspeita.
 Diego sorri. -Você está ótima, minha linda!
 E quando ela pisa do lado de fora ele segura sua mão e lhe dá um beijo sobre a testa abraçando sua cintura em seguida.
-Já estamos de bem de novo então né? –Eles caminham.
-Por enquanto sim.
-Só por enquanto? –Ele ergue uma sobrancelha e faz bico.
-É... –Roberta se faz de má. –Agora eu to muito feliz pra te bater.
-Me bater? Que covardia. Já estou todo arranhado, todo mordido...
-Ah, nem vem! –Ela o empurra. –Você provoca isso e gosta que eu sei! E também me deixou toda vermelha, ainda tenho marcas dos seus dedos em mim!
-Ninguém manda ser tão g...
-Psiu!! –Roberta o impede com o dedo em sua boca, rindo ao mesmo tempo. –Vai que eles ouvem!
-Que ouçam! Foi uma das melhores t...
-Diego!! –Ela impede outra vez.
 Eles trocam olhares enquanto compartilham um riso malicioso. Ela segura o rosto dele enquanto aperta a campainha e lhe dá vários beijos encostando e retirando os lábios úmidos e quentes dos dele intensamente. Um jeito de semear pequenos vestígios de sentimento e vontades jamais satisfeitas por inteiro.
-Ah... Você ainda me deve um desejo, não se esqueça. –Roberta avisa.
-Se for algo parecido com o que aconteceu hoje, eu concedo com gosto.
-É, mas agora se comporte. –Ela o corrige, ajeitando sua blusa. –Não quero que ninguém pense...
-O que? Que fizemos amor no meio da estrada?
-Como é? –Franco abre a porta e eles arregalam os olhos.
 Ai, ai, ai... Situação constrangedora. Roberta se espanta e calcula em milésimos de segundo uma boa resposta enquanto Diego não faz ideia do que dizer.
-Bom... É...
-Viemos vendo um filme no carro. –Roberta sorri calmamente, tentando ser convincente. –Mas não entendemos a parte que o cara fala pra namorada que...
-Ok... Já entendi. –Franco prefere não ouvir.
-Era muito bom, aliás... Muuuuito bom...
 Diego a cutuca, tentando dizer a ela para não se empolgar.
-Mas e aí? Vai nos deixar aqui fora?
-Não, não... Entrem. Precisamos mesmo falar com vocês.
-Filha? –Eva se espanta. –Porque estão molhados?
-É uma longa história, mãe... Quero saber do meu bebê. Cadê ela? Deu muito trabalho?
-Que nada, tá dormindo feito um anjinho no meu quarto faz tempo.
-Ela se cansou muito hoje, eu vou lá ver ela.
 Enquanto as duas sobem, os amigos surgem da cozinha. A comilança havia terminado a pouco e agora que o casal voltou era hora de ir embora.
-Vai ficar doente, Diego! –Alice observa. –Como se molhou desse jeito?
-To até vendo... –Carla deduz. –Chuva mais Roberta e Diego...
-Ah, esse filme todos conhecem! –Pedro entra na onda.
-Cla-claro que não... –Ele se desconcerta. –Eu tive que empurrar o carro, só isso, ele deu problema no meio do caminho.
-Ah, e a Roberta também empurrou foi? –Tomás piora as coisas enquanto os amigos ficam todos com cara de “vocês não me enganam”.
 Por sorte, Franco não estava muito ligado e não deixou o massacre ir adiante.
-Vou pedir o motorista para levar vocês. Não é seguro voltar naquele carro, ainda mais com a minha neta junto.
 Diego se espanta. “Minha neta?”, mas antes de achar estranho, fica feliz. Quanto mais Nina fosse amada, mais feliz ficaria.
-Você tem razão. Obrigada.
 Assim que, depois de alguns minutos, Roberta desce com a bebê, todos se despedem e vão embora ao mesmo tempo, deixando somente Eva e Franco em casa. Estes estão mais do que cansados e correm para a cama. Um sábado bem agitado havia sido este. Quatro jovens e uma criança não eram nada fáceis de aturar.


***


 A noite já está novamente sossegada e é hora de todos descansarem. Misérias poucas sobre os olhos distantes dela tocavam uma melodia morna em seu rosto. Diego queria entender em que Roberta pensava enquanto o motorista de Eva os levava. Não que parecesse triste, apenas mostrava uma distância dos pensamentos da realidade e esse tipo de coisa sempre tinha um bom motivo para acontecer.
 Assim que chegaram, portões abertos e pés na sala, sentem a harmonia do lar os invadir. Caminham devagar acendendo as luzes rumo ao andar de cima. Enquanto estão indo, Diego vê que Nina tem o rosto amassado no ombro de Roberta, os bracinhos pendurados vazando da manta enquanto a boca vermelha permanece levemente aberta.
-Ela tem o sono pesado da mãe. –Ele a pega quando vão subir as escadas e ela mal se mexe.
-E tem mesmo. –Roberta vai à frente com um disfarce mal feito de alegria no rosto.
 E enquanto Diego leva a menina até o quarto, ela se encaminha para o banheiro com sua preocupação mais nítida do que nunca. Há algo errado com ela, não dá para disfarçar. Sempre seria do tipo que não consegue mentir sobre os sentimentos e nem faz questão de tentar aprender.
 Diego abre a porta do pequeno quarto e acende um abajur. Tudo fica em um tom dourado suave, não muito claro, só o suficiente para não deixá-lo tropeçar e cair de cara no chão.
 Ele vai devagar.
-Boa noite meu anjinho. –E cochicha dando um beijo sobre a cabeça da filha deitando-a no berço. –Eu te amo. Te amo muito... Muito, muito, muito... –E sorri.
 É muita responsabilidade e sempre será – pensa ele. Mas ao mesmo tempo em que fica assustado, sente que apenas com um olhar, com um pedido de colo, com um beijinho babado ou um “papá” ouvido depois do trabalho, Nina seria capaz de lhe dar coragem para conquistar o mundo todo.
 Ele se debruça na grade e fica uns minutos olhando. Os olhinhos cerrados, o peito subindo e descendo enquanto respira, o cheiro suave, a maciez da pele, a fragilidade, a inocência... É linda, pequenina, alegre... . Uma presença quase irreal de Roberta que se misturou com a dele. Uma obra do acaso em que poucos apostaram, uma ideia que ninguém queria ter, uma vida perfeita que quase perderam e pela qual agora fariam qualquer coisa para eternamente manter.

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