Cap 64 (faculdade) - Intenso, forte e sem regras

 Quem diz que não, está mentindo. Os pudores humanos são todos uma grande máscara que nos impede de seguir os instintos naturais. A verdade, a amarga verdade é que cada puritano não tem nada menos que um pobre depravado preso na mente.

***

 Chuva... Intensa como a negritude do céu, completando o cinzento do automóvel com seu arisco tom cristalino de água. Vem fazer as vezes de testemunha calada, cúmplice das mãos indiscretas e das línguas que desconhecem pudor.

 É o motivo das roupas se colarem ao corpo quando deixou grandes vestígios de sua passagem. Agora a pele, úmida e fria, se aquece pelo encontro do outro enquanto o beijo não para.

 Diego solta a tranca da porta, procurando a cintura dela, por cima do cobertor. Devolve a intensidade e percebe que a empurra para trás com tamanha pressão que põe no beijo.

Já me esqueci da briga? –Pensa ele. Deveria parar de beijar ela. É, tenho que parar. Sim, vou parar... Droga, não dá pra parar.

 Ele deixa, entra na sintonia, prossegue na dança, no paladar preferido, nos calafrios tão amados.

 Quando ela retira a boca da dele e se afasta lentamente, ainda tem os olhos fechados. Diego parece se agonizar com o afastamento, mas ambos permanecem calados por meio segundo, o que é muito tempo tendo em vista o tanto que falaram todo o caminho.

-Foi um bom argumento. –Ele está sem ar.

-Se você sair eu te mato antes do raio te acertar!

 Ele quase ri, mas ao tentar outra vez lhe beijar, fica irritado por ela desviar.

-O que foi agora?

-Ainda estou brava com você!

-Ah, eu vi... Quase me engoliu agora pouco!

-E você ficou todo tonto, nem vem!

-Você é uma louca!

-E você é um idiota!

-Vou te mostrar o idiota!

Diego sente uma fúria subindo pelo abdômen e sem pensar enfia as mãos por dentro do cobertor dela puxando sua cintura com força. O beijo os atinge tão intenso, que quase se machucam.

 Roberta sente a barriga contrair quando as mãos se apertam no peito dele para afastá-lo. Mas Diego entra em sua boca, invade-a com seu gosto, com a textura de seus lábios, com o movimento de sua língua e com som de sua respiração. Vai ao fundo, puxa com força a sua sensatez, aperta a cintura, enterra os dedos em sua carne e alterna o beijo para tonteá-la e fazê-la amolecer.

 Ele vai com o tato costumeiro, sentindo o corpo dela com um jeito rude de pura cobiça.

O amor que sente por ela sempre o fez protege-la, mas seu desejo, aquilo que foi a primeira coisa que sentiu  desde que seus olhos a percorreram, é algo que sempre o deixa feroz como um animal.

 Roberta vai tendo arrepios, uma corrente insana de arrepios passando pela nuca, brincando por seus braços, costas e pernas. Seus murmúrios aumentam quando ele aperta as mãos em todo seu corpo, quando chega a roupa molhada em sua pele em meio ao desconforto daquele carro apertado.

 E envolvida em beijos molhados e intensos ela introduz as mãos debaixo da camisa dele e a sobe pelas costas. Diego não faz objeção e acaba de retirar para ela, beijando seu pescoço em seguida.

 Vendo que Roberta suspira, ele aproxima um sussurro quente em seu ouvido.

-Eu quero terminar o que começamos aquele dia.
 Os batimentos cardíacos dela ficam completamente descontrolados somente com a ideia. Era muita loucura fazer isso dentro de um carro, no meio do asfalto, mesmo com a situação os isolando. Roberta sorri mentalmente para não dar o gosto a ele de perceber que teve o mesmo pensamento.

 Duas pessoas sensatas, completamente capazes de se controlar, hábeis na arte de manter seus instintos em perfeita ordem. Se fossem essas pessoas e não Roberta e Diego dentro do carro, com certeza nada iria acontecer.

 Quando, no instante comum, entre o inchaço da boca e a falta de ar, eles de alguma forma vão parar no banco de trás do automóvel, é que a temperatura atinge um grau impossível de se conter. Haviam continuado o amasso indelicado depois da proposta, imaginando que talvez desse para parar em algum momento, mas é... Não... Não deu.

 Diego continua avançando e ela vai se sentindo comprimida entre a porta e o corpo dele. Pediria calma se conseguisse pensar em alguma palavra para dizer. Porém ela mesma não estava tendo calma alguma, estava na mesma sintonia, devorando-o sem piedade naquele frio cortante que ainda sentia por causa do banho de chuva.

 Não há onde se apoiar, não há onde segurar. Está escorrendo sobre os bancos com o peso dele, está sufocando com seus beijos, está tendo uma convulsão com seus toques, arrancando-lhe a pele com as unhas.

 Diego lhe morde o pescoço, aperta a mão em seu joelho e sobe fazendo pressão na pele de encontro à virilha. Em segundos de excitação máxima as roupas íntimas são arrancadas do corpo dela e o beijo aumenta a voracidade.

 Ele força seu corpo inteiro ao dela e sobe as mãos pela cintura de Roberta, pressionando mais até chegar até onde há minutos havia um sutiã. Brinca com as palmas das mãos, é intenso, é alucinante no apertar, faz com que ela cerre os olhos, que agarre os braços dele e lhe presenteie com gemidos antes mesmo de tudo começar.

 Fechos abertos, roupas expulsas ou soltas. Pernas entrelaçadas, pele sensível e pulsante. Roberta leva as mãos às costas nuas dele até abaixo de sua cintura. Aperta e aproveita bastante antes de abaixar sua calça molhada e força-lo a ficar ainda mais próximo. Diego não resistiria mais que isso.

-Chega! –Ele sussurra para ela e se faz entrar sem qualquer aviso.
 A surpresa faz Roberta jogar a cabeça para traz, o coração aos pulos. Seu ser inteiro estremece com a sensação de Diego invadindo agradavelmente seu corpo.

 Gota a gota e ainda mais pesada, a tempestade se faz muito presente nos vidros embaçados. O suor das janelas do carro escorre lentamente junto com a respiração deles que vez ou outra deixam marcas de mãos e dedos nos vidros.

 Um beijo descido da boca, passando pela garganta e inundando os seios. Uma mão de cada lado da cintura dela mantém um ritmo constante que com os minutos vai se tornando cada vez mais rápido.

 Intenso, forte e sem regras. Os dois vão assim, permitindo-se um no outro, agarrando-se no pequeno espaço por culpa de um desejo que dificilmente conseguiam controlar.

 Diego se afunda, se mexe lentamente enquanto a beija e ela se entrega, se deixa levar pelo sabor dele que experimenta segundo a segundo. Se deixa levar pela pressão que ele faz com o corpo e pela sensação interior de puro êxtase que tem sempre quando Diego brinca de fazer amor e sexo ao mesmo tempo.

 Contrações íntimas e alucinantes, vícios dos quais não pretendem se desfazer. A cena de paixão e fantasia dura o tempo da tormenta, como se tivesse nascido com ela.

-Roberta...

 E ao ouvir seu nome ela se agarra instantaneamente a ele, um abraço feito das últimas compressões. É como se Diego morasse nela, só se sentia completa tendo-o sempre em seu espírito, em seu coração e em seu corpo.

***

 Traduções incansáveis sobre o suor descendo pela testa, pela forma como as pernas tremem, sobre o hálito perto do queixo, as mãos tremendo, as veias balançando dentro do corpo pela força com a qual pulsam as artérias.

 O pico mais alto do prazer é atingido com agitação e gemidos que se abafam com o barulho da água caindo sobre o capô. Tudo vai parando e eles permanecem unidos, cansados e comprimidos no pequeno espaço que tem. Uma bagunça de pernas, braços e sorrisos.

-A gente não se aguenta mesmo. –Roberta cochicha, um meio riso ao ouvido de Diego.

 Ele a olha, segura seu rosto nas mãos e acaricia de leve. Devolve a ela um sorriso malvado e posiciona os lábios sobre os dela carinhosamente enquanto se retira. Um último apertar de dedos nos ombros dele e Roberta está novamente rendida às suas carícias.