Noites são
belas por serem misteriosas, trazem na escuridão querida e perfeita os dois
lados da moeda, a parte da vida e da morte, a intensão escondida nos cantos das
sombras que só existem quando as trevas se misturam à luz.
Os amigos
brincam com Nina e jogam papo fora enquanto a chuva faz festa do outro lado da
janela. Jogar cartas, dominó, damas, xadrez... É quando se esgotam os jogos e tudo começa a
ficar chato de tanto se repetir, que Tomás tem uma ideia que causa estranheza
em Alice.
-Então vamos mesmo competir para sermos padrinhos?
-Isso aí! –Tomás já vai se sentando no tapete com a
menina no colo. –Primeiro as madrinhas.
-A gente?
-É Carlinha, vai ser fácil.
-Isso não vai dar certo, Tomás.
-Claro que vai, Alice! Você e a Carla sentam do
outro lado do tapete com um brinquedo que acham que a Nina vai gostar. Pra quem
ela engatinhar é dado um ponto. No final o casal que tiver mais pontos vencem!
-Que bobeira... –Pedro desdenha.
-Você diz isso porque sabe que a Nina prefere a
mim!
-Hm!! Então tá! Vamos ver isso seu metido!
Eis o que o
tédio faz com as pessoas...
Um patinho
na mão de Carla, uma boneca na mão de Alice.
-Se ela é como a Roberta, você não tem chance com
essa Barbie!
-Acredite. –Alice ergue o queixo. –Nenhuma menina
resiste a uma Barbie!
E quando Tomás
a deixa no tapete e todos os olhares se voltam para ela, esperando que engatinhe,
Nina simplesmente para. Fica quieta alguns segundos até que esfrega os olhos e começa
a chorar.
-E... Acho que ela não gostou dos brinquedos. –Pedro
observa.
-Ah, eu conheço esse choro. –Dani chega. –Precisa
trocar! Dá ela aqui!
-Trocar? Tomás pensa. –Espere um pouco, Dani, não
leva ela não. –E desvia o olhar para Alice e Carla. –E aí meninas? Vamos tornar
isso uma competição de verdade?
Eles se olham e dizem em coro:
-NÃO MESMO!
***
A noite
passa bem divertida. Nina acaba ficando com Dani até dormir e os amigos arranjaram
alguns filmes e fizeram muita pipoca para passar o tempo.
-Está meio tarde, não? –Franco aparece na sala
quando eles estão rindo e falando alto.
-Tá nos mandando embora? –Carla se ofende.
-Ah pai, por favor, tá chovendo tanto!
Todos estão
amontoados no sofá e agora em vez de olharem para a televisão, olham para o
homem carrancudo de braços cruzados.
-Eu sei Alice. E não estou mandando ninguém embora!
Estou falando da Roberta e do Diego ainda não terem voltado. Daqui a pouco a menina acorda procurando por eles.
-Devem estar quase chegando. –Alice olha no
celular. –A Roberta me ligou agora pouco, tinham acabado de sair da casa do pai
do Diego.
Eva desce as escadas correndo, interrompendo-os.
-Ai meu Deeeeus!
-O que foi?
-Aaaaaai Franco!
-A coisa é séria mesmo. –Alice cochicha com Carla. –Pra
ela chamar meu pai de Franco e não de “bebê” só sendo séria!
A mulher põe a mão na testa e se senta, parecendo
que se não fizesse, cairia.
-Fala de uma vez! A Roberta ligou? Aconteceu alguma
coisa?
-Não. Não é nada disso.
-Então o que foi?
-Eu recebi um telefonema.
-De quem?
-Do Leonel...
-O pai da Roberta? –Franco estranha. –Mas o que ele
disse?
-Ele tá uma verdadeira arara! –A cantora leva a mão
à boca.
-Mas por quê?
-Ora, por que! Por causa da Nina!
-E o que tem ela, Eva? –Franco fica confuso. –Você fala
tudo picado!
-Ele não sabia dela, Franco! Nem fazia ideia da
existência dessa menina!
-Não? –Todos se assustam.
-Não, a Roberta não fez questão alguma. –Eva relembra.
–Agora ele tá vindo pra cá! Ele vem pro Brasil e eu juro que nunca na minha
ouvi a voz dele tão irritada.
-Mas... –Alice põe o “tico e teco” para funcionar. –Eu
não entendi.
-O que?
-Eva... –A menina franze a testa. –Como foi que ele
descobriu se faz uns cinco anos que não vem ao Brasil?
***
Ninguém
sabia como. De um jeito ou de outro algumas informações atravessaram o oceano,
mas esse agora não era o maior problema de Roberta e Diego, nem seria se
soubessem dele.
É um
motoqueiro que passa e que faz Diego se descontrolar ao volante. Ele gira de um
lado e outro e não consegue se equilibrar em meio à chuva no asfalto
escorregadio. Ao ver o tronco da árvore como um rumo certo ele vira
instantaneamente quase indo parar na contra mão, mas é levado outra vez à
estrada, continuando a correr. A adrenalina está em um nível impressionante.
-Para logo esse carro! –Roberta reage feroz como
uma leoa.
Diego para em um instante, no reflexo da ordem
dela. Assim que consegue frear, escondido no acostamento, perto de alguns arbustos,
Roberta abre a porta do carro e sai feito um raio. Ele mal tem tempo de ver a
cena, de tão rápida que é.
-Roberta! –Também abre a porta indo atrás dela.
Assim que
sai, sente o peso da água da chuva bater sobre suas costas. Um frio cortante e
intenso em seu corpo quente. Correu-lhe um arrepio enquanto corria atrás dela.
O que aquela garota tinha na cabeça? Claro, era a Roberta, era a louca, a selvagem
que ele conhecia bem. Às vezes se esquecia deste pequeno detalhe e só vinha a
se lembrar nos momentos em que ela fazia algo como sair de um carro no meio do
asfalto em plena tempestade noturna.
-Ei! –Ele finalmente a alcança e a agarra pelo
braço. –Tá ficando maluca?
-Eu sempre fui!
-Tá querendo ficar doente?
-Doente? –Roberta tenta se soltar. –Isso é o de
menos! Quase morremos agora pouco por culpa sua!
-Minha?
-Que eu saiba, não era eu que estava dirigindo! –Ela
se desprende e avança, deixando-o para trás. -Eu preciso voltar pra casa de
qualquer jeito! A Nina não pode ficar sozinha!
-Mas ela não tá sozinha! -Diego
novamente a segura. -Tá com nossos amigos e com a SUA mãe.
-Não me lembra. Pensar que
ela está sozinha é menos preocupante. Eu não vou ficar aqui esperando a sorte
enquanto...
-Ah, quer saber de uma coisa! –Ele a agarra e joga
em cima do ombro.
-Ei! Me solta! Tá ficando doido?
-É acho que é contagiante! –Diego caminha com ela
se debatendo.
-Me larga!
A chuva os deixa completamente ensopados e quando ele
abre a porta e faz Roberta entrar, os dois parecem ter pulado dentro de uma
piscina de roupa e tudo.
-Agora a gente vai pra casa e sem briga! –Ele tenta
ligar o carro enquanto Roberta fica emburrada ao seu lado. –Ô-ou... –Ele sente
problema.
-O que foi agora?
-Não quer pegar.
-Como não quer pegar? –Ela
se agita.
-Não quer ué! Parou!
Eles nem sessam a briga
por um problema maior.
-Se ao menos você não
tivesse parado no meio do nada!
-Não estamos no meio do
nada, eu já passei por aqui antes.
Roberta deita a cabeça e o
olha pronta para estrangulá-lo. Não era hora de dizer que era o “sabe-tudo” porque
era óbvio que ele nunca havia passado por ali.
-Mas que droga! –Ele bate
no volante, como se fosse adiantar.
-Eu vou ligar pra casa.
-Pra que?
-Você não esqueceu que
deixamos um pacotinho de gente lá não?
-Eu já disse que ela tá
bem! Se não já tinham ligado.
-Essa é a pior noite da
minha vida... –Ela fala consigo mesma.
Após as ligações, Roberta fica mais tranquila,
mas com as roupas molhadas no corpo e cabelo escorrendo pelas costas, começa a tremer compulsivamente.
-Tira essa roupa. -Diego propõe.
-Só porque você quer!
-Tem um cobertor ali! Se
enrola nele! Quem você acha que vai te ver aqui?
Difícil não ceder quando o
corpo está praticamente congelando. Ela retira parte da roupa e se enrola no
cobertor enquanto Diego continua tentando fazer o carro andar.
-Eu vou descer pra
empurrar.
-Não vai não! –Ela o
segura pelo braço antes que saia. –Olha esses raios!
A chuva havia aumentado e os trovões estavam
ainda mais altos. O barulho era ensurdecedor. Como os homens são teimosos, ele
poderia morrer eletrocutado.
-Não vai acontecer nada!
-Você não vai! –Roberta o
segura com as duas mãos. Está com raiva, está com medo, está com vontade de
bater nele por ser tão idiota.
-É claro que vou!
-Mas não vai mesmo!
Todo mundo sabe que quando está chovendo,
principalmente tendo relâmpagos e você está na estrada, deve ficar dentro do
automóvel. Agora ele quer ir lá fora, nessa tempestade. Não! O coração dela vem
à goela.
-Eu não vou deixar!
-Esquece Roberta! –Ele é firme. –Nada
que fizer pode me impedir de sair desse carro!
-Nada?
-Nada!
-Tem certeza?
-Tenho.
E nisso então, Roberta
pensa na única coisa que sempre convenceu Diego em inúmeras situações.
-Quero ver se não te impeço!
E puxando-o pela gola da
camisa, ela alastra os lábios quentes nos dele, dando-lhe um susto. O sangue se
agita no mesmo instante em que ela suga sua boca fria com gosto de chuva. Laçado
pela língua dela, ele vai se desnorteando e não consegue se soltar. O calor é
envolvente, é delicioso, bravo e gostoso demais para simplesmente se negar a
ele.
Amei Aline!!! Estou louca para vc postar mais!!
ResponderExcluirPERFEEEEEEEEITO, Já estou maluca aqui esperando o próximo capítulo!
ResponderExcluirEu quero mais...
ResponderExcluirTá muito bom!
Quando posta 64?
maaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaais pf
ResponderExcluir++++++++++++++++ POR FAVOR S2 S2 S2
ResponderExcluirdivulgando minha web http://comorocksta.blogspot.com.br/ espero um dia ser igual a aline amoo sua web
ResponderExcluir++++++++++++++++ Line perfeito!
ResponderExcluir(Bjusss Julia)
mais mais posta maissssss
ResponderExcluirAi que susto! Posta mais
ResponderExcluiramei posta mais n deixa o leonel fazer nada com a nina
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