Pular para o conteúdo principal

Cap 60 (faculdade) - Trabalho versus Nina

O tempo talvez seja a única coisa que temos verdadeiramente, então ele é a felicidade. Mas o usamos com coisas que não gostamos, o doamos a quem não merece, o vivemos com pessoas desagradáveis e ainda nos perguntamos por que não somos felizes.

Três meses se passaram e a rotina dos seis se tornou extremamente cansativa e repleta de momentos de tirar o fôlego nos palcos das cidades brasileiras. Todos os dias, eram principalmente Roberta e Diego que corriam para conseguir levar uma vida perto do que as pessoas chamam de normal.
Recapitulando:
Acordavam cedo, levavam Nina para a casa de Eva e de lá seguiam para a faculdade. Na hora do almoço eles retornavam para buscá-la e partiam para o trabalho (Roberta a levava para a gravadora). À tarde eles voltavam para casa ou iam se aprontar para o show que ocorria várias noites na semana.
A menina era sempre a plateia deles e ficava o tempo todo com os olhos arregalados a observá-los cantar. Era o único momento em que todos os seis ficavam com ela.
-A sétima rebelde! –Tomás a sacode no ar e Nina ri. –Você não vai deixar o sonho morrer não é mascotinha?
-Ela vai ser uma rockstar como a mãe! –Roberta passa perto e lhe dá um beijo no pescoço fazendo-a se encolher no colo de Tomás.
-Daqui a pouquinho ela pode fazer show com a gente! –Ele começa a pular com ela pelo salão. –Mais uns tempo e já começa a correr por aí! Vou te ensinar a dar cambalhota, nanica!
-Cuidado com a minha filha aí Tomás! –Diego adverte suas brincadeiras.
-Fala pro chato do seu pai que só estamos nos divertindo, fala!
E enquanto as duas crianças brincam pelo salão, os outros organizam as coisas para partir. Logo é chegada a hora mais difícil: Deixar Nina outra vez na casa de Eva. Não está acostumada a ficar tanto tempo longe dos pais, já que agora que ambos estão estudando e os shows haviam começado, passa poucas horas por dia com eles. Ela chorava todas as vezes que chegava lá acordada e se chegava dormindo, sempre acordava depois aos prantos.
Roberta tenta se despedir, mas a garotinha, mesmo segura no colo de Dani, estica os bracinhos em sua direção enquanto as lágrimas descem pelas bochechas. Ela se avermelha e começa a soluçar em um choro compulsivo.
-Ela vai se acostumar logo. –Dani tenta convencer o casal que não consegue ir embora. –Vão logo! Vai ser pior se ela continuar vendo vocês!
-Vem Roberta. –Alice a chama. –Vocês tem que trabalhar, um dia ela vai entender.
-Vocês não podem deixar os fãs esperando. –Pedro também interfere.
Quando Dani sai com o bebê e os amigos os empurram porta a fora, pedaços deles vão ficando pelo caminho, como vidros cortantes e desalinhados.

***


Já estava tudo lotado, as pessoas que trabalhavam por trás do espetáculo rodavam de um lado e outro para que até os mínimos detalhes saíssem impecáveis. Rapazes e moças, adultos e idosos, cada um cuidava dos últimos retoques em volta dos seis.
Diego e Pedro estão conversando atrás do palco quando Alice chega pisando firme, como se quisesse causar um terremoto (e talvez até esteja vindo causar um).
-Que foi? –O namorado é o primeiro a se assustar, mas ela se vira para Diego e põe as mãos na cintura.
-Ou você dá um jeito nela ou eu não me responsabilizo pelos meus atos!
-O que?
-Ela quer acabar com o show!
-Como assim? Quem quer acabar com o show? –Diego fica tonto.
-A Roberta, ora quem! –Alice está irritadíssima. –Quem mais é a louca por aqui?
-Depende do ponto de vista. –Ele devolve o golpe.
-Como é?
-Nada. Me fala o que tá acontecendo.
-Vai e veja com seus olhos! –Ela estica o braço na direção do camarim.
Diego respira fundo e segue com os amigos vindo logo em sua cola. Ao entrar, encontra Tomás e Carla quase tendo um surto psicótico com Roberta.
-Como um chocolatinho! Dizem que acalma TPM!
-E quem disse que eu estou de TPM? –Roberta avança em Tomás que se encolhe na parede.
-É o que tá parecendo... -Carla olha de canto, com os braços cruzados. –E TPM das bravas.
Roberta também cruza os braços emburrada.
-Eu não to de TPM!
-Ela tá dando pití, olha aí.
-Fica quieta Polly Pocket! Achei que você tivesse ido espairecer para evitar as rugas de estresse...
-Escuta aqui...
-Deixa. –Diego impede Alice e se volta para a namorada. –Roberta, o que tá havendo com você?
-Não há nada comigo! –Ela se defende, exaltada. –O problema é que todo mundo tirou a noite pra me perturbar!
-Minha filha, eu te perguntei as horas e você quase me arrancou os olhos!
-Você tá de relógio, Tomás!
-Eu esqueci ué! –Ele coça a nuca.
-Você me pergunta as horas de relógio, Carla fica mastigando folha de alface o tempo todo e a Alice não para de falar das unhas! O que vocês queriam?
-Gente... –Diego se vira para os amigos. –Vocês podem me dar licença um minuto?
-Mas e o show?
-Tudo bem, Alice, vai ser rápido.
Os amigos saem em fileira e o casal fica sozinho no camarim. Roberta está de braços cruzados com um bico enorme e bufando.
-Que foi? –Pergunta se irritando com o olhar dele. –Vai me dar sermão porque briguei na hora do show? Vai me chamar de mal educada? De infantil?... Porque se for...
Ele dá um passo a frente e a abraça, segurando sua cabeça contra o peito e quebrando todas as suas defesas. Roberta não consegue dizer nada enquanto ele a aperta forte. Seus braços estão presos e seus olhos arregalados. O coração dele bate suave sob a camisa que cheira ao perfume que lhe deu em seu aniversário. Ele balança levemente de um lado e outro por alguns instantes, num silêncio profundo e estranho. O que ele está fazendo ela sabe, só não esperava que o fizesse. Ao soltá-la devagar, o corpo de cada um vai se ajustando novamente ao ar, à luz ambiente e à situação em que se encontram. Roberta o olha curiosa e sem reação, até que ele segura seu rosto com as mãos e carinhosamente lhe dá um beijo sobre a testa e outro sobre os lábios, terno e gentil.
-Vamos arrasar nesse show e voltar pra pegar o nosso bebê, ok?...
Ela sorri e o abraça de volta, fechando os olhos e desta vez sem estranhamento. Como era possível que Diego tivesse tanto acesso ao seu interior e pudesse decifrá-la tão bem? Como se não importasse nada que fizesse, ele a via através de qualquer escudo de proteção. Que invasão! –Pensava ela enquanto o abraçava. –Mas que maravilhosa invasão...

***

E quando, muito tarde, voltaram do show para busca-la na casa de Eva, Nina já estava dormindo. Parecia injusto que nem ao menos ela os visse chegar e só acordasse no dia seguinte, já no próprio quarto. O que pensaria? Que ninguém se importava, de certo. E isso não parecia muito bom.
Quando chegaram ao portão de casa, outra vez havia um carro preto estacionado em frente. Não haviam desconfiado dele ainda, pois não eram muitas as vezes em que parava ali. Nesses três meses era talvez a nona ou décima “visita” que os fazia. Sempre de vidros fechados para esconder sua melancolia e curiosidade. Esforçava-se principalmente para ver a menina e sorriu tristemente ao conseguir fitar um gorrinho sobre os ombros de Diego naquela noite.

Quando já estavam novamente os três em casa, o casal, completamente exausto, se atirou na cama após um delicioso banho. A noite estava fria e em volta, o cheiro de grama, flores e madeira era um calmante dos nervos muito potente.
Ao caminhar pelo corredor do andar de cima um pouco antes, Roberta se lembrava do apartamento onde morou, aquele lugar tão sombrio que ainda deseja passar longe. Depois foi se lembrando do Elite Way e dos outros lugares que foram seu lar, como a casa onde morou com a mãe a maior parte da vida e a casa de Franco, onde também passou algum tempo. Já havia estado em muitos lugares, alguns muito luxuosos e agradáveis, mas nenhum lhe dava o conforto que sentia ali. Nenhum lugar foi capaz de adornar seu peito com tantas formas anestesiantes quanto o que tem agora. Parece um outro universo. Atravessa a porta de casa e está em paz outra vez. Não importa o quanto o mundo esteja movimentado, lá dentro todo o mal cessa. Talvez fosse mesmo onde sua vida devesse estacionar.
Houve uma hora ou duas de rolar de um lado e outro até Roberta finalmente o cutucar.
-Diego... Diego... Tá dormindo?
-Hm?
-Diego!
-Oi... –A voz sai rouca.
-Tá acordado?
-Agora to, né... –Se vira apresentando uma cara amassada no travesseiro. -O que foi?
-Eu vou deixar o trabalho na gravadora.
-Como? –Ele finalmente abre os olhos.

Comentários

  1. Até que enfim consegui ser a primeira a comentar! A cada minuto atualizava e vou logo postar este coment antes que alguém comente antes de mim

    ResponderExcluir
  2. Amei o capítulo, vai postar amanhã ou depois de amanhã?

    ResponderExcluir
  3. Continua arrasando Aline! Eles não vão ficar tão longe da bebê que nem foi com eles na infância né?! Devia ter uma cena só dos três juntos! Ia ser tão fofo!!! :*
    Raiane

    ResponderExcluir
  4. +++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++

    ResponderExcluir
  5. cara a Roberta ta louca?? Como assim ela vai larga o trabalho?

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Despedida

Obrigada a todas e todos por terem estado comigo até agora. Me perdoem qualquer coisa e um beijo enorme no coração de cada um. Eu gostaria de poder ter feito melhor em todo esse tempo, mas juro que o fiz foi de coração e tive um enorme prazer em estar aqui. Era uma escritora bastante amadora, mas me diverti demais e me senti abençoada com a companhia de cada um. Quem quiser me seguir no Wattpad, estou escrevendo outras histórias por lá >>>  AlineStechitti

Cap 25 (Faculdade) - Saudade

 As mãos apertam, o ritmo do beijo aumenta, a falta de ar se torna constante e o coração parece uma bomba prestes a explodir.  Diego a segura na parede parecendo que não iria esperar o elevador parar. A vontade era de apertar o botão de emergência e ficar ali mesmo. O problema era a maldita câmera de segurança para a qual já estavam dando um belo show. -Se não chegarmos logo eu não me responsabilizo...  –Ele fala entre beijos. -E nem eu...  A porta se abre e eles saem quase derrubando a planta do corredor. Atracados no beijo e na fúria das mãos, ambos chegam à porta.  Diego coloca Roberta contra a parede e vai beijando seu pescoço, mordendo seu ombro enquanto procura impaciente pela chave. Se não a encontra é bem capaz de colocar a porta abaixo com um murro.  Quando finalmente a porta se abre, ele a puxa pela cintura e em seu colo ela laça as pernas em torno de Diego que continua a lhe beijar. As roupas dela amassadas, o cabelo dele bagunçado e...

Aviso Importante:

Devem ter notado que na minha web os rebeldes estão no segundo semestre do último ano escolar, então... Surgiu um problema: Como continuar a história? Eu não vou ter como alongar isso p muito tempo, porque passa cap e mais cap e um dia eles terão que se formar e sair da escola! Com isso eu tive duas ideias: 1ª RECOMEÇO: Fazer uma nova história de Roberta e Diego lá do comecinho, tudo de novo. Os dois chegam no colégio, se odeiam, se apaixonam mas brigam todo o tempo mesmo se amando... Tipo quando começou a novela e no desenrolar eles logo começam a namorar. Os rebeldes começam a banda, os shows, as intrigas e tudo mais dentro do Elite Way. 2ª FACULDADE: Fazer uma continuação dessa mesma história que já conhecem e que escrevo há mais de 6 meses. Diego, Roberta e todos os rebeldes vão para a faculdade. Alguns fazem o curso q querem e outros, como Diego, faz o que o pai obriga. Lá eles estão mais livres, com mais responsabilidades, frequentam baladas, teatros, alguns trabalham, passam...