Nem todo
mundo sabe o que vai fazer da vida, mas alguns mesmo dizendo saber não conseguem
seguir o rumo que traçam. A vida não é certa, ela não é uma ideia que se cumpre.
A vida está mais para uma onda que se domina, um império que se ataca ou um buraco
em que se cai. Ela é aquela bolinha de papel que você amassa e tenta acertar na
lixeira de longe. Você tem chances de ir bem em todas as vezes, mas em muitas
delas a bolinha cai fora e você precisa se levantar para buscar ou então simplesmente
pode desistir dela.
Pedro está
levando Alice de volta para seu apartamento. Ainda é cedo, mas ela que se
arrumar (de novo) e descansar (de novo) antes de voltarem a sair.
-Tinha que
ser Shopping? –Pedro está entediado.
-Ah, amor...
–Ela se debruça em seu braço. –Lá é limpinho, eu não suo, não tem insetos...
-Mas eu
preferia, sei lá, algo mais empolgante...
-Você disse
que a gente iria onde eu quisesse, então nem vem reclamar!
-Ok! Você tá
certa! –Ele ergue as mãos, rendido.
O elevador
está vazio e eles conversam enquanto sobem. Depois de um instante de silêncio,
Pedro resolve perguntar.
-Alguma
coisa errada? Tá brava comigo?
-Não.
-Então?
-Tava
pensando... Não é estranho como as coisas pegaram um rumo diferente do normal,
ou do que a gente considerava normal de acontecer no nosso futuro?
-Como assim?
–Pedro franze o cenho.
-Veja a
Roberta. –Alice observa. –Ela tem um bebê. A Roberta! A Roberta louca, de
caveiras e rock N roll!
-Mas ela não
planejou ter.
-Por isso
mesmo! Aconteceu exatamente com ela, que não se via nessa posição nunca! Sempre
dizia que não queria se casar, que não iria ter filhos e que namorar era o
suficiente. Mas agora está ela lá em uma fase família toda feliz enquanto que
eu...
-Você o que?
–Pedro se assusta. –Não está feliz?
-Pedro... –Ela
busca palavras. –Não era mais natural que nós dois estivéssemos casados?...
Tivéssemos tido uma filhinha como a Nina? –A garota dobra a cabeça sonhando. -Ai
seria tão lindo! Imagina só amor!
-Alice...
-Oi... –Os olhos
dela soltam purpurina.
-Você tá
doida?
-Doida? (a purpurina se queimou) –Ela
põe as mãos na cintura . –Tá me chamando de doida porque
eu sonho formar uma família com você?
-Não é isso,
linda! Você sabe que eu adoraria formar uma família com você, mas não agora.
-A
verdade... –O elevador abre e ela sai na frente, irritada. -... É que as coisas nunca acontecem pra quem
as deseja e merece!
***
No mesmo
tempo em que um casal se desentende de um lado, outro se entende, e muito bem, de
outro. Nada de medos, nada de esconderijos ou correria. Está tudo bem como
sempre deveria ter estado.
Roberta está
de olhos fechados.
Diego
também.
As mãos dela
estão debaixo da blusa dele.
As mãos dele
estão sobre as coxas dela.
O rosto dela
está sobre os ombros dele a lhe morder a orelha.
O rosto dele
desceu bagunçando o decote dela com beijos demorados.
Ela não
consegue pará-lo e nem quer de verdade que pare.
Ele sabe que
não devia incitá-la, mas nem acredita que não deva de verdade.
E lá vão
eles sem cessar no gosto de boca macia, de perfume suave, de cabelo lavado. No
cheiro de pele de homem se misturando a de mulher, buscando se juntar.
Instantes de namoro no meio da estrada, no meio do nada, prontos a serem
flagrados a se sugar na indigna mania das pessoas quererem prazer a toda hora,
a cada momento em que não podem, mas seu interior pede, sem mais, sem menos,
sem poder entender. Só querem, irracionalmente querem.
Ah, uns
dedos bobos fazendo o estômago se contrair, as ideias fugirem e o corpo saltar.
Ah, aquele jeito dengoso de estremecer as pernas, arrepiar o braço, esfriar a
espinha, comprimir o ar. Ah, o ventre sentindo calafrios, a dicção fugida e o
tontear mau amigo. Tudo no corpo é um segredo, é libido poético de vida contada
em tabus pelos homens maquinados.
Dez. Quinze
minutos talvez estivessem ali sem diminuir nem pensar. Do lado de fora o tempo
está bom, fresco e agradável. Do lado de dentro a temperatura só sobe e fica
cada vez mais difícil de respirar. É nesse instante, no momento menos propício
que o berreiro começa.
-Ah não,
Nina... –Diego reclama, se afastando de Roberta.
-Eu sabia
que isso ia acontecer.
Roberta vai
logo abrindo a porta do carro rindo.
-Aonde você
vai?
-Vou ver o que
ela tem, ué.
Diego olha
para trás.
-Tudo bem
meu anjinho. Papai não ia estragar nada não.
-Estragar? –Roberta
a coloca no ombro e olha para Diego.
-Ela me viu
abrindo sua blusa, deve ter ficado com ciúme de me ver mexendo no território
dela.
-Ah, cala a
boca Diego!
Ambos riem.
-Mas o que
ela tem afinal?
-Nada...
Parece q tá tudo certo... –Roberta vê que a menina se acalma rapidamente.
-Não disse
que era ciúme...
-Para de
bobagem. Ela não é de chorar a toa. –Uma onda de preocupação surgindo. –Será que
ela pode...
-Não. –Diego
é rápido. –Ela é forte e o pediatra disse que ela está indo bem. Você se
lembra do que nos disse na última consulta, não é?
-Lembro.
Estamos cuidando bem dela.
-Tão bem que
ela até já pode nos interromper.
-Ela sempre
pode tá? –Roberta a olha e beija sua bochecha.
-Hm... Mas
eu ainda driblo ela e te pego pra mim.
-Quero ver
quando ela estiver grande. Não vamos poder protagonizar essas cenas de hoje com
ela por perto não.
-Porque não?
-Ué, porque
ela vai estar entendendo tudo.
-E daí? –Diego
age naturalmente. –Vai ser bom que ela perceba que tem pais que se amam muito,
muito, muito!
-Mas o que acompanha o amor no nosso caso é impróprio para menores de
oitenta anos. Não quero uma filha traumatizada!
-Ela não vai
se traumatizar, deixa de ser boba.
-Jura? E
isso que tava quase rolando aqui?
-Carinho! –Ele
brinca. –Carinho inocente.
-Tá... Sua boca tava mesmo de uma inocência... Suas mãos então nem se fala.
Vão te canonizar Diego.
-Mereço mesmo
sabia? Porque ser seu namorado não é fácil não...
-Por quê não?
-Se soubesse
as vontades que tenho quando te olho...
-Ah,
seus três desejos me mostraram. Aliás, com o terceiro você vai ter que usar um
pouco de sensatez, porque agora temos um ser inocente com a gente.
-Não se
preocupe com o terceiro desejo. –Ele sorri misterioso. –Eu é que agora vou te
conceder todos os desejos do mundo.
-Agora eu
gostei. O primeiro é que você pise logo nesse acelerador e leve a gente pra
casa.
-Não tem
outro jeito mesmo, né? -Ele faz beice.
-Não mesmo.
Já tá enrolando demais.
-Eu tentei! –Diego
desiste e dá a partida.
Roberta se
volta para Nina.
-É meu amor, acho que você é a única sensata
por aqui...
Roberta fica
no banco de trás brincando com a filha durante o caminho para casa. As mãozinhas
de Nina já seguram firme e ela já tem tanto peso quanto o necessário para sua
idade. O olhar já está muito esperto, as bochechas rosadas e os cabelinhos, ainda
ralos, estão ficando a cada dia mais loirinhos, como os da mãe.
O riso da
pequenina a faz rir feito boba e Diego fica admirado.
“Meu bebê
lindo!”, “Minha lindinha”... Roberta deixa escapar palavras tão doces quanto
qualquer outra pessoa soltaria com um filho, mas que nela soa extremamente
diferente por seu jeito às vezes tão duro de ser. Ninguém pode pensar que com
Nina e Diego ela é tão diferente do que é com o resto do mundo. É como se seu
interior fosse todo de algodão e o exterior todo de aço. Para o mundo ela é a
casca, para eles, ela é o ninho.
“É mesmo uma
boa mãe”, pensa ele enquanto, pelo retrovisor, a vê abocanhar o braço roliço de
Nina que gargalha com a brincadeira.
Risos,
abraços apertados, mordidas gostosas, beijos e mais beijos babados... Os
carinhos são tantos, o mimo, a proteção. Parece que a vida deles resolveu
ancorar na doçura. Parece que o mundo que gira e nos tonteia a cada manhã
resolveu sessar para uma nova família. “Ah, deixe-os descansar”, deve ter
pensado. Para que continuar a testá-los com tanto sofrimento? Talvez fosse hora
de deixa-los com a alma mais leve, com a vida mais branda e o sono tranquilo.
Talvez...
Chegando em
casa, um pouco antes do anoitecer, eles entram alegres pelo portão, sem
imaginar que alguém os espreita em um carro preto, estacionado em frente. A
pessoa tinha olhos tristes e sombrios, diferentes do que era o seu natural,
como eles mesmos poderiam saber se o tivessem visto.
Ferro de vez !!!
ResponderExcluirALINE ROSA poste mais e mate essa minha curiosidade pra ontem Hum'
preciso preciso preciso de mais
e esse final como que que eu durma com um final de capitulo tão misterioso ?
Ai meu Deus!A cada dia que passa fica mais perfeito! Que fofura o Diego admirando a Robs e a Nina <3 posta mais, eu preciso!
ResponderExcluir++++ pf pf pf pf pf cap mt fofo!!! *-*
ResponderExcluirKKK AMEI "-Ela me viu abrindo sua blusa, deve ter ficado com ciúme de me ver mexendo no território dela." KKK QUASE CHOREI DE TANTO RIR...
ResponderExcluirVC JÁ SABE QUE AMO SUA WEB NÉH?
TO MUITO CURIOSA PRA SABER QUEM É QUE TA NO CARRO...
-Não se preocupe com o terceiro desejo. –Ele sorri misterioso. –Eu é que agora vou te conceder todos os desejos do mundo. Amei ,e que venham muitos desejos...
ResponderExcluirContinua...
(Amanda)
N aguento mais tantos misterios posta + + + + pf pf pf pf pf pf pf pf (sabrina)
ResponderExcluiramando a web demais, super linda a família Messi Msldonado, a Nina é linda demais...
ResponderExcluirquem é essa pessoa de olhos tristes???
posta mais pf
Line capitulo perfeito!!!
ResponderExcluir(Bjusss Julia)