A ternura
era um tipo de aroma que todos estavam sentindo e todos estavam espalhando.
Tudo no mundo deles girava em torno de um segundo de respiração de uma nova
vida.
Depois de
uma madrugada agitada e um dia e meio de tumulto e emoções, Roberta está pronta
para ir embora. Vestiu uma calça e uma blusa bem leves e ficou esperando a
enfermeira chegar do berçário. Cada momento em que levavam e traziam a menina
era uma agonia. Queria estar com ela o tempo todo, sentir o cheiro que ela tinha
no cabelo e a textura dos dedinhos... O jeito como olhava era tão único,
parecia ter algo a lhe dizer. Era um pedido, um sorriso, um choro sem lágrima,
um obrigado, um encanto. Roberta não sabia ler o que aquele brilho esverdeado queria
dizer, mas “mãe” era algo que não saía de sua mente. Como alguém como ela, que
nunca, jamais imaginava passar por isso, nem tão cedo, conseguiria? Já sentia
algo absurdamente lindo por aquela menina, mas seria o suficiente? Ainda era do
tipo que se ouriçava com a mãe, como agora saberia ser uma?
Estavam
todos novamente no quarto, quando a enfermeira finalmente voltou.
-Aqui está... -Ela a devolveu a Roberta, que suspirou ao segurá-la. -Vocês vão ter que tomar muito cuidado com essa nina, viu?
-Por quê? –Diego fica curioso.
-Quase não
notaram essa pequenina no berçário. É muito quieta e crianças assim recebem
menos atenção. Eu é que, por estar acostumada com bebês, estava sempre olhando
ela.
-Acho que
puxou o Diego. –Leonardo conta. –Você também foi um bebê muito tranquilo.
Diego sorri
para o pai e se volta para a filha.
-Se depender de mim ela vai
ter toda a atenção do mundo. E da Roberta também.
-E como não
teria? –A garota completa. –Se ela agora é o meu mundo?
-Mas e como
ela vai se chamar? –Sílvia fica curiosa. –Vocês não podem voltar para casa com
uma filha sem nome.
O casal se
olha e fica nítida a expressão “Ah é”.
-Se eu bem
conheço a Roberta deve querer por um nome daqueles que você leva um susto
quando pergunta. Tipo “Petrusca”.
-Tá doido,
Tomás? –Carla o olha feio.
Roberta se
volta para a enfermeira.
-Como você a
chamou aquela hora?
-Como? –A
mulher nem se lembra. –Ah sim, nina, pequenina... –Ela ri. –Me desculpem, é que
alguns bebês acabam ganhando uns apelidos aqui. Por falar nisso eu preciso
voltar para ver os outros, com licença.
Enquanto a
mulher sai, Roberta olha para a filha sorrindo.
-Ela é pequenina
mesmo... Tão frágil... Não posso colocar um nome forte nela, mas também não posso por um nome como o que a Alice quer.
-Qual o
problema com Lady Elisabeth? Era o nome da minha boneca!
-Ela não é
uma boneca, Alice! –Roberta se irrita e volta calma para a menina. –Ao menos
não literalmente, não é minha pequena?
-Ela é muito
delicada... –Diego sorri com os olhos na filha e em seguida em Roberta. –Você
já tem alguma ideia de como vamos chamá-la?
Ela sorri, o
peito suspirando aquecido. -Nina. Minha pequena Nina.
-Nina?
–Diego admira. –Sabe que eu acho que combina com ela? Só não imaginei que
escolheria um nome tão doce.
-Viram? –Tomás
proclama. –Até o Diego achou que iria sair uma Gertrudes Black da boca da
Roberta.
-Cala a
boca! –Roberta fica rindo.
-Eu preferia
um nome mais glamoroso...
-Ai Alice.
–Carla se incomoda com a reclamação. –A filha é deles, deixa eles escolherem!
Eu também acho que combina com a ela.
-Com a
Roberta? –Tomás estranha.
-Com a
menina, cabeção! –Pedro lhe dá um tapa na nuca.
-Ah, tá.
Combina mesmo.
-Então vai
ser Nina. –Diego olha para Roberta e essa lhe devolve um sorriso.
-Nossa
menininha.
-Meu Deus! –Alice
leva a mão à boca. –Vocês ouviram isso?
-Que foi? –Eva
não entende.
-A Roberta
usando um diminutivo.
-Agora é daí
pra pior...
-Verdade,
mãe. –Roberta tem um olhar brincalhão. –Veja esta frase: Logo estarei levando a
minha filhinha pra visitar a vovozinha dela.
-Êpa! –A cantora
roda a baiana. –Vamos combinar de uma vez! Eu prefiro que ela me chame de Eva.
-Mas mãe...
-De jeito
algum, eu não tenho estrutura psicológica pra ser chamada de vovó!
A conversa
louca se alastra e Nina mal abre os olhinhos e volta a fechar em um eterno
estado de paz enquanto as risadas soavam em meio à falação. Logo estaria se
acostumando com aquele bando e os amaria da mesma forma que já era amada por
eles.
Antes que o
casal pudesse voltar para casa, o médico pediu para que passassem no pediatra,
que teria algumas informações para eles, ou algo parecido. Assim que cumprem o
pedido, depois de dois dias cansativos, eles finalmente chegam em casa. Na
pequena grande casa onde agora não mais reside um casal de namorados, mas uma
nova família.
-Será que a
Dani demora? –Roberta sobe as escadas para o andar de cima e Diego vem atrás com
o bebê. –Minha mãe disse que ia pedir pra ela ficar com a gente um tempo, pra
ajudar.
-Acho que
vai ser muito necessário.
-Com
certeza.
Roberta abre
a porta do quarto e Diego coloca a menina no berço.
-Minha
lindinha. –Ele a ajeita, com a baba quase alagando o quarto. –Como pode? Eu
nunca vi uma criança tão calma. Veio sem dar um pio até aqui. É nossa mesmo? –E
se volta para a namorada ao seu lado, também debruçada na grade do berço.
-Não tenho a
menor dúvida.
Diego passa
os dedos nos cabelos de Roberta, sorrindo.
-Eu amo
você.
Um beijo
delicado, um jeito tranquilo de abafar o cansaço, de dizer que agora tudo que
era estranho e improvável talvez fosse o mais bonito de se ter, mesmo que uma
ou outra palavra na sala de pediatria ainda os atormentasse.
Naquela
primeira noite, quando estava com a cabeça enfiada no travesseiro,
completamente exausta, Roberta ouve um chorinho diminuindo e se levanta. A bebê
teria chorado até parar sozinha? Pensar nisso lhe dá um sentimento de culpa. Com
os pés descalços e olhos inchados ela abre rapidamente o quarto da frente e se
surpreende ao ver Diego colocando-a de volta no berço.
-Era cólica.
Já se acalmou.
Roberta
deita a cabeça no vão da porta e permanece com ar de encanto para ele. Soube naquele
instante que tinha um homem completo ao seu lado. Um homem que apesar de
qualquer defeito, sempre a surpreendia.
***
Primeiro
banho, primeiro sorriso, primeiros mimos e primeiro mês de vida. São noites
de acordar de madrugada e de não ter sossego com as cólicas, fraldas e dores de
ouvido, mas também são dias mornos em que Roberta se senta agradavelmente
na varanda no final da tarde com um anjo nos braços, expõe aquela pelezinha
clara a alguns poucos raios de sol e a vê crescer entre os enigmas de seus olhos. Dias
e noites que ainda se repetiriam por algum tempo.
Agora, porém
Roberta lembra que precisa voltar para a faculdade ou as coisas vão ficar complicadas.
Tinha tido sorte no ano passado, pois mesmo na situação em que se encontrava
conseguiu atingir a média. Não que isso fosse muito bom, mas era o suficiente.
Carla agora saía todo fim de semana da clínica e em dois meses sairia
definitivamente. Estava muito bem e precisava acreditar que nunca mais passaria
por algo parecido. Enfim, o sonho de ter novamente a banda unida no palco seria
realizado.
***
A noite está
bonita e fresca quando Diego chega em casa. Desde que voltou para a faculdade
chega ainda mais tarde, mas chega sempre muito feliz. A porta aberta encontra
passos no silêncio. Ele retira a jaqueta e joga sobre o encosto do sofá indo
até a poltrona onde elas estão cobertas pela luz dourada do abajur.
Um dos
sapatinhos da bebê está quase caindo enquanto dorme sobre o peito de Roberta. A
bochecha gordinha abaixo do queixo dela, as mãozinhas fechadas e encolhidas a
cochilar pesado. A cena de longe já é um conforto, uma paz em dias cansativos,
de perto então é uma realidade indescritível.
Roberta tem
um livro em uma das mãos, pois estudava com a filha no colo, sempre brincando ou
cantando para fazê-la dormir. Diego o retira e coloca sobre a mesinha, mas
quando tenta pegar Nina, a garota abre os olhos.
-Oi... –Ele acaba
de pegá-la no colo e sorri.
-Nossa, que
horas são?
-Quase sete.
-Eu apaguei.
–Roberta mexe no cabelo. –E ela também.
-Duas
dorminhocas. –Diego ri e dá um beijo na testa da filha. –Vou colocar ela no quarto e venho te buscar, pode ficar aí.
-Hm... Então
tá.
Roberta volta e se
estica sobre a poltrona se espreguiçando enquanto o espera. Não passa alguns
minutos e ela ouve os passos escada a baixo e logo Diego se
ajoelha frente ao sofá entre suas pernas, passando as mãos por trás de suas
costas. Começam um beijo, um barulho dos lábios calorosos, até que sem se aprofundar demais, ela para.
-Sinto te
informar que eu preciso de um banho.
Diego dá de
ombros.
-Eu também
preciso... Mas ouvi falar que estamos em racionamento de água. Então, poderíamos economizar tomando juntos... Sabe... Pelo bem da terra...
tou literalmente sem palavras... que coisa mais linda, ameeeeeeeeeeei demais, parabéns Aline, tá super perfeito <3. cada vez mais amando a web
ResponderExcluirAi que lindo! Tô besta, esperei o dia todo por esse cap! Nem acredito que o nome da baby é Nina! Eu tava quase te pedindo pra por esse nome nela, porque sempre que eu imaginava a vida do casal,a bebê chamava Nina! :')
ResponderExcluirRaiane
Ain que coisa mais linda..
ResponderExcluirE coitado do Diego ,ajuda ele Aline ,tadinho!
ESperando o 56 ansiosa!
Posta +++++++
Posta ++++++++++++++++++++++++
ResponderExcluirPosta ++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++
ResponderExcluirVou pirar meu cabeção!
Voce ganhou um selinho parabens!!
ResponderExcluirhttp://lokasporluar.blogspot.com.br/
Line ta muito fofo,confesso que nunca gostei muito desse nome mais ficou tao perfeito nela que comecei a amar o nome Nina!!!!
ResponderExcluir(Bjusss Julia)
cara que Perfeito ! ri muito com o Tomais como Petrusca ou Gertrudes Black que louco kkkkkkkkkk
ResponderExcluiraaaaaaaaaaaaaaaaaaa que lindo Aline cada dia fica melhor ...
ResponderExcluirAlice