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Cap 55 (faculdade) Um enigma nos olhos

A ternura era um tipo de aroma que todos estavam sentindo e todos estavam espalhando. Tudo no mundo deles girava em torno de um segundo de respiração de uma nova vida.
Depois de uma madrugada agitada e um dia e meio de tumulto e emoções, Roberta está pronta para ir embora. Vestiu uma calça e uma blusa bem leves e ficou esperando a enfermeira chegar do berçário. Cada momento em que levavam e traziam a menina era uma agonia. Queria estar com ela o tempo todo, sentir o cheiro que ela tinha no cabelo e a textura dos dedinhos... O jeito como olhava era tão único, parecia ter algo a lhe dizer. Era um pedido, um sorriso, um choro sem lágrima, um obrigado, um encanto. Roberta não sabia ler o que aquele brilho esverdeado queria dizer, mas “mãe” era algo que não saía de sua mente. Como alguém como ela, que nunca, jamais imaginava passar por isso, nem tão cedo, conseguiria? Já sentia algo absurdamente lindo por aquela menina, mas seria o suficiente? Ainda era do tipo que se ouriçava com a mãe, como agora saberia ser uma?
Estavam todos novamente no quarto, quando a enfermeira finalmente voltou.
-Aqui está... -Ela a devolveu a Roberta, que suspirou ao segurá-la. -Vocês vão ter que tomar muito cuidado com essa nina, viu?
-Por quê? –Diego fica curioso.
-Quase não notaram essa pequenina no berçário. É muito quieta e crianças assim recebem menos atenção. Eu é que, por estar acostumada com bebês, estava sempre olhando ela.
-Acho que puxou o Diego. –Leonardo conta. –Você também foi um bebê muito tranquilo.
Diego sorri para o pai e se volta para a filha.
-Se depender de mim ela vai ter toda a atenção do mundo. E da Roberta também.
-E como não teria? –A garota completa. –Se ela agora é o meu mundo?
-Mas e como ela vai se chamar? –Sílvia fica curiosa. –Vocês não podem voltar para casa com uma filha sem nome.
O casal se olha e fica nítida a expressão “Ah é”.
-Se eu bem conheço a Roberta deve querer por um nome daqueles que você leva um susto quando pergunta. Tipo “Petrusca”.
-Tá doido, Tomás? –Carla o olha feio.
Roberta se volta para a enfermeira.
-Como você a chamou aquela hora?
-Como? –A mulher nem se lembra. –Ah sim, nina, pequenina... –Ela ri. –Me desculpem, é que alguns bebês acabam ganhando uns apelidos aqui. Por falar nisso eu preciso voltar para ver os outros, com licença.
Enquanto a mulher sai, Roberta olha para a filha sorrindo.
-Ela é pequenina mesmo... Tão frágil... Não posso colocar um nome forte nela, mas também não posso por um nome como o que a Alice quer.
-Qual o problema com Lady Elisabeth? Era o nome da minha boneca!
-Ela não é uma boneca, Alice! –Roberta se irrita e volta calma para a menina. –Ao menos não literalmente, não é minha pequena?
-Ela é muito delicada... –Diego sorri com os olhos na filha e em seguida em Roberta. –Você já tem alguma ideia de como vamos chamá-la?
Ela sorri, o peito suspirando aquecido. -Nina. Minha pequena Nina.
-Nina? –Diego admira. –Sabe que eu acho que combina com ela? Só não imaginei que escolheria um nome tão doce.
-Viram? –Tomás proclama. –Até o Diego achou que iria sair uma Gertrudes Black da boca da Roberta.
-Cala a boca! –Roberta fica rindo.
-Eu preferia um nome mais glamoroso...
-Ai Alice. –Carla se incomoda com a reclamação. –A filha é deles, deixa eles escolherem! Eu também acho que combina com a ela.
-Com a Roberta? –Tomás estranha.
-Com a menina, cabeção! –Pedro lhe dá um tapa na nuca.
-Ah, tá. Combina mesmo.
-Então vai ser Nina. –Diego olha para Roberta e essa lhe devolve um sorriso.
-Nossa menininha.
-Meu Deus! –Alice leva a mão à boca. –Vocês ouviram isso?
-Que foi? –Eva não entende.
-A Roberta usando um diminutivo.
-Agora é daí pra pior...
-Verdade, mãe. –Roberta tem um olhar brincalhão. –Veja esta frase: Logo estarei levando a minha filhinha pra visitar a vovozinha dela.
-Êpa! –A cantora roda a baiana. –Vamos combinar de uma vez! Eu prefiro que ela me chame de Eva.
-Mas mãe...
-De jeito algum, eu não tenho estrutura psicológica pra ser chamada de vovó!
A conversa louca se alastra e Nina mal abre os olhinhos e volta a fechar em um eterno estado de paz enquanto as risadas soavam em meio à falação. Logo estaria se acostumando com aquele bando e os amaria da mesma forma que já era amada por eles.
Antes que o casal pudesse voltar para casa, o médico pediu para que passassem no pediatra, que teria algumas informações para eles, ou algo parecido. Assim que cumprem o pedido, depois de dois dias cansativos, eles finalmente chegam em casa. Na pequena grande casa onde agora não mais reside um casal de namorados, mas uma nova família.
-Será que a Dani demora? –Roberta sobe as escadas para o andar de cima e Diego vem atrás com o bebê. –Minha mãe disse que ia pedir pra ela ficar com a gente um tempo, pra ajudar.
-Acho que vai ser muito necessário.
-Com certeza.
Roberta abre a porta do quarto e Diego coloca a menina no berço.
-Minha lindinha. –Ele a ajeita, com a baba quase alagando o quarto. –Como pode? Eu nunca vi uma criança tão calma. Veio sem dar um pio até aqui. É nossa mesmo? –E se volta para a namorada ao seu lado, também debruçada na grade do berço.
-Não tenho a menor dúvida.
Diego passa os dedos nos cabelos de Roberta, sorrindo.
-Eu amo você.
Um beijo delicado, um jeito tranquilo de abafar o cansaço, de dizer que agora tudo que era estranho e improvável talvez fosse o mais bonito de se ter, mesmo que uma ou outra palavra na sala de pediatria ainda os atormentasse.
Naquela primeira noite, quando estava com a cabeça enfiada no travesseiro, completamente exausta, Roberta ouve um chorinho diminuindo e se levanta. A bebê teria chorado até parar sozinha? Pensar nisso lhe dá um sentimento de culpa. Com os pés descalços e olhos inchados ela abre rapidamente o quarto da frente e se surpreende ao ver Diego colocando-a de volta no berço.
-Era cólica. Já se acalmou.
Roberta deita a cabeça no vão da porta e permanece com ar de encanto para ele. Soube naquele instante que tinha um homem completo ao seu lado. Um homem que apesar de qualquer defeito, sempre a surpreendia.

***

Primeiro banho, primeiro sorriso, primeiros mimos e primeiro mês de vida. São noites de acordar de madrugada e de não ter sossego com as cólicas, fraldas e dores de ouvido, mas também são dias mornos em que Roberta se senta agradavelmente na varanda no final da tarde com um anjo nos braços, expõe aquela pelezinha clara a alguns poucos raios de sol e a vê crescer entre os enigmas de seus olhos. Dias e noites que ainda se repetiriam por algum tempo.
Agora, porém Roberta lembra que precisa voltar para a faculdade ou as coisas vão ficar complicadas. Tinha tido sorte no ano passado, pois mesmo na situação em que se encontrava conseguiu atingir a média. Não que isso fosse muito bom, mas era o suficiente. Carla agora saía todo fim de semana da clínica e em dois meses sairia definitivamente. Estava muito bem e precisava acreditar que nunca mais passaria por algo parecido. Enfim, o sonho de ter novamente a banda unida no palco seria realizado.

***

A noite está bonita e fresca quando Diego chega em casa. Desde que voltou para a faculdade chega ainda mais tarde, mas chega sempre muito feliz. A porta aberta encontra passos no silêncio. Ele retira a jaqueta e joga sobre o encosto do sofá indo até a poltrona onde elas estão cobertas pela luz dourada do abajur.
Um dos sapatinhos da bebê está quase caindo enquanto dorme sobre o peito de Roberta. A bochecha gordinha abaixo do queixo dela, as mãozinhas fechadas e encolhidas a cochilar pesado. A cena de longe já é um conforto, uma paz em dias cansativos, de perto então é uma realidade indescritível.
Roberta tem um livro em uma das mãos, pois estudava com a filha no colo, sempre brincando ou cantando para fazê-la dormir. Diego o retira e coloca sobre a mesinha, mas quando tenta pegar Nina, a garota abre os olhos.
-Oi... –Ele acaba de pegá-la no colo e sorri.
-Nossa, que horas são?
-Quase sete.
-Eu apaguei. –Roberta mexe no cabelo. –E ela também.
-Duas dorminhocas. –Diego ri e dá um beijo na testa da filha. –Vou colocar ela no quarto e venho te buscar, pode ficar aí.
-Hm... Então tá.
Roberta volta e se estica sobre a poltrona se espreguiçando enquanto o espera. Não passa alguns minutos e ela ouve os passos escada a baixo e logo Diego se ajoelha frente ao sofá entre suas pernas, passando as mãos por trás de suas costas. Começam um beijo, um barulho dos lábios calorosos, até que sem se aprofundar demais, ela para.
-Sinto te informar que eu preciso de um banho.
Diego dá de ombros.
-Eu também preciso... Mas ouvi falar que estamos em racionamento de água. Então, poderíamos economizar tomando juntos... Sabe... Pelo bem da terra...

Comentários

  1. tou literalmente sem palavras... que coisa mais linda, ameeeeeeeeeeei demais, parabéns Aline, tá super perfeito <3. cada vez mais amando a web

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  2. Ai que lindo! Tô besta, esperei o dia todo por esse cap! Nem acredito que o nome da baby é Nina! Eu tava quase te pedindo pra por esse nome nela, porque sempre que eu imaginava a vida do casal,a bebê chamava Nina! :')
    Raiane

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  3. Ain que coisa mais linda..
    E coitado do Diego ,ajuda ele Aline ,tadinho!
    ESperando o 56 ansiosa!

    Posta +++++++

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  4. Posta ++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++
    Vou pirar meu cabeção!

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  5. Voce ganhou um selinho parabens!!

    http://lokasporluar.blogspot.com.br/

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  6. Line ta muito fofo,confesso que nunca gostei muito desse nome mais ficou tao perfeito nela que comecei a amar o nome Nina!!!!
    (Bjusss Julia)

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  7. cara que Perfeito ! ri muito com o Tomais como Petrusca ou Gertrudes Black que louco kkkkkkkkkk

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  8. aaaaaaaaaaaaaaaaaaa que lindo Aline cada dia fica melhor ...

    Alice

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