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Cap 54 (faculdade) Feito de sua carne, de seus ossos, de seus sentimentos e defeitos

Foi como se todas as suas dúvidas fossem sanadas naquele instante e não houvesse mais falta de fé neles ou qualquer vestígio de mágoa em suas lembranças. A vida tinha valido à pena só por aquela sensação e nada mais além de uma a beleza se instalando em cada instante de vida neste dia.
Diego passeia de lado e outro, o coração com saltos ornamentais o enlouquecia. Porque não poderia ficar lá dentro? Esse tempo o estava castigando, presenteando, fazendo dele um homem, um garoto, um eterno aprendiz que entre problemas e alegrias estava gostando muito da vida, enquanto ela nada lhe tirasse.
-Por favor! –Ele cerca uma enfermeira. –A minha namorada, eu preciso saber como ela está!
-Espere o médico. –A mulher saiu deixando-o ainda pior.
Eva chega acompanhada de Franco, Leonardo e Sílvia atrás deles, como se houvessem combinado, e os amigos, comendo unha, olham Diego com uma parcela de sua tensão, porque era impossível alguém mais tenso que ele (tirando Roberta, claro).
-Como está minha filha? –Eva vem aflita.
-Eles não me dizem nada! Já tem muito tempo que estamos aqui e nada!
-Eu vou ver o que faço!
-Espere Franco, eu vou com você! –Leonardo o segue.
Diego não arreda pé, fica tempos esquecidos por ali. Os amigos vão e voltam, oferecem-se para ficar e avisá-lo caso ocorra algo, mas não adianta, ele passa todo o tempo à espera, sem comer, beber ou respirar o suficiente. O dia ainda nem está perto de amanhecer quando o médico chega.
-Você é o pai?
-Sim. –Ele sente as pernas tremerem.
-Temo informar que será um parto de risco, você terá que assinar um termo de responsabilidade pela criança.
-Por quê? O que está acontecendo?
-Se acalme, é um procedimento normal nessas circunstâncias, pois é um parto prematuro. Vamos fazer de tudo para que mãe e bebê fiquem perfeitamente bem.
Diego conversou com o médico e no fim concordou em assinar, não menos aliviado, ao contrário, seus dedos ficaram ainda mais trêmulos e sua voz ainda mais sufocada.
No quarto, Roberta estava entre o céu e a terra, perdendo as forças e também a voz. Enquanto o tempo passava arrastado, ela via o movimento das pessoas de toucas e máscaras esverdeadas em sua volta e palavras e mais palavras que não compreendia. O momento mais difícil pelo qual já passou na vida é recompensado com uma melodia surpreendente, um grito forte de vida, um choro infantil de dor e de medo por estar pela primeira vez sentindo o ar rasgar seus pulmões e a luz ferir seus olhos.
Roberta sorri, os olhos se fechando enquanto o vulto de uma enfermeira parte com aquele pedacinho dela. Do outro lado Diego também ouve, o som é instintivamente reconhecido. Ele leva a mão ao rosto e vai ouvindo o som diminuir. Os demais ficam agitados, falando sem parar sobre ninguém vir dizer nada, mas ele nem ao menos estava percebendo o movimento atrás dele.
O médico surge abaixando a máscara do rosto e suspirando alegre.
-2 quilos e 350 gramas! Nasceu às 05h57min da manhã, dia 12 de janeiro de 2013. Parabéns.
Os pais e amigos se aproximam, surtando junto com Diego.
-E como estão? –Eva avança e em seguida todos se amontoam.
Diego fica quase louco tentando conversar com o médico em meio a tantas bocas escandalosas.
-Foi um procedimento difícil. –Ele finalmente consegue um minuto de silêncio para explicar. –A mãe está sedada, mas acordará dentro de alguns minutos, já a bebezinha está com o pediatra e...
-É menina? –Diego sorri.
-Own... –Alice junta as mãos. –Eu sabia! Tinha certeza!
-É uma menina muito bonita.
-E a gente já pode ver? –Tomás também avança.
-Como ela nasceu de oito meses... –O médico explica. -... Tivemos de leva-la para a incubadora, mas em instantes poderão vê-la.
Quando o médico sai eles começam a falar, a comemorar.
-Aí Diego! –Tomás bate em suas costas. –Uma garotinha cara!
-Minha neta... –Leonardo olha pra Sílvia segurando as lágrimas. –Minha primeira neta.
-E única por muito tempo. –Márcia acrescenta rindo.
-Ai gente! –Alice olha para o teto com gracejos. –Quero tanto ver minha sobrinha!
-Todos nós! -Carla se agita.
Foram alguns minutos para todos se amontoarem atrás do vidro do berçário. Ela estava lá, silenciosa dentro de uma caixa de vidro com duas aberturas.
-Nossa, é tão pequena. –Théo observa.
Eva coloca as mãos sobre o peito e chama Franco. –Olha bebê! Olha que coisa linda!

-Uma filha. –Diego repete baixinho sem que ninguém perceba, os olhos presos na imagem distante daquele rostinho.
Eram cinco letras, ele contou. Ela iria dormir em seu colo, beijar seu rosto, chorar à noite e fazer pirraça. Iria ter um sorriso que o derreteria, iria jogar amarelinha, brincar de boneca... Ou talvez não, talvez quisesse jogar bola ou soltar pipa... Mas a verdade é que sim, ele tem agora uma filha e o sorriso parecia ter se parafusado eternamente em seu rosto. Pai... O que significa isso? Diego fica pensando. Só ela poderia lhe ensinar a ser um.

***

Ao entrar no quarto onde está Roberta um pouco depois, ele se senta na cadeira ao lado da cama. Ela está acordando, os olhos morteiros ainda mostrando uma leve inconsciência. Um beijo. Ele lhe dá um beijo sobre a testa, afasta os cabelos dela do rosto cansado.
-Diego? –Ela sente uma diferença. –Cadê ele? O que aconteceu?...
-Psiu... Fica tranquila. –O rapaz está sereno. –Ela está bem, e é linda...Tão linda quanto você.
Roberta sorri. –Ela?
-É... Temos uma menina, meu amor. –Ele acaricia seu rosto.
-Eu quero ver ela! Diego faz eles trazerem ela pra mim! Por favor!
-O médico disse que logo vão trazer, ela está na incubadora.
-Por quê? O que ela tem? –Roberta se assusta.
-Nada, é porque nasceu antes do tempo, é bem pequena ainda.
Os amigos entram, amontoam-se no quarto que felizmente é espaçoso.
-Roberta, diz pra ela que eu vou ser a madrinha! –Alice esperneia.
-Não vai mesmo! –Carla põe as mãos na cintura. –Você já é tia, nada mais justo que eu ser a madrinha!
-Pedra, papel, tesoura. –Tomás e Pedro jogam.
-Eu ganhei! Ah moleque, perdeu Tomás! A afilhada é minha!
-Isso não é justo!
-Dá pra vocês pararem? –Roberta reclama. –Bando de doidos! Vou jogar uma comadre em vocês daqui a pouco!
-Então você decide quem vão ser os padrinhos agora, minha filha! Eu já ganhei aqui, só falta você decidir. O Diego não faz muita diferença, quem passou o aperto foi você...
-Ai, não acredito! –Roberta revira os olhos. –Ninguém trouxe um doce pra jogar pro Tomás ficar caladinho não?
A porta do quarto se abre e eles se viram instantaneamente. Roberta perde as palavras ao observar a enfermeira de uns cinquenta anos, de olhar bondoso e andar leve, entrar com um embrulhinho branco nos braços.
-Com licença...
Todos os demais acompanham com os olhos enquanto só Roberta sente a barriga esfriar. Os nervos dos seus braços tencionam, o coração pula, grita, esperneia... Ela se esforça e sobe na cama, estica os braços com um sorriso no rosto, quase implorando à enfermeira.
-Viemos conhecer a mamãe. –A mulher a deposita naquele ninho entre o seio e os braços.
Roberta fica olhando, um sorriso intenso, os olhos molhados. A mente observa e guarda: Cabelo ralinho; Lábios rosados, redondinhos e grossos; Mãos e pernas pequeninas e frágeis demais para sequer conseguir se erguer. Feito de sua carne, de seus ossos, de seus sentimentos e defeitos, o corpinho amolecido e quieto estava adormecido e entregue. Que medo sentia, doía o peito, a garganta. Queria apertar e não podia, queria gritar e não entendia. Então Roberta chegou o rosto bem perto das bochechas rosadas e ouviu um sonzinho quase imperceptível da respiração dela.
-Oi... –Sussurrou. –E foi deixando um primeiro beijo de muitos sobre a pele macia, e este entrou direto no coração da menina. Era incrível demais para ser de verdade, mas era.
-Você é mesmo linda, sabia?
Os que estavam em volta nada diziam, seria difícil pronunciar qualquer palavra sem soluçar. O silêncio durante a visualização da cena foi hipnótico. Impossível não olhar, não sentir a ternura branda que exalava paz em territórios instáveis.
-Desculpa por te enlouquecer Diego! –Roberta o olha com carinho.
O rapaz está com as mãos a pegar nos dedinhos da filha, a velar um leito de nuvem. Não aguenta o nó enforcando-o e expõe os olhos vermelhos.
–Tudo que mais me trouxe felicidade até hoje veio de você Roberta. Se eu tenho um motivo para viver a cada dia é você que me dá. E olha! –Ele ri e tenta se segurar. –Quem tem coragem de dizer que sentimentos não são concretos quando tem um pedaço do seu coração e do meu batendo juntos nela?

Comentários

  1. Meu Deus, que perfeição de capítulo!! Você está de parabéns mais uma vez, é incrível como consegue nos prender em sua história, com tantos detalhes que a tornam encantadora!! Este capítulo me deixou com lágrimas nos olhos!!
    Obrigada por não parar de escrever, pois passo aqui todos os dias esperando por um capítulo novo e este seu jeito tão maravilhoso de escrever! =D

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  2. Muuuuiitooo lindooo Alinee!!! Tive q me segurar pra ñ chorar rsrsrs!!!! Vc escreve megaa beem, e esse cap é uma das provas disso, entre tantas outras!!! Ja estou esperando o próximo... Eu nunka contei, + acho q de 2 em 2 hrs ou menos ainda, eu passo aki para ver se vc postou!!! PARABÉNS... fikou LINDOOO!!! :)

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  3. POSTA MAIS PFVR! TÔ MORRENDO DE TANTO CHORAR, TÁ LINDO DEMAIS, EMOCIONATE DEMAIS, PERFEITO DEMAIS! *-*

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  4. eiiii posta maiiis, acho que não vou aguentar até amanhã não!

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  5. Geeeeeeeeeente que lindo! *-*

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  6. Qual palavra usar para definir este capitulo?
    Não há.. Tá perfeito ,maravilhosao ,escelente ,tudo de bom. Aguardando o 55 ansiosa.

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  7. que coisa mais linda!! ameeeeeeeeeeeeeeei demais, incrível, emocionante este capitulo, parabéns Aline... chorei de emoção ao ler.

    PERFEITO <3, tou sem palavras

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  8. Você consegue se superar a cada capítulo! Me fez chorar dessa vez... [risos] Beijos, Line!

    PS: agora vou ficar querendo que você não escreva uma nova história, mas sim essa que está maravilhosa! :)

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  9. Posta +++++++++++++++++++++++++++=
    Ameeii *-*

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  10. aaaaaaaaaaaaaain qq Lindoooo .. qando vaai postaar maais ?? to anciosaaaa ..! Mtoo Lindooo !

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  11. Posta mais por favor capitulo perfeito!!!!
    nada pode acontecer com a bebe pfpfpf

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  12. Line é meio difícil pensar que você não gosta muito de escrever sobre esse assunto,porque me fez chorar rios com esse capitulo,ele ta simplesmente PERFEITO!
    Mais uma vez falando que você é uma excelente escritora,que deve sempre continuar escrevendo,lançar muitos e muitos livros pra nós e para outras pessoas conhecerem o seu talento!
    (Bjão Julia)

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  13. Mas eu gosto de escrever esses assuntos, na vdd adoro escrever personagens infantis, pais e filhos, essas coisas... Só não queria escrever na web, mas tentei fazer de um jeito q acabasse gostando, q não ficasse igual a mtas coisas q já li por aí, ao menos eu acho. '-'

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  14. lindo o capitulo, tow curiosa com o proximo, posta +++++++++++++++

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  15. Não consegui tive que chorar de tanta emoção.
    Continue assim e vai chegar aonde quer!!!

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  16. ja é minha segunda vez que leio este capitulo muito lindo amei *-----*

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