Sílvia
voltara para casa para cuidar dos meninos enquanto que Eva, Franco e Leonardo
vieram para a espera junto com os filhos. Tomás havia ido levar Carla para
visitar um centro de recuperação para pessoas com distúrbios alimentares e
ainda não sabiam do ocorrido.
Quando a
médica saiu do quarto, Diego e os demais a cercaram. Ela escrevia em um
prontuário e mal os olhou nos olhos.
-E então?
-Eu disse
que o mais provável era que não resistisse, não é? –A mulher não o poupou.
-Mas...
–Diego fica sem chão. Os membros adormeceram-se em instantes. O mundo parecia
imenso e ele somente um inseto sendo esmagado ao acaso. A médica o retira do
poço em alguns segundos.
-Só que
parece que ainda está firme. Está realmente firme. –Ela fala mais consigo
mesma, quase desacreditando. -É uma vida insistente essa que vocês têm.
-Então está
tudo bem?
-Quase.
Vocês já podem ir para casa, mas ela vai ter que se cuidar muito. Aqui estão as
instruções para cuidados que sua namorada deve tomar.
Diego pegou o papel sorrindo, sem ver que em
suas costas, todos suspiravam aliviados. Os pais disfarçando o molhado dos
olhos e os amigos rindo radiantes, sem nenhuma dúvida de que era o que
aconteceria.
***
Mesmo Eva
tendo insistido muito, a filha não aceitou ir para sua casa. Queria ficar longe
de toda confusão que havia se instalado em sua vida, então com muito custo a
mãe lhe entregou a chave da pequena casa onde Roberta queria ficar até ter um
novo apartamento.
-Não, fique
com a casa! E nem venha com isso de independência que eu sei que você vai
precisar. –Eva dá um basta na conversa. –E não quero saber de você na
gravadora.
-Mas mãe...
-Não
senhora, repouso absoluto até segunda ordem. –Eva pega a bolsa da filha e
coloca sobre a cama de volta. –Agora precisamos conversar. Senta aqui.
-Ah não
mãe... –Roberta revira os olhos. –Eu não quero palestra.
-Senta e
escuta! –Eva é dura. –O que eu tenho pra falar é importante.
Roberta se
assusta com o jeito da mãe e obedece.
-Acho que
nunca conversamos sobre tudo que precisava.
-Tudo o que?
-Eu passei
pelo mesmo que você está passando. Tinha a sua idade quando engravidei.
-Disso eu
sei.
-Mas não
sabe dos detalhes... Filha, eu te amo, e não me arrependo um segundo de ter
tido você. Mas foi muito complicado pra mim e ainda é. Eu não era madura o
suficiente...
-Era? –Roberta
ri.
-Ok... –Eva retribui
o rosto brincalhão. –Eu nunca fui uma ótima mãe, mas eu tentei, mesmo passando
enormes dificuldades com você.
-Sério? Que
tipo? –Roberta fica curiosa.
-Você
adoecia e eu não sabia o que fazer, ficávamos as duas chorando! –Eva ri. –Outras
horas eu tinha que estudar, que trabalhar... Ou queria ir para festas, namorar...
Mas eu havia deixado de ser prioridade, a minha vida estava em segundo plano.
Tirando que até quando você ia pra escola meu coração ficava apertado.
-Fala sério,
mãe!
-Mas é
sério... Quando você é mãe você está sempre com medo de algo ruim aconteça,
nunca mais tem sossego, não dorme mais com a mesma tranquilidade...
-Acho que ainda
não caiu a ficha.
-Você tem
muita gente do seu lado. Eu sou a primeira que você pode chamar. Você sabe
disso não é?
-Sei.
Roberta
sorri e encara a mãe. Eva lhe dá um beijo na testa e se levanta rumo à porta.
-Mãe.
-Hm? –Eva se
vira com o chamado.
-Você é uma
ótima mãe.
***
Carla chega
à mesa do almoço. Muitas meninas estão naquele centro em situações piores que a
sua. Algumas estão tão magras que seus corpos são quase infantis. O pior é que parecem
gostar de se parecer com uma menina de 12 anos em vez de se parecer com uma
mulher. Carla sente que esteve perto disso.
Quando Tomás
a deixou ali ela quase desistiu e voltou com ele, mas o namorado segurou firme
sua mão e lhe disse “Eu acredito em você”, assim a força se transmitiu de um
olho ao outro e Carla assinou os papéis de internação sem consultar ninguém
além dele, já era maior e podia decidir por sua vida. Talvez essa fosse uma das
poucas vezes em que fazia uma escolha tão difícil e tão necessária.
Ao se sentar à mesa com o prato de legumes e alguns carboidratos, percebeu que não era a única a
sentir repulsa pela comida. As meninas ali demoravam horas para mastigar. Engolir
era quase uma sentença de morte, o que não é uma boa comparação, pois morrer
não fazia diferença se no caixão as pessoas as vissem magras.
-Eu consigo.
–Carla pensa alto. –Eu consigo.
***
E enquanto
ela se esforçava para se recuperar, Tomás estava se encontrando com os amigos na
saída do hospital. Sua reação à notícia foi a mesma deles, olhos arregalados e
queixo caído, mas sua descontração logo quebrou o clima.
-Gente,
vamos ter um sétimo rebelde! É a nova geração chegando! Temos que comemorar!
Eles riem
das bobagens de Tomás e logo Diego e Roberta entram no carro do motorista de
Eva, e o garoto vai com eles. Pedro e Alice os seguem de moto e logo chegam à
casa que a cantora havia deixado para a filha.
Ao descer e
abrir o portão, Roberta se encanta. Há um gramado na frente da casinha de dois
andares. Ela não é tão pequena, tem janelas de madeira com vidros transparentes
e telhas coloniais. Ao lado dos muros tem plantas, flores e arbustos, um
caminho de pedras leva até a porta da frente onde há uma varandinha com ganchos
para pendurar redes. Lembra a casa de praia onde havia passado o fim de semana
com Diego. Tudo tem traços rústicos lembrando natureza, paz e silêncio mesmo
ficando a poucos minutos do prédio onde moravam antes. Tudo o que ela queria no
momento se apresentava diante dela.
-Adorei essa
casa. –Diego olha com o mesmo brilho da namorada. –Vamos entrar.
Quando
entraram a casa estava limpa e a mobilha era acolhedora. Tudo a pedido de Eva.
Logo eles se acomodaram e começaram a conversar.
Pedro começa.
–Como vamos fazer com os shows?
-Eu não
posso continuar na banda, como todos já sabem. –Roberta se aborrece ao dizer e
deita a cabeça no peito de Diego.
-Bom. –Tomás
se prepara. –Eu já contei pro Diego e pra Roberta enquanto estávamos vindo que
a Carla trancou a faculdade e assinou os papéis para ficar um ano em tratamento
por causa da bulimia. A Eva ficou de cuidar dos problemas com o empresário.
-Então a
banda vai acabar? –Alice tenta não concluir a verdade.
Acho que vamos
ter que dar um tempo. –Pedro se vira para ela, também desanimado. –Não vamos
ter condições de continuar.
-E será que
vamos conseguir voltar um dia? –Roberta fica temerosa.
-Claro. –Diego
sorri para ela. –Eu não tenho dúvida, mas enquanto isso eu vou voltar a estudar,
vou trabalhar bastante e cuidar de você.
-Hm... –Ela o
beija.
-Ei, esperem
a gente sair! –Tomás brinca.
-Eu também
vou trabalhar enquanto os shows não voltam. –Pedro avisa. –Não vamos desistir
dela por nada.
-A minha mãe
vai dar um jeito de divulgar a banda nesse tempo e preparar a nossa volta.
-Sério? –Diego
olha Roberta falar abaixo do seu queixo.
-É, ela
disse que o público vai ficar afiado a nossa espera. Até o ano que vem vamos
ter um figurino inteiro preparado e músicas feitas com perfeição. Vamos ser uma
nova e melhorada banda.
A conversa
rendeu mais alguns minutos, mas quando tudo que era preciso foi dito, os amigos
partiram, deixando o casal sozinho para falar de coisas que em suas mentes
ainda fervilhavam. Roberta fecha a porta da frente e volta para o sofá onde
está Diego e se acolhe nos braços dele, abraço apertado e longo, um cheiro de
carinho nas roupas, um frescor no encostar das bochechas, uma sensação de
segurança nos dedos que afundam na pele do outro.
-Eu estou com
medo...
Ele a solta
e passa a mão em seu rosto tenso, sem dizer nada. Ela continua.
-Ainda não
acredito, eu... Eu to feliz por nada de ruim ter acontecido, mas to preocupada.
-Não fica. A
gente vai conseguir, eu tenho certeza que tudo vai ficar bem.
-Como pode
ter certeza?
Diego pensa
um pouco.
-Já percebeu
que algumas coisas acontecem sem que a gente se prepare? Tipo nós dois?
-Nós dois?
-É... Eu e
você não éramos um casal provável. Ninguém acreditou em nós dois e estamos
juntos, agora ninguém acredita que esse bebê esteja vindo na hora certa, nem
pro casal certo, mas se for pra ser nosso, vai ser. Eu sei. Ninguém vai impedi-lo
de vir assim como ninguém nos impediu de ficarmos juntos. Que se dane a probabilidade! Não faz sentido ainda
pra muita gente que dois teimosos, brigões e encrenqueiros consigam se amar. E
mesmo assim nós nos amamos não é?
-E como... –Roberta
se conforta com as palavras e nem percebe que começa a sonhar.
-Estranho pensar
nele.
-É um pouquinho de mim, um pouquinho de você, jogamos no liquidificador e nasce
um pedaço do nosso amor.
-Ah...
Roberta aproxima a
boca da dele e envolve calmamente os braços em seu pescoço. O beijo calmo, o
abraço seguro, o encontro demorado de um sentimento que havia passado por
tantas coisas que conservava uma armadura quase imbatível.
De olhos
fechados, provando o sabor do outro, um pouco de cansaço e temor vai se unindo em
um prazer que desejam ter continuamente, como aqueles sonhos bons dos quais a
gente acorda e diz a si mesmo “vou fechar os olhos e tentar voltar”...
cada vez mais amo a web, tá super incrível. posta mais pf
ResponderExcluirPosta ++++++++++++++++++++++++++++++++=
ResponderExcluirLindo *-*
Amo a cada capítulo essa web,não canso de dizer que você escreve muito bem Aline,Parabéns!Quero mais capítulos e espero que o bebê seja uma menininha ;)
ResponderExcluirÉ verdade Line a cada dia você se supera!amei esse capitulo ta simplesmente DEMAIS!!!!
ResponderExcluirE tambem espero que o bebe seja uma menininha ;)))
Que lindo!! Eu imagino um filho deles.
ResponderExcluirPosta mais.
aaaaaaaaaa Que Liindo Aline . O bebê deles vai ser lindo . Tomara q seja um menina , tó sonhando até com o nome . Aline parabéns pela web . Se for menina vc coloca o nome de Luna ? Acho esse nome Lindo é o nome da Lua em Espanhol .
ResponderExcluirBeijão e Posta mais .
Alice