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Cap 48 (faculdade) "Isso", de tão cruel não tem som


Uma noite inteira. Um passou em uma maca de hospital e o outro em uma cadeira desconfortável e fria velando seu sono. Ela dormiu até a madrugada e quando acaba de acordar o procura.
-Diego? –Primeiro ainda piscando os olhos embaçados, depois olhando para as paredes. –Diego!
-Eu estou aqui! Eu estou aqui!
Tão rápido quanto pode, ao acordar de seu cochilo de quebrar o pescoço, ele correu para onde ela estava e acariciou seu rosto com uma das mãos enquanto com a outra enlaçava os dedos nos dela.
-O que houve?
-Que bom que acordou. Como se sente?
-Confusa. O que houve?
-Dói alguma coisa?
-Mais ou menos. Mas o que houve, Diego?
-Onde dói? Quer que eu chame a enfermeira?
-Eu to bem, agora me fala o que houve antes que eu tenha um ataque!
-Ok, ok! Bom...
Diego pensa um pouco. Seria complicado explicar tudo àquela hora, então pulou a parte da gravidez, falando somente dos irmãos que haviam sido cúmplices na tarefa de assustá-los. Só que um foi longe demais, deixando o outro arrependido de ter pensado que era só uma brincadeira.
-O Caio fez isso? –Roberta não acredita.
-Fez. –O namorado fica cabisbaixo, ainda decepcionado com a amizade traída. –Vamos ter que nos mudar, não quero correr riscos. Já acionei a polícia, mas minha preocupação agora é encontrar outro lugar onde possamos ficar.
-Nós? –Ela o olha com desdém. –Agora você fala de nós?
-Roberta...
-Não. Eu não aguento mais. Você tem que decidir se vai ou não confiar em mim!
-Calma, isso pode te fazer mal.
-Mais do que você já fez não vai.
-Eu errei, eu fui um verdadeiro idiota. Por favor, faço qualquer coisa pra você me perdoar. Eu quero cuidar de você, te proteger.
-Eu não sei. –Roberta faz uma expressão desanimada. –Seu ciúme é...
-É ridículo, é idiota, é patético, é... –Ele não sabe mais o que dizer. –É algo muito forte, porque o que eu sinto por você é muito forte. Eu deixo você decidir o meu castigo. -Tenta brincar. -Ou pode ficar com o último desejo.
-Hm...Acho que eu sei onde a gente pode ficar. –Roberta fica pensativa e o faz sorrir. –Mas nem pense que eu te perdoei, só quero acreditar na gente como sempre acreditei. Minha mãe tem uma casa, não é muito grande, na verdade é uma casa pequena que ela aceitou como pagamento de um show.
-Hm?
-É, o cara enrolou ela e enfim... É uma longa história. Mas a casa não fica muito longe e talvez ela deixe que moremos nela até termos um lugar nosso. Me dá o telefone que eu ligo pra ela.
Diego tirou o celular do bolso e lhe entregou. Ficou olhando para Roberta enquanto ela e a mãe discutiam. Eva dizia que viria para o hospital e estava fazendo o maior drama por ninguém tê-la avisado sobre os acontecimentos.
Deixou-a falando com a mãe e saiu do quarto. Queria urgentemente encontrar o médico para saber como sua namorada estava e também o feto. Era difícil falar a palavra filho, ainda não havia se acostumado com ela e duvidava que Roberta fosse se acostumar primeiro. Reagir bem à notícia já seria complicado.
-Ei! Eu preciso falar com você!
Dr. Cecília estava adiante, com uma expressão tensa no rosto, como alguém que não tem boas notícias a dar a ninguém naquela noite. Esperou que ele se aproximasse para lhe dizer da forma mais direta possível.
-As drogas que circulam ainda no sangue dela, formam um veneno perigoso para qualquer vida, inclusive a dela própria. Se até amanhã o feto resistir nós a liberamos e vocês podem voltar para casa, mas se não, nós faremos uma coletagem.
-Como?
Diego engoliu a seco e apertou os olhos. Já estaria sofrendo por um microscópico ser que evitava pensar como uma criança? Ele não sabe. O nó na garganta é notado pela médica, mas ela, em tantos anos de experiência entende a verdade como um valor supremo. Não importa o quanto seja doloroso, inventar contos de fada não era sua tarefa.
-As chances de que essa gravidez prossiga são quase zero.
-Mas há uma chance? –Diego se vê desejando que tenha.
-Muito pequena, ainda que resista será uma gravidez de risco até o fim e ainda poderá nascer um bebê com problemas.
-Que tipo de problemas?
-De coração, respiratório...
Diego parou de ouvir quando as palavras foram ficando mais pesadas. Um nó se instalou em sua garganta, uma dor no peito que ele nunca havia sentido na vida. Caminhou de volta como se tivesse um tapete encharcado debaixo dos pés. Tropeçou na própria sombra até entrar no quarto se firmando no orgulho masculino que lhe dizia para ser o protetor, o forte.
-Ai, Diego, até que enfim... –A voz de Roberta ainda estava fraca e os olhos morteiros, como se ainda estivesse com sono. –Onde você estava? Disseram quando eu posso ir embora?
Ele vem se aproximando e senta na cama, de frente para ela. A maca está um pouco levantada e a conversa olho no olho fica fácil, fisicamente falando. Ele segura sua mão direita.
-Preciso te contar uma coisa.
-Conta. –Ela sorri, despreocupada.- Não precisa fazer essa cara, eu não estou com tanta raiva de você assim.
-Você é muito linda. –Diz passando seus cachos para trás da orelha. –Devia parecer um anjo quando criança.
Roberta ri erguendo as sobrancelhas.
-Fisicamente pode até ser, mas eu era uma peste. Subia nas árvores, brincava no barro e depois sujava a casa toda, roubava doce na geladeira... –De repente ela esbarra em um sorriso triste no rosto de Diego. –Mas... O que foi?
-Com licença. –A médica entra e corta a conversa. –Vim ver como está se sentindo.
-Estou bem...
Roberta fica olhando para Diego que se levanta para dar espaço à médica e seus rostos preocupados e confusos fazem Drª Cecília abrir sua malinha de conselhos.
-Não fiquem com essas caras, vocês são jovens. Foram vítimas das circunstâncias, mas um dia vocês estarão adultos e preparados para isso. Sei que essa gravidez nem era desejada, então...
-Como? –Roberta se espanta.
-Para aliviá-los lhes digo que é quase um zigoto que você tem aí, ele mal tem forma. Pensem que isso mal pode ser chamado de filho ainda.
Com um tapinha no braço de Roberta e um sorriso opaco, a mulher saiu, satisfeita e sentindo-se uma ótima conselheira.
“Isso?” –Roberta fica paralisada, movendo os lábios para dizer algo que de tão cruel, não tem som.
-Eu ia te contar. –Diego volta para ela.
-Como... Como isso pode ser possível?
-Algum dia que a gente não usou camisinha.
-Mas e o remédio? Não vem me dizer que eu esqueci, porque eu tomei todos os dias!
-O que você tomou não era o anticoncepcional. –Diego permanecer calmo e conta como o irmão de Caio trocou os remédios no intuito de fazê-la engravidar e perder. –Era uma vingança contra mim que atingiu você também.
O rosto choroso de Roberta não revela a quantidade de destroços que tem no coração.
-Roberta, me perdoa... –Diego segura o rosto dela que se perde na miragem do quarto. –Eu sou uma besta, eu não quero mais errar com você, não vou te deixar sozinha nunca mais. Eu prometo.
A garota não parece estar ouvindo, é como se estivesse viajando pelas lembranças, pelas palavras.
-Eu não queria, Diego...
-O que? –Ele se aproxima apertando as mãos dela.
-Eu gritei que não queria... Que seria um desastre... –Ela está sem rumo. –E agora... Ele vai morrer. Aquela médica imbecil tem certeza disso!
-Ei, ela não sabe de nada. –Diego a abraça e lhe beija o rosto. –Ele não vai morrer tá? Eu não vou deixar.
Assustada, com um choro incontido, ela envolve os braços em torno do pescoço de Diego e descansa em seu abraço. Embalada com beijos sobre os olhos que retiram a lágrima dolorida e colocam uma gota de esperança em seu lugar, ela deixa o medo dormir e a fé acordar. Mesmo que um fiapo esteja arrebentando e se perdendo, mesmo que a vida seja frágil e pequena, mesmo que o que antes era temido hoje seja querido. Algo mais forte vem de dentro, tem coração próprio.

Roberta adormece com os olhos inchados sobre o peito de Diego. Este nunca a tinha visto daquele jeito e ainda sentia que ela estava sendo forte e se segurando ao máximo para não desabar sobre ele, já que era orgulhosa demais para isso.
A madrugada está passando. O relógio marca três da manhã e um silêncio perturbador entrava naquele quarto, mas não trazia o sono. Diego continuava a enlaçar os dedos nos cabelos dela e desejava que por nada nesse mundo Roberta acordasse.
-Se algo ruim acontecer, que aconteça com você dormindo. –Cochichava, enquanto lhe beijava a fronte. –Não quero que sofra.

Comentários

  1. posta maaaaaaaaaaaaaaaaaais pf
    amo demais a web

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  2. Ahhhhhhhhhh ,eu agora fiquei tensa ,tensa até demais´
    Capitulo otimo!

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  3. Aí Aline, quando vc posta o próximo?? Ein?? To ansiosa. Não to aguentando mais.
    'Mariin A.

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  4. NÃO MATA O BEBÊ, NÃOOOOO. POR FAVOR, ELE VAI SER TÃO PERFEITINHO. POR FAVOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOORRRRRRRRRR

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  5. Continuaaaaaaaaaaaaa

    tá ficando lindo

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  6. ++++++++++++++++++++++++++++++++

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  7. É não mata o bebe,ele ou ela vai ser tao perfeito!
    POR FAVOOOOOOOR Line!!!!
    (Bjão Jlia)

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  8. Aline qnd vc vai postar o capitulo 49 ?? Ansiosaaa

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  9. Aline por favor não mata o bebe. Posta ++++++++

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  10. Confesso Chorei com esse capitulo , não mata o Bebê Aline .

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