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Cap 36 (faculdade) - A culpa


 Mesmo tendo tomado todas as precauções possíveis, não é de se surpreender que Roberta e Diego ficassem confusos, já que são muito jovens e inexperientes.
 Eles não sabem bem o que pensar, talvez até acreditem que haja possibilidades de engravidar mesmo tomando remédio e usando camisinha.
 Os dois conversam durante mais alguns minutos e resolvem trocar de mesa. Vão para onde os amigos estão e jantam com eles.
-Então, vocês já...?
-Não, Alice, eu não estou grávida...
 A patricinha faz um ar sem graça ao ouvir a frase estressada de Roberta.
-E vamos falar de outra coisa, porque se eu rir mais hoje não vou conseguir comer minha sobremesa!
-Então vamos falar do show, ué. –Tomás puxa o assunto. –Precisamos escolher as músicas e também o figurino.
-E temos que ensaiar. –Alice se lembra. –A gente se esqueceu de passar duas músicas.
 E com isso o que era para ser um jantar informal acaba se tornando um jantar de trabalho, apesar de que eles não sentem como tal e se divertem horrores com as palhaçadas de Tomás, as ironias de Roberta e as frescuras de Alice.
 Assim que está tudo decidido e a sobremesa acaba, as meninas vão ao banheiro, juntas, como é o costume feminino, deixando os garotos conversando na mesa.
-Então, ela não tá mesmo grávida?
-Ela disse que não está atrasada. –Diego responde a Tomás, meio em dúvida.
-Mas a minha tia teve as... Bom, ela chamava de “regras”. Sempre me disse que teve até os 9 meses, então estar ou não atrasada pode não querer dizer muita coisa.
-Isso é possível?
-E como a Roberta tem certeza de que não esqueceu de tomar o remédio? –Tomás faz uma cara de desconfiado. –Além do mais a ciência falha, quem diz que remédios impedem a vida?
 O tom do garoto parece mais um discurso ideológico que uma conversa normal.
-Muitas mulheres tentam abortar e a criança sobrevive, outras tentam de tudo para engravidar e não conseguem! Gravidez é sobrenatural, cara! –Caio acrescenta.
 Quando as meninas retornam Diego está estático e parecendo pronto a ter um ataque de pânico.
-Que foi? –Roberta o chama.
-Não, nada. Quer ir embora?
-Sim... –Ela repara nele. –Você tá bem?
-To, eu vou, nós, vou chamar um táxi.
-Então, tá...
 Assim que os amigos saem do restaurante, cada um toma o seu rumo. Alguns voltariam para casa, outros tinham planos diferentes, já o casal preocupado não sabia ainda o que fazer. Diego conta tudo a Roberta, tudo que ouviu de Caio e Tomás no restaurante e também o que haviam lhe dito no trabalho, tudo em um tom extremamente assustador enquanto o táxi corta o asfalto rapidamente. Há um momento em que param de falar, talvez espantados demais e fixos nos próprios pensamentos, até que Roberta grita:
-Para aqui, por favor!
-Pra que? –Diego se espanta.
-Você vai ver!
 Assim que o táxi encosta à beira de uma praia, Roberta puxa o namorado pela areia até que solta sua mão e grita.
-Vem!
-Doida!
-Que você ama, né?
-Mais que tudo... –Ele comtempla a imagem dela frente ao mar.
 Se esquecendo dos medos ele vai atrás dela que já está retirando o calçado. Quando termina, começa a correr e chutar as ondas que vinham lhe banhar os pés. Depois mais devagar começa a saborear a calma e o balançar das roupas dançando no vento.
 Diego se senta na areia desamarrando o tênis e a vê ficando mais longe. A cabeça dela se inclina para trás como a receber a bênção da natureza através do vento e da água. A leveza com que passeia dá a ele a impressão de que Roberta não faz parte do universo, não parece se preocupar com nada, ao contrário, parece estar sempre procurando fugir das preocupações como se estas fossem somente um mal desnecessário. Seria melhor caminhar no perigo da noite à beira mar que esquentar os neurônios pensando em soluções para situações das quais nem tem certeza de que podem vir a passar.
 “Não é que ela está certa, vou virar um peixe.” –Diego tem um estranho pensamento e a se levanta com os calçados em mãos.
 Ele vem atrás dela e olha para a mão solta ao lado do quadril indo para frente e para trás enquanto a garota chuta a água salgada.
 Diego laça um dedo no dela que sorri ao vê-lo no instante em que finalmente fica ao seu lado, também pronto a brincar no mar.
-Você não vai entrar, né?
-Não. Eu quero achar uma coisa.
-O que?
-Você vai entender quando eu encontrar.
-Ok... –Ele entrelaça todos os dedos nos dela e caminham por um tempo ali sem dizer nenhuma palavra.
 Em um momento, no entanto, ela se vira ficando à frente dele. Seu olhar brilha com a luz da noite clara de verão e os cabelos são jogados para frente com o vento, mas ela está fixa nele. Sem dizer nada Roberta se aproxima da boca de Diego e lhe dá um beijo inesperado, que é prontamente correspondido. Ele cola as mãos em sua cintura e a trás para mais perto, beijando-a sem pressa por algum tempo, tendo os olhos dos céus como testemunhas e o frescor da noite passando entre os lábios.
-Achei o que eu procurava... –Ela retira-se dele.
 Um laço de paz dentro do coração, um breve sentimento de total falta de responsabilidades, talvez seja somente um sonho, mas pelo tempo que dure a gente acredita que vale a pena procurar.
 Os dias, incessantes dias de atraso do conhecimento, provoca lesões graves no estômago com o suco gástrico que rói junto com o medo, um órgão vital.
 Eles chegam em casa bem tarde e há uma carta debaixo da porta, com letras recortadas de jornal.
“O 10º soldado está pronto para a guerra e vai metralhar você.”
-Que isso?
-Nada. São contas. –Diego esconde o papel de Roberta, mas ela percebe seu nervosismo.
-Me dá isso, eu quero ver.
-Melhor não.
Ela pega da mão dele sem pensar antes e quando lê se volta para ele.
-Você não ia me deixar ver isso?
-Podia te fazer mal.
-Ainda a história da gravidez?
-Roberta, calma, eu só quero prevenir. Eu ia mostrar isso à polícia, depois eu te dizia!
-Eu estou cansada disso, que droga! –Ela vai dizendo e se jogando no sofá esticando as pernas e cruzando os braços. –Esse cara tem que ser pego logo... E esses exames tem que sair logo também...
-Não fica brava, vai?
-Não to...
-Não?
-Vem... –Ela estica os braços e o chama com as mãos.
 Diego se senta atrás dela, se escorando no braço do sofá, com Roberta se ajeitando em seu peito, um tanto encolhida.
-Você já não está tão segura de que não está grávida, né?
-...
-Roberta...?
-... Eu não sei... Depois do que você me contou que os caras te disseram to quase acreditando que existem espermatozóides superpoderosos!
 Diego solta um riso.
-Deixa de ser boba! –E continua a rir quando começa a alisar o cabelo dela, enrolando o dedo nos cachos  que descem pelo ombro.
-É sério... Eu não sei mais o que pensar. Tô...
-Assustada?
-... –Roberta olha para ele um tanto agoniada e volta a deitar em seu peito. –Pode ser. É como se eu não tivesse controle sobre meu próprio corpo, nem sobre o meu futuro! É como pegar uma gripe!
-Acho que é um pouco diferente... –Diego tenta brincar, mas ela está tensa demais para isso.
-Eu acho que nunca me senti desse jeito.
-Nem eu.
-Seria um desastre.
-Uma irresponsabilidade.
-Uma inconsequência.
-...Mas seria lindo...
-Hm? –Roberta se ergue sentando no sofá a olhar para ele com o medo ainda estampado no rosto. –Como “lindo”?
-Por pior que pareça, eu acho...
-Não é lindo, é horrível!
-Ei, também não é assim. Vamos ver o lado bom...
-Lado bom? Que lado bom? O lado em que eu vou perder a faculdade e acabar com a banda?
-Roberta...
-Quer saber de uma coisa? Isso é tudo culpa sua!
-Minha? –Ele se assusta.
-É! Sua! –Roberta se levanta irritada. –Se eu estiver grávida a culpa é sua!
-Eu não fiz nada sozinho não, tá! –Diego também se levanta e os dois batem boca frente a frente.
-Mas você é que sempre esquece as camisinhas!
-E você é quem tomava os remédios! Aposto que esqueceu!
-Então quer dizer que só a mulher tem que resolver tudo e o homem fica só com a parte boa? Você devia ter sido mais cuidadoso e agora vem com machismo!
Roberta avança pelo corredor e Diego a segue até que ela entra no quarto.
-Eu não sou machista! –Diz parado na porta.
-É sim!
-A mulher tem que ajudar o homem, nós não servimos pra essas coisas, e...
-Você poderia ter tentado! –Ela pega um pijama do guarda-roupa e joga com força na cama, como se estivesse se preparando para o banho.
-Eu tentaria se você tivesse me dito que não era capaz de cuidar do próprio corpo!
-A culpa não foi minha! –Ela quase o atropela retornando ao corredor até a cozinha. –Você é que não sabe esperar a hora certa! Não sabe que sexo tem que ser em um local onde é possível se prevenir!
-Você esqueceu o anticoncepcional e a culpa é minha? Você quer me culpar porque pode estar esperando um filho meu? Eu entendi direito?

Comentários

  1. posta mais por favor Aline
    não faz eles brigarem, seria lindo a gravidez e quando vai acabar essa dúvida??

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  2. Eu já postei o 37, a dúvida (talvez) tenha acabado...rs

    ResponderExcluir
  3. Cara eu ri muitoooooooo
    Este capitulo esta espetacular de tão engraçado.

    Darly

    ResponderExcluir

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