Cap 27 (Faculdade) - Fantasia na praia

 Alice não consegue parar de pensar na primeira vez. As implicâncias estão lhe atingindo de um jeito que já está acreditando que é uma aberração ser virgem.

-Oi. –Caio chega e senta ao seu lado. –A Márcia e o Téo já vem, acho que esse passeio vai fazer bem a eles. Parecem brigados... Aquele dia na balada ela deu muito mole pro cara lá e...

-Sei.

-Que foi gatinha?

-Quê? –Alice não ouviu uma palavra.

-Você está distante. Aconteceu alguma coisa? Posso te ajudar?

-Caio você gosta de mim?

-Lógico! Você é linda, eu adoro ficar com você!

-Você é virgem?

-Não! –Caio responde rápido e gargalhando. –Que pergunta é essa?

-Já ficou com uma virgem?

 Alice solta essa sem mais nem menos, deixando o rapaz mudo. Quando Márcia chega com Téo eles acabam saindo sem terminar o assunto. O passeio os espera e talvez nem voltem a tocar nisso. Ela só estava preocupada demais para conseguir se conter e a pergunta saiu junto com uma perigosa ideia.

 Em casa, Carla mexe no notebook da irmã olhando a todo momento para trás com medo de ser vista. Digita algo e lê atenta alguma coisa que parece incrivelmente interessante.

-Que tá fazendo Carla? –Beck a surpreende e a menina fecha a página antes que a irmã perceba.

-Nada. Só tava olhando meu e-mail, você... Você vai precisar dele?

-Que nada, pode olhar, eu estou saindo, vou correr pela vila.

-Tá bom. –Carla tenta sorrir, mas está assustada.

 Assim que a irmã sai do loft, ela volta a abrir página. Segura de estar sozinha ela lê em voz alta.

-“Olá. Meu nome, querida é Bulimia, mas para nos tornarmos mais íntimas, pode me chamar de "Mia". Eu serei sua amiga, aquela que nas horas que o cinto apertar poderá contar, diferente dessas amigas que dizem que você está magra. Ando quase sempre acompanhada de nossa querida amiga “Ana” (anorexia), nós somos poderosas. Moderaremos você ao nosso gosto...”

 Enquanto lê, Carla vai se lembrando das últimas brigas que tem tido com os amigos e principalmente com Tomás. Não consegue diminuir a melancolia que assola seu coração e prossegue com a voz mais baixa:

-“Quando comer mais que uma baleia, sou eu que lhe ajudarei curvando seu corpo a pia, ou ao vaso sanitário, forçando sua garganta para que toda a comida nojenta saia e te farei se sentir limpa, renovada em um belo estômago de pena. Isso garota, curve-se perante mim e use seus dedos, sua escova de dentes ou até mesmo um pedaço de pau, deixe tudo sair até a última gota, quero sangue saindo de sua garganta e estômago! E não chore! Porque só assim Ana e Mia controlarão sua mente para que chegues à perfeição.”

  Carla fecha o notebook e olha para a mesa do almoço, seu prato estava limpo e ela se lembra de cada garfada com remorso. Decide assim o que fazer.

-Banheiro e semana NF. –E vai para o quarto.

  A beleza feia, o masoquismo. Procurar a felicidade onde ela não está. Abrir a cabeça e dizer: “Toma, pode fazer o que quiser, não sou inteligente o suficiente para dominar meu cérebro.”... A verdade é que a fraqueza está em gostar de ser vítima, em gostar de dizer a si mesmo que sua vida é a pior de todas e que sua infelicidade é por um motivo físico, mesmo sabendo que muitos “perfeitos” também não são felizes, enquanto algumas crianças de um hospital do câncer conseguem sorrir.

 Em Angra dos Reis, na casa onde Diego e Roberta estão passando o fim de semana, a porta é aberta. Alguém sobe as escadas sem pressa e pega algo que lhe pertence em um dos quartos mais afastados. Coisa sem valor, coisa escondida... Não estranha a presença de certas malas, pois sabe que alguém sempre estava ali nos fins de semana e continua a vasculhar... Algo mais ainda não havia sido encontrado.

 Ondas calmas, sol ameno... O vento nas palmeiras é um som espantoso e preocupante. Os olhos dela ainda estão correndo todos os lados e é incrível como Diego não está nem aí. Ele vai brincando com os dentes, com os dedos e a boca, mas ela não consegue se distrair.

-Ei, você tá muito tensa... –Diego passa a mão em seu rosto e tenta acalmá-la. –Fica tranquila e olha só pra mim, deixa a praia pra lá.

-Tá achando que essa é a praia do náufrago? Não estamos isolados, sabia?

-Roberta, essa casa fica muito afastada das outras... O Caio disse que quase ninguém vem nessa parte da praia... Relaxa...

-Fácil falar! Você...

-Psiu... –Ele vem de manso. –Nunca quis fazer uma loucura?

-Claro que já! A louca aqui era eu, esqueceu?

-Então? Ah, a gente só vive uma vez... Que histórias vamos contar pros nossos netos?

-Espero que essa não...

-Olha aqui... –Diego aponta para os próprios olhos.

-O que tem?

-O que vê no fundo deles?

-A minha imagem.

-E o que mais? –Ele faz carinho nos cabelos dela e lhe dá um selinho.

-Não tem mais...

-Acertou... Você é tudo que eu vejo... Então porque quer ver outras coisas em volta de nós? Deixa ser só eu dentro dos teus olhos...

-Romantismo não vale...

 Vendo-a mais amolecida com suas palavras e seus carinhos, Diego retorna um beijo, indo com tanta profundidade que a ensurdece. Somem as ondas, some a areia, some o vento e o medo, some até mesmo a vontade de brigar por causa desse desejo descabido dele do qual já está até gostando.

 Laça o pescoço dele com os braços e cerra os olhos, sentindo o molhado da boca de Diego lhe invadir com desejo, indo cada vez mais fundo e lento. Uma tática para deixar Roberta nas mãos, indefesa contra seus toques e inconsciente de qualquer preocupação.

 Alguns instantes, até poucos que se passam e ele aumenta a intensidade do namoro. Ela já o devora no beijo e os abraços já deixam a pele feito uma chapa pronta a tostar quem se atreve a encostar nela.

 Diego a toca por cima do biquíni e como havia prometido, ele não o retira, somente se adapta às condições e afasta-o para o que quer fazer.

 Mãos em locais impróprios para ir em público, gestos assustados, rápidos e logo ele está nela e só ouve um som guardado, que ela abafa. Ele gosta quando surpreende o corpo dela, indo de uma só vez, quando ela treme, fica com os olhos pasmos e lhe crava as unhas. Gosta de saber que lhe causa prazer, que provoca sensações únicas e que nesses momentos ela é completamente dele. Cada partezinha daquele corpo era colocada em suas mãos e ele dava a vida para vivenciar isso até o último suspiro.
 Roberta se entrega ao beijo, se entrega ao corpo dele que se mantém em movimento, causando ondas de bem estar e calafrios ao mesmo tempo.
 A agitação dos nervos, a intensidade e medo os deixa em uma excitação tão grande que começam a suar.

 Ele se aperta em Roberta que segura o gemido, tranca os olhos e decide não pensar em nada. Suas pernas se esticam, se encolhem, sem saber mais onde ficar. Diego se movimenta disfarçado, mas qualquer um conseguiria perceber algo mais naquele namoro na praia.

 Afundados no beijo, ele vai realizando sua fantasia. Apesar disso sente um frio percorrer seu estômago com o mínimo barulho assim como ela. Imagina se ouve uma risada? Ou uma piadinha de longe? Uma conversa? Alguém reclamando da pouca vergonha desses namorados?

 “Ah, que se dane, tá bom demais pra parar...”

 Diego continua levando o beijo e o corpo no mesmo ritmo, sem parar ou diminuir um segundo. Apesar de muito bom, não poderia estender mais e acelera o processo, acreditando que Roberta já está mais “nem aí” que ele.

Ela abre os olhos vez ou outra e o céu azul lhe parece amigo. O canto do pássaro misterioso continua soando e faz a música do momento juntamente com o vento e as ondas do mar. Está tudo embaçado e os arrepios são constantes. Seus corpos estão tão juntos, como se estivessem se escondendo e realmente até estavam. Ele não havia tirado a bermuda, apesar de que ela está quase caindo e Roberta ainda estava de biquíni, mas Diego, com toda sua safadeza, que ela ainda estava se perguntando de onde ele havia tirado, tinha dado um jeito de contornar.

 Estava acontecendo mesmo e acontecendo já há alguns minutos e ninguém havia aparecido. Mesmo assim ela vez ou outra ainda sente o coração palpitar com qualquer suspeita.

 O medo faz com que vão mais e mais rápido em direção ao ponto culminante, deixando as barrigas unidas mostrar a contorção do organismo, deixando os sons presos fazerem uma agonia prazerosa e enlouquecedora. Brincando com eles, brincando suas fantasias e com sua vontade de viver os riscos e a adrenalina se misturando ao amor.

 Mãos sempre presas no final, beijo interrompido e uma força descomunal e involuntária para chegar onde querem e eles logo chegam. 
 No momento em que estão lá, tendo contrações de cada músculo, tremores em cada artéria e um prazer exorbitante por alguns segundos, é um outro mundo, um outro universo. Se pudessem, morariam nessa sensação toda a vida e fariam dela uma constante.

 Talvez isso seja o que dizem ser a alma-gêmea, essa coisa tão idiota que todo apaixonado quer ser para quem ama. Isso de uma felicidade encontrada na união e no prazer que na terra não dura muito, mas em outro lugar poderia durar para sempre...

 Quando tudo cessa, até o vento incomoda os pelos do corpo e o rosto queima. Ficam presos e abraçados com o coração batendo tão forte que parece que tem toda uma plateia olhando para os dois. Mesmo quando Diego se vira de lado a trás junto ainda unida a ele, como a querer arriscar ainda mais um pouco.

 Quando Roberta tenta se afastar, sente os braços dele a impedir.

-É perigoso...

-Depois de tudo, isso é que vai ser perigoso?

-Seu maluco... –Ela pisca os olhos devagar alisando o rosto de Diego que a firma pela cintura para que não se desgrude.

 Ele está de costas para o mar e o pano em que estão deitados já está muito bagunçado.

-Você é maravilhosa...
-Lindo...
-A cada segundo eu te amo mais, te desejo mais...

 Diego deixa um beijo sobre a testa dela e outro sobre a fronte. A namorada, já sem grandes preocupações, sorri... Mas ao ver atrás de Diego duas pessoas passarem, sente o coração gelar.

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PS: O blog que a Carla leu em que meninas bulímicas e anoréxicas postaram coisas para morrer e matar, realmente existe e eu retirei as palavras dele. Não coloco os créditos pq não vou divulgar algo assim e espero q meus leitores nunca procurem isso, não quero algo tão cruel na vida de ninguém, muito menos na de vcs, meus amores. Cuidem do coração, esse é o único que contém a beleza que você pode realmente aperfeiçoar e com ela ser admirado de verdade.

Beijo.