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Cap 91 -O tempo


 Perfeitamente incapaz de ensacar as fazes de um sorriso, mas nem por isso deixaria as páginas em branco. Todas as coisas que se medem, perdem a graça, as imensuráveis têm por dom ser intrigantemente capazes de nos enlouquecer na curiosidade.
 Roberta prepara a mochila ainda pela manhã para chegar bem antes da meia noite no local marcado. Não havia dito nada a ninguém, mas a mãe apesar de despreocupada e distraída precisaria saber.
-Mãe, eu vou... –Ela desce as escadas e Eva já havia saído. –Cadê minha mãe?
-Você tá aqui, vem! –Alice agarra o braço dela e a arrasta para fora de casa.
-Tá louca? Pra onde tá me levando?
 As meninas correm até o portão onde Carla, Tomás e Pedro as esperam.
-A gente precisa de ajuda!
-Virei irmã de caridade?
 Alice e Roberta discutem.
-Meninas... –Carla tenta. –Meninas...
-Lavadeiras!! –Tomás berra e as duas se calam olhando para ele. –É sério, precisamos tirar o Otto do Elite Way! Semana que vem o Rodrigo e o Pablo talvez não estejam mais lá e se levarem ele, podem fazer mingau do moleque ou vender ele pro circo!
-Menos Tomás... –Pedro olha de lado.
-Tá bom, tá bom... Mas dá pra gente ir logo?
 Neste momento todos olham para Roberta.
-Que foi?
-Você vai ou não ajudar?
 Roberta olha para trás e antes de responder à pergunta de Alice, pensa em milhões de coisas de uma só vez. Jamais deixaria de ajudar Otto, só está mesmo preocupada com o tempo. Mas ainda é tão cedo que não hesita em entrar no taxi.
-Ok, vamos.
 Eles seguem até o colégio e ao chegar percebem não ter planejado nada.
-Como a gente vai entrar? –Alice empaca na frente do muro.
-Eu e o Tomás subimos e ajudamos vocês.
 Pedro toma a iniciativa e eles atravessam para dentro do colégio, cortam caminho por trás das árvores e dos arbustos até o porão. Passar sem serem vistos não é nada fácil, afinal Rodrigo e Pablo ainda devem estar ali, mas vale tudo.
-Otto!
-Bom dia! –O garoto pula sobre o sofá sorrindo para Tomás.
 Os outros descem atrás dele e o menino se sente muito importante tendo tantos ali em seu socorro.
-Os cavaleiros da tábula redonda chegaram!
-E você lá sabe o que é isso? –Alice ri.
-Não, mas soa bem heroico!
 O rosto de Otto parece se iluminar com a chegada dos cinco. Apesar de estar sempre sorrindo era uma criança sozinha, sem casa, sem mãe. Sem um parque para ir nos domingos ou uma escola cheia de crianças chatas ou não, com as quais aprender a ser como qualquer uma delas, então ter os rebeldes como amigos era ter muita coisa.
-Vamos embora?
-É pra já!
 Obedecendo a Roberta, Tomás agarra o menino feito uma bola de basquete e corre escada acima, sendo seguido pelos outros. Tudo teria que sair perfeito.
 Um passo após o outro e um estrondo se ouve.
-O que foi isso?
-Eu só tropecei, Roberta!
-Alice, se é pra atrapalhar a gente já tem o Tomás, você podia ter ficado em casa!
-Ei! –O garoto ouve e se zanga. –Quer carregar o bolinho aqui?
-Bolinho é a...
-Otto! –Alice o corrige e se vira para Roberta. –Tá vendo só sua influência sobre o menino?
-Eu?
-Caladas! –Pedro finalmente entra na história. –Querem que nos descubram?
 Elas cessam a briga e correm para o muro. Vão atravessando o mais rápido possível para o outro lado. Pedro e Alice vão de moto enquanto Carla, Tomás e Roberta vão de táxi. Enfim, era um alívio no peito que ninguém os tivesse visto, já o problema agora era: Onde deixar Otto?
-Não vão me levar pro meu tio?
-Não dá meu bem, você não sabe o endereço... –Carla lamenta enquanto faz um carinho no cabelo do menino no banco de trás, junto ao namorado.
-Então pra onde eu vou?
 Eles vão discutindo ideias e a manhã e a tarde passam com muitos problemas. A procura da família do menino, de um lugar onde ele pudesse ficar escondido e de um jeito de despistar todos fica mais difícil conforme tentam.
 Procurar um lar quando não se tem ninguém se torna um trabalho árduo quase impossível. Um lar pode ser apenas um abraço e uma casa, apenas amontoados de tijolos.

 Oito da noite...
 Diego toma um banho demorado, se apronta e vai ficando muito cheiroso. Veste uma camisa polo, uma calça, um tênis e passa algum tempo arrumando o cabelo. Ao fim já caminha pelo apartamento, ansioso olhando cada detalhe para se certificar que estivesse perfeito. Esfrega as mãos ao olhar ao redor, imagina se ela está quase chegando, se chegaria cedo, tarde... Não quer pensar que não chegaria, não quer crer que tudo teria um fim ali. Não poderia terminar tudo assim... Uma história de amor, na vida real, não tem fim, tem apenas capítulos intensos que assustam justamente por não estarem escritos. O final feliz não é garantido e a gente não pode saber se tudo acaba bem.
 Vão-se as horas e ele vai para a sacada do apartamento, tendo a vista do 20º andar de onde pode ver um raio partir o céu negro com uma faixa assustadora de energia.
-Onde você está? –Ele pensa sozinho.

 Onze e meia...
 Roberta fica furiosa por ter se atrasado tanto, o táxi está preso no trânsito e ela não consegue mais segurar o nervosismo.
-Anda moço!
-Não dá! Tá muito lento...
-Que tá lento eu to vendo! Não dá pra passar de outro jeito não?
-Ainda não instalei as asas no carro, mas tá marcado semana que vem no mecânico...
-Sem graça tá? Vou começar a chamar outro taxista... Tá pegando muita intimidade... –Mesmo nervosa ela brinca. Morde a unha e olha pelo vidro do carro que se move devagar.
 Andando todo o dia com os amigos tentando ajudar Otto havia feito o celular acabar a bateria e não tinha como avisar Diego, nem dizer a ele que está a caminho.
-Não se preocupe, ele vai te esperar... E se não esperar vocês terão mais chances, a vida de vocês ainda reserva muitos anos de emoção, essa não será a última. –O homem idoso segura o volante e em seus cabelos brancos tenta lhe passar um pouco de sua vivência.
 Roberta, no entanto não está muito tranquila com relação a qualquer coisa e mal ouve o que ele diz. Somente percebe quando uma densa chuva começa a cair e as palhetas do para-brisa começam a retirar a água que cai em abundância.
 Os pingos pesados se apresentam fazendo barulho durante toda a trajetória, cada vez mais fortes. Roberta demora a chegar ao endereço que Diego havia lhe dado, mas quando é deixada na porta, ela corre pela chuva até o prédio, sem ao menos retirar a mochila do táxi. Passa pela recepção às pressas e pula dentro do elevador que subia com um casal.
-Que horas são? –Ela pergunta a mulher chegando ao andar indicado.
-Meia noite e vinte e três...
-Ah, não...
 A rebelde sai com o coração acelerado, os pingos de água caindo dos cabelos e verificando o número da porta onde entraria.
-Achei! –Ela abre a porta. –Diego!
 O apartamento está escuro, um completo silêncio gritante e pesado.
-Diego!
 O nome dele faz eco pelo lugar. Pelo fundo escuro da porta do quarto, pelo pequeno corredor embaçado e pela cozinha pequena que se mistura com a sala.
 Roberta nem se dá o trabalho de procurar muito, percebe que realmente ele não está ali e retorna, faz o mesmo caminho até fora do prédio onde a chuva densa ainda judiava. Mas ela não se importa. Adentra nela como se fizesse parte da tempestade, deixa que os pingos afoguem seus gestos, colem sua camiseta ao corpo, comprima sua mente e desfaça seus cachos.
 Ao segurar os braços com o frio que sente, pensa em como poderia ter sido lindo esse encontro e como tê-lo perdido era incrivelmente doloroso.
 Sem se perceber a beira da estrada quase é atropelada por um carro que vinha em sua direção, mas alguém a puxa com rapidez.
-Diego? –Ela olha rapidamente para as mãos que a segura.
-Cuidado! É melhor você entrar. Toma sua mochila...
 Roberta sente a desilusão do sonho de imaginar que Diego a vinha salvar como fazem os mocinhos das histórias, mas não, ela não era uma mocinha, então não teria um mocinho, teria somente um velho taxista bondoso que havia lhe dado um bom conselho:
-Volte e espere. Acredite, se ele te ama, ele retorna.
 E é isso que ela faz.

Retornando calmamente... Refazendo o mesmo caminho já pela terceira vez em menos de meia hora. Lá está ela de novo, abrindo a porta e completamente ensopada, com os olhos na escuridão do lugar. Entra espalhando um caminho de poças d’água e vai procurando uma luz a acender e ao encontrar o interruptor, fica presa a olhar.
 Uma flor branca com um bilhete. Roberta acende a luz e lê:


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 <<Aviso Importante        
 Cap 92>>

Comentários

  1. Alineee...Posta o resto logo...vo morrer de curiosidade!Faz com q eles consigam se encontrr...please!

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  2. Ahh... Posta logo senão vocé me mata de curiosidade !

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  3. posta se naum eu vou morrer de curiosidade

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  4. que fofoooo, ai faaz ela encontrar o Diego!!! ><

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  5. hahaha ta parecendo gossip girl *-*

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  6. OMG!!! Pq vc faz isso? pq????? (Scheila)

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  7. Posta logo Pleasse'---'
    Meu pai vai manda desliga o pc
    ai eu anãoo vou pooder ler. Plesse posta logo!

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  8. puts o q tava escrito no bilhete,vo morrer posta logo

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  9. ta tudo lindoooooo aline , perfeito Parabéns.

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