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Cap 4- (Faculdade) -Juntos e em silêncio



  Na ponta dos pés ela desce as escadas. Tem a sensação de que a qualquer momento será pega. Olha um lado e outro e chega à porta.

-Onde pensa que vai? –Franco acende as luzes e surpreende Roberta.

 A adolescente é irônica.

-Ia dar uma voltinha, contar as estrelas...

-Pro seu quarto.

-Ah! Mas nem...!

-E sem chiar!

-Aproveita agora! Por que em uma semana eu to livre de você!

 A garota corre escada acima. A raiva que sente de Franco parece só aumentar. Nem mesmo o pai que mora em Roma nunca havia sido tão autoritário quanto seu padrasto e olha que este último havia ganhado tal título há pouco mais de um ano.


 Roberta e Diego têm exatamente uma semana para acabar de se mudar. Uma semana para ajeitar tudo que falta e uma semana para ensaiar com os amigos para o show que ocorreria.

 Eles ensaiam os sete dias em clima de muita discussão. Surgem problemas como “estrelismo”, falta de compromisso com horários e até mesmo descaso com o show.

 Roberta fica a cada ensaio mais irritada e triste, tanto por ver os amigos destruir o sonho que tinham, quanto por não poder estar com Diego. O casal está sempre ocupado com mudança, ensaio e diferente do que queriam, estavam cada um em sua casa. A correria é grande e se conseguem dar um beijo ou um abraço durante 5 minutos já é muito. Sempre aparecia alguém para dizer que eles tinham algo a fazer.

 Enfim chega a noite de sábado e eles se preparam para o show. Roberta aguarda atrás do palco quando Diego chega.

-Ei... –Ele vai logo para abraçá-la. –Que difícil que tá ficar com você...

-Nem me diga...

-Hora do show galera! –Carla chega batendo palmas para que eles se larguem.

 Logo todos os outros chegam e juntos eles respiram fundo. O barulho ensurdecedor da plateia gritando por eles refaz algo em seus corações. Ali não eram mais seis jovens diferentes, seis amigos briguentos que não sabem o que querem da vida, eram um único corpo, um único coração batendo junto com a bateria e um único olhar iluminando junto aos refletores.

 Estão outra vez no mundo que amam, outra vez sentindo a adrenalina e o revirar no estômago de ansiedade pelo palco. Logo eles se jogam nele dando literalmente um show.

 Depois de algumas horas eles terminam e estão eufóricos. Agem como se fosse a primeira vez que pisassem no palco. Saem para comer alguma coisa ainda com o figurino e em volta da mesa são puro entusiasmo, até que Carla e Tomás, sem querer, estragam tudo.

-Como assim já vão? –Diego se surpreende. –Achei que fossem comemorar com a gente!

-Nós vamos embora amanhã, precisamos arrumar as malas.

-Putz, eu também... –Alice olha para Carla já se levantando da mesa.

-Vocês vão realmente fazer isso? –Roberta se levanta apoiando na mesa. –Até você Pedro?

-Foi mal. To muito cansado. A gente se vê por aí.

 O garoto estava já se levantando e Roberta não perdoou. Ver um por um se levantar foi como arrancar pedaço por pedaço o sonho que ela guarda no coração. Ver os amigos se despedirem naquele momento tão feliz foi destruidor.

-Não fica assim.

-Tem como?

 Diego tenta lhe consolar com um carinho. Já não há ninguém para impedir exceto a garçonete trazendo a parte deles da conta.

-Tenho algo pra te contar, mas talvez não seja a melhor hora.

-É bom ou ruim? –O olhar triste e ao mesmo tempo raivoso o fita na cadeira ao lado.

-Meu pai não vai mais impedir que a gente more junto.

-Sério? –Ela começa a se alegrar.

-É... Esse é o bom. Lembra que ele disse que não iria pagar minha faculdade e que me tiraria tudo?

-Lembro.

-Então que eu tive que ceder ao pedido dele.

-Que pedido? –Roberta fica assustada com o jeito tenso de Diego.

-De cursar administração para me tornar empresário e um dia assumir os negócios da família.

-Você tá brincando né? –Ela leva um enorme baque.

-Pior que não. –Diego fica sério. –Ele até me chamou para trabalhar com ele na empresa pra ir me ensinando tudo.

-Mas e a banda? E os nossos sonhos?

 Roberta começa a se sentir sozinha. Ninguém além dela ainda acredita na banda, quer a banda ou luta por ela.

-Eu não pude fazer nada, ele já ia fazer o Caio tirar a gente do apartamento! Mas com o tempo eu dou um jeito.

-Que jeito Diego?! –Ela se altera.

- Não sei ainda.

-Como não sabe?

-Ei! Nós vamos brigar aqui, né? –Ele aponta para as pessoas nas mesas ao lado.

-Nem aqui nem em lugar nenhum, eu vou pra casa!

-Roberta!

 Diego vai atrás da namorada que sai feito um foguete até lado de fora e agarra seu braço.

-A gente ia se mudar definitivamente hoje, não lembra?

 Ela pensa um pouco antes de falar e diminui a voz, mas não a marra.

-Não, não lembro...

-Roberta, deixa de ser birrenta. Eu to fazendo isso por nós e eu não desisti da banda! Eu to com você, mas temos que jogar com o que é conveniente agora. Eu não posso ficar sem estudar, não tenho trabalho e sem shows não vou ter dinheiro. A banda tá dividida e...

-Eu sei... –Ela arma um choro e Diego percebe. Logo coloca as mãos em seu rosto e num carinho suave. -Não faz isso comigo...

-Não to fazendo nada... –Roberta sente um nó na garganta ao dizer isso.

-Eu não suporto te ver chorar. –Diego passa a mão rente aos olhos dela e o que devia ser uma lágrima escapa.

-E quem disse que eu to chorando?

 Roberta sai das mãos dele bruscamente e caminha de braços cruzados.

-Ei... –Diego a acompanha lhe estendendo a mão. –Tem um jeito melhor de encarar isso.

 Ainda andando Roberta olha receosa para aquela cena. Vê que no rosto, ele mostra um sorriso compreensivo de quem sempre estaria ali.

 A menina descruza os braços, derrotada pelo carinho dele. Segura sua mão e juntos e em silêncio eles voltam para casa de Eva.

 Minutos e mais minutos se passam e o sono não vem. Roberta se sente muito idiota de não ter ido com Diego para o apartamento que seria depois do show oficialmente deles. Praticamente todas as suas coisas já estavam lá, então o que estava fazendo na casa da mãe? Pura birra. Poderia estar abraçada a ele debaixo do cobertor sentindo os braços quentes apertando o seu corpo naquele momento, poderia estar ouvindo a voz dele ao ouvido e recebendo beijos e...

-Urg! –Ela não suporta o pensamento e se levanta da cama.


 Diego está também deitado quando o telefone toca. O sono também não vinha e tantas coisas lhe ocorriam que não sabia nem por onde começar. A noite está parecida com aquela em que havia esperado Roberta no ano passado: A mesma solidão, a mesma angústia e os mesmos raios e trovões cortando o céu. Mas diferente daquela vez, ele tinha certeza de que ela não viria.

 No identificador ele vê o nome e atende surpreso. Não demora muito e ele já está lá embaixo à espera dela. Diego a vê saindo do táxi e deixa Roberta muito feliz.

-Me esperou aqui por quê?

-Não suportei esperar no apartamento. –Ele a recebe com um abraço. -Tá muito sozinho aquele lugar. –Diego respira fundo segurando a cintura dela. –Então? É pra ficar?

 Roberta somente balança a cabeça de modo positivo e sorrindo.

 No céu os trovões continuam e alguns pingos grossos começam a cair sobre o beijo deles já iniciado.

-Vamos correr?

-Agora! –Ela ri enquanto adentram no edifício.

 Assim que o elevador os deixa no vigésimo andar, a chuva já aumentou muito. Eles não conseguem perceber antes de olhar pela vidraça assim que adentram o apartamento. Era o único ponto de luz naquele breu.

-Ué? –Diego tenta ligar as lâmpadas, mas não funcionam. –Será que acabou a luz?

-Só aqui?

-Ah, que droga! Lembra que o Caio disse que as lâmpadas falhavam?

-Verdade, que droga. –Ela segura a mão dele que vai procurando o caminho pelo tato.

-Vou ver se aquele abajur funciona...

-Aquele negócio de lava que o porteiro te deu? –Roberta faz pouco caso.

-É a única luz que a gente tem, a não ser que a gente deixe a geladeira aberta. Ela tá funcionando.

-Ok! Vamos lá, tá na caixa do lado da cama.

 Com cuidado eles vasculham o quarto. Abrem as cortinas para que um pouco de luz entre pelos vidros.

 Diego liga o abajur sobre o criado. A lava cintilante subia e descia nos olhos dela enquanto a chuva pesada escorria pela vidraça e os raios partiam o céu.

-Prontinho... Agora temos luz... Fraca, mas temos...

-Ah! –Roberta se agarra a ele quando um trovão com um enorme raio faz terror na janela ao lado.

-Calma... –Ele sorri.

 O corpo de Roberta treme junto ao de Diego e este a firma nos braços. 

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