Pular para o conteúdo principal

Cap 53- Desvende o enigma

 Roberta adianta o tempo enquanto que de outro lado daquela mesma história, Tomás e Pedro não percebem as horas que passaram rápido demais. Já era tarde da noite e eles estavam com sorte... Ou ao menos apostavam tê-la.
-Inacreditável! -O velho Bartolomeu se impressionava a cada jogada dos dados. -Você é muito bom, Pedro!
-Sorte de principiante... -Tomás cruza os braços com uma ponta de inveja.
-Sorte ou não, é melhor a gente ir embora.
-Xi! As meninas! Elas vão arrancar o nosso couro! -Tomás se dá conta do problema ao tempo em que o amigo larga a banca do jogo.
-Vamos vazar agora!
-Encontro vocês amanhã, rapazes? -O velho sorria satisfeito.
-Obrigada, mas não...
-Não, Pedro? -Tomás fica decepcionado, pois era evidente que queria voltar.
-A gente já ficou bastante tempo aqui. -Pedro fala ao amigo e depois se volta para Bartolomeu. -Valeu doutor, mas a gente tem responsabilidades, né Tomás?
-Hã? -Ele se perde. -É... Sim... Claro...
-Qualquer coisa, me procurem, estou sempre por aqui.

 O senhor continuou parado enquanto eles sumiam em meio a tantas pessoas que tinham no lugar. Parecia ser realmente o local mais frequentado à noite e conforme eles desapareciam na multidão de apostadores o velho voltava aos jogos com uma satisfação nítida.
 Ao dar a volta, e antes de pegarem o rumo das cabines, os dois rebeldes percebem, por um segundo de distração, uma risada familiar.
-Ei, essa não é a Carla? -Tomás para quase trombando no amigo.
-Parece ela sim! E a Alice também! Vem dali! -Pedro aponta para uma porta que dava para fora, onde se podia avistar a noite e o mar.
 Eles caminham e encontram as meninas ainda em companhia de Pablo e Rodrigo.
-Posso saber o que tá acontecendo aqui?
-Não tá acontecendo nada! -Alice não se amedronta com o jeito rude do namorado.
-Quem são esses dois aí?
-São nossos novos amigos, Tomás!
-Prazer Rodrigo... -O garoto estende a mão e Tomás quase não retribui mas acaba cedendo aos bons costumes.
-E eu sou Pablo. Nós só estávamos conversando, elas falaram muito de vocês.
-Ah, é? E o que vocês conversaram?
-Ah, sobre muitas coisas amor... -Alice leva o indicador ao queixo em postura irônica. -Mas com certeza vocês dois tem muito mais pra nos contar!
-É... -Carla se junta a ela para derrubar os garotos. -Afinal, vocês estavam há horas desaparecidos, nos deixaram sozinhas toda a noite, não deram nenhuma satisfação e...
-Ei, calma! A gente não tava fazendo nada demais!...
 Tomás e Carla começam a bater boca.
-Não vamos brigar, por favor... -O momento desagradável rapidamente é desfeito por um dos rapazes que os convence a resolver tudo no outro dia com a poeira baixa.
-Acho melhor então irmos para as cabines. -Pablo acaba a conversa ali e se dividem.

  Cada um pega o seu rumo, mesmo que estivessem mais que perdidos. As meninas zangadas com os meninos e vice-versa. Uma porção de desentendimentos que a cabeça sabe piorar com uma boa cachoeira de pensamentos.
 A promessa de uma conversa melhor no amanhecer talvez não aconteça, mas já havia alguém que estava se antecipando ao novo dia.

 Roberta procura uma caneta entre suas coisas, mas estava difícil de achar qualquer objeto, por maior que fosse, em meio a tamanha bagunça que a rebelde fazia com uma mala de roupas. Era impressionante a falta de paciência que tinha com uma simples mala, mas enfim...
-Achei! Agora preciso de... -Ela arranca uma folha da agenda. -Papel!
 E ao rabiscar alguma coisa rapidamente e sem muito cuidado ela corre para fora, não demora muitos passos até encontrar o que procura logo à frente. Olha e pensa em bater na porta, mas revê a ideia e acha melhor não. Joga o papel de baixo da porta, o plano seria essa e está certa do que fez.
Ela volta para sua cabine com uma expectativa de travessura boa.

 Diego acabou de tomar banho e já está acabando de se vestir quando percebe a folha dobrada. Curioso, ele a recolhe e se senta na cama para ler.

"Você sabia disso?
Estranha Uva no Teto Elegante que Amo!''
                                Roberta


-Hã? -Diego franze a testa e coça a cabeça. -Ela endoidou, é? -Mas mesmo não levando a sério,ele se debruça como ''o pensador" e analisa.
-Isso deve ser alguma brincadeira...
 E sem dar muita importância ele escreve no mesmo papel:

"Não sei o que você quer dizer."
                                  Diego


 E ao escrever isso, ele abre a porta e caminha até a cabine de Roberta, seu rosto ainda sério não demonstra querer brincar, mas coloca o bilhete por baixo da porta de sua cabine para ver até onde ela vai  e em seguida retorna, com a certeza de que responderia.
 O rebelde mal chega e em menos de dois minutos um novo bilhete surge por baixo de sua porta. Ao abrir ele passa os olhos pela frase e fica ainda mais confuso.

Tem certeza? Ah, mas estou sendo tão óbvia:


"Você sabia disso?
Estiloso Utensílio que a Tv deu ao Espelho que Amo"
                                                     Roberta


 Diego fica intrigado e não entende a brincadeira. A chateação dá lugar à curiosidade, mas bater na porta dela e perguntar o que está acontecendo perderia a graça. Afinal, em que daria isso?
 Então ele resolve escrever mais uma vez:

"Eu não sou bom em enigma nem você é de enrolar, então diz de uma vez o que você quer!"
                                             Diego


 Ele entrega e volta ao quarto para esperar a resposta que rapidamente é jogada por baixo da porta:

"Eu sei e sei que você também sabe:
Essa é minha Única cerTeza, Espero que tAmbéM hOje ainda seja a sua."
                                           Roberta


 Diego fica confundido:
-Que certeza? -Ele roda pelo quarto e decide que irá até lá falar com ela, amassa o papel e joga no chão do quarto, mas ao tocar na maçaneta sente a vontade de olhar outra vez as frases. Ele desamassa o papel e lê uma por uma. Não demora muito e ele sorri com um ar de puro encanto. Resolve enfim escrever algo que faça sentido... Ou não!
 Entusiasmado e com um sorriso no rosto, Diego leva a caneta a boca pensando no que escrever, parece que havia pegado o jeito da brincadeira.

 Enquanto isso, em sua cabine, Roberta continuava a pensar jogada na cama e olhando para o teto. Enrolava no dedo uma mecha do cabelo totalmente distraída.
 De repente ela ouve um batido na porta e ergue os olhos. Repara que no chão, por baixo da porta, Diego havia passado o papel de volta.
 Ela abre com cuidado. Será que ele havia entendido? -Pensava ela.
 O rosto ainda duvidoso desdobra o papel e logo abre um sorriso. Fica parada alguns minutos com os olhos de estrela, soltavam luzes enquanto lia a resposta.


"Estátua de Uniforme cor de Terra Escreve sobre o que Amo!"
                                                   Diego




-Ele entendeu! -Roberta se alegra, mesmo que nada disso pareça fazer sentido.
 A porta tantas vezes aberta nessa brincadeira de bilhetes indo e vindo pela noite, faz outra vez as honras. 
 Roberta abre e lá está ele, parado ao lado à espera dela.
-E aí? Eu desvendei o enigma? -Diego faz uma sedutora expressão ao se aproximar.
 Roberta fica de braços cruzados escorando o ombro direito e a cabeça na porta. Um jeito malandro que mal disfarçava.
-Eu tinha certeza que você ia sacar...
-Tinha é? 
 Roberta vai fazendo sinal positivo enquanto ele vai chegando mais e mais.
-Minha doida... -Ele segura o queixo dela e encontra um novo beijo. -Você já me disse de várias formas, agora sou eu que vou te dizer e te mostrar... Esse "Eu Te Amo" do meu jeito!


 Diego subitamente a levanta, abraçando sua cintura. Beija sua boca que amolece por inteira sobre a dele, deixando que nade dentro dos seus sentimentos enquanto vão sumindo das vistas do corredor. O barulho de porta batida vem em seguida como ponto final para os olhos do mundo.
 Ele a deita sobre a cama e ficam bastante tempo se apertando e se beijando, já não há segredos a serem desvendados...
  Roberta deita no ombro de Diego. Ele persegue cada centímetro de sua boca com suaves beijos e  mordiscadas. Ela faz um carinho em seu rosto e diz o que falta.
-Mesmo que não pareça, saiba que Eu Te Amo em cada palavra louca e em cada frase sem sentido que eu diga sempre! 
-Eu sei!... -Ele ri. -Nada parecia fazer sentido nas suas frases, até que o "Eu Te Amo" apareceu!
 Ele recolhe o papel da mão dela e o apoia na cama. Roberta observa o que ele irá fazer.
 Com a caneta que trazia no bolso, ele colore as letras:


Estranha Uva no Teto Elegante que Amo!''


 Os dois riem e se olham, a mão desliza nos rostos sorridentes, mas vão ficando sérios quando os lábios ficam próximos demais para permanecerem fechados...
 E quem lê as entrelinhas e entende as caixas altas da vida, percebe que é só juntar o que se destaca que dentro de uma frase louca, podemos achar o sentido da vida, achar algo que tenha valor e que seja o que procuramos... Mesmo que a princípio a pessoa não entenda, se ela ama, ela vai continuar tentando, e quando descobrir, vai perceber que ele estava ali o tempo todo, mais nítido que se imagina, mas que muitos nesse mundo não se dão ao trabalho de ver. 
 Tem um segredo pra você escondido em cada linha que você não leu de novo...


<<Cap 52           Cap 54>>



Comentários

  1. Puuuuxa! Profundo isso... e lindo!!!!! Parabéns de novo, arrasou no capitulo. (Scheila)

    ResponderExcluir
  2. AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH MORRI COM ISSO! QUE IDEIA FANTÁSTICA!!LINDO DEMAIS ALINE! PERFEITO! -Camille ( @OlharArhurA )

    ResponderExcluir
  3. Perfeição existe!
    E o nome dela é Aline...
    Esse foi o mais fofo que eu li.
    Gostei muito >.<

    ResponderExcluir
  4. shooooww valeu muitoo a pena esperar este belo capitulo!! parabénss!!! bjoos (Gabriela Medeiros)

    ResponderExcluir
  5. owwr que lindo Aline! sua web ta ficando cada vez melhor!

    ResponderExcluir
  6. AMEI DEMAIS ESSE CAPITULO ESSE ENIGMA FOI SUPER DEMAIS!
    UM DOS MELHORES CAPITULOS DA WEB *-* PARABENS

    ResponderExcluir
  7. Vou fazer uma campanha pra vc virar a nova escritora da novela pq a Margaret está acabando com a novela colocando esse lance de RPG. Sou sua fã.

    ResponderExcluir
  8. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  9. nossa muito bom acompanho a pouco e não consigo parar de ler

    ResponderExcluir
  10. você é demais vc que era pra ser a escritora da novela rebelde ,vc só merece elogios,quem te critica tem inveja e muita!!!!!!!!!!:)

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Despedida

Obrigada a todas e todos por terem estado comigo até agora. Me perdoem qualquer coisa e um beijo enorme no coração de cada um. Eu gostaria de poder ter feito melhor em todo esse tempo, mas juro que o fiz foi de coração e tive um enorme prazer em estar aqui. Era uma escritora bastante amadora, mas me diverti demais e me senti abençoada com a companhia de cada um. Quem quiser me seguir no Wattpad, estou escrevendo outras histórias por lá >>>  AlineStechitti

Cap 122 - R, D & N

Quando passa pelo corredor, Nina vê várias pessoas sorrindo e acenando para ela. "Você tem fãs, está vendo?" Diego cochicha e seu ouvido. "Estão todos felizes por você estar com seu papais de novo." "Verdade?" "Verdade." Nina olha por cima dos ombros do pai enquanto ele caminha e então acena para as pessoas no corredor, sorrindo como nunca.  Quando entra no quarto, ainda no colo do pai, Nina vasculha tudo com os olhos e acha o lugar muito estranho, como o quarto do Seu Ângelo. A mãe está deitada, tem vários machucadinhos pelo corpo e longos fios saem dela, ligados em máquinas estranhas. Diego ergue a filha até próximo ao rosto adormecido de Roberta e Nina dá um beijinho na testa dela. “Atchim!!” Ao despertar e abrir os olhos, Roberta vislumbra um borrão que acha encantador e não contém o riso. Olhinhos muito assustados a miram perdidos e curiosos. “Desculpa, mamãe!” Nina funga e esfrega o nariz. “Oi, meu amorzinho.” Ela sorri e estica os b

Cap 124 - Como se fosse a primeira vez

O entardecer estava fresco na praia. Roberta deitava a cabeça no colo de Diego enquanto ele olhava o horizonte. Nina estava brincando com a areia e nem os percebia. Era fácil para os três ficarem em transe quando estavam diante do oceano. "Você acredita que passou tanto tempo assim, Diego?" "É bem difícil de acreditar..." "Temos uma filha... E temos essas argolas nos dedos que dizem à sociedade que pertencemos um ao outro." Ela ri olhando a aliança. "Eu pertenço." Ele a olha de cima e Roberta se levanta. "Posso dar um beijo no meu marido?" Diego deixa aquele tipo de riso manso escapar quando ela encosta os lábios nos dele. O barulho do mar se mescla ao barulho das conchinhas que Nina recolhe e a todo momento deixa cair, despencando dos seus braços em uma cascata de cores marinhas. Os amigos os questionavam por terem levado a filha para a lua de mel, mas eles tinham sempre a mesma resposta: "Nós vivemos em lua de mel!&qu