Cap 48- Vestígios

  Achei lindo o que o FC  @TudoPeloLuAr  escreveu e pedi pra colocar aqui. Mesmo que dentro de mim, nada acredite nessa separação, eu torço pra que eles sejam muito felizes, e isso acima de qualquer coisa... 


 "E o melhor casal real se separa, a mulher maravilha dá um tempo pro seu próprio cheiro, eles param de abrir e fechar a geladeira a noite inteira, o avião cria asa e saí voando, tomando seu próprio rumo ,o Lu perdeu o Ar e eu perdi meu chão. Mas meu amor ,não será passageiro amarei os dois de janeiro à janeiro ,até o mundo acabar ,porque sei que depois da chuva sempre vem o sol e tudo vai melhorar, só o tempo pode por as coisas no lugar ,pra recomeçar e tem coisas na vida que nunca vão mudar, vocês são o melhor pra mim eu sei, meu ponto fraco são vocês por que não?! Isso não foi um ponto final ,apenas uma vírgula, nem tudo que acaba tem final." 


Todos ficam se perguntando, mas alguns já tem uma noção de onde imaginavam que eles estivessem.
-Bom a Roberta deve tá aí dentro... -Alice avança para entrar, mas Pedro segura seu braço.
-Melhor não... O Tomás tá certo...
-Certo de que, se não disse nada? -Alice se confunde com os olhares dos meninos e ao se virar para Carla percebe que a amiga também não está compreendendo nada.
-Ué, ele não disse, mas mesmo sem dizer eu entendi o que ele disse sem dizer!
-Hã?? E isso no nosso idioma quer dizer o que?
-Quer dizer que a gente deveria esperar um pouco... -Tomás tenta convencer as meninas. -Sabe como é... Dar uma volta...
-Nada disso! Eu quero descansar na minha cama e...
-Alice! -Pedro tenta impedir, mas desta vez não tem sucesso, a garota abre a porta deixando os três para trás.
-E aí a gente entra? -Eles permanecem inertes na porta.
-Vamo lá, ela já entrou!
-Não, é melhor esperar!
 Pedro e Tomás discutem.
 Antes que os meninos juntamente com Carla entrem no quarto, Alice sai com os olhos arregalados.
-Que foi?? -Carla aborda a amiga.
-Acho que eles tem razão, a gente devia passar aqui mais tarde...
 Alice sai andando de um jeito que deixa os amigos intrigados.
-Achou a Roberta?
-Ah, eu achei a Roberta!
-E?? -Pedro exalta a curiosidade enquanto a namorada continua andando pelo corredor. -Ela tá lá?
-É... Ela tá lá... Tá debaixo do lençol... Do edredom... E dos braços do Diego...
 Os dois meninos se olham.
-É...
-Nem comenta, Tomás!
 Carla deixa o queixo cair, mas logo disfarça.
-Acho que a gente podia ir então, né? -Alice não quer esperar.
-Se estiverem cansadas vocês podem descansar no nosso quarto, né Tomás?
-Como é?
 Pedro cutuca o amigo.
-É, claro... Porque não?... Afinal eu não estou nem um pouco cansado... -O rebelde é irônico.
-E somos cavalheiros!... -Pedro faz pose.
-Ah, se tu gosta de cavalos, aí é com você!
-Ou!! -Pedro dá um tapa na cabeça de Tomás.
-Deixa ele, Pedro. Obrigada, a gente aceita a SUA cortesia, né Alice?
-Claro! Eu preciso dormir um pouco...
 Eles saem fazendo a mesma trajetória. Os garotos deixam as namoradas no quarto deles e seguem para a piscina. Um pouco de distração, descanso e mordomia não faria mal a ninguém...
 Um dia de sol fresco iniciava e era quase completamente impossível que sua calma não encantasse até o olhar mais duro.

 No Elite Way está tudo também muito tranquilo. Muitos dos alunos estão em suas casas curtindo o domingo, mas claro, nem todos. Há sempre uma mente que fica, que permanece trabalhando pro bem ou pro mal, mesmo quando tudo para.
 Marina não dá trégua, é a hora em que ela gosta de jogar, quando ninguém pode vê-la. Esse é o momento ideal para se preparar, para terminar a brincadeira.
-Você não vai pra casa?
-Já faz tempo que não vou! -Marina não se incomoda com a presença de Téo. Precisa saber coisas que só ele pode dizer.
-E aí? Tudo preparado?
 Téo olha em volta, a sala de estar vazia parecia ter olhos e ouvidos, o medo toma conta do coração dele que aumenta o ritmo.
-Olha, isso não é uma boa, a gente...
-Deixa de ser chato, anda diz, deu certo ou não?
-Tá, tá tudo certo...
-Deixa ver! -Ela tenta pegar o notebook que o garoto tem nas mãos, mas ele se esquiva.
-Não!
-Como?
-Não faz isso, por favor! -Téo se sente muito culpado. -Eles vão ser expulsos! E isso no mínimo!
-Eu sei... É isso que eu quero!
-Tá louca?
-Claro que não, depois vou trazer eles de volta.
-Que? -Téo sente a cabeça dar um nó.
-Eu só quero mostrar quem manda, depois dou um jeito, falo com meu pai falar com o Jonas, invento alguma coisa... Só quero brincar um pouco, além do mais, eu não vou pedir mais nada pra você além disso, eu tenho quem me ajude.
-O Binho?
-Ele? -Marina ri alto. -Ele é um garoto... Eu preciso de ajuda profissional, já livrei o cara e minha irmã... Eles vão me trazer o que preciso.
-Cara? Irmã?
 Marina percebe que falou demais e fica sem resposta.
-Bom... É maneira de falar, são dois amigos... Como irmãos...
 A desconfiança nos olhos de Téo a incomoda.
-Agora me dá isso logo! Você sabe muito bem que se ficar contra mim, muita coisa pior pode acontecer!
 O garoto não reage quando ela praticamente arranca o computador de suas mãos. Sabe que é melhor pensar primeiro em vez de agir por impulso, coisa que na maioria das vezes não dá certo.
-Perfeito, você já sabe o que tem que fazer! Prepara tudo que eu tenho que sair.
-Vai onde?
-Se te interessasse eu diria!
 Como a arrogância não atinge as mentes avançadas, aquilo não afeta Téo, porém o ar de poderosa dentro dela estava denso, era para si própria um ser superior.
 A fuga que traçaria até um barzinho não seria muito difícil, visto que muito alunos estavam se acostumando a fugir.
 Enquanto Marina está fora, Binho convoca os envolvidos para uma reunião sem que a garota tenha conhecimento. Todos estavam agitados com as ordens dela, não queriam fazer tudo aquilo, era arriscado demais.
-Mas tinha que ser aqui, Binho? -Vitória olha para a porta do quarto 16, que não é muito convidativa.
-No porão é que a gente não vai, né?
-Porque não? -Pilar também não parece animada a entrar.
-Deixa de frescura meninas, a gente não pode perder tempo!
 E ao entrar a sensação piora, mas o assunto surge e eles não tem tempo a perder.
-Como a gente vai fazer com aquela maluca?
-Não sei Pilar...
-Você não sabe, Binho?
-Eu tenho que saber tudo agora?
-Gente, não podemos nos precipitar, pode acabar só em uma brincadeira como ela disse... -João tenta relevar.
-Brincadeira? Você tá batendo bem da cabeça?
-Ele tá apaixonado por aquela marginal, não vê isso Vitória?
 João baixa a cabeça com raiva e ao mesmo tempo sem graça, a verdade era essa e não tinha como negar.
-Como você pode gostar dela!? -Vitória questiona. -Não tá vendo o que ela tá querendo fazer e...?
-Ei, vamos parar com isso, o negócio aqui é outro...
-Outro mesmo! -Marina abre a porta. -Posso saber que complô é esse?
 Todos ficam assustados. O olhar irritado da garota se lançava em cada um cortando fino o silêncio que se abate pelo lugar.


 As voltas do tempo e dos minutos nos trás de volta ao lugar de onde nenhum pedacinho da imaginação deseja sair. O tempo corre onde é permitido, mas não para todos naquela manhã. Acordar pra que se o sonho é que nos move? Acordar pra que se eu tenho tudo que preciso agarrado em mim...

  Parece estar passando um pouco das nove e a luz que vem na janela é evitada, uma moleza gostosa entrando na varandinha onde há poucos vestígios da chuva, uma doce sensação preguiçosa quando ela estica os pés que escapam do edredom.
Roberta leva a mão do lado, mas não encontra nada. De bruços na cama e coberta até a cintura pelo lençol branco, ela abre os olhos procurando por ele. Mas onde está?
 A garota puxa um pouco mais e envolve o tecido no corpo. Os cachos desalinhados lhe desciam no rosto, os lábios rosados faziam um bico de criança que perde o brinquedo.
 Nessa hora Diego surge do banheiro abrindo um lindo sorriso, os cabelos molhados e o peito à mostra, somente envolto com uma toalha. Os olhos dela brilham ao vê-lo.
 Eles se olham enquanto o namorado se aproxima da cama.
-Bom dia meu amor... -Diego fala baixo ao colocar a mão no rosto dela que abria um sorriso modesto mas que clareava todo o mundo dele.
 Um abraço, um beijo no pescoço e eles vão devagarinho se dando um bom dia...
-Aqui, pedi pra você! -Ele pega uma bandeja de café da manhã que estava sobre uma mesa no canto.
-Awn... -Ela recebe a bandeja sobre o colo segurando o lençol. -Porque você não me acordou?
-Você tava tão linda dormindo, não quis te acordar... -Ele pega uma flor que havia colocado junto e dá a ela.
-Lindo... brigada! Mas você acha que eu ia conseguir dormir sem você do meu lado?
-Não ia é?... -Ele segura seu queixo e com um beijinho apaga o olhar risonho.
-Hum... Esse café tá com uma cara ótima... -Roberta pega uma maçã. -Já comeu?
-Não...
-Porque?
-Tava te esperando... -Ele faz uma cara que Roberta não resiste.
 Os carinhos e os detalhes continuam. O café da manhã na cama era um convite a ficar ali por mais um tempo. E quanto tempo eles permanecem naquele quarto sem se importar com o peso da horas...
-Vou levantar...
-Não... -Diego se agarra a cintura dela já deitado ao seu lado.
-Eu volto rápido. Vai ser que nem o banho, volto bem rápido, prometo! -Ela dá um beijo e senta na cama percebendo o olhar do namorado enquanto se envolve com o tecido.
-Precisa levar o lençol?
 Ela sorri com a pergunta.
-Se você não olhar eu não levo...
 Diego também sorri, mas malicioso.
-Não vou olhar... -Ele pega o travesseiro e põe no rosto.
 Roberta desconfia mas se levanta. Deixa o lençol na beira da cama e olha para ele vigiando.
 Um pouco mais segura, ela resolve então caminhar rapidamente até o banheiro, sem saber que os olhos de Diego haviam seguido o corpo dela até a porta.
 Ela entra enquanto Diego sorri e balança a cabeça. Se joga na cama com os braços atrás da nuca e um pensamento à toa. A noite havia lhe dado muitos motivos para sorrir, para sonhar e para crer que não havia nenhum lugar melhor no mundo que ela. Na verdade ela era o mundo. Um mundo de um só habitante e um só explorador e cabia a esse manter a vida naquele mundo, a alegria, a emoção, e alguns terremotos durante as noites...


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