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Cap 61 (faculdade) - Um tempo à três

Já que o acordou era melhor dizer logo, então Roberta diz de vez:
-Vou fazer só os shows. Acho que temos o bastante pra viver. Até mais do que gastamos pra falar a verdade.
Diego escora o cotovelo no travesseiro e mira o rosto dela para não dormir de novo.
-É por causa da Nina, não é?
-É... –Diz com voz tristonha.
-Eu também vou fazer isso.
-Sério?
-É. Meus estágios ainda não são obrigatórios e a banda paga o suficiente. Não vou sacrificar nossa família por dinheiro.
-Awn!... –Ela junta as sobrancelhas, emocionada e vai sobre ele, enchendo-o de beijos. –Você não existe sabia?
-Claro que sabia. –Diego a puxa para junto fechando os olhos. –Agora vamos dormir, vai...
E deitando-se sobre ele com um sorriso, apertando-o nos braços e sendo envolvida pelos dele, Roberta finalmente consegue dormir, buscando novamente os sonhos perdidos que havia deixado no travesseiro.
Um pouco de preguiça até que não faz mal, um pouco de perda de tempo e futilidade também não. Tudo que é sério demais, que é rígido demais ou tenso demais, amarga. Não que seja certo estar sempre desdenhando as durezas da vida, mas só algumas vezes é preciso aproveitar o momento, ser feliz já que é possível ser.

***

Quando o dia amanheceu, ela se levantou e foi direto ao quarto da frente. A luz do sol entrava pela janela de madeira e fazia as cortinas brancas do quarto da menina se iluminarem. Ela riu ao se debruçar no berço e vê-la agarrada ao pé, tentando enfiá-lo na boca.
-Meu Deus, mas que pé gostoso! –E faz-lhe cócegas na barriga. –Não está brava comigo, não é?
Roberta ainda pensa com remorso nesses dias e noites longe dela, mas Nina a olha de um jeito curioso e em seguida estica os braços para cima sorrindo. Diferente da noite anterior, Roberta responde seu pedido e a retira de lá apertando-a em um abraço gostoso, pijama a pijama, no conforto de um sábado de manhã.
-Hm, como você consegue sorrir pra mim depois de ontem, hein? –Ela fala enquanto beija os dedinhos da bebê que fica brincando de contornar seu rosto. –Eu mereço uns bons cascudos e não uma carinha linda dessa... Mamãe fez uma coisa muito feia.
“Mamá”
Roberta arregala os olhos para ela e abre um imenso sorriso.
-Você falou! Não acredito! Diego!
Ele está no banheiro escovando os dentes quando ouve.
-Diego, vem aqui! Depressa!
Mal consegue terminar de lavar o rosto e já avança pelo corredor até lá.
-O que foi? –Diz abrindo a porta, assustado, pensando que estivesse acontecendo um terremoto.
-Ela falou! A primeira palavra, ela falou!
-Sério? –Ele já vem surpreso frente a elas. –E o que foi que ela falou?
-Mamãe é claro! –Roberta se gaba, beijando a filha na bochecha.
-Duvido. –Ele ri. –Fala pra eu ver, Nina!
A menina olha para ele e sorri em silêncio.
-Anda bebê... –Roberta incita. –Fala pro papai ver!
“Papá”
-Awn! –Diego a agarra no colo, orgulhoso. –Que coisa mais linda!
-Mas ela disse mamãe primeiro! –Ela se confunde.
-Ah, confessa Roberta!
-Eu juro, ela disse mamãe.
“Mamá”
-Viu?
-E agora? –Diego ergue as sobrancelhas. –Como vamos saber qual foi a primeira palavra dela?
-É óbvio que como eu passo mais tempo com ela...
-Hm... –Ele faz língua. –Isso não quer dizer nada, tá?
-Hm... Ciumento! –Roberta também faz língua. –O importante é que ela já sabe chamar nós dois!
-Mas você tá certa. –Diego olha para a filha, chateado. –Não tenho passado muito tempo aqui, mas agora eu vou deixar o trabalho e me dedicar somente aos shows, à faculdade e a vocês duas!
-Sério?
-Claro! –Ele se aproxima e lhe dá um beijinho rápido. –Eu não quero perder nenhum momento...
Roberta dobra a cabeça e o observa.
-Eu espero que a gente consiga realmente fazer isso. –Diz sentando no pequeno sofá que há ali e Diego vem em seguida. –A nossa vida tá uma correria e quase não nos vemos apesar de morarmos na mesma casa. Temos tantos planos, tantos sonhos antigos... E quando os planejamos, a Nina não estava em nenhum deles.
-Mas agora tem que estar.
-Lógico. –Ela é rápida. –Mas às vezes eu queria poder aumentar algumas horas no dia, porque não dá pra fazer tudo.
-Está tudo muito corrido mesmo. –Diego abaixa a cabeça enquanto a filha brinca com os botões de sua camisa, babando em todos eles.
-Já sei! –Acende uma lâmpada sobre a cabeça de Roberta.
-O que?
-Podíamos esquecer tudo alguns dias na semana.
-Como assim?
-Bom. –Ela se concentra. –Vamos separar um dia na semana só para nós três, sem trabalho, sem amigos, sem ninguém. Só nós três.


-Mas...
-E nada de “mas”. –Ela é firme. –Não podemos ficar tão separados Diego! Não é justo com ela, nem com a gente.
-Tá, você tem razão. Mas com uma condição.
-Qual?
-Que vamos ter também um dia só pra nós dois.
-Hm... –Ela sorri desconfiada. –E aí você finalmente vai fazer o terceiro pedido?
Diego balança a cabeça de um lado e outro olhando para cima. –É... Não, não vou fazer.
-Não? –Roberta estranha.
-Eu já disse. Eu deixo você fazer os pedidos que quiser.
-Então era sério? –Ela fica surpresa. –Mas não pense que eu vou ser boazinha.
-Se fosse não seria a minha Roberta...
-Saiba que vou fazer você vai pagar na mesma moeda, Diego.
-Ah é? Então tomara que tenha muitos juros... –Ele chega o rosto nitidamente safado e lhe dá um beijo um pouco mais demorado.

Durante a manhã, os três se sentaram no tapete do pequeno quarto, sentindo o calor suave do sol descer sobre eles enquanto a menina engatinhava e fazia todo o tipo de gracinhas possíveis, ensinadas pelos tios desmiolados que ficavam fazendo caretas para ela.

***

Às dez da manhã, uma bandeja é trazida por Diego: Suco para Roberta, café para ele, mamadeira para Nina e frutas a vontade para todos. Tomaram o café da manhã ali mesmo, de pijamas, esquecendo as horas, deixando o papo a toa os fazer gargalhar. É bebê voando nos braços de um e caindo sobre a barriga de outro, é engatinhando, é rolando, é rindo...
Diego a observa, as mãos repletas de covinhas firmam no tapete e Nina engatinha até Roberta. Os cabelos dourados e lisos já começam a apresentar algumas pontinhas tortas para formar os cachinhos que em um ano ou dois ele já imagina descendo sobre os ombros dela. Muitos traços são mesmo dele, mas outras tantas coisas incontestavelmente eram de Roberta.
Esta, aliás, havia ficado ainda mais linda com o nascimento de Nina e também ainda mais brava do que nunca, pronta para arrancar os olhos de qualquer um, como Tomás havia dito na noite anterior. Ela estava mais forte, mas também mais frágil, uma fera perigosa ao tempo que tinha uma ternura ímpar saltando de seus gestos.
E Diego fica ali admirando seus olhos, “olhos lindos”, enquanto está de pernas cruzadas sentada um pouco a frente...
Sem maquiagem fica linda, sem roupas provocantes fica linda, sem cabelo arrumado fica linda. Fica linda assim mesmo, no sábado de manhã de shortinho e camiseta soltos no corpo, de rosto lavado e sorriso largo enquanto algumas mechas em cachos sedosos caem do coque frouxo sobre seu rosto, nuca e pescoço. Fica linda sempre, muito mais do que em seus sonhos e antes de ser sua.
Como alguns anos atrás, quando a encontrou no corredor do colégio pela primeira vez na vida, ela já tinha algo que lhe parecia dizer que faria parte de sua vida para sempre.

***

-Nós podíamos sair! –Ele dá a ideia em um momento.
-Pra onde?
-Sei lá... Que tal a praia?
-A essa hora o sol tá muito quente.
-Podemos almoçar, dar um passeio e depois de tarde vamos à praia.

A proposta é boa e Roberta aceita de bom grado. Não estava disposta a se negar um bom passeio em família. Espera... “família?”. Era isso mesmo? Ela parece demorar a soltar essa ficha no chão, mas... Ora, porque não? Nunca havia tido uma de verdade, ou ao menos não uma que tivesse dado certo, nem Diego havia. Quem sabe não fosse a oportunidade de terem algo realmente sólido na vida? Algo como um lugar onde se refugiar das artimanhas do mundo, algo de verdade, com calor, com proteção, com presença e momentos dos quais se lembrar um dia?... Quem sabe...

Eles almoçam e por volta das duas da tarde partem de carro pelas estradas do Rio. Encontram alguns lugares bonitos e tranquilos onde passear e quando o sol já está ameno, vão à praia para alguns minutos de bobeira. O casal se ajeita confortavelmente e longe de muitos olhares.
-E aí? Já pensou no primeiro desejo?
-Já... –Roberta malicia com o olhar. –Mas vou precisar comprar algumas coisas...
-Sério? –Ele gosta. –Chicotes?
Roberta ri.
-Tá querendo apanhar é?
-Eu não!... To querendo é muito carinho...

E entre uma fala e outra, um pouco mais quente, eles começam a se beijar. Nina fica à frente deles e em um minuto de descuido engatinha para frente, fascinada com a areia e a água.
 É magnético, hipnotizante. Está no sangue o gosto pela água. Há algo que a chama lá dentro como se pertencesse a tudo aquilo e não conseguisse se desviar.
Quando Roberta abre os olhos a surpresa.
-Cadê a Nina?


Comentários

  1. Primeiro é meu..

    Está MARAVILHOSO! Não tenho palavras suficientes para descrever!

    Posta mais´

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  2. Parabéens Aline, vc escreve muuito beem! muuito sucesso p vc *-* beeijos

    ResponderExcluir
  3. Posta mais um hoje ...To morrendo aqui (Curiosa demais) +++++++++

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  4. Flor seu blog ganhou mais um selinho
    vai la pegar. webnovelaluars.blogspot.com.br

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  5. PERFECT!!!Melhor impossivel posta ++++++++++ ta perfeito

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  6. seu blog ganhou selinhos do meu webrbraprendendoaamar.blogspot.com

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  7. os capitulos estao cada dia melhores,a nina ta cada vvez mais fofa
    aline,adoooooooro a sua web

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