Já que o acordou era melhor dizer logo, então Roberta diz de vez:
-Mas...
Esta, aliás,
havia ficado ainda mais linda com o nascimento de Nina e também ainda mais brava
do que nunca, pronta para arrancar os olhos de qualquer um, como Tomás havia dito na noite anterior. Ela estava mais forte, mas também mais frágil, uma fera perigosa ao tempo que
tinha uma ternura ímpar saltando de seus gestos.
E entre uma fala e outra, um pouco mais quente, eles começam a se beijar. Nina fica à frente deles e em um minuto de descuido engatinha para frente, fascinada com a areia e a água.
-Vou
fazer só os shows. Acho que temos o bastante pra viver. Até mais do que
gastamos pra falar a verdade.
Diego escora
o cotovelo no travesseiro e mira o rosto dela para não dormir de novo.
-É por causa
da Nina, não é?
-É... –Diz
com voz tristonha.
-Sério?
-É. Meus
estágios ainda não são obrigatórios e a banda paga o suficiente. Não vou
sacrificar nossa família por dinheiro.
-Awn!...
–Ela junta as sobrancelhas, emocionada e vai sobre ele, enchendo-o de beijos.
–Você não existe sabia?
-Claro que sabia.
–Diego a puxa para junto fechando os olhos. –Agora vamos dormir, vai...
E
deitando-se sobre ele com um sorriso, apertando-o nos braços e sendo envolvida
pelos dele, Roberta finalmente consegue dormir, buscando novamente os sonhos
perdidos que havia deixado no travesseiro.
Um pouco de preguiça até que não faz mal, um pouco de perda de tempo e futilidade também não. Tudo que é sério demais, que é rígido demais ou tenso demais, amarga. Não que seja certo estar sempre desdenhando as durezas da vida, mas só algumas vezes é preciso aproveitar o momento, ser feliz já que é possível ser.
***
Quando o dia
amanheceu, ela se levantou e foi direto ao quarto da frente. A luz do sol
entrava pela janela de madeira e fazia as cortinas brancas do quarto da menina
se iluminarem. Ela riu ao se debruçar no berço e vê-la agarrada ao pé, tentando
enfiá-lo na boca.
-Meu Deus,
mas que pé gostoso! –E faz-lhe cócegas na barriga. –Não está brava comigo, não
é?
Roberta
ainda pensa com remorso nesses dias e noites longe dela, mas Nina a olha de um
jeito curioso e em seguida estica os braços para cima sorrindo. Diferente da
noite anterior, Roberta responde seu pedido e a retira de lá apertando-a em um abraço
gostoso, pijama a pijama, no conforto de um sábado de manhã.
-Hm, como você
consegue sorrir pra mim depois de ontem, hein? –Ela fala enquanto beija os
dedinhos da bebê que fica brincando de contornar seu rosto. –Eu mereço uns bons
cascudos e não uma carinha linda dessa... Mamãe fez uma coisa muito feia.
“Mamá”
Roberta
arregala os olhos para ela e abre um imenso sorriso.
-Você falou!
Não acredito! Diego!
Ele está no
banheiro escovando os dentes quando ouve.
-Diego, vem
aqui! Depressa!
Mal consegue
terminar de lavar o rosto e já avança pelo corredor até lá.
-O que foi?
–Diz abrindo a porta, assustado, pensando que estivesse acontecendo um
terremoto.
-Ela falou!
A primeira palavra, ela falou!
-Sério? –Ele
já vem surpreso frente a elas. –E o que foi que ela falou?
-Mamãe é
claro! –Roberta se gaba, beijando a filha na bochecha.
-Duvido.
–Ele ri. –Fala pra eu ver, Nina!
A menina
olha para ele e sorri em silêncio.
-Anda bebê...
–Roberta incita. –Fala pro papai ver!
“Papá”
-Awn! –Diego
a agarra no colo, orgulhoso. –Que coisa mais linda!
-Mas ela
disse mamãe primeiro! –Ela se confunde.
-Ah,
confessa Roberta!
-Eu juro,
ela disse mamãe.
“Mamá”
-Viu?
-E agora? –Diego
ergue as sobrancelhas. –Como vamos saber qual foi a primeira palavra dela?
-É óbvio que
como eu passo mais tempo com ela...
-Hm... –Ele faz
língua. –Isso não quer dizer nada, tá?
-Hm... Ciumento!
–Roberta também faz língua. –O importante é que ela já sabe chamar nós dois!
-Mas você tá
certa. –Diego olha para a filha, chateado. –Não tenho passado muito tempo aqui, mas
agora eu vou deixar o trabalho e me dedicar somente aos shows, à faculdade e a vocês
duas!
-Sério?
-Claro! –Ele
se aproxima e lhe dá um beijinho rápido. –Eu não quero perder nenhum momento...
Roberta
dobra a cabeça e o observa.
-Eu espero que a gente consiga realmente fazer
isso. –Diz sentando no pequeno sofá que há ali e Diego vem em seguida. –A nossa
vida tá uma correria e quase não nos vemos apesar de morarmos na mesma casa. Temos
tantos planos, tantos sonhos antigos... E quando os planejamos, a Nina não estava
em nenhum deles.
-Mas agora
tem que estar.
-Lógico. –Ela
é rápida. –Mas às vezes eu queria poder aumentar algumas horas no dia, porque
não dá pra fazer tudo.
-Está tudo
muito corrido mesmo. –Diego abaixa a cabeça enquanto a filha brinca com os
botões de sua camisa, babando em todos eles.
-Já sei! –Acende uma lâmpada sobre a cabeça de Roberta.
-O que?
-Podíamos esquecer tudo alguns dias na semana.
-Como assim?
-Bom. –Ela
se concentra. –Vamos separar um dia na semana só para nós três, sem trabalho,
sem amigos, sem ninguém. Só nós três.
-Mas...
-E nada de “mas”.
–Ela é firme. –Não podemos ficar tão separados Diego! Não é justo com ela, nem
com a gente.
-Tá, você
tem razão. Mas com uma condição.
-Qual?
-Que vamos
ter também um dia só pra nós dois.
-Hm... –Ela sorri
desconfiada. –E aí você finalmente vai fazer o terceiro pedido?
Diego
balança a cabeça de um lado e outro olhando para cima. –É... Não, não vou
fazer.
-Não? –Roberta
estranha.
-Eu já
disse. Eu deixo você fazer os pedidos que quiser.
-Então era
sério? –Ela fica surpresa. –Mas não pense que eu vou ser boazinha.
-Se fosse
não seria a minha Roberta...
-Saiba que
vou fazer você vai pagar na mesma moeda, Diego.
-Ah é? Então
tomara que tenha muitos juros... –Ele chega o rosto nitidamente safado e lhe dá
um beijo um pouco mais demorado.
Durante a
manhã, os três se sentaram no tapete do pequeno quarto, sentindo o calor suave
do sol descer sobre eles enquanto a menina engatinhava e fazia todo o tipo de
gracinhas possíveis, ensinadas pelos tios desmiolados que ficavam fazendo
caretas para ela.
***
Às dez da
manhã, uma bandeja é trazida por Diego: Suco para Roberta, café
para ele, mamadeira para Nina e frutas a vontade para todos. Tomaram o
café da manhã ali mesmo, de pijamas, esquecendo as horas, deixando o papo a toa
os fazer gargalhar. É bebê voando nos braços de um e caindo sobre a barriga de
outro, é engatinhando, é rolando, é rindo...
Diego a observa, as mãos repletas de covinhas firmam no tapete e Nina engatinha até
Roberta. Os cabelos dourados e lisos já começam a apresentar algumas pontinhas tortas
para formar os cachinhos que em um ano ou dois ele já imagina descendo sobre os
ombros dela. Muitos traços são mesmo dele, mas outras tantas coisas
incontestavelmente eram de Roberta.

E Diego fica
ali admirando seus olhos, “olhos lindos”, enquanto está de pernas cruzadas sentada um pouco a frente...
Sem maquiagem
fica linda, sem roupas provocantes fica linda, sem cabelo arrumado fica linda. Fica
linda assim mesmo, no sábado de manhã de shortinho e camiseta soltos no corpo,
de rosto lavado e sorriso largo enquanto algumas mechas em cachos sedosos caem
do coque frouxo sobre seu rosto, nuca e pescoço. Fica linda sempre, muito mais
do que em seus sonhos e antes de ser sua.
Como alguns anos atrás, quando a encontrou no corredor do colégio pela primeira vez na
vida, ela já tinha algo que lhe parecia dizer que faria parte de sua vida para
sempre.
***
-Nós
podíamos sair! –Ele dá a ideia em um momento.
-Pra onde?
-Sei lá...
Que tal a praia?
-A essa hora
o sol tá muito quente.
-Podemos
almoçar, dar um passeio e depois de tarde vamos à praia.
A proposta é
boa e Roberta aceita de bom grado. Não estava disposta a se negar um bom
passeio em família. Espera... “família?”. Era isso mesmo? Ela parece demorar a
soltar essa ficha no chão, mas... Ora, porque não? Nunca havia tido uma de
verdade, ou ao menos não uma que tivesse dado certo, nem Diego havia. Quem sabe
não fosse a oportunidade de terem algo realmente sólido na vida? Algo como um
lugar onde se refugiar das artimanhas do mundo, algo de verdade, com calor, com
proteção, com presença e momentos dos quais se lembrar um dia?... Quem sabe...
Eles almoçam
e por volta das duas da tarde partem de carro pelas estradas do Rio. Encontram
alguns lugares bonitos e tranquilos onde passear e quando o sol já está ameno, vão
à praia para alguns minutos de bobeira. O casal se ajeita confortavelmente e
longe de muitos olhares.
-E aí? Já
pensou no primeiro desejo?
-Já... –Roberta
malicia com o olhar. –Mas vou precisar comprar algumas coisas...
-Sério? –Ele
gosta. –Chicotes?
Roberta ri.
-Tá querendo
apanhar é?
-Eu não!...
To querendo é muito carinho...
E entre uma fala e outra, um pouco mais quente, eles começam a se beijar. Nina fica à frente deles e em um minuto de descuido engatinha para frente, fascinada com a areia e a água.
É magnético, hipnotizante. Está no sangue o gosto pela água. Há algo que a chama lá dentro como se pertencesse a tudo aquilo e não conseguisse se desviar.
Quando Roberta abre os olhos a surpresa.
-Cadê a Nina?
Primeiro é meu..
ResponderExcluirEstá MARAVILHOSO! Não tenho palavras suficientes para descrever!
Posta mais´
Parabéens Aline, vc escreve muuito beem! muuito sucesso p vc *-* beeijos
ResponderExcluirPosta mais um hoje ...To morrendo aqui (Curiosa demais) +++++++++
ResponderExcluirFlor seu blog ganhou mais um selinho
ResponderExcluirvai la pegar. webnovelaluars.blogspot.com.br
posta ++++++++++++++++++++++++
ResponderExcluirPERFECT!!!Melhor impossivel posta ++++++++++ ta perfeito
ResponderExcluirseu blog ganhou selinhos do meu webrbraprendendoaamar.blogspot.com
ResponderExcluirHahaha!muito bom!!
ResponderExcluirQuando sai o proximo? Hoje?
ResponderExcluirameeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeei
ResponderExcluiros capitulos estao cada dia melhores,a nina ta cada vvez mais fofa
ResponderExcluiraline,adoooooooro a sua web