Um pensamento rápido para escapar de um momento constrangedor. Um gesto quase que instintivo que faz surgir do nada alguma forma de “sobreviver” a certas situações.
Um rapaz caminha com uma prancha de surf debaixo do braço ao lado de uma moça de boné e óculos escuros. Vem conversando muito concentrados um no outro sem, aparentemente, reparar no que havia em volta. Mesmo assim Roberta fica sem lugar.
-Calma... –Diego cochicha.
-Como você quer que eu...?
-Psiu... –Ele tapa a boca dela. –Finge que tá dormindo.
Sem ter muitas opções naquele momento, Roberta acata o que ele diz e o sente se juntar mais ao seu corpo, como a protegê-la das percepções de quem quer que fosse.
Ela fecha os olhos torcendo para que aquilo desse certo e ouve a voz deles ficando mais alta conforme se aproximam. Disfarçadamente olha quando os dois passam sem dar muita importância para o que viam e em alguns segundos estavam longe, virando as pedras.
-Ufa... Eu não acredito que escapamos!
-Foi demais não foi? –Ele vai se afastando devagar e ambos vão se recompondo.
-Ok... –A namorada se senta. –Eu amo loucuras, mas essa realmente me deixou tensa...
-Mas eu sei tirar essa tensão, né?
-Para! –Roberta lhe dá um empurrão e ri.
-De que?
-De ficar assim, exibido!
-Eu não estou exibido, só estou agindo com a certeza de que você me ama...
-Tá judiando já...
-Awn... -Ele faz uma expressão terna e a abraça. –Manhosa... Você é que não sabe o quanto é viciante.
-Hm? –Sobrancelhas baixas mostram que a frase precisa de uma explicação.
-Viciante sim... Sua boca é um vício... Sua pele é um vício... –Diego passa os dedos pela bochecha dela. –Desde que eu provei de você eu fiquei louco... Estou ficando cada vez mais...
-Será que eu tenho cheiro de mel e estou atraindo zangões? –A menina brinca.
-Hã, pode tirar esse plural aí!
-Ok... Um zangão, melhor assim?
-Muito melhor... –Ele se inclina e com um abraço apertado lhe dá um beijo.
-Vem cá... –Vem algo à mente de Roberta. –Você tá muito diferente, sabia? Tá seguro, confiante... Safadinho!
Diego ri e ela continua.
-Não ri não, que é verdade. Isso foi desde que ganhou a aposta.
-Você mesma não disse que a gente muda? Pois então, eu estou mudando também e saber que você me ama me dá muita confiança, além de muita vontade de viver intensamente cada segundo da minha vida com você. Isso te incomoda?
-Claro que não... –Ela já está muito tranquila. –Eu adoro que esteja assim... Tenha todas as certezas do mundo. Eu só preciso me acostumar a não ser mais a única louca por aqui.
-Eu não vou te roubar esse título.
-Depois de hoje tenho minhas dúvidas!
-Ah...
-Chega de papo! Vamos embora porque já está super tarde!
O tempo de viver intensamente é todo tempo, mas na maioria das vezes a gente quer ver motivos para lembrar que a vida é curta. Diego está consciente disso, mesmo que no começo ninguém pense muito no fim o que ele quer é viver sem limites.
De volta ao prédio, os amigos se reúnem no apartamento de Alice e de Márcia para ver um filme, já que pelo tempo ruim, sair não está sendo uma boa ideia.
-Vai ser terror, deixem de ser medrosas. –Tomás se senta ao lado de Carla com um balde de pipoca.
-Ah, então eu não vou ver! Vou dormir!
-Ah, Márcia, vê com a gente. -Alice choraminga. -Eu também não gosto, mas depois a gente vai ver uma comédia.
A menina para emburrada na porta de braços cruzados.
-E você vai ficar no quarto, sozinha? –Caio faz uma pergunta aparentemente inocente.
-Vou, por quê?
-Nada não... –Ele passa o braço em volta dos ombros de Alice, ignorando Márcia. –Mas é que atividade paranormal mostra algumas coisas que acontecem quando se dorme sozinho no quarto... Sabe... Lençol se afastando do corpo... Porta abrindo sozinha de madrugada... Essas coisas... Sempre e principalmente à noite quando estamos dormindo.
-Para Caio! –Carla se assusta e Tomás a ampara.
-Calma, ele tá só tentando convencer a Márcia a ver com a gente.
-E conseguiu!
Márcia agarra uma almofada e se senta com eles. Era a única sem o namorado por perto, já que Téo e ela não estavam muito bem, o que a deixa ainda mais tensa.
Gritos, sustos, apartamento escuro. Os amigos acabam de ver o filme, alguns empolgados, outros assustados e outros ainda achando uma grande bobagem.
Carla põe a mão no estômago e Tomás repara.
-Passando mal?
-Não, comi demais.
-Você comeu umas três pipocas Carlinha. Não me diga que...?
-Não, eu não estou fazendo dieta não.
-Que bom, porque você prometeu! –O namorado fica sério.
-É... Eu só estou com um pouco de azia, vou tomar um remédio na cozinha.
A menina se levanta, mas não vai para a cozinha, vira o corredor e vai até o banheiro, onde fica por alguns minutos. O pensamento de culpa não para de persegui-la e quando finalmente sai de lá, com aspecto abatido, tem uma surpresa.
-Então você mentiu pra mim? –Tomás a espera em frente à porta do banheiro de braços cruzados e um olhar irritado.
-Não, eu...
-Eu sei o que você fez, vai continuar mentindo ainda? Sei que tem vomitado e fazendo a inicialização em Ana e Mia junto de outras loucas como você!
-Tomás! –Ela se exalta com o jeito agressivo dele. –Você nunca vai entender o quanto isso é importante pra mim? Que eu preciso disso?
-Você é que importante pra mim! Eu entrei naqueles sites e já sei tudo que acontece. Você não pode continuar com isso, não percebe que vai morrer?
Carla engasga e não consegue falar. Está irritada, na defensiva... A única coisa em que pensa é que não é compreendida por ninguém e que está completamente sozinha.
-Eu não ligo pra isso, eu quero algo maior, melhor! Eu quero a perfeição!
-Tudo bem. –Ele desiste da briga. –Fica com a perfeição então, mas sem namorado!
-Ei!
Carla corre atrás dele, mas é muito tarde. A escolha foi feita.
Algumas decisões que tomamos têm regras bem duras e não admitem que você agregue outras escolhas. Algumas tomam seu tempo, sua vida, seu coração e sua alma. E essas coisas não dá pra dividir.
Diego e Roberta demoram a chegar, estava bom o namoro e quando eles estão ainda um pouco longe, a chuva os apanha na estrada, coisa que os faz querer demorar ainda mais.
Correm, riem e namoram pelo caminho de lama, água, pedras e mato. Bagunça gostosa de uma tarde já no fim.
Relâmpagos e raios começam a se manifestar quando já estão na entrada, então correm para dentro. A chuva já está se tornando muito pesada e o rústico abrigo é um aconchego muito propício para uma noite chuvosa. Está escuro e tudo que eles querem é um bom banho, um chocolate quente e muito colo.
Assim eles fazem. A casa parece normal e quem quer que entrou ali não deixou rastros.
Eles sobem a trancos e barrancos engatados em um beijo louco –como estava se tornando de costume- até o banheiro, onde um vai tirando a roupa do outro até que entram no chuveiro sem uma peça sequer. A água fervendo vem em contraste com o gelo da chuva.
-Hm... Coisa boa... –Roberta aprecia o banho tanto quanto as mãos de Diego que passeiam por seu corpo na desculpa de ensaboar.
-Muito boa...
Diego está em uma malícia tremenda e mesmo assim se mantém também extremamente carinhoso.
Eles se animam a passar um tempo mais do que o necessário para um simples banho e quando saem, com roupões mal amarrados e cabelos escorridos e bagunçados, estão em um clima ainda mais gostoso.
-Ah, não...
-Eu volto rapidinho... –Ela faz um bico que ele não resiste.
Roberta se esforça para conseguir sair dos braços de Diego e ir até a cozinha preparar algo para os dois. Quando volta com uma caneca de chocolate quente, o namorado se assusta.
-Tudo isso?
-Se importa de dividir? Eu não achei copos maiores e os pequenos estavam me queimando a mão.
-Claro que não me importo.
Diego pega a caneca das mãos dela e coloca no criado ao lado. Ele está sentado, escorado na cabeceira da cama com as pernas esticadas, sem camisa, somente com uma calça. Quando olha para ela, ainda de roupão vindo em sua direção, abre os braços. Sente ela se sentar em seu colo de frente e pega um pouco do chocolate para tomar.
-Toma. –Ele lhe entrega após um gole.
Escondida atrás da caneca de louça, que segura com as duas mãos, ela fica de olhos fixos nele.
-“Que ela deve estar pensando?” –Diego também a encara. –“Será sempre um mistério pra mim... Não consegue deixar de me intrigar esses olhos.”
O silêncio percorre o quarto, mas são tantos os pensamentos e tão intensos os olhares, que parece que conversaram durante todos os minutos em que ficaram tomando aquela bebida quente e saborosa.
-Esse dia foi perfeito...
-Ainda está sendo perfeito. –Roberta olha para trás e puxa o edredom que ele havia afastado.
-Que vai fazer?
-Usar você de colchão um pouquinho... -A travessura está impressa na face.
Diego sorri torto e nem pisca quando ela o encara séria e desce o roupão pelos ombros, deixando sua pele vibrar sob o dourado das lâmpadas. Pega o edredom e deita sobre o peito dele que acaba de cobri-la.
Muitoo bom cada vez melhor tomare que você poste amanhã tambem!!
ResponderExcluirserio que esse blog nao é o paraiso?
ResponderExcluircaramba ela peladona emcima dele? kkkkkkkkkkkkk
ResponderExcluirAline se puder tenta fazer capitulos mais longos por favor =D E vê se nã deixa agente na curiosidade viu? Tenta postar outro hoje por favor! Ameeeeeeeeeei ESSE BLOG É O PARAISO (SEM DUVIDAS) kkkk
ResponderExcluirAdorando ler isso aqui... Parabéns moça muito bom mesmo!
ResponderExcluirposta mais por favor do começando fica sem unha
ResponderExcluirposta mais
ResponderExcluiramando cada vez mais a web Aline bjs
Aline, tudo bem? Eu tenho uma web também, e vou abordar o tema da bulimia futuramente. Queria saber onde você achou isso sobre a bulimia, do capítulo anterior da Carla, sabe? Então se puder me dizer, pode ir no meu tumblr: luarsintonia.tumblr.com é isso, e ja que estamos falando de webs a sua é uma das melhores que já li! Beijo.
ResponderExcluirPosta ++++++++++++++++++++++++++++++++++++
ResponderExcluirCada dia melhor !
Parabéns
Ah, eu desiste de mexer em tumblr faz tempo, se tiver twitter eu te mando por DM os sites em q peguei os temas de bulimia e anorexia.
ResponderExcluircontinua pf
ResponderExcluirTá demais eu to amando essa coisa meio romantica meio maliciosa ou posso dizer muito maliciosa brincadeira ta perfeito!
ResponderExcluir(bjs Julia)